Tristeza. Uma menina faz anos e pensa assim «Que vais oferecer a ti própria hoje?». Responde-se: «Um livro.», mas não lhe apetece arrastar-se até à livraria. Propõe-se uma segunda opção: «Umas botas novas!», contudo corre as sapatarias todas desde o trabalho até casa e não experimenta nenhum coup de foudre por qualquer parzinho. Então decide: «Vais arranjar as unhas que essas mãos fariam uma camponesa farta de apanhar batatas dizer que não tens brio nenhum!». Então a menina lá vai, lá se assusta com o alicate de tirar cutículas e tal, mas no fim gosta do resultado. Da esteticista a casa são dois minutos a pé, mas pelos vistos esta pouca distância é a suficiente para se conseguir dar cabo de três unhas e o facto de se tocar à campainha também chega para lixar uma quarta.
Resultado ou fim da tentativa de parecer bem: a criatura aniversariante chega a casa, agarra na acetona e mata de vez o bom trabalho feito nas ditas unhas (que entretanto já eram cinco, CINCO, reparem bem!) destruídas. Depois pinta com um verniz idêntico ao usado pela profissional, mais uma camadinha de brilho e voilá: uma javardice tal que faria a mesma camponesa deixar de lhe falar por vergonha de ser vista na companhia de tal labrega. E mais triste ainda é que até esse trabalho rupestre feito pela própria já está destruído!
Agora com licença, vou só ali escrever cento e cinquenta vezes numa folha «Não voltarás a mexer as mãos enquanto o verniz não secar, sua jumenta!».
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