sábado, 31 de dezembro de 2016

Bom ano, quixoteiros!

Ora, continuemos às festividades!

Caríssimos quixoteiros, espero que 2017 seja um ano melhor do que este que termina. Tenho fé de que me faça esquecer este 2016, que foi tão estranho.

Divirtam-se nesta noite de festa. As nossas "passas" já estão ali à espera das badaladas, como podem ver. Bom ano para todos!


sábado, 24 de dezembro de 2016

Feliz Natal, quixoteiros!

Quixoteiros, hoje é aquele dia longo em que há muito para fazer e viver. Posso já não ter tempo de voltar aqui ao blogue e por isso quero deixar-vos já os meus votos de que todos vocês tenham um feliz Natal.

Divirtam-se, enfardem, riam, abram presentes e sejam felizes nesta noite que, para mim, é sempre a mais bonita do ano. Depois voltem para contar como foi.

Ah, e um último aviso: cuidado com a infestação de gatos que para aí anda nas mesas onde decorre a realização de embrulhos. Ao que parece, o papel de embrulho este ano traz um problema qualquer que faz com que gatos curiosos pululem em cima dele, correndo sérios riscos de serem embrulhados também. Além disso, gostam de exibir-se com fitas pomposas... Todo um problema de saúde pública. A OMS já está de olho no papel de embrulho com este problema e, mal as pessoas parem de afagar os bichanos que dele saltam, irá retirá-lo do mercado. Obrigada pela atenção.




quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Natal no hotel

Ontem um jornal diário trazia uma chamada de capa para uma notícia que dá conta de que cada vez mais famílias optam por fazer o seu Natal em hotéis.

Já noutros anos se falou disto e torci sempre o nariz. Desta vez resolvi pensar um pouco mais no assunto. No fundo, torcia o nariz porque achava que o Natal é festa demasiado pessoal e íntima para ser passada num lugar tão impessoal quanto um hotel. Mas vamos lá ver: algumas pessoas (não todas, claro) poderão optar por um hotel para passar a consoada porque lá terão espaço para ter toda a família à mesa; porque poderão escolher um hotel que esteja bem situado para todos e que não implique que uma grande parte da família faça uma enorme deslocação para a casa dos anfitriões; porque escolhem não passar dois dias na cozinha, delegando esse trabalho no hotel, aparecendo-lhes depois tudo pronto na mesa. Enfim, pode haver várias razões e algumas até fazem sentido. Há famílias grandes e há casas onde essas famílias não cabem. Podendo pagar por isso, o hotel pode ser uma opção. Conheci uma pessoa que todos os anos juntava mais de quarenta pessoas à mesa do Natal. Escusado será dizer que aquilo não era uma mesa, era um jantar volante, em que cada um andava de prato na mão. Além disso, há pessoas que não têm tempo ou vontade de passar horas e horas na cozinha a preparar os petiscos natalícios. Se para muitos é um gosto fazê-lo, para muitos outros é tarefa dura e dispensável. Portanto, optam por outras soluções.

Eu não gostaria de passar o Natal num hotel. Gosto muito do aconchego da nossa casa, de sentar ora aqui ora ali, de namorar a árvore de Natal, de ver os gatos enlouquecidos por verem tanta gente, gosto do cheiro dos cozinhados, gosto da azáfama... Gosto de tudo, mesmo que acabe o Natal esgotada (e os gatos também, já que geralmente, a seguir à festa, dormem quase vinte e quatro horas seguidas). Mas se antes não compreendia mesmo quem optava pelo hotel, agora até já percebo. O importante é que sejamos todos felizes.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Um Natal ao sol

Mais um ou dois graus e vamos todos passar o Natal numa praia da Costa da Caparica. Melhor: vamos dar o mergulho de Ano Novo em biquíni e em seguida, em vez de nos enrolarmos num cobertor para evitar a hipotermia, estender-nos-emos na toalha a apanhar banhos de luar na noite mais quente do ano. 

Senhores, não sei como está o resto do país, mas Lisboa está quente e muito soalheira! Não parece Natal, parece, quando muito, o início do outono. Não tenho precisado de casacos muito quentes. Aliás, chego a sair só de camisola porque não está frio. E ao sol chega a estar calor! Sinto-me como os australianos na passagem de ano, em tronco nu nas praias, mas envergando uns catitas gorros de Pai Natal. Só que para eles aquilo é normal e para nós não. Até parece estranho um Natal assim. Geralmente está muito frio e um céu bastante cinzento... Enfim, está tudo mudado e parece que até o Natal vai abdicar de ser uma época gelada para passar a ameno e cheio de sol. Já dizia Camões que "Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades" e, como sempre, tinha razão. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Os anjos e as pecadoras

No outro dia precisei de mudar de mala (que é coisa que ODEIO fazer) e dei por mim a perceber que os homens devem ser anjos caídos do céu. Isto porque eles saem de casa só com os óculos de sol, a carteira, as chaves e o telemóvel e nós, gajas, saímos mais ou menos com:

- carteira;
- telemóvel;
- chaves;
- óculos de sol;
- lenços de papel;
- maquilhagem, batom para o cieiro;
- perfume;
- comprimidos vários;
- tampões, pensos;
- água;
- pastilhas;
- um bloquinho;
- uma caneta;
- um livro para as horas mortas;
- cerca de mil e quinhentas coisas mais.

Invariavelmente, lá vêm os nossos namorados pedir um lenço, um Ben-u-ron (porque sabem que os temos na mala), uma caneta ou um papel para anotarem qualquer coisa... Portanto concluo que somos uma espécie de despensa com pernas ou de armário que se movimenta muito. Não raras vezes chegamos a ter dores nos ombros de tanto que carregamos nas malas. E eles? Não carregam nada porque vivem bem com as três coisas que precisam de transportar de um lado para o outro. Palavra que já tentei “destralhar-me”, ou seja, deixar parte destas coisas na mala. Porém, quando abdicava da bolsa dos comprimidos, era quando me ficava a doer a cabeça; quando deixava a garrafa de água em casa porque “ah e tal, ia só ali”, era quando sentia uma sede terrível; quando não punha uma nova embalagem de lenços de papel na mala, borrava-me toda a comer um gelado; quando deixava as pastilhas em casa, tinha um almoço bem condimentado sem a possibilidade de lavar os dentes; quando tirava a caneta e o bloquinho era quando precisava de deixar um recado a alguém; quando ficava em casa o batom para o cieiro, era quando os meus lábios secavam mais depressa... Toda uma lei de Murphy feita apenas para mulheres. Portanto é isso: eles são anjos que vivem bem sem nada e nós somos uns seres condenados a carregar ao ombro a penitência por um pecado que nem sonhamos qual tenha sido (não me digam que ainda andamos a pagar pela história da maçã de Eva???). Sorte macaca!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Está bonito, sim

Apesar de ter esburacado a cidade de uma ponta à outra, importa tirar o chapéu à Câmara Municipal de Lisboa pelo investimento que fez em decorações de Natal no centro da capital. A julgar pela quantidade de pessoas que entra e sai das lojas na zona do Chiado, Rossio e Baixa, este espírito natalício está a dar os seus frutos. Hoje passeámos por lá e é impossível dar três passos sem esbarrarmos em alguém. Pelo que tenho sabido, nos dias anteriores tem sucedido o mesmo. Sem iluminações, como já aconteceu em anos anteriores, boa parte destas pessoas não se deslocaria a esta zona da cidade. Assim, enquanto muitos criticam os gastos feitos nas luzes de Natal, outros esfregam as mãos de contentamento ao verem as lojas cheias e o dinheiro a entrar. 

E a árvore de Natal da Praça do Comércio? Muito porreira.




terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Lisboa

Há uns tempos, quando a Carris voltou para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa, uma das minhas amigas Facebookianas reclamava que é tudo para Lisboa, que não se olha para o resto do país, blá blá blá. Bom, até percebo a sua irritação porque, de facto, Portugal tem muitos lugares que ficaram à sombra, isto é, de que ninguém se lembra no momento de fazer investimentos e desenvolvimentos. Mas também percebo que só pode falar assim quem não circula em Lisboa. Os lisboetas, neste momento, dariam tudo para viver noutro sítio, acreditem.

Obras em quase todas as ruas, metropolitano sempre cheio e cada vez menos frequente, Carris sempre atrasada, buracos nas ruas... Enfim, andar pela capital é um desafio à paciência de cada um de nós. E se os outros têm todo o direito de se sentirem esquecidos, em Lisboa sentimo-nos ignorados e envergonhados. Sim, só posso sentir vergonha de uma cidade, capital europeia, onde um autocarro demora a chegar o dobro do tempo que apresenta no horário afixado na paragem; de uma capital onde o metropolitano abre noticiários porque aparece pouco e cheio; de uma capital onde as máquinas de venda de cartões recarregáveis para os transportes simplesmente deixam de os vender, ficando os utentes à beira da loucura; de uma cidade que tem obras em todas as esquinas; de uma capital incapaz de escoar o seu trânsito de modo a que percorrer meia dúzia de metros não seja um atentado à paciência; de uma capital que desconhece o que é varrer as folhas caídas na calçada portuguesa, tornando-a mais escorregadia que um lago gelado nos Alpes. Os lisboetas não se sentem a viver numa capital: sentem-se numa espécie de mundo apocalíptico encaixado entre a Amadora e o Rio Tejo. Lisboa, que se quer tão turística, está a perder a capacidade de resposta relativamente aos transportes públicos, está toda esburacada e está a enlouquecer os seus habitantes que, ou definham em autocarros ou carruagens do Metro a abarrotar, ou desesperam atrás dos volantes dos automóveis particulares que se vêem gregos para atravessar a cidade. Neste momento, viver em Lisboa é mau. Não, desculpem, é péssimo e sobretudo é cansativo! É urgente deitar a mão a isto, curar a cidade, tratá-la das maldades que lhe têm feito e voltar ao tempo em que o Metro era a melhor opção para viajar; em que a Carris não demorava o dobro do esperado; em que não se faziam trezentas obras em simultâneo e em que chegar a algum lado a horas e “não amassado” não era impossível.

sábado, 10 de dezembro de 2016

A funcionária

Trabalhar no comércio, especialmente no atendimento ao público, exige muita simpatia e paciência. Por muito que os clientes irritem ou que trabalhar ao fim-de-semana seja chato, quem vai à loja para comprar não pode nunca sentir que está a ser um enorme fardo para quem o atende. 

Digo isto porque acabei de entrar e sair de uma loja onde não devo voltar tão cedo. Vi lá uma blusa gira para a minha mãe, mas estava com dúvidas relativamente ao tamanho. Chamei a menina da loja e perguntei-lhe até quando iriam as trocas de Natal. Respondeu-me que até dia 27. Eu torci um bocadinho o nariz porque achei que seria apertado. Pensei em voz alta "Então, 25 é domingo, 26 é..." e a funcionária interrompe, com uma simpatia nitidamente irónica "Sim, 25 é domingo, mas as prendas abrem-se a 24!". Apeteceu-me responder-lhe que tecnicamente e tendo em conta que se abrem à meia-noite, as prendas se abrem mesmo no dia 25, mas preferi responder à sua ironia com um "Não está à espera que a minha mãe venha cá trocar a blusa à meia-noite, pois não?"  

Risinhos. Eu continuava a pensar se valeria a pena levar a blusa e já a imaginar com que calças a vestiria ela e a funcionária continuava em cima do meu ombro. Disse-me que o dia 27 dava uma boa margem para trocar a peça (ui, dois dias, uma loucura! Se a pessoa estivesse fora vinha a correr para Lisboa para trocar a blusa). Entretanto, entra uma outra cliente e ela simplesmente desapareceu. Mas o melhor é que desapareceu com uma espécie de suspiro de frete. 

Vamos ver: eu só quis saber até quando iam as trocas de Natal. A partir daí, perceber se valia a pena comprar a blusa ou não era comigo. Eu era livre para considerar o dia 27 como um limite muito curto para as trocas, mas, mais uma vez, isso seria da minha conta. O resto era escusado da parte dela. Sobretudo o virar costas com um ar enfastiado e um suspirinho, sem um "com licença" que disfarçasse a má disposição. Obviamente, mal isto sucedeu, também eu pousei a blusa e saí da loja disposta a não voltar. 

O atendimento ao público não é tarefa fácil, mas existem outras mais difíceis. Ser simpático e dar espaço ao cliente é o mínimo para que ele se sinta tentado  a voltar e a recomendar a loja a outros. Infelizmente, há por aí funcionários  que vêem nos clientes um frete. Esses acabam por vê-los sair pela porta, embora lhes importe pouco se a loja não for sua...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

À descoberta

Ando a descobrir as vantagens de fazer as compras do supermercado online. Até agora (e ainda não finalizei a encomenda), apercebi-me de uma vantagem ENORME: resistimos muito melhor à tentação de despejar tudo o que se cruza connosco dentro do carrinho. É óptimo. Já tenho uma lista bem composta com coisas pesadas que prefiro que venham trazer a casa em vez de irmos nós para o inferno do supermercado e até agora resisti lindamente a adicionar ao carrinho coisas disparatadas que, provavelmente, já lá estariam se fosse in loco. A parte de poupar as costas e o tempo, cada vez maior, que se perde nos hipermercados também me parece estupenda. Portanto, a ver. Se isto correr bem, começo a despedir-me do inferno das compras para encher a despensa: limito-me a abrir a porta para que elas entrem em casa. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O achado do ano

Pedi este livro pelo Natal há muitos anos, mas não me chegou ao sapatinho. Entretanto desapareceu das livrarias, esgotou completamente. Encontrá-lo seria um milagre!

Hoje encontrei-o, na edição de capa dura da Círculo de Leitores, em muito bom estado e por dez eurinhos. Foi o achado deste ano e uma vontade concretizada. Num ano em que tantos desejos ficaram por satisfazer, estas pequenas sortes sempre aconchegam um pouco a alma. Cá a casa chegou, enfim, a História da Beleza, do saudoso erudito Umberto Eco.


domingo, 4 de dezembro de 2016

Mais um aviso à população

A fantástica, maravilhosa, única, inigualável, imparável e deslumbrante TVE emitirá amanhã à noite pela primeira vez este filme, mais uma vez produzido por si:


Estou que mal respiro de emoção! Não sei se porão o filme no site, mas seja como for, ainda vou a tempo de assistir à estreia na TVE. Um filme que conta a história da relação terrível entre o pobre Cervantes e o riquíssimo Lope de Vega, ambos escritores do "Siglo de Oro" espanhol. Foram rivais, foram inimigos e foram grandes no que fizeram no campo literário (embora, claro, para mim o pobrezinho Cervantes tenha sido o maior de todos e de sempre). É um filme a não perder. Mais uma vez, obrigada TVE: és fabulosa!

ADENDA: Vi o filme quando estreou na TVE e vale a pena. Foi feito como se fosse uma entrevista a várias figuras do “Siglo de Oro”. Uma entrevista que tentava perceber o emaranhado que eram as relações entre aqueles intelectuais brilhantes, os seus ódios, amizades e rancores. 

Além das relações entre eles, é delirante ver representada num filme a tristeza de Cervantes por não ser bem sucedido no teatro (algo que ambicionava muito), como era Lope de Vega. Cervantes queria escrever comédias, queria ser representado, mas nunca se saiu bem. Dizer “teatro” era o mesmo que dizer “Lope” e a sua pena nunca podia competir com isto. Mas Cervantes acabou por escrever algo muito maior, algo que não tem uma descrição possível porque no Quixote cabem infinitas descrições. Cervantes queria escrever uma coisa diferente, uma coisa que fosse tudo... e conseguiu. Morreu sem perceber um pouco que fosse o enorme sucesso do seu romance. Vendeu muito, sim, mas só mais tarde se perceberia a loucura que o Quixote geraria. Embora as peças de Lope também tenham sobrevivido ao tempo e ele seja, ainda hoje, estudado e acarinhado como uma das maiores figuras das letras espanholas, é a Cervantes que fazemos as maiores vénias, são para ele os nossos mais solenes agradecimentos, a nossa mais sentida admiração. Aquilo que em vida tanto quis, tanto invejou e não teve, conseguiu-o na morte e, lá está, Lope ainda é lembrado, mas Cervantes nunca é nem será esquecido. Não escreveu peças com sucesso, mas pôs todo o teatro do mundo em funcionamento no seu Quixote. A coroa de louros é dele: Cervantes ganhou.

Gato versus Árvore de Natal


Por agora limita-se a deitar-se sob a árvore. Ainda não houve batalha a sério. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Chegou o Natal, ho ho ho!

Já é Natal cá em casa. Venham o bacalhau, os doces, a família e os presentes que nós estamos preparados. Mas venham depressa porque há dois gatos desejosos de mandar tudo ao chão...


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Descobertas tardias II

Foi preciso o grande Leonard Cohen morrer para eu perceber que é dele uma das músicas mais bonitas que já ouvi: “Alexandra leaving". Enfim, se o mundo da música e da poesia perdeu um enorme génio, ao menos que sirva para aqueles que como eu conheciam pouco do seu trabalho ficarem a conhecê-lo melhor. Se acontecer aos outros o mesmo que me tem acontecido a mim, render-se-ão a este senhor e ouvi-lo-ão de chá na mão, enquanto chove copiosamente lá fora. É uma experiência e tanto.


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A verdade numa t-shirt


Os fãs de Harry Potter vão perceber esta t-shirt. Os amantes de gatos Bosques da Noruega também. A página de Facebook “Cat Lovers” vende esta t-shirt e eu quase me sinto tentada a mandar vir uma, não fosse a ideia de que provavelmente pareceria demasiado imbecil com ela vestida.

Agora, que é facto, é: se eu tivesse um Patronus (coisa que nunca desenvolvi muito nas minhas aulas de Defesa Contra as Artes Negras, diga-se), seria com certeza um Bosques da Noruega, daqueles bem farfalhudos e cheios de nós no pêlo porque recusam-se a deixarem-se escovar (há um exemplar desses aos pinotes ao meu lado neste momento e cada pulinho corresponde a mais um nó, que o bicho fá-los só de respirar). E eu ficaria deliciada ao vê-lo sair da minha varinha. Depois de mandar o Dementor embora, aproveitaria para lançar-lhe um feitiço ao pêlo que lho deixasse todo penteadinho.  Ao gato, não ao Dementor, que me parece coisa pouco farfalhuda. Enfim, toda uma lógica muito bem pensada.

E pensando bem, talvez peça a t-shirt pelo Natal...

Outro aviso à população

Pasmem-se, pois acabei de ficar a saber que a RTP está a gravar uma temporada do seu próprio Ministério do Tempo. A primeira temportada terá quinze episódios e uma das actrizes será Filomena Cautela.

Esperemos que esta adaptação de um formato espanhol corra melhor do que a versão portuguesa do Cuéntame, que foi boa enquanto durou, mas que acabou abruptamente sem um final à altura (basicamente imitámos o que pudemos da série espanhola, mas a seguir ao 25 de Abril havia que caminhar sozinho e, infelizmente, a série terminou por ali, com um dos filhos da família a ficar esquecido na guerra colonial...). 

Aviso à população

A todos os que se interessam pelas produções da TVE importará o seguinte aviso: pelo que percebi do site do canal espanhol, o filme La Corona Partida só estará disponível online até ao dia 13 de Dezembro. Assim, é melhor não adiarmos muito a decisão de ver o que aconteceu depois da morte de Isabel, ou correremos o risco de voltar a ficar a ver navios. Eu vou tentar despachar a coisa hoje.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A Menina Sugere Isto XXVI

Agora peguei a sugerir coisas e já não paro. Hoje é uma coisa doce que adoro e que, dentro do género, é aquela que me aquece o coração:


Não sei se já tiveram oportunidade de provar as compotas da marca Casa da Prisca, mas se ainda não o fizeram, façam-no e comecem pela de pêssego. É só a melhor do mundo (para mim, claro)! Confesso que não sou nada adepta deste tipo de produtos, mas gosto muito deste para acompanhar queijo. Uma tosta com queijo e um pouco desta compota é assim mais ou menos como ir ao céu e voltar (mas só quando a tosta acaba). Não provei muitos outros sabores porque sou uma criatura fiel e quando gosto, gosto tanto que não troco por mais nada. Aconteceu com este doce e acho que vou ser-lhe fiel, amá-lo e respeitá-lo por todos os dias da minha vida. Note-se que esta compota tem pequenos cubos de pêssego que a tornam ainda mais maravilhosa. Ponham-na em cima de uma fatia de queijo e delirem. Estou a considerar comprar uma palete de frascos destes e hibernar com eles cá em casa.

Senhores da Casa da Prisca, tomei a liberdade de tirar esta foto da vossa página online. Desculpem-me o atrevimento, mas acho que é por uma boa causa. E já agora: longa vida ao vosso doce de pêssego que é ultra BOM!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A Menina Sugere Isto XXV

Já teci inúmeros elogios às séries da TVE. Comecei a adorá-las com a série Isabel, depois viciei-me  irremediavelmente em Cuéntame, depois em Carlos, Rey Emperador e agora que comecei a ver Ministerio del Tiempo... o vício continuou. Esta última é a série que venho sugerir-vos.

Estão a ver aqueles dias de inverno em que não apetece fazer nada, pensar em nada, ver apenas qualquer coisa que nos entretenha do início ao fim? Pois bem, Ministerio del Tiempo é a série ideal para isso. E se, juntando a isto tudo, gostarem de História então é perfeito!

O enredo é este: Espanha tem um segredo de Estado que consiste na existência do Ministério do Tempo. Este Ministério tem a seu cargo uma série de portas que permitem viajar até ao passado. Mas não pensem que a ideia é andar a saltitar cá e lá só porque se pode. As portas existem, mas são para ser utilizadas quando de alguma maneira alguém está, no passado, a tentar alterar o presente. Para controlar isto tudo, o Ministério recruta pessoal nas várias épocas para estar atento a estas tentativas e, quando de facto se verifica que alguém está prestes a mexer nos fios da História de modo a alterá-la e, assim, modificar o presente, uma outra equipa ministerial é enviada à época histórica em questão.

A equipa enviada é geralmente composta por dois homens e uma mulher. Um dos homens foi recrutado na nossa época depois de, basicamente, perder tudo o que lhe importava na vida; o outro é uma espécie de Capitão Alatriste, recrutado no Século de Ouro espanhol e quando estava prestes a ser enforcado; a mulher foi convidada a trabalhar para o Ministério do Tempo no século XIX, depois de ser uma das primeiras mulheres a frequentar a universidade em Espanha. À excepção do primeiro, que sendo da nossa época até pode ir de metro para casa, os outros vão dormir à sua época, mas depois “pegam ao serviço” na nossa e esperam por novas ocorrências e para ver para onde serão enviados dessa vez.

Já vi três episódios. No primeiro, uns tipos das tropas de Napoleão foram avisados de uma porta para o futuro, vieram cá saber como tinha acabado a campanha napoleónica em Espanha para depois regressarem ao seu tempo e tentarem alterar a História; no segundo é toda a obra de Lope de Vega que está em perigo se ele embarcar num navio da Invencível Armada que não aquele em que de facto viajou; no terceiro são os Nazis que vão tentar alterar o rumo dos acontecimentos, recorrendo a uma porta que existiria em Barcelona. 

Uma coisa que a série tem, além da componente de entretenimento que é inegável, é um sentido de humor brilhante. Quando um dos funcionários do Ministério diz à sua colega do século XIX (mas  que está bastante embeiçada por Lope de Vega quando viaja ao século XVI), que se ela engravidar gostará de a ver dizer que o pai da criança é Lope de Vega, explicando-lhe que se for na época dela a encerram num convento e que na dele (nossa) num manicómio, julguei qe caía da cama de tanto rir. Imaginei chegar agora aqui alguém a dizer que está grávida do nosso Camões. Era bonito.

Por isso, meus caros, já sabem que as séries da TVE não desiludem e o melhor é que estão completinhas online. Ainda ajuda a treinar o espanhol! Podem encontrar a série aqui. Divirtam-se!


domingo, 27 de novembro de 2016

Descobertas tardias

Foi preciso viver trinta e um anos para descobrir que, afinal, gosto de requeijão. Sempre foi algo que nunca julguei possível, mas eis que a realidade ultrapassa à grande aquilo que achava e deixava de achar.

Pergunto-me de que mais virei a descobrir que gosto. A vocês também acontecem estas descobertas tardias? Olhem que eu via o requeijão e até me encolhia com o aspecto daquilo. Foi um milagre, portanto.

sábado, 26 de novembro de 2016

80 anos da Guerra Civil Espanhola

Este ano assinalou-se a passagem de oito décadas sobre o início da Guerra Civil Espanhola. Oitenta anos desde que começou um conflito ao estilo do século XX, que deixou um rasto de destruição no país vizinho, um número de mortos que ronda os dois milhões, sendo que muitos deles repousam ainda em valas comuns de onde nunca serão resgatados. Isso aconteceu aqui ao lado, no país onde vamos animadamente comprar caramelos como quem vai ao virar da esquina. Não aconteceu na outra ponta do mundo: foi mesmo aqui ao lado, o que torna ainda mais assustadoras as proporções que tomou e as consequências que teve. De um lado Republicanos, do outro Nacionalistas, ambos ajudados por forças estrangeiras, com muito “jogo sujo” pelo meio (ou não se tratasse de uma guerra...), o conflito durou três anos e acabou como todos sabemos: com a instauração do regime franquista que só chegou ao fim três anos depois da nossa própria revolução (o regime sobreviveu ainda à morte de Francisco Franco em 1975, mas acabou por chegar ao fim em 1977 após um referendo realizado no final do ano anterior). 

Pelo caminho, além dos muitos mortos e da dureza de uma vida em guerra, ficaram todos os que tiveram de aprender a conviver com o medo, com um regime totalitário que procurava que todos seguissem cegamente o “caudillo”, como se de um modelo de pai perfeito se tratasse. Ao mesmo tempo, nós por cá vivíamos também com um “paizinho” de vozinha fina que governava Portugal com mão de ferro e que, não criando no nosso território uma guerra civil como a espanhola, promoveu a terrível Guerra Colonial que nós, gerações mais jovens, não podemos sequer imaginar.

Quem viu as primeiras temporadas da série espanhola Cuentáme Cómo Pasó ficou com uma pálida ideia do medo que se enraizou em quem viveu a Guerra Civil Espanhola. Na série, a avó Hermínia repete várias vezes que as coisas parecem caminhar novamente para o “36”, referindo-se ao ano em que tudo começou, com a enorme violência com que começou, deixando cadáveres por todo o lado, igrejas queimadas, membros do clero assassinados... Enfim, a avó Hermínia deixa, pela breve referência, ideia do trauma que ficou em quem assistiu àquela luta feroz entre os que queriam que a República se mantivesse e que o Estado se separasse inequivocamente da religião católica e os outros, o que queriam uma Espanha religiosa e pouco liberal como lhe estaria no sangue (ou não fossem de lá os Reis Católicos que, se foram muito inovadores em algumas medidas, também foram altamente cruéis em nome da religião). 

Nessa mesma série, que chegará no próximo ano à décima oitava temporada, há uns episódios aos quais não se fica indiferente: aqueles em que o pai da família Alcántara descobre, numa vala comum, o cadáver do seu pai, fuzilado durante a Guerra Civil e identificado devido à particularidade de utilizar um olho de vidro. Tendo passado uma vida inteira a deixar flores numa campa com uma lápide com o nome do pai, percebe que afinal aquele homem jazia ainda no meio de um descampado, juntamente com outro corpo, vítima da mesma guerra. No fim, procura dar-lhe uma cerimónia fúnebre com a qual possa sentir-se em paz consigo mesmo, já que mais não poderá ter, uma vez que o pai foi fuzilado ainda durante a sua infância.

Séries como Cuéntame, de que já falei tanto neste blogue e que continuo a aconselhar vivamente, não só pelo entretenimento que proporciona, mas também e sobretudo pelo muito que nos ensina sobre o país vizinho, mas também livros como o Por Quem os Sinos Dobram, de Hemingway (que participou voluntariamente na Guerra Civil espanhola ao lado das Brigadas Internacionais), como Homenagem à Catalunha, de Orwell (também voluntário pelo lado republicano), quadros como a famosíssima Guernica, de Picasso, muitas e muitas fotografias do conflito, reportagens feitas durantes esta guerra (o próprio autor de O Principezinho, Antoine de Saint Exupéry terá estado como repórter em Madrid durante o conflito), são ainda hoje memória e testemunho do que se viveu aqui mesmo à nossa porta (e com a ajuda do nosso ditador ao ditador do lado). Mas se vos falo sobre isto hoje é porque acho que a História tem de ser recordada. Idealmente seria para não se repetir, embora essa ideia já seja mais frase batida que regra a concretizar, de tal modo caímos vezes e vezes sem conta nos mesmos erros. Nós, país pacato, andamos tão esquecidos de tudo que mal imaginamos a violência do que aconteceu há menos de cem anos em Espanha. Ora, o Courrier Internacional de Novembro trazia um especial sobre isso mesmo e era demasiado interessante para não vos falar dele. Se tiverem interesse em ler mais sobre este tema, corram aos quiosques porque penso que a edição de Dezembro já chegou às bancas, o que significa que a de Novembro já está a ser retirada. A outra opção é comprar o exemplar e lê-lo no tablet ou no computador. Além deste especial, a edição de Novembro trazia um enorme texto dedicado à administração Obama, aos seus altos e baixos. 

E se a curiosidade continuar, a Tinta da China publicou há uma década a Breve História da Guerra Civil Espanhola (livro que mantenho na minha lista de desejos para o Natal). Além disto, a bibliografia sobre esta guerra cujo início foi há oitenta anos é imensa. Dizer que é gigante chega a ser pouco. Além de livros de História, há imensos romances históricos, biografias (romanceadas ou não) e autobiografias sobre figuras da época. O próprio Jaume Cabré, que tanto elogiei devido ao romance Eu Confesso, tem um livro sobre as (e vou citar a página online da editora Tinta da China) “complexas histórias individuais que se ocultam por detrás da história da Guerra Civil de Espanha, cujas reminiscências perduraram ao longo de toda a transição do país para a democracia e que ainda  hoje se fazem sentir, marcando a memória colectiva espanhola”. O livro chama-se As Vozes do Rio Pamano

Enfim, ficam as sugestões. O século XX foi tão cheio de tudo (e o XXI parece querer seguir-lhe os passos) que chega a ser difícil estar a par de tudo o que aconteceu entre guerras mundiais, Guerra Civil espanhola, Guerra Fria, Guerra Colonial... Mas podemos sempre começar por uma ponta. E não esqueçamos que esta guerra espanhola tem ligações à Segunda Guerra Mundial (recorde-se que foram aviões da Alemanha de Hitler que bombardearam Guernica, em 1937, em apoio à causa nacionalista e a Francisco Franco). Assim, vale a pena saber mais sobre o tema e se o motivo for a data redonda que se assinala este ano, pois assim seja.







sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Quereis dormir? Quereis?

Se quiserdes dormir, meus senhores, lede os contos do senhor Andersen. Os contos são bons, alguns deles até são já sobejamente conhecidos (e altamente destruídos pela Disney), mas as descrições, sempre tão semelhantes de uns contos para os outros têm um efeito directo sobre a nossa capacidade de adormecer. Por isso ao fim de dois contos e meio, o mais natural é estarem já a ver a pequena sereia em cima de um cisne que voa directa para a torre onde está a princesa à espera de ser resgatada... mas nos vossos sonhos. Aconselho vivamente!



Nota: Mas não me interpretem mal: o regresso à infância que estes contos permitem, tornam-nos valiosíssimos. Além disso, ler as versões originais de contos que muitas vezes nos surgem completamente mastigados e cuspidos a cor-de-rosa é óptimo. Esta edição é gigante e pesadíssima, por isso lê-la é um desafio à gravidade, mais ainda quando alguns dão sono. Mas é uma leitura que vale a pena.

Já que é para importar...

Importámos o Halloween e a Black Friday, mas aí pelo meio deixámos fugir um feriado que era muito porreiro importar: o Dia de Acção de Graças.

Então não era para lá de espectacular termos uma espécie de treino pré-Natal de enfardanço e convivência familiar? Era óptimo. E este ano o dia calhou exactamente um mês antes do Natal: era perfeito! Começávamos a contagem decrescente para a melhor época do ano com um Natal em miniatura, mas com um perú de dimensões consideráveis. Já que é para importar tradições de outros lugares, que seja com pompa e circunstância (e mais um feriado, se possível...). Eu cá gostaria bastante. Aguardo com espectativa o dia em que alguém apresente uma petição à Assembleia com a instituição em Portugal (e no resto da Europa, vá) do Dia de Acção de Graças. É que todos temos alguma coisa a agradecer, nem que seja um perú em tamanho XL recheado com coisinhas boas e rodeado de batatinhas fofinhas. 

"Ah e tal, mas assim tínhamos de aturar aquele tio chato em mais uma convivência familiar", dirão alguns. Ora! E desde quando é que o tio chato é razão para não termos um novo feriado, acompanhado de comidinha boa??? Eu voto sim à instituição do Dia de Acção de Graças e à obrigatoriedade da presença do amiguinho que se segue:


Uma única sigla

Para o que se está a passar à porta do Meo Arena com menores de idade acampados lá desde segunda-feira à espera do concerto do Justin Bieber, só me ocorre uma sigla: CPCJ. É que, a ser verdade o que a comunicação social tem dito sobre isto, há menores a faltar às aulas para poderem estar ali a tentar garantir um lugar que fique o mais perto possível do palco. Estão ali ao frio e à chuva, alguns sem a presença do respectivo pai ou mãe. 

Sou a maior adepta da autonomia dos jovens. Fechá-los numa redoma, levá-los de carro a todo o lado não faz, a longo prazo, nada de bom por eles. Mas há limites. Se calhar os pais que os deixam ali são os mesmos que não os deixam apanhar um transporte público que os leve do ponto A ao ponto B da sua cidade. 

Alguns têm lá os pais, a aguardarem com eles pelo momento do concerto ou a marcar a vez dos seus filhos. Bom, eles lá sabem o que fazem e vão dizendo para a televisão que “pelos filhos faz-se tudo”. Acredito que sim, mas estas pessoas que fazem estas esperas não devem depois reclamar por terem de esperar noutros sítios, noutros serviços. A favor delas está o facto de que ao menos não os deixaram lá sozinhos durante noites que têm sido frias e chuvosas. Uma vez mais, sobre este assunto só me ocorre a sigla CPCJ.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Coitadinhos dos meus filhos

Quando vejo os jovens acampados à porta do MEO Arena à espera do concerto de amanhã do Justin Bieber só consigo pensar que os meus filhos vão ser muito infelizes, coitadinhos. Muuuuuuuito infelizes...

Parece-me pouco, mas já é qualquer coisa

Lembram-se do triste espectáculo da queima do gato nas festas de Vila Flor, no ano passado? Parece que o processo chegou agora ao fim com a pessoa que cedeu o gato a ser condenada ao pagamento de uma coima de quatrocentos e cinquenta euros. Segundo a peça que vi na televisão, a defesa da pessoa que alegadamente emprestou um gato para ser fechado num pote e içado num poste ao qual se pegaria fogo está a ponderar ainda sobre um possível recurso.

Bem, admito que assistir a uma condenação por maus tratos a animais me deixa muito satisfeita (preferia que ninguém maltratasse animais, mas parece que isso é pedir muito). Pensava mesmo que este tipo de coisas passaria sempre impune num país que abriu uma excepção à lei relativamente a uma tradição que consistia em matar um touro na arena em plena festa de verão. Afinal há uma luzinha ao fundo do túnel que mostra que de vez em quando (sobretudo se alguém filmar a coisa) quem faz asneira, paga por ela. Considero que quatrocentos e cinquenta euros é pouco, mas já é qualquer coisa. Seria bom que pelo menos servisse para outros tirarem daí a lição, embora pelo que me vai aparecendo no feed do Facebook me parece que nem um reset às cabeças desta gente seria capaz de fazer com que alguns idiotas parassem de achar piada a magoar animais só porque sim.

Agora é esperar que Vila Flor tenha aprendido a fazer uma boa festa de verão sem pôr gatos em situações que nenhum humano desejaria para si.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Oficialmente não jovem

Deitei-me com trinta anos, acordei com trinta e um e um nome novo na minha conta bancária: de Caixa Jovem tinha passado a Conta Caderneta. Subitamente senti-me velha. A conta que abri no dia da matrícula na Faculdade transformou-se noutra coisa que me recorda que esses tempos já foram há tempo suficiente para eu não merecer mais o adjectivo “jovem”. Pior que isso é que agora vou começar a aguentar as manutenções de conta de que até aqui me safei muito bem. 

Os vinte são loucura, os trinta são serenidade e responsabilidade. Baaaaaah!

A Menina Quer Isto LXXIII

Por ocasião do meu aniversário tive direito ao livro de Alberto Manguel A Biblioteca À Noite (já comecei a ler e é muito bom). Por isso há toooooda uma lista cujos itens ainda ficarão muito bem cá em casa. Mas como o mal das listas é começá-las, aí vão mais dois que arranjariam certamente um cantinho aconchegante para acolhê-los.



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Para memória futura

A primeira coisa a fazer quando arranjas um telemóvel novo é desligar o corrector automático. E repete isto vezes sem fim, como se fosse um mantra. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

31 já estão


Não, não recebi carradas de coisas de gatos, pois a farra é só no sábado. Ainda assim, os 31 anos já cá cantam. Estou uma crescida!

Nota: A imagem saiu daqui.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Um dos últimos pensamentos dos meus 30 anos

Mas Deus ainda não exterminou da face da Terra as botas brancas?!

A minha “quixotização"

Tenho dado por mim a pensar que sou um bocadinho quixotesca e que o meu lado de Sancho se anda a perder. Deve ser da idade: amanhã faço trinta e um anos. Cada vez mais acho que já não estou para certas coisas e idealizo o que queria que acontecesse. Sonho, sonho, sonho, e acredito que, como Saramago dizia, “o que for para mim, às minhas mãos virá ter”. Não sei quando nem como, mas imagino que o melhor chegará. Parece que perdi a paciência para o “menos mau” e agora só espero mesmo o melhor. Eu própria consegui quixotizar-me e crer numa realidade que provavelmente nem existirá para mim. De tanto viver coisas que não quero repetir, enchi a minha cabeça de desejos de fuga e é a sua concretização que espero. 

Acho que nunca o nome deste blogue fez tanto sentido. Cada vez são mais as minhas quixotadas: as asneiras feitas em prol de um ideal, de uma imagem criada a partir de um desejo, de uma meta que quero atingir sem saber o caminho para chegar lá. Só não envergo armadura ferrugenta, lança e escudo. Em tudo o resto sinto-me um D. Quixote que luta contra enormes moinhos de vento que não deixam de ser gigantes, por serem aparentemente intransponíveis. Seria de esperar que a idade nos “sanchificasse”, mas parece que comigo é ao contrário.

sábado, 12 de novembro de 2016

Eu e as caixas multibanco

A minha relação com as caixas multibanco é esta: gosto muito delas, fazem muitas coisas que são muito jeito, mas também estão sempre ocupadas quando preciso delas. Acontece-me SEMPRE isto: digo para mim “Ah e tal, vou ali ao multibanco levantar uns trocos e aproveito agora que não está ninguém na fila.”, mas no momento em que me vou aproximar das caixas, pessoas pululam para a frente dos ecrãs e desatam a digitar os seus códigos secretos. O que se segue sou eu na fila a bufar enquanto vejo as pessoas que surgiram do nada e chegaram à caixa antes de mim pagarem as contas da água, da luz, do gás, dos telemóveis, da televisão e internet, o seguro do carro, a encomenda que fizeram, o lar da avó, a renda da casa, a prestação da viatura, a reserva das férias, o registo criminal online, a segurança social, o seguro de vida, a casa, as propinas, e mais umas duas mil coisas que as pessoas arranjam para pagar quando eu estou na fila.

No fundo, os bancos e as diferentes empresas podiam usar-me para atrair capital. É que se sempre que chego a uma caixa multibanco o pessoal desata a fazer pagamentos à maluca, eu podia acabar por ser uma espécie de cobradora do fraque, mas de calças de ganga e camisola de malha. Eu passo a andar junto a caixas multibanco e, a certo momento, ameaço mesmo dirigir-me a uma. Como atraio este tipo de pessoas, elas desatam a aparecer pelo meio dos carros, vindas dos esgotos e do meio das pedras da calçada e começam desalmadamente a pagar tudo o que podem e o que não podem. A mim só têm de pagar o frete de estar para ali especada à espera que o lote das facturas acabe e que chegue a minha vez de levantar os dez ou vinte euritos da praxe.

Notinha importante: Lembram-se do emprego de que vos falei no outro dia? Esqueçam. Já não existe. 

É Natal, é Natal!*

* Título especialmente escolhido para a comentadora que pediu para eu não repetir “É Natal, é Natal!”. Eheh.

Ontem ao final da tarde já haviam ligado as iluminações de Natal das ruas aqui da zona. Estão bastante bonitas, diga-se. E até acho bem que as liguem cedo: dão outra alegria à cidade. Bem precisamos dessa boa disposição que a quadra festiva do próximo mês provoca em boa parte das pessoas. É verdade que é um bocadinho cedo (falta mais de um mês), mas para os fãs do Natal, quanto mais prolongarmos o espírito da coisa, melhor. 

Nós por cá já marcámos a realização da árvore de Natal para o final deste mês, mesmo sabendo que viveremos o inferno de juntar coisas incompatibilíssimas: árvores de Natal e gatos. Brevemente abriremos apostas sobre a quantidade de vezes que a árvore cairá ao chão.

domingo, 6 de novembro de 2016

Popota 2016!!!

É oficial: estamos a caminho do Natal, pois hoje já vi DUAS vezes o anúncio da Popota 2016. Desta vez escolheram uma música portuguesa para servir de base à canção "popotesca" e o clip mostra a Popota a crescer e a tornar-se uma estrela (que até concorre ao "Popotos de Ouro"). Agora já posso infernizar toda a gente a dizer repetidamente "É Natal, é Natal!".

sábado, 5 de novembro de 2016

Uma curta visão do inferno

Entrámos no Continente para eu comprar uma agenda do Professor (coisa que não havia) e durante os três minutos e meio que estivemos lá dentro vi o inferno. O INFERNO, minha gente! Penso que senti labaredas e tudo. Hoje, os brinquedos estavam com um desconto de cinquenta por cento em cartão. Todos os brinquedos, entenda-se. Havia carrinhos cheios até ao limite do imaginável! Havia crianças sem saberem para onde virar-se (já que os pais estavam doidos a varrerem as prateleiras todas); havia carrinhos cheios de Legos e de bonecas até não poderem mais; havia prateleiras sem um único artigo para amostra e eram... dez da manhã.

Fugi dali depressa e acabei a comprar a porcaria da agenda na FNAC, que estava sossegadíssima. 

Ainda estou incrédula com o que vi. É que para haver o desconto, teve de haver o investimento e vi muitos carrinhos com centenas e centenas de euros em brinquedos. Vi gente nas caixas (enquanto fui à Note, que fica mesmo em frente) que levava brinquedos suficientes para a totalidade da infância de duas crianças (com jeitinho, três). Aquelas pessoas suportaram uma enchente de gente para poderem levar mais peluches, mais Legos, mais bonecas para casa. Enfim... Só visto.

Tenho um amigo que aproveita estes dias em que o Continente faz estes descontos de cinquenta por cento em cartão para comprar presentes para a filha para lhe ir dando ao longo do ano. Ele lá sabe da carteira dele, não é nada disso que me faz ficar espantada. Bem, é mentira: fico um bocadinho estupefacta perante o muito dinheiro que o pessoal gasta em brinquedos nestas ocasiões. Mas ainda me espanta mais que consigam viver aquele inferno terrível cheio de gente, caixas, carrinhos... É preciso coragem e eu não tenho nem um pingo de coragem para isso.

Depois deste vislumbre do Continente, fomos à Worten, que estava um sossego. Comentei isso com a senhora da caixa que nos atendeu e ri-me imenso com a resposta dela perante o meu espanto pela tranquilidade na Worten: “Sim, hoje o Continente está complicado: hoje as pessoas levam os brinquedos, as prateleiras, os colaboradores... Hoje vai tudo!”. Depois riu-se e acrescentou “Mas ainda bem que é assim.”

De facto, ainda bem. Apesar de o espaço se tornar numa visão do inferno, é sinal de que há dinheiro para gastar e de que a economia vai mexendo um bocadinho. Além de que é uma jogada de génio por parte da Sonae (que devia ser um caso de estudo a este nível, pois é admirável).

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

De Génio II

“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e, não tendo acção em si mesmo, move os ânimos e causa grandes efeitos.”

Padre António Vieira 
in "Sermão de Nossa Senhora da Penha",
Lisboa, 1652.

Facto

Eu ainda consigo ficar abismada com a República das Bananas em que a escola portuguesa se tornou. É daquelas coisas em que temos de admitir que no passado tudo funcionava muito melhor do que agora. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A meia década

O blogue As Minhas Quixotadas faz hoje cinco anos. Nasceu num dia muito cinzento de 2011 e já chegou onde nunca pensei que tivesse chegado. Sobre o blogue e sobre o que significa “cultivar” um blogue, falei há pouco tempo e, por isso, não vou voltar a repetir. Vou apenas dizer que gosto muito deste meu pequeno e modesto cantinho e que espero ter tempo, força e ânimo para continuar com ele pela vida fora. 

Parabéns ao As Minhas Quixotadas!


Ah, e já agora: em dia de aniversário, a autora que está à frente deste bloguito recebeu um presente na forma de emprego novo. Vou voltar a ser professora. Não era bem o que sonhava, mas haverá tempo para cumprir outros sonhos. Por agora, vou voltar ao activo depois de dois meses de descanso mais do que merecido. Obrigada a todos os que, aqui, me dedicaram palavras de apoio nesta fase tão estranha que hoje termina. 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Uma leitora confessa-se

Gosto de ler, mas não sou a leitora mais voraz que conheço. Há quem pegue num livro e não consiga largá-lo. Eu consigo ir largando, ir alternando o livro com uma ou mais revistas ou com outros livros. Consigo fazer algumas viagens de transportes sem nem sequer ler nada. Os leitores não são todos iguais apenas pelo facto de gostarem de ler. Por exemplo, além de raras vezes ler tão concentradamente que me esqueço do mundo à minha volta (é coisa muito rara de me acontecer e, depois de muito tempo, só senti com o livro Eu Confesso, de que falei aqui), a minha concentração é ainda menor quando leio contos. Nunca percebi por que motivo isto me acontece, mas é um facto: eu já sou desconcentrada por natureza, porém consigo sê-lo ainda mais se em vez de um romance estiver a ler um conto. Pior ainda: um livro de contos.

Sobre a desconcentração tenho a dizer que não fui sempre assim e que isso tem piorado com a idade. Lembro-me de ser mais nova e de ler horas e horas a fio sem distrair-me com tudo, sem precisar de estar constantemente a pousar o livro para beber água... Acho, muito sinceramente, que, pelo menos no meu caso, as muitas coisas que nos rodeiam prejudicam a minha capacidade de escapar para dentro do texto. Tenho de parar porque recebi um email, porque o telefone tocou, porque preciso de enviar uma mensagem. São muitas as coisas a acontecerem a todo o momento e se quando eu era mais pequenita não havia um iPad a ligar-me ao mundo a todo o momento nem um Whatsapp a apitar a cada instante, agora há. E de alguma forma acho que estes factores de distracção interferem ainda mais quando estou a ler uma narrativa breve do que um romance. Pode parecer estranho, mas explico-vos o meu raciocínio (sim, já perdi tempo a pensar nisto porque esta minha desconcentração constante durante a leitura entristece-me, mais ainda porque todos sabem que eu adoro ler e adoro livros): quando lemos um romance, o assunto, as personagens, o(s) narrador(es) mantêm-se até ao final do romance, mas com um livro de contos, o tema, as personagens, a acção vão variando de texto para texto e é contantemente necessário criar ligações com cada conto que começamos a ler. Se num romance eu tenho sempre o mesmo fio condutor, num livro de contos eu posso ter dezenas de histórias muito diferentes e tenho de ser capaz de estar sempre a predispor-me para começar a conhecer novos enredos, novas personagens, novos tempos, novos espaços, novos narradores. Quem acha os contos algo menor, devia pensar no que eles exigem do leitor e, com certeza, passaria a tirar-lhes o chapéu. Agora, por exemplo, estou a ler os contos de Gabriel García Márquez e noto que estou constantemente a pousar o livro. É uma leitura soluçada e isso chateia-me, mais ainda porque é um autor de quem gosto muito. Já li contos absolutamente fabulosos, outros que nem tanto, mas em todos eles fiquei com a sensação de que não estava completamente envolvida na leitura. Lia, mas estava constantemente a pensar noutra coisa. E quando estava a ler um conto de que até estava a gostar, ficava aborrecida por ele terminar e por, uma vez mais, ter de passar ao próximo, com novas personagens, com uma nova história, com tudo de novo. Novamente, distraía-me ao fim de duas frases e a história repetia-se. 

Isto é característica minha, mas não deixo de ficar triste por perceber que estas porcarias com as quais convivemos hoje (tablets, telemóveis, centenas de canais na televisão, internet) e de que tanto gostamos, interferem em hábitos que vêm desde sempre. Eu sei que devia desligar tudo e saber distrair-me, mas uma coisa que também adquiri com o tempo, principalmente nos últimos anos no lugar onde trabalhei, foi a ansiedade e a incapacidade de me desligar completamente dessas coisas porque de repente, imagino eu, pode chegar um email importante, posso receber uma chamada daquelas que preferia não receber... Enfim, constato agora que anos de uma tortura laboral constante tinham de deixar marcas e para mim isto é tudo uma bola de neve. Foram anos a receber emails a cada cinco minutos, a olhar ansiosamente para o telemóvel, a temer qualquer coisa que me pudesse chegar por esta via. Em consequência disso, não consegui desligar o meu cérebro durante estes anos e, como tal, foram raras as vezes em que li sem sentir que uma parte do meu cérebro estava noutro sítio (geralmente no trabalho ou com as pessoas e os problemas de lá). Anos disto. Resultado: já lá não estou e ainda não consegui voltar à velha forma. Os malditos emails de lá já não me podem chegar ou afectar, mas eu continuo agarrada ao tablet ou ao telemóvel como antes. Parece que tenho de reaprender a ser o que era, mas antes tinha vinte e cinco anos e agora estou a quinze dias de fazer trinta e um.

E é isto: como leitora confesso-me. Não sou a melhor leitora do mundo. Gosto de ler, adoro livros, mas por vezes sinto até uma certa angústia por esta falta de concentração para com os textos, sobretudo para com os mais curtos. Por vezes sinto que esta minha cabeça (que já foi tão boa) nunca mais vai ser o que era. Ou aquele trabalho deu mesmo cabo de mim ou estou apenas a ficar velha.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Chora, Camões, chora... III

“Ah e tal, eu sei disso derivado a ter estado lá.” 

Eu até tinha escrito uma quixotada grande sobre isto, mas cansei-me. Não é "derivado a" é "devido a”! Não matem a língua portuguesa, por favor.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O meu jardim

Não acredito que não ganhei o prémio de Blogue do Ano! Ando eu aqui a manter dois blogues a pão de ló e no fim é isto?! Mas que despautério!

Obviamente, estou a brincar. Este meu singelo cantinho conhecido por cerca de trinta pessoas é semelhante a um pequeno jardim onde se cultivam meia dúzia de flores e um ou outro arbusto, mas que não é nada que se compare aos jardins de Versalhes. Dá gozo ao jardineiro ver crescer as suas poucas plantinhas, mas no fundo não espera que o mundo goste tanto delas como ele gosta. São suas, só suas e muito suas. As pessoas que passam podem sentir-lhes o perfume, tocar nas pétalas e seguir adiante para ver o jardim seguinte. Ninguém leva verdadeiramente na memória qualquer das flores desse jardim, ninguém atenta verdadeiramente nos pormenores. Por vezes acenam ao jardineiro e é aí que este percebe que afinal não é totalmente invisível e que sempre há quem passe diante do seu modesto jardim. O jardineiro também sabe que há quem goste de trilhar caminhos que passam quase diariamente por ali, mesmo que não lhe acenem, que não cheirem as suas flores, que não se detenham a observar os pormenores, que não abrandem muito o passo. O jardineiro sabe que não pode competir com jardins muito maiores e com maior variedade de flores, com uma flora invejável de tão rica e exótica; mas o jardineiro também não quer competir. Ele gosta do seu jardim pequenino, pequenino. Ele gosta da sua meia dúzia de flores, da meia dúzia de pessoas que fizeram do passeio por lá e do aceno ao jardineiro um hábito saudável. Ele gosta de ser um ilustre desconhecido e de não ter gente menos boa a deitar lixo por cima da cerca, tentando dar cabo das suas flores.

Este jardineiro, como todos os que fazem o que ele faz, gosta do seu cantinho porque o fez nascer e crescer, porque o alindou como pode, porque lhe dedicou o seu tempo. Este seu cantinho parcamente florido é seu e foi nesse jardim que deixou, em jeito de cuidados, as suas alegrias, aflições, tristezas e desejos. Nunca se sentou diante dele à espera de visitas aos milhares, de um reconhecimento desmedido, de um aplauso imenso. Se se sentou diante do seu jardim foi apenas para descansar num lugar seu onde lhe dá muito gosto estar, sem ver passar ninguém ou vendo uns poucos acenos que simpaticamente sempre vão aparecendo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Já só falta...

Já entrei há algum tempo na euforia natalícia. As canções de Natal já tocam cá em casa. Para muitos ainda é cedíssimo, mas para mim faz sentido começar a pensar na melhor época do ano. Primeiramente, porque sei que o tempo passa a correr e que estes quase dois meses vão voar num instantinho. Em segundo lugar, porque como este ano não estou a viver a azáfama infernal que vivi durante cinco anos no trabalho que tinha e que até me impediu de viver estas coisas como gostaria (de tal forma era o volume de trabalho e o pouco tempo livre que conseguia ter), sinto que vou conseguir ter um Natal diferente. Provavelmente vou oferecer presentes mais baratinhos, mas vou conseguir passar um Natal sem pensar que tenho mil coisas para fazer para o trabalho, que no dia seguinte tenho de ir encher chouriços para o colégio (embora haja quem pense que os professores têm férias quando os meninos também têm, as coisas não funcionam assim...) porque é impensável para quem manda deixar os professores descansarem um dia que seja... Enfim, parece-me que se nada mudar até lá, vou ter um Natal parecido com aqueles que tinha antes de ir trabalhar para o colégio de onde decidi sair. Mas agora com sobrinhos e com gatos que deliram tanto como eu com presentes, papel de embrulho e fitas.

Já vi uma loja totalmente preparada para o Natal. Já vi duas montras pequenitas em outras duas lojas também com artigos natalícios. As chuvas e o frio do início da semana já evocam a época que aí vem, por isso faz sentido que os adeptos do Natal comecem já a delirar com a aproximação de mais uma quadra natalícia. E acho mesmo que já podemos começar a ouvir “All I want for Christmas is you” a toda a hora sem que nos olhem de lado. 


Nota: A imagem saiu daqui.

Feliz (Gat)aniversário!

O meu felino mais velho faz hoje três anos e eu adorava que o tempo parasse para o ter sempre comigo.


segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A Menina Sugere Isto XXIV

Hoje comemora-se o Dia da Biblioteca. Para assinalar a data, a Biblioteca Nacional de Espanha volta a dar a conhecer um documentário feito em 2011 sobre o funcionamento desta belíssima casa do saber espanhola. É um documentário espantoso, apropriado para todos aqueles que admiram os livros, não só pelas histórias que contam, mas também pelo que representam.

A Menina sugere isto porque se há algo que devemos celebrar é a memória e as bibliotecas encerram dentro de si aquilo que fomos, somos e havemos de ser um dia. Dentro delas, muitos trabalham para preservar tudo o que produzimos, sejam livros, mapas, periódicos, gravuras, partituras... É um trabalho que para os ignorantes não serve para nada, não tem qualquer serventia útil, mas que é, para os que enxergam além do próprio umbigo, fundamental. 

Tenho pena de não poder deixar aqui nada sobre a nossa própria Biblioteca Nacional, mas não conheço para o caso português nenhum documentário como este (até pode existir, mas eu não conheço). Seria interessante saber como funciona a casa que guarda os nossos livros e que histórias tem a nossa BN para contar. Por agora ficamos com o caso do país vizinho num documentário que podem encontrar aqui. A imagem que se segue é da maravilhosa fachada da Biblioteca Nacional de Espanha, com as suas estátuas de autores incontornáveis da cultura espanhola. Ao cimo das escadas, do lado direito, está uma das estátuas que representam Miguel de Cervantes, o autor que levou mais longe, no tempo e no espaço, as letras espanholas.


domingo, 23 de outubro de 2016

A Menina Quer Isto LXXII

Ora bem, continuo sem saber o que pôr na lista de aniversário. Assim para começar preciso de umas pantufas ridículas novas que os meus patos estão perto de entregar a alma ao criador. Depois, aceitam-se sempre vales de compras na FNAC, na Springfield e na Stradivarius (vá lá que não sou de gostos muito caros).

Também aceito livros, claro. Mas estou um bocadinho sem imaginação. Além do que já aqui deixei do senhor Manguel (e que deixo novamente, já que seria muito bem-vindo), também se aceitam os seguintes fofos:










Mas claro que a vida não são só livros. Também envolve gatos, claro. Por isso, como todos os anos peço mais um destes cá para casa:


Sim, aceita-se mais um bosques da noruega. Até tenho um ruivinho debaixo de olho. Não me levem a mal: adoro gatos, mas tenho um carinho especial pelos bosques. Convivo com eles todos os dias e não consigo por palavras explicar-vos como são maravilhosos e bons companheiros estes bichanos. Gostava muito de ter mais um. Pedir não custa, não é?

E já que estou numa de pedir, podem oferecer-me um número infinito de caixas de chá de rooibos da marca Twinings. Não quero mais nenhum: só o da marca Twinings. Passei anos de vida a adorar chá verde e, de repente, rendo-me irremediavelmente a este chá da África do Sul. Além de saboroso, faz bem a uma porção de coisas. Gosto particularmente do desta marca porque não lhe adiciona mais nada. Nada de citrinos, nem de canela... Só mesmo a planta e o sabor é maravilhoso. Deixo a imagem da caixa. Por cá acho que só se encontra no Jumbo, mas se souberem de outros lugares que o vendam, avisem. 


Nota: A imagem do gatinho saiu daqui. As capas dos livros saíram da página da Wook (as capas assinaladas) e as restantes das páginas das editoras Tinta da China, Quetzal e Relógio D’Água. A imagem da caixa de chá de rooibos saiu da página do Jumbo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Harry Potter e a Criança Amaldiçoada - o balanço


Calma, potterianos desta vida, não vou contar-vos o que acontece no livro. Vou dar-vos a minha opinião sem entrar em detalhes da história.

Ainda que seja um livro que nos traga de novo as personagens de uma colecção de que tanto gostámos, ainda que seja da mesma autora que nos habituou a livros que são muito imaginativos, ainda que seja uma quebra no enorme jejum de Harry Potter em que andamos, não gostei.

Vamos ver: a ideia para o enredo até tem potencial. Mas o livro cai frequentemente num enjôo de lamechices que me fizeram pensar que estava a ler uma espécie de revista Bravo para feiticeiros adolescentes. Acho que podemos ter histórias com descendentes de outras personagens sem precisarmos disto. 

Fora isso, já aqui disse que me entristece que o regresso de Harry Potter seja neste formato. Nada contra o texto dramático, mas não é assim que vejo estas histórias. Sabem a pouco. Faltam as descrições que a autora tão bem sabia fazer nos outros livros. Se J. K. Rowling sempre tivesse escrito as aventuras destas personagens nesse formato, era uma coisa. Mas agora isto... Parece que não veio da mesma pessoa. Aliás, nota-se o génio da autora no enredo e em algumas tiradas com graça, mas depois deixo de senti-la em lamechices atrás de lamechices. Provavelmente, o espectáculo teatral seria outra coisa, mas assim lido não é bom. Nem chegamos bem a matar saudades das personagens. Faltam ali muitas coisas. 

Como previa, era preferível ter ficado com os sete volumezinhos da colecção e não ler este. Assim, Harry Potter acabava em grande, com um livro fabuloso que foi o que fechou a saga. Este é manifestamente poucochinho, ainda que com uma boa ideia de base. Mas isto não nos chega porque fomos habituados a muito mais.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A Menina Quer Isto LXXI

Com o aniversário quase à porta (e o Natal pouco mais de um mês depois), está a chegar a altura de deixar aqui uns pedidos. Já me pediram a lista de presentes e por isso, para meu bem, devo começá-la, não vá depois merecer um bocado de carvão ou coisa pior.

Bom, este ano (e se nada mudar até lá), aniversário e Natal passar-se-ão comigo desempregada. Por isso, a escolha tem de ser mais cuidadosa do que nos outros anos. Mas dou voltas à cabeça e, como de costume, só consigo pensar em livros. É inacreditável, mas é verdade. Ora, para grande gáudio meu, acabei de cruzar-me com um livro que ficaria a matar cá em casa.


Na realidade, acho que noventa por cento do catálogo da Tinta da China ficava bem cá em casa. Mas vá, começo só por este. Mas há mais desejos, senhores. A seu tempo virão.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Eu Confesso - o balanço


Durante a vida de um leitor, muitos livros lhe passam pelas mãos. Mas há livros e livros. Alguns lêem-se pela curiosidade de conhecer uma história, outros por puro entretenimento e, muito frequentemente, tanto uns como os outros acabam por cair no esquecimento. Lá fica na memória um ou outro pormenor, mas de um modo geral a maior parte do que lemos nestes livros vai à sua vida para longe.

Depois há outros. Há os livros que se lêem por qualquer motivo que não importa, mas que ficam. Ficam muito. São descobertas agradáveis que deixam o leitor feliz por ser isso mesmo: leitor. Livros em que pegamos com a mesma expectativa com que pegamos nos outros todos, mas que se revelam únicos, inigualáveis, difíceis de superar.

Este Eu Confesso, de Jaume Cabré, é uma surpresa para lá de boa no meio de uma biblioteca. Esteve ali alguns meses parado na estante e quando resolveu sair mostrou ser um dos melhores cinco livros que já li. Confesso que inicialmente me custou perceber o discurso do narrador, uma vez que tanto narra na primeira como na terceira pessoas e que tem várias narrativas encaixadas na principal, ainda que se passem em tempos e espaços completamente distintos. Mas percebendo-se este modus operandi do narrador, e compreendendo o tipo de narrador que ali está e que obrigatoriamente não poderá dar-nos uma narração linear, o livro transforma-se num código que apetece descodificar. As referências culturais que nele se encontram são imensas, contudo não aborrecem: desafiam o leitor. Tudo neste livro é um desafio ao leitor. É preciso memória e concentração para ler este maravilhoso e único romance. Porém, dedicando-lhe tempo, ele torna-se no que de melhor podemos ler. 

Não consigo fazer-vos uma sinopse do livro. Para isso convido-vos a lerem o que diz na página da Tinta da China sobre o livro e que corresponde ao texto da contracapa. Há tanto neste livro que é impossível apresentar-vo-lo dizendo “acontece isto e aquilo”. Em boa parte, o livro é a biografia de uma personagem, desde que era um miúdo inteligente de Barcelona, até ao seu final. Pelo meio encontramos de tudo, várias épocas históricas, diferentes espaços e personagens, repetições de gestos, mostrando que o ser humano pode avançar no tempo e repetir o bom e o mau que outros fizeram no passado. E vamos sempre seguindo a história de Adriá, o protagonista, a quem tudo o que ama é roubado. Adriá, que expia culpas históricas que não deviam ser suas, mas que passam a ser. No centro disto tudo, um violino e a sua história que se liga à vida do protagonista de uma forma magnífica. 

Tudo no livro é maravilhoso. Está extremamente bem escrito, tem um enredo e uma construção que são monumentais. Tudo nele é admirável. Não consigo dizer “gostei mais disto ou daquilo”. Contudo consigo dizer-vos o seguinte: nunca gostei de ler sobre as Guerras Mundiais. Nunca. Sejam testemunhos, história, diários: nunca consegui ler esses livros. Sobretudo sobre a II Grande Guerra e o Holocausto. Ora, este livro também passa pela II Guerra Mundial e essas partes são de uma pungência indescritível. Se tivesse de aplicar uma palavra a este romance, diria “humano”, porque mesmo no meio da maior das desumanidades ele consegue continuar a mostrar as pessoas, as suas relações, as suas dores e pequenas alegrias. É um romance muito humano na medida em que mostra aquilo de que somos feitos e muitos são feitos de mal, ao passo que outros são feitos de bem. Mas a maioria dos seres humanos vive sendo uma mistura destas duas coisas. As descrições que são feitas de diferentes personagens que viveram o Holocausto (como vítimas ou como culpados), as situações vividas que são narradas são perturbadoras. Pode ser ficção, mas todos sabemos tão bem qual foi a realidade (e sabê-la é muito diferente de senti-la, note-se) que este livro ganha em verosimilhança. Se não fosse a história do violino (perfeitamente possível, aliás, porque os objectos têm passado e alguns, se falassem, teriam muito que contar). A verdade é que consegui, devido ao livro, ter vontade de ler mais sobre as Guerras Mundiais. Eram matérias de que gostava muito na escola, mas que dispensava conhecer mais a fundo por saber que me chocariam (sou um “coração de manteiga” para o sofrimento dos outros, confesso). Com este livro, venci esse receio e já estou, de facto, a ler sobre o tema. É assim que os livros nos mudam.

Acho que é a primeira vez que faço isto, mas agradeço muito à Tinta da China pela tradução e edição dos livros deste autor. Além deste tenho os outros dois que a editora publicou: As Vozes do Rio Páramo e Sua Senhoria. Mas já fui ler a biografia do autor e sei que escreveu muito mais. Por isso, além de agradecer peço para que, por favor, dêem aos leitores portugueses a possibilidade de conhecer a obra deste catalão que, de 2003 a 2011, esteve empenhado na escrita de um dos livros mais ricos e completos que já tive o gosto de ler. Não são livros baratos, é verdade, mas que venham eles porque são livros assim que nos fazem perceber o valor e a importância da literatura. São livros assim que nos mudam, que nos enriquecem para sempre.