sábado, 27 de dezembro de 2014

Para o ano há mais

E lá passou o Natal. Andamos mais de um mês a prepará-lo e depois pumba: acaba num instante. Mas tenho de dizer que foi um Natal muito bonito e que foi o primeiro passado com toda a família na minha casa. Foi a primeira vez que pude passar a consoada com o moço e optámos por juntar as nossas famílias. Por isso éramos muito, éramos ruidosos e muito animados.
 
A mesa abarrotava de comida, a árvore de Natal parecia pequena ao pé da quantidade de presentes que se amontoou sob ela e o gato estava estourado do cansaço que o Natal causa. Dormiu quase dois dias seguidos depois da festa. É um bebé.
 
Quanto aos presentes, não me posso queixar nada. Recebi um Kindle Paperwhite, para substituir o meu bom, fiel e velhinho Kindle (ainda com teclado, vejam bem), apesar de não pensar vir a desfazer-me dele. É muito porreirinho este Kindle com luz que permite a leitura no escuro. Ainda estou a habituar-me ao facto de poder fazer tudo só com toque, sem precisar de teclado nenhum, mas a coisa vai lá com o tempo. Gostei muito. Obrigada, moço.

(A imagem saiu daqui.)

Também recebi livros, como não podia deixar de ser. Do meu cunhado e da minha irmã chegaram dois meninos que andavam debaixo de olho há muito tempo. Muito agradecida!

(As imagens saíram daqui.)
 

Depois, e como geralmente ofereço qualquer coisinha a mim própria pela muita paciência que tenho em aturar-me, desembrulhei o magnífico e imponente volume com TODOS os romances de Machado de Assis. Até me escorre alguma baba sempre que olho para o livro. Também desembrulhei duas séries que... bem, são a minha cara. Obrigada a mim!

(Imagem retirada daqui.)
 
 
(Ambas as capas saíram do site da FNAC)
 
Também recebi um pijama com um M A R A V I L H O S O gato na frente. Recebi um vale da Zara que me dará um jeitão nos saldos e recebi ainda um necessaire com uns produtos muito porreiros. Obrigada a todos!
 
 Portanto, acrescentando ao excelente Natal que estava a ter na companhia de toda a família, ainda fui uma sortuda por ter recebido estas coisas de que gostei tanto. Espero que para o ano cá estejamos todos com o mesmo ânimo e disposição para mais um Natal e que seja igualmente fantástico.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Paciência

Antes de vir fazer o rescaldo do Natal, deixem-me carpir o meu desgosto com os transportes em Lisboa. 

Pois parece que agora para apanharmos o metro, um autocarro ou o comboio temos sempre de ir à página da respectiva empresa na internet para sabermos com o que vamos contar. É que entre greves, alterações aos horários e mudanças de percursos nunca sabemos o que esperar. É espectacular: é viver no limite. Que adrenalina!

Ora, como eu ainda sou uma pessoa à antiga, estou sempre à espera de que me avisem das coisas. Portanto hoje saí de casa mais do que a tempo de chegar ao trabalho. Mas eis que quando chego à paragem onde apanho sempre o autocarro, não existe tempo de espera para o bicho. Puxo do meu telemóvel, vou à internet e constato que em alguns dias da quadra natalícia os horários e trajectos  foram alterados. Ao ponto de o autocarro de que preciso não passar hoje na paragem onde estava. E um papelinho colado no vidro a avisar? Nenhum. 

Vou até ao multibanco para levantar dinheiro a contar com a eventualidade de precisar de apanhar um taxi (e de pagar para ir trabalhar...) e depois apanho um autocarro que me deixe pelo menos perto da paragem onde hoje o autocarro de que preciso se inicia. Ando um bocadinho a pé (faz bem para abater a doçaria toda) e lá chego à paragem. O autocarro tinha acabado de partir e, com estas trocas todas, hoje só passa de vinte em vinte minutos. Ou seja: saí de casa às oito e levei quarenta e cinco minutos neste processo todo. Posso só recordar-vos de que está frio?

Como eu estavam mais pessoas, mas com a agravante de não andarem com a internet no bolso de maneira a solucionarem estes problemas de falta de informação. 

No site da empresa de transportes lá estava o aviso, mas honestamente: imprimem tantos folhetos e cartazes a avisar sobre a necessidade de validar os passes para evitar as multas e não houve uma alma que se lembrasse de afixar esta informação nas paragens afectadas, que deixaram de ter os autocarros a passarem por lá. Trabalhei no dia vinte e três e não havia nada que alertasse para uma mudança de horários. Enfim...

Portanto é isto: sai-se do quentinho do Natal directamente para a realidade, onde quem deita cartas é o desrespeito pelo próximo. Haja paciência!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Gula natalícia

Ah... Aquele momento em que já existem alguns petiscos prontos e em que apetece mesmo atacá-los, mas não pode ser porque os pratos têm de estar bonitinhos para a consoada. É trágico e doloroso! 

Feliz Nataaaaal!

Feliz Natal

Ora, o dia de hoje vai ser longo, por isso venho já desejar a todos os que por aqui passarem um feliz Natal, cheio de tudo aquilo que é bom e que vale, de facto, a pena. Desejo-vos horas fascinantes na cozinha e, a todos aqueles a quem tal se aplique, boas limpezas de casa para que esta não seja motivo de embaraço quando as visitas chegarem. Note-se que o meu dia será a cozinhar e limpar...

Bom, feliz Natal, divirtam-se e recebam muitos livros. Beijinhos!


Nota: A imagem saiu daqui.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Ah, o espírito natalício... e os hipopótamos

Não haverá no mundo quem proclame o espírito natalício como eu. Há dias que só cantarolo canções de Natal. Já tenho a favorita deste ano...

domingo, 21 de dezembro de 2014

Prevê-se loucura

Os presentes estão todos comprados, felizmente. A casa está decorada, mas a precisar da limpeza natalícia que a aproxime do estado em que deve estar para o Natal. Falta comprar os últimos ingredientes para a ceia de Natal e falta começar a cozinhar. Ou seja: falta muita coisa ainda. Provavelmente, chegarei ao dia 24 à noite com os cabelos em pé e estourada, mas vá: vale bem a pena, que o Natal é coisinha para deixar qualquer pessoa louquinha de boa disposição. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

Felinices

O meu gatito está um crescido. Fez ontem um ano que está connosco e, bom, olhar para fotografias dele há um ano e vê-lo agora é assustador. No final de 2013 eu tirava-o dos sítios mais inacreditáveis apenas com uma mão. Agora, quando entra na despensa tenho de pegar-lhe ao colo com as duas mãos e os braços inteiros, porque o queridinho deve estar a roçar (se é que não ultrapassou já) os seis quilinhos. Há um ano seguia-nos para todo o lado e agora... bem, essa parte não mudou nada. Continua a ser bichano para só estar bem com os donos debaixo de olho. E se me atrevo a entrar numa divisão da casa e a deixá-lo do lado de fora, é certinho que haverá todo um miado trinado e uma espera até que eu saia.
 
Hoje em dia o Sr. Gato dorme coladinho a mim. Enrola-se e encosta-se às minhas pernas. Esta tarde até conseguiu o prodígio de adormecer em cima das minhas pernas, enquanto eu própria fazia uma bela sesta num sofá de dois lugares. Como qualquer dono de gato sabe, se o bichano se deita em cima de nós, estamos oficialmente proibidos de perturbar-lhe o descanso movimentando-nos. Nem que isso implique dormências e dores: o bem estar do gatito primeiro. Portanto, lá estive perto de duas horas sem mexer as pernas, não fosse incomodar o pequeno patusco. Foi fofinho.
 
Agora também ganhou um novo hábito: enquanto fico no sofá do escritório a fazer trabalhos no computador, deita-se ao meu lado nas costas do sofá. Ele até tinha um sítio alto onde gostava de estar, mas parece que a dez centímetros da minha cara é muito melhor.
 
Já morde menos, embora ainda faça um bom uso da dentição que Deus lhe deu. Já não me faz tantas emboscadas para estourar-me com as pernas. Agora limita-se ao «toca e foge» de que os gatos tanto gostam: corre na direcção das minhas pernas, dá-me uma patada e continua a correr. Ele acha graça e eu também. Hoje de manhã aplicou essa estratégia, mas na minha cabeça, enquanto ainda estava deitada. Nunca pensei que pudesse apanhar um carolo de um gato, afinal parece que sim, que é possível.
 
Está um devorador. Se lhe desse toda a comida que quer já não tinha um gato: tinha um tigre. Já assim é um gato enorme, imagine-se se o engordasse. O Sr. Gato conseguiu fazer-nos olhar para os outros gatos, os europeus comuns, como minimeus. Quando vejo a gata que o meu moço tem em casa dos pais, pergunto-me sempre onde está o resto da bichana. É que o Sr. Gato tem o dobro do tamanho e menos uns sete anos do que ela. É um rapagão!
 
Enfim, é um mimado. Anda sempre atrás dos donos, mas de facto os donos também nunca deixam de o ter debaixo de olho. Dão-lhe o que podem e querem que seja feliz, como gostariam que todos os animais fossem. Sabem que não durará para sempre e sentem um aperto no peito só de imaginar que este peluche vivo que só mora connosco há um ano possa um dia não estar aqui. Nem eu nem o meu moço podíamos imaginar vir a gostar tanto de um bicho peludo e, note-se, que eu até gostava mais de cães. Mas este tipo é delicioso e é lindo e sabe conquistar qualquer um que com ele conviva. Não há nada a fazer: o Sr. Gato tomou-nos conta da vida, da casa e do coração.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Meu querido Pai Natal III

Estou muito precisadinha de calças. Sobretudo de ganga mas, de facto, preciso de calças assim de um modo geral. Podias ser um fofo e mandar os teus duendes-alfaiates cá a casa de forma a tirarem–me as medidas para fazerem umas calças muy janotas. Ou então fá-las simplesmente chegar cá a casa de outra maneira, sem eu ter a trabalheira de experimentar o que quer que seja. Havia de ser uma beleza.

E já que estamos em maré de pedir, olha, cá vai disto:




domingo, 14 de dezembro de 2014

Outros problemas prosaicos


Corrigir testes tem mais graça com estas canetas. Mas tenho um problema: elas param de escrever pouco depois de as começar a usar. Devo ser a única a quem isto acontece e fico tão frustrada. Gosto muito delas e acabo sempre a comprar uma embalagem nova, mas depois, passados uns sete ou oito testes, lá se fina a caneta em uso. Provavelmente tenho uma escrita esquisita e as canetas não gostam. Ou então recusam-se a dar más notas. Ai problemas, problemas...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Milagre!

Não sei como fiz, mas este ano consegui despachar as compras de Natal em dia e meio. Falta um presente, um único presente! Geralmente sofro muito para despachar tudo e em lojas apinhadas de filas gigantescas, mas este ano foi limpinho e em centros comerciais quase vazios (valeu o sol e o fim de semana prolongado que arrastou muitos para fora de Lisboa).

Enfim, agora é tratar de embrulhar tudo (e não é pouco). Porreiro.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Faca e alguidar

Um menino vê os adultos a matarem um porco e decide brincar às matanças com o irmãozinho. Espeta-lhe a faca no pescoço e o pequenito morre. A mãe dos meninos, que estava lá dentro a dar banho ao bebé da família, corre lá para fora e vê o filho do meio morto no chão. Com a raiva, pega na faca a mata o mais velho. Quando corre para dentro de casa, o bebé que tinha deixado na banheira afogara-se.

Fim.

Este é um breve resumo de um dos contos dos Irmãos Grimm. Sim, os mesmos que inventaram contos que conhecemos por serem tão fofos quanto o do Gato das Botas, mas que eram na sua versão original, tão violentos como o que resumi. Falo nisto porque já há algum tempo tinha a curiosidade de conhecer as histórias que estes irmãos escrevera. Não as que a Disney dourou entretanto ou que algumas outras adaptações suavizaram, mas as originais. E, assim, ontem este volume chegou cá a casa e, enquanto o folheava, deparei-me com a lindíssima história que vos deixei acima. Muito edificante, sem dúvida...


Nota: A imagem saiu da página da Wook.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Verdade profunda e séria

Hoje concluo que o lixo que se varre para debaixo do tapete pode, com algum azar à mistura, varrer-nos a nós um dia. 

Obviamente isto é metafórico, senão havia de ser lindo: eu a ser varrida para fora da minha própria casa por um grupo de rebeldes pêlos de gato que escondi imediatamente antes de a minha mãe vir cá a casa...

domingo, 30 de novembro de 2014

E o prémio vai para...

É um facto que já não posso com a Nos e que ando desertinha para que acabe a fidelização para mudar os meus serviços de internet, telefone e televisão. Mas no que toca a anúncios de Natal, o da Nos, feito num comboio onde até o Camané entra, bate aos pontos a estopada de anúncio da Meo com os quatro elementos dos Gato Fedorento vestidos de meninas e de senhores mais escuros a cantar em estúdio ou na rua. Provavelmente só eu é que reparo nisto, mas o que fazer? Os louros a quem os merece. Ainda que só valha mesmo a pena em anúncios...

Meu querido Pai Natal... II

Meu querido Pai Natal,

Quero este livro desde que ele saiu, mas como a editora deve ter tido um problema de discalculia na altura de apreçar a coisa, nunca o comprei. Ora, é aqui que tu entras. Vem aí o Natal e penso que era bonitinho da tua parte orientares os duendes no sentido de fazerem uma vaquinha para me oferecerem este livro. Ficava-te bem.

Portei-me bem, comi a sopa toda (principalmente a de peixe) por isso aguardo com expectativa o que sairá do meu sapatinho. Se for este livro, deixo-te leite e biscoitos. Se já não houver leite no copo e biscoitos no prato, olha... Foi porque o Sr. Gato chegou lá primeiro.

Beijiinhos, Pai Natal.


sábado, 29 de novembro de 2014

Mais problemas prosaicos

Esta vida é uma fona! Mal acaba um problema, começa outro e é o inferno outra vez. Eu cá tenho um que se repete ano após ano e que é o desespero.

Sou a orgulhosa dona de uma farta melena de cabelos dourados (qual Rapunzel). São fininhos, mas são às carradas. Ora, o que é que sucede? Sucede que com as golas dos casacos e os cachecóis próprios da estação, o cabelito da nuca passa o dia a roçar em tecido e eu chego ao fim do dia com um nó de dimensões épicas que leva horas (e litros de lágrimas) a ser abatido. Um problema que se repete todos os anos. Chegando esta altura já sei o que de lá vem. Prender o cabelo seria uma solução, mas eu sofro do sídrome de Sansão em duplicado: cortar ou prender o cabelo durante a semana deixa-me sem forças. Então uma pessoa tem uma melena jeitosa e depois amarra-a? Não! Além disso há o mafarrico do frio nas orelhas...

Bom, seja como for isto é um problema sério e nem sei como o Serviço Nacional de Saúde não tem já consultas capilares para cidadãs que, como eu, padecem desta facilidade em criar ninhos de ratos na nuca depois de vestirem o seu melhor casaquinho de Inverno. Com um problema desta dimensão e causador de tamanho sofrimento só me apraz dizer: esta vida é um lixo e não somos nada... 

Problemas, problemas, problemas!

Já cá canta!

E começou a sangria desatada aos vales da Fnac recebidos no aniversário. Eis o primeiro menino que se muda cá para casa. Vem bem a propósito esta edição da História de Espanha publicada pelas Edições 70. É que, como disse há umas quixotadas atrás, desenvolvi uma paixão assolapada pelos Reis Católicos, D. Isabel e D. Fernando, graças à magnífica série da RTVE. De facto, acho que se não fosse uma típica portuguesa em constante depressão, sempre descontente e a maldizer o mundo, a sorte e a vida, só podia ser uma alegre espanhola a falar alto, rir à gargalhada e a adorar tudo o que fosse espanhol (e o Quixote acima de todas as coisas). Podem ter passado metade da História à porrada connosco, mas lá que têm boa disposição a correr nas veias, disso não há dúvida. E por isso, porque Espanha não é apenas o seu Século de Ouro (sobre o qual já tenho muitos livros), fico com esta História de Espanha para ver se aprendo mais qualquer coisita sobre os nuestros hermanos que tanto entraram na nossa própria História. 


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Elogio a quem o merece

Se estamos cá para falar mal quando as coisas não nos parecem bem, também devemos estar por cá para falar sobre o que corre maravilhosamente. Por isso, hoje estou aqui para dizer coisas boas sobre o Hospital Egas Moniz, em Lisboa, onde fiz uma pequena cirurgia hoje (a propósito, estou óptima).
 
Desde o atendimento até às enfermeiras e auxiliares com quem lidei no bloco operatório foi tudo de uma simpatia imensa e de um cuidado extraordinário. Já tinha sido operada noutros hospitais e, geralmente, depois de me mandarem vestir a típica bata horrenda, deixavam-me assim até ser, de facto, chamada para a sala de cirurgia. Mas no Egas Moniz levaram-me para uma salita pequena com cacifos e um aquecedor, sobre o qual se encontrava um lençol. Até pensei que acabariam por pegar fogo ao hospital ao deixarem tecido sobre um aquecedor, mas depois percebi o intuito... É que quando foram chamar-me para ir para o bloco, enrolaram-me naquele lençol quentinho e, portanto, apesar de estar frio, estive sempre bem quente.
 
As auxiliares, enfermeiras e o médico também foram amorosos durante a cirurgia. Praticamente nem dei por nada, já que estava mais entretida a ouvi-los falar sobre bons petiscos para comer na praia. Isto enquanto ouvíamos Pearl Jam.
 
Portanto, tiro o meu chapéu àquela equipa. Temos a tendência de dizer sempre que está tudo mal, mas por vezes há coisas que estão muito bem. E esta está óptima! 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Do frio e da vergonha

Depois de dar muitas aulas e de ter uma aula que secaria o cérebro a um santo, apanhar o friozinho que se pôs é mesmo a cereja no topo do bolo. Mas, bem, de que reclamo eu? Com a chuva torrencial que caiu hoje, podia perfeitamente estar a ir a nado para casa ou, por outro lado, ser levada pela enxurrada em que hoje consistiu a cidade de Lisboa. 

Por fim, um pequeno apontamento mais terno e quente: hoje fui a casa entre o fim das aulas enquanto professora e o início da aula enquanto aluna e só tive tempo de aquecer uma tigela de leite e atirar uns cereais lá para dentro antes de voltar a sair. Bom, depois de umas colheradas da coisa, o meu pai tocou à campainha e  eu e o Sr. Gato fomos recebê-lo. Distrai-me um bocadinho a falar com ele (com o pai, não com o Sr. Gato) e quando reparo está o pequeno bandido (o Sr. Gato, não o pai) a lamber-me o leite da tigela. Ele, criatura que NUNCA havia provado leite e que, como qualquer gato, nem deve beber leite! Enxotei o abusadão para longe do meu lanche e, entretanto, o meu pai teve de ir-se embora. Faltavam uns cinco minutos para eu sair de casa... Mais de metade do meu lanche estava naquela tigela e eu sem tempo de preparar e engolir outra coisa qualquer... Bem, admito: bebi o leite que sobrara da tigela que o gato tinha assaltado. O mundo que me perdoe, mas não havia tempo para mais e também era feio deitar aquele leitinho fora. E o Sr. Gato tem tudo quanto são vacinas. E eu também. Que queriam que eu fizesse nesta situação difícil?! Deixem-me!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A metamorfose

Hoje dei por mim a ponderar sobre a possibilidade de estar a transformar-me no Garfield. Começo a odiar de morte segundas-feiras, adoro lasanha e estou cada vez mais rabugenta. Adoro a minha mantinha e só quero é dormir. 

A propósito, tenho uma imensa queda sazonal de cabelo, coisa que não sei se afectava o pêlo do Garfield. Mas pronto: é isto. Somos gémeos separados à nascença. 

O Sr. Gato leva a vantagem

A árvore de Natal foi feita no final do dia de sábado. Hoje às sete e meia da manhã já tinha sido derrubada pela primeira vez. Gato - 1, árvore - 0. 

domingo, 23 de novembro de 2014

Já não POSSO!

Já não POSSO ouvir notícias sobre aquela aldeia que anda num virote por causa da mudança do padre. Não há um domingo de sossego! Não há domingo sem vir a bela imagem da população a fazer uma figura muito triste a enxovalhar o novo padre e a clamar em altos brados pelo pároco retirado da aldeia pela diocese. E já não POSSO particularmente ouvir alminhas dizerem que enquanto o antigo padre não regressar, não irão à missa.
 
Meus senhores, todos os anos milhares de professores (essas almas que ensinam os vossos filhos e netos e que são decisivos para a sua formação escolar, mas também cívica) rodam pelas escolas do país sem que haja o mínimo de respeito ou de consideração para com eles e para com os alunos que, frequentemente, saem a perder. Se não são os próprios a fazer barulho, não há uma alma que se digne a ir para a rua gritar pelos docentes que podiam garantir estabilidade ao ensino dos vossos filhos e netos. Mas eis que se vêem estes casos em que se grita por um padre, em que as forças policiais (que eu e todos pagamos) têm de deslocar-se para garantir a segurança do novo pároco... A mim isto prova-me que não andamos bem. Se existisse, de facto, fé, iam à missa com o padre antigo, com o padre novo, com um padre qualquer. O que se faz na igreja na hora da missa (e acho que para perceber isto não é preciso ser-se muito praticante) ultrapassa o «condutor» da cerimónia. Ou seja: vai-se pelo ritual de fé que ali acontece e não por ser o pároco A, B ou C. Dizerem que não vão à missa enquanto o padre que querem não regressar é hilariante porque demonstra até à exaustão que não vão à missa para rezar ou ouvir o Evangelho: vão pelo padre. Ponto.
 
Pergunto-me se as vossas crianças tiveram os professores colocados a tempo e horas. Pergunto-me se todos iniciaram o ano quando devia ser, sem serem prejudicados pela lotaria da colocação de professores. Como nunca vos vi de cartazes em punho a lutar pela manutenção dos professores do ano passado ou a reclamar pela falta de colocação de docentes nas escolas da zona, deduzo que tudo correu bem ou que ficaram satisfeitos com a rotatividade. Sois uns sortudos!
 
Agora, já que pelos vistos a aldeia ou vila ou o que seja não vai parar tão cedo com este comportamento, seria pedir muito aos canais de televisão para pararem de dar importância ao caso? É que o resto do país já está saturado de ver tanta luta por um mensageiro e a mensagem a ser desprezada por todos os que viram as costas à missa enquanto o seu desejo de voltar a ter o antigo padre de volta não se realizar. Luta-se tão pouco pelo que vale realmente a pena e depois temos isto... Uma amostra do que a fé não deve ser em horário nobre na televisão.

Gato vs. Árvore... Ai!

Fiz ontem a árvore de Natal. Depois lembrei-me de que tenho um gato. Aliás, o gato lembrou-me de que existe e de que adora uma boa farra.
 
Estão a ver o meu problema?

sábado, 22 de novembro de 2014

Problemas prosaicos

Uma pessoa até pode querer despachar já as compras de Natal (e dá vontade que hoje de manhã estive num centro comercial às moscas e a tocar canções natalícias), mas não pode. Porquê? Pois porque a maioria das lojas tem trinta dias como prazo para trocas e hoje só é dia vinte e dois. Portanto, era um bom dia, mas não pode ser. São poucas as lojas que, por ser para o Natal, alargam o período de trocas. Quer dizer que a corrida natalícia pelo presente ideal só pode começar a partir de terça-feira (embora duvide que alguém vá trocar alguma coisa exactamente no dia de Natal...).
 
Problemas, problemas, problemas!

São (más) escolhas

Há alguns anos adorava o Diário de Notícias. Era o jornal que mais gostava de comprar. Hoje em dia utilizo-o como banco de recolha de frases com erros para utilizar como exemplos nas minhas aulas. Durante quase um ano da minha vida, quando comecei a ser professora, dei explicações a uma adulta (jurista de profissão) só tendo por base as calinadas do DN. Imaginem que foi tão bom que uns anos mais tarde ela telefonou-me a pedir para repetirmos a dose...

Tenho, no entanto, no iPad a aplicação do DN e dou lá um pulo de vez em quando para saber das últimas. Geralmente nunca consigo fazê-lo sem topar com erros, já parece uma espécie de tradição. Hoje lá fui ver as notícias que por lá paravam e deparo-me com uma brilhante sobre uma escritora. Vou ler e termino o texto sem saber de quem se trata. E porquê? Porque ao longo daquelas várias linhas nunca o autor se lembrou de colocar o nome da senhora. Utiliza sempre expressões como "a autora de ...", sendo que onde estão as reticências está o nome de outra obra da senhora. São umas quantas expressões assim, nunca o nome dela. Por azar, também não lhe reconheço o rosto. Portanto, fiquei na mesma.

É uma pena. O DN tem tantos anos de existência que merecia, de facto, muito melhor. Mas, enfim, como muitas outras coisas viu a sua qualidade descer na mesma proporção em que a crise aumentava. Percebe-se que foi imperioso sobreviver a tempos difíceis, mas, se calhar, aqueles pares de olhos extra que foram dispensados há algum tempo, alguns verdadeiros olhos de experiência, faziam falta para evitar que este jornal, em tempos tão bom, fosse agora um depositório de erros e de mau uso do Português.

Meu querido Pai Natal...

Meu querido Pai Natal,
 
É um facto que o Natal está à porta. E também é um facto que fiz anos nem há uma semana, mas que queres? Sou assim, uma descontente e uma pedinchona. Por isso aqui estou eu para informar-te de que o meu bom e velhinho Kindle fez, há uns dias, quatro anos. Tem livros que não acabam lá dentro e está, confesso, um pouco lento. É por esse motivo que queria ter um novo, um daqueles já com luz para poder ler sem incomodar o menino e o gato. Eu querer, querer até queria o último modelo (o Kindle Voyage), mas quando converti as libras em euros pensei que era melhor não abusar da tua boa vontade...
 
Assim sendo, na noite de Natal podes deixar na minha meia o fofo embrulho de um Kindle Paperwhite. Não é a última coca-cola do deserto, mas parece porreirito e também tem luz no ecrã, que é o que se quer. Além disso é significativamente mais barato que o Kindle Voyage (que é giro como tudo). Deixo-te a foto do Kindle Paperwhite. Eu e o meu Kindle velhinho (ainda com teclado e dicionário apenas em inglês) vamos agradecer-te muito. Prometo deixar-te leite e biscoitos junto à peúga porque não tenho chaminé.

Beijinhos, Pai Natal.


Nota: A imagem saiu, claro, da página da Amazon e representa um Kindle Paperwhite.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A Duqueza de Alba e a minha inveja

Morreu a Duquesa de Alba. Tenho para ali um ebook sobre o Duque de Alba, o primeiro de todos, e a ver se o leio para perceber a importância histórica desta família. Digamos que a exuberância desta senhora que faleceu não dava propriamente lugar a que se pensasse em história...

Há uns anos, não sei se se lembram, falou-se muito desta duquesa porque veio, já bastante avançada na idade, promover a sua biografia a Portugal. Falou-se também bastante do seu casamento com um homem vinte anos mais jovem. Enfim, era uma pessoa dada a polémicas. Mas ainda não é por isso que falo dela. Falo dela porque entre as inúmeras riquezas que tinha, entre os imensos tesouros históricos que estavam na sua posse (como o testamento do Rei Católico, D. Fernando, imagine-se), a Duquesa de Alba tinha uma primeira edição do Quixote, edição essa que esteve exposta na exposição que há algum tempo se fez com alguns dos tesouros da casa de Alba.

E é isto: uma primeira edição do Quixote. O meu motivo de inveja pela senhora que faleceu. Ela tinha de tudo e provinha de uma família com tanta história que até aflige, mas eu só queria mesmo aquele livro. Independentemente de ser valiosíssimo, não o queria para o vender: queria mesmo para o ter e saber que o tinha comigo e que, pelo menos enquanto por cá andasse, seria a feliz depositária de um dos maiores tesouros literários da humanidade. Ah... Nem consigo imaginar o que seja ter em casa a primeira edição de um livro que mudou a literatura e que acabou, às mão de um cavaleiro andante anacrónico, por tornar-se o símbolo de um país. Espero que os herdeiros da Duquesa tratem bem daquele livro e, se acharem que já têm muita coisa e que podem bem livrar-se de um ou dois 'monos', livrem-se da primeira edição do Quixote e ofereçam-ma. Eu até vou a Madrid buscá-la!


Nota: Esta é a fotografia da primeira edição do Quixote na exposição realizada no Palácio de Cibele pela Casa de Alba. Retirei-a daqui.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O exfoliante amoroso

Daqui a uns anos serei, certamente, um caso de estudo. A minha pele facial merecerá investigações académicas e, na loucura, um trabalho exaustivo que culminará num honroso Nobel ao cientista que descodificar o segredo do meu queixo. Exactamente isso: o segredo do meu queixo. E porquê?

Ora, é sabido de todas as três pessoas que lêem anualmente este blogue que existe um felino cá em casa. Acontece que o dito bicho tem, algures na sua árvore genealógica, um canino e, por isso, exibe com assiduidade comportamentos reconhecíveis em cães e tidos como estúpidos em gatos.

De manhã bem cedo, o meu despertador geme (e eu com ele), acordando metade do mundo ocidental. O Sr. Gato acorda também e cumpre religiosamente o seu ritual: vem para cima do meu peito (o facto de pesar entre os cinco e os seis quilos é relativo) e ronrona até acabar de acordar-me. O que espera ele? Receber festinhas até ficar com peladas nas partes laterais da cabeça.

Ora, ultimamente, neste processo, tem desenvolvido um novo hábito: o de lamber-me o queixo repetidamente, como costumam fazer os... cães. O que acontece é que estes não têm línguas ásperas, mas os gatos têm e muito. Assim, depois de passar a língua umas quatro vezes pelo meu queixo, já eu estou a empurrá-lo para que saia de cima de mim, enquanto sinto um desagradável ardor babado nessa zona da minha cara. Mas eis que agora percebo que, de facto, o que o Sr. Bichano está a fazer é a poupar-me problemas de pele advindos de uma má prática exfoliativa. Cuido, portanto, que devia pô-lo a fazer o mesmo em outras partes do rosto de modo a ficar 'forever young' e meter nojo de tão gira e jovem.
 
E é isto: um exfoliante amoroso que às seis e meia da manhã faz o esforço hercúleo de pôr a dona, que acorda com cara de joelho, a parecer muito mais bonita e com um rosto passível de ser apresentado no trabalho. É como vos digo: este segredo de beleza ainda vai fazer correr muita tinta e se este gato não fica milionário com uma empresa de gatinhos exfoliantes, então já não há esperança no mundo.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O pequeno demónio

Diariamente encontro no autocarro uma mãe que vai levar a filha à escola que, pelo que percebo, ficará algures a caminho do seu trabalho. A menina parece estar na idade de frequentar algures entre o quarto e o quinto ano do ensino básico. Em idade mental parece ter ano e meio. Ou menos. 

Já tive a magnífica oportunidade de assistir a tudo. Desde birras porque não quer estudar para um teste, a birras porque quer passar o caminho todo a jogar no telemóvel da mãe e ela não quer, a birras porque quer sentar-se num lugar muito específico, de preferência longe da mãe. Quando faz estas birras, a criatura torna-se muito parecida com aquilo que eu imagino que seja Satanás. Com uma voz grave que o aspecto físico não faria prever, imita em tom de gozo o que a mãe lhe vai dizendo, acrescenta um revoltado "caramba" a todas as frases, esperneia, insiste, insulta a mãe e
deixa, entretanto, todo um autocarro à beira da loucura. 

A mãe faz-lhe, normalmente, as vontades, mas às vezes (como no dia em que não lhe emprestou o telemóvel para jogar porque tinha pouca bateria) também lhe diz que não. E vê-se que a senhora se sente constrangida pela profunda falta de educação que a filha demonstra nessas ocasiões. No entanto, tenta brandamente calar o pequeno demónio, oferece até uma palmadita, nas geralmente não obtém sucesso nenhum. 

A menina está completamente viciada em jogos de telemóvel. Já toda a gente percebeu isto menos a mãe. As cenas que ela provoca só para que a mãe lhe passe o telemóvel para ela poder jogar são assustadoras. No entanto ali vai ela, num assento perto do meu, a jogar. Se a mãe não lhe empresta logo o telemóvel, temos insultos, guinchos e tudo e mais alguma coisa que a criatura não se priva de nada. E se por acaso há um dia em que a mãe não lhe passa o telemóvel, na maioria deles a exigência da menina é logo satisfeita. Está viciadíssima, disse eu, e a mãe cede-lhe quase sempre ao vício. É nojento. 

Portanto é esta a banda sonora matinal: a personificação de uma entidade demoníaca a fazer uso do seu poder de persuasão para conseguir levar a mania dela avante, e uma mãe cansada que se fica. Há maneiras piores de começar o dia...

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Agradecimento

O dia de aniversário foi muito bom, só pecou por passar muito depressa. Passei-o com as minhas pessoas preferidas e isso foi o melhor de tudo. Ainda assim deixem-me dizer-vos que o meu bolo era qualquer coisa... E, claro, tinha um Sr. Gato por cima. 

Recebi muitos presentinhos, alguns muito bem cheirosos. Recebi coisas tontas (como um porco mealheiro que consiste apenas no rabo do bicho...) e muitos vales para gastar (ai Fnac!). Recebi um livrinho e uma caldeirada de peixe para o almoço que estava para lá de espectacular. Ainda recebi uma explosão de beijos por parte da minha sobrinha que, pela primeira vez, trepou para o meu colo só para me lambuzar a cara com os seus beijinhos. Eu nem sou destas coisas, mas derreti-me toda. Sou uma "titi" muito apaparicada. 

Por isso foi um dia muito bom e para o ano haverá mais. Com as mesmas pessoas idealmente (mais o novo sobrinho que entretanto chegará). Foi um dia mesmo mesmo bom. Obrigada a todos os que fizeram parte dele. 

E obrigada, claro, aos que por aqui passaram e me deram os parabéns, bem como a todos os que o foram fazer ao Facebook. Este estaminé é pequenino, mas tem seguidores GRANDES. 

domingo, 16 de novembro de 2014

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Luto fedorento

Hoje vi pela primeira vez, mas parece que é acontecimento comum: quando tiram à minha sobrinha uma fralda suja (mesmo suja, entenda-se), ela precisa de ver a fralda, de dizer adeus ao seu cocó e até de mandar-lhe beijinhos. E se por acaso a fralda for logo fechada e deitada fora antes de ela passar por esse processo de luto pelo poopoo que se vai, a mesma tem de ser reaberta para que possa mandar-lhe beijinhos com a mão e acenar um simpático adeus.

Foi das coisas mais engraçadas que vi nos últimos tempos e só espero ter memória suficiente para um dia contar-lhe que, em pequenita, ela fazia isto. De preferência contar-lhe quando for adolescente. Melhor: contar-lhe quando me apresentar o namorado ou quando estiver com amigos. Ahahah! 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Estraçalhada

Explicai-me, senhores, por que raio é que quando mordemos uma vez o interior da boca, acabamos sempre
por morder mais vezes o mesmo sítio já magoado? É tão dolorosamente irritante que parece mesmo urdido para deixar-nos fulos da vida. 

Tenho um pedacito do interior do lábio inferior todo estraçalhado e volta e meia mordo-me outra vez. Já dói bastante, mas a asneira acaba por repetir-se. Será alguma variante das Leis de Murphy?...

O apocalipse dos brinquedos

No fim de semana que passou precisei de abastecer-me de frutinha e por isso lá fomos os dois, no sábado de manhã, até ao Continente. 

Ainda nem tínhamos entrado propriamente no hipermercado quando percebemos que provavelmente estava a dar-se o apocalipse e nós sem sabermos de nada: fora da loja havia já uma bancada para embrulhos, uma fila considerável e carrinhos a estourar de brinquedos. Pois, parece que precisamente naquele fim de semana havia uma promoção nos brinquedos que fazia com que metade do que se gastasse fosse para o cartão. 

Resultado: a loucura como já há algum tempo não via. Carritos cheios, prateleiras completamente V A Z I A S, uma multidão concentrada na mesma parte da loja, alguns empurrões e alguma dificuldade em fugir do mundo encantado dos brinquedos para chegar à secção da fruta. 

Depois de superar a prova e de quase me sentir tentada a deixar-me contagiar pela fúria consumista, lá consegui abeirar-me dos limões. Mas depois fiquei a pensar que nesmo que quisesse e que achasse esta oportunidade como sendo a última coca-cola do deserto, não poderia embarcar em semelhantes desvarios. É que para metade ficar no cartão, tem de investir-se primeiro o todo e... Bom, digamos que tendo em
conta alguns dos carrinhos cheios que por lá vi, os meus míseros tostões já não deviam chegar. 

E pronto: depois de a Popota vir lembrar o mundo de que o Natal está mesmo a chegar, eis que o paraíso chega para muitos miúdos que têm a sorte de não me ter como mãe porque "eu cá sou mais livros". E baratos. 

sábado, 8 de novembro de 2014

Parabéns ao Sr. Gato

E entretanto, no dia 26 de Outubro, o Sr. Gato fez um anito. E é lindo. Mas morde. Mas é lindo. Parabéns ao Sr. Gatinho!


Isabel

É oficial: eu, que não sou fã de cinema e que não me deixo convencer pela maioria das séries, estou rendida à série espanhola "Isabel la Catolica". É que já chego ao cúmulo de, num episódio em que Castela entra em guerra com Portugal, torcer por Espanha! É o fim do mundo!

De facto, já tinha ouvido falar muito dos reis católicos, até porque foi com eles que Colombo chegou à América, e sabia que a chegada desta rainha ao trono tinha sido envolta em muita polémica, já que o rei que a antecedeu tinha uma filha e que Isabel era apenas sua irmã... Mas de resto não sabia mais nada. Com esta série emitida pela rtve e disponível online (que até ajuda a desenferrujar o espanhol), comecei a perceber muito melhor como tudo se passou. Vou na segunda temporada e ando já a poupar episódios, que isto um dia tem fim e tão cedo não arranjo vício igual. 


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Pára tudo outra vez!!!

Já saiu a nova música da Popota, sinal inequívoco de que caminhamos para o Natal! Hiphip hurra!!!

Ah, é muito natalícia a versão deste ano.

domingo, 2 de novembro de 2014

Eh lá! Pára tudo!!!


Diz que este bicho tem mais de mil páginas. MIL PÁGINAS!!! Deve pesar uma tonelada e custa igualmente muito (quase oitenta euros). Tem de modo integral nove romances de Machado de Assis e quem já leu este autor sabe que é muuuuuuuuuito bom e que nove romances dele são horas e horas e horas e horas de coisas boas que só um bom autor consegue proporcionar. Nove romances... Caramba! Destes tenho dois em separado, por isso este homenzarrão (que chamar "menino" a este livro gigantesco é desadequado) vinha a calhar. Mas vou ter de esperar pela próxima Feira do Livro, esperando que o preço baixe. 

Ou então: senhores da editora, a menina está quase a fazer anos e tem uma clareira ali numa prateleira que precisa de ser preenchida por um livro catita e largo, de preferência de um autor daqueles que nos deixam a vida toda a pensar no que escreveram. Só para que vejam, eu sou uma das que não deixam de pensar sobre a Capitú e a sua eventual traição ao senhor casmurro com quem casou. A minha caixa do correio é pequenita, mas não me importo de levantar encomendas nos CTT aqui da zona...

Colinho bibliófilo

Eu disse que o novo livro do Saramago, intitulado Alabardas, era um assalto. Muita parra e pouca uva, no fundo. Algumas páginas de um grande autor, insuficientes para um livro, mas que adicionadas a textos críticos e a ilustrações chegavam ao mínimo necessário para um volume ser considerado um livro. A brincadeira custava à volta de quinze euros, julgo, e achei desde logo um exagero. Claro que já se sabe que tudo o que tenha saído da mãozinha de um escritor como o Saramago vale ouro, mas também não cheguemos a tanto: estas páginas foram as últimas que escreveu e são importantes para continuar a perceber um autor tão grande e tão capaz quanto ele era, ainda assim não são, sozinhas, suficientes para serem um livro ou para custarem à volta de quinze euros. 

Por isso, logo que soube o preço do livro, disse que me recusava terminantemente a gastar tal dinheiro nesse livro. Ironicamente, caiu-me no colo esta semana pelo preço da uva mijona e acabei por aproveitar. Portanto, o Alabardas já mora junto aos seus colegas, menos ilustrados, com menos páginas de crítica e que tinham um preço original semelhante a este. Bem sei que o preço de um livro depende de muita coisa que não apenas o número de páginas, mas vamos lá... Foram as últimas palavras que Saramago terá escrito, sabendo já que não viveria muito mais tempo e que, talvez, nem viesse a completar a obra. Há que respeitá-las e lê-las com a devida admiração e o merecido respeito. Daí a encarar o Alabardas tal como ele está como sendo o último livro do autor, vai um enorme pedaço.

Menos um para a lista de presentes de aniversário, que já está próximo. A propósito, também me caíu a reedição de um romance de Saul Bellow no colo. Este colo anda um sortudo...



E a caminho, via correios, vem este, oferecido pelo fofo:




quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A Menina Quer Isto LII


Tive a oportunidade de folheá-lo ainda antes de ir para as livrarias. E quero. Muito! Já disse que faço anos no mês que vem?...

O Sr. Esperto

O Sr. Gato, espertíssimo, descobriu que existe uma associação entre aquela enorme caixa branca que se encontra na cozinha e os maravilhosos pedaços rosados e fresquinhos que recebe de vez em quando. Tradução: o mafarrico descobriu que guardamos o fiambre no frigorífico. E ele quer fiambre. Ele quer muito fiambre. Ele quer todo o fiambre a que tem direito. 

Portanto agora é isto: planta-se ao lado do frigorífico e mia. Roça-se no frigorífico e mia. Estica-se para o frigorífico e mia. Sabe o que quer e não tem pudores em exigi-lo. É um lindinho! Mas o que ele ainda não percebeu é que não terá todo o fiambre que quer, nem perto disso. Todavia, louvo-lhe as tentativas. É um gato empenhado em obter o que quer e isso merece elogios. 

E, a propósito, é um gatito que faz um ano no domingo. Talvez nesse dia lhe façamos um bolo com recheio e cobertura de fiambre. E uma festinha de aniversário.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Esquecimento

Sempre com um livro na mala, sempre com qualquer coisa para ler a menos de um metro do alcance do meu braço, sempre com uma revistinha velha e por ler a jeito para momentos de ócio e hoje, HOJE, que ia ao médico e que corria o risco de passar muito tempo a olhar para o ar, vi-me sem NADA! Dei por mim a entrar no autocarro e a perceber que tinha terminado o meu livro ontem e que não tinha coneçado nenhum outro. Por causa do peso, tinha tirado da mala o número antigo da Visão que por lá andava para momentos vazios como este. 

Foi tão horrível que parei no primeiro quiosque e comprei a revista "La Aventura de la Historia". E lá fui, a remoer a falha imperdoável, enquanto ficava a saber que o rei católico D. Fernando foi decisivo para a noção de império hispânico...

sábado, 18 de outubro de 2014

Da enorme, profunda e avassaladora ignorância e da vontade de não estar calado


Num dia desta semana, ouvi uma senhora idosa dizer a uma vizinha e em frente ao neto, no meio de uma conversa sobre escolas, umas frases semelhantes a estas:
 
«Os professores limitam-se a despejar a matéria cá para fora e está feito. Os miúdos, esses sim, é que têm o trabalho todo, coitadinhos, eles é que se fartam de estudar!»
 
Obviamente tive de segurar-me para não explicar duas ou três coisas àquela enorme ignorante. Infelizmente, isto reflecte o que muita gente pensa sobre aqueles que um dia até tiveram uma profissão muitíssimo respeitada. Hoje em dia, para boa parte das pessoas, os professores são apenas uns monstros que não sabem nada, nem a matéria que ensinam. São uns mandriões que só querem fazer o mínimo e ir para casa para usufruírem dos seus utópicos «três meses de férias». São uns pulhas que trabalham trinta e cinco horas semanais enquanto o resto da população labuta durante quarenta. No fundo, os meninos é que são os heróis por sobreviverem durante pelo menos doze anos nas mãos destes retardados cruéis que escravizam as crianças sem que acabem por ensinar-lhes algo que preste. E se não são os paizinhos e as mãezinhas a ajudar nos imensos trabalhos de casa enviados por esses insensíveis, nem as crianças têm sossego. Professores? Era abatê-los a todos, enorme corja!
 
É doloroso sair de um dia de aulas, um dia daqueles em que não se pára nem para almoçar e levar com isto. Sentir a garganta a latejar de tanto que se puxou pela voz, sentir o zumbido nos ouvidos que qualquer professor tem a infelicidade de conhecer e mesmo assim ouvir isto da boca de quem, em nome de um enorme amor pelo neto, nem pensa na quantidade de lixo que está a dizer. É doloroso ouvir e traz a vontade de ser mesmo assim, tal e qual as pessoas nos pintam. Para que me canso eu se no fim a fama que todos temos é a de parasitas? Para que passo eu uma tarde a fazer testes para os meus alunos e critérios de correção ou um dia a corrigir trabalhos se, no fim de contas, faço parte daquele grupo que só serve para lixar a vida dos miúdos e para estragar a belíssima educação que todos recebem nas suas casas?
 
Na segunda metade de Outubro ainda há alunos nas nossas escolas sem professores. Vejo manifestações, gente com cartazes a pedir docentes. Parece que neste momento até há quem lhes sinta a falta. No meio de tanta coisa mal feita, pelo menos fica a ideia de que, afinal, não se passa bem sem quem ensina. E do outro lado estão os desgraçados do costume, sem escola atribuída, sem vida definida, sem saberem o que fazer... Mas, enfim, esses também só servem para despejar a matéria. Os heróis são os alunos. Foi isto o que disse a senhora. Espero, por isso, que na escola do neto coloquem gravadores em vez de professores. Para muita gente não há diferenças e isso, minha gente, é muito triste.

domingo, 12 de outubro de 2014

Actualizando as estantes...

Ora, fazendo a actualização das estantes devo informar que os seguintes três livrinhos mudaram-se cá para casa:

 
 
 
Escusado seria dizer que as três fotografias saíram da página da Wook e que os três livros já se encontram aninhadinhos nas prateleiras, esperando horas menos cheias. 

sábado, 4 de outubro de 2014

A Menina Quer Isto LI


A menina quer este livro que é graaaaande e bom, segundo o que ouve dizer. Mas também é caaaaaaaro! 

Vou só ali ver quanto tenho acumulado no cartão da Fnac e decidir se me meto em despesas ou não...

Ah, escusado será dizer que a foto saiu da página da Wook. 

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Momentos

Ah, aquele momento já nocturno em que cada frase iniciada pelo professor dói  fisicamente apenas porque o dia já começou há mais de treze horas e o corpo já não se aguenta. Ah, o momento em que já não se distingue o cansaço de uma gripe em potência...

sábado, 27 de setembro de 2014

Que coisa boa!

Ah, sensação tão boa: tirar o Expresso do saco enquanto se devora um belo pãozinho fresco com manteiga. Os sábados são uma coisa abençoada!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Surpresinha matinal

Excelente. Era mesmo disto que precisava: uma dor de ouvidos. Óptimo! Vamos lá ver no que vai isto dar...

Estou tão chocada. Não esperava nada isto...

Acabo de ler uma notícia na aplicação do Diário de Notícias que, no primeiro parágrafo, diz o seguinte: "A rede social Instagram está a ser protagonista de um fenómeno que preocupa muitos pais: fotos de bebés são roubadas por utilizadores que as reutilizam, identificando-os como sendo seus filhos ou como crianças para adoção." 

Eh pá, não esperava nada isto. Não esperava que as fotografias de bebés fofinhos colocadas em redes sociais viessem a ser utilizadas por gente mal intencionada. Sempre achei que as maldades do mundo traçavam o seu limite nas fotos de bebés rechonchudos vestidos de forma fofinha, ou até só em fralda. E agora os pobres pais que vêem os seus petizes em fotos tiradas por si aparecerem como estando para adopção... Não entendo. Como poderiam estes pobres coitados esperar isto? E ainda por cima, segundo a notícia a que me refiro, parece que a rede social nem se preocupou muito com o assunto. É tão, mas tão surpreendente!

Bem, vamos lá falar a sério. Qual é a novidade? Quando se coloca uma fotografia na internet passa-se a contar apenas com o bom senso de quem a vê, esperando-se que não a use para fins maliciosos. Colocar uma foto na internet é libertá-la para o mundo e perder o controlo sobre ela. Por muito que continuemos a considerá-la nossa, já deixou verdadeiramente de o ser. É assim o mundo da internet.

Acho que a esta altura do campeonato e com tanta informação divulgada sobre o assunto, já não deviam existir dúvidas sobre isto. Assim sendo, os pais já deviam ter percebido a ideia e parado de despejar fotos dos filhos, bebés ou não, nas redes sociais. Por um lado querem que lhes admirem os rebentos, mas por outro querem que as fotografias permaneçam intocáveis. Infelizmente, na internet, dificilmente se tem o melhor destes dois mundos e, por isso, o melhor mesmo é prevenir. Acredito que seja, de facto, muito desagradável saber que alguém anda a aproveitar-se da foto de um bebé para actividades pouco lícitas. Mais ainda quando é o nosso bebé. Mas a ocasião faz o ladrão e a verdade é que se a foto de um bebé (que ainda nem consegue decidir se quer fotos suas na internet ou não) está ali à mão de semear e se o bom senso não impera, alguém pode utilizá-la. Depois não há administração de rede social que valha. É assim a vida.

Nunca coloquei ou colocarei fotos de crianças da minha família aqui ou no Facebook. Porquê? Porque já vi documentários e reportagens suficientes sobre a internet para saber que o que agora é meu rapidamente passa a ser do mundo e que contra a maldade de alguns não há direitos de autor que valham. Conheço outras pessoas que pensam como eu e que, mesmo tendo filhos muito fofinhos, não os expõem nas redes sociais. Mas também conheço quem não consiga deixar de espalhar para o mundo (literalmente o Mundo) as fotos de filhos, sobrinhos, afilhados e afins em momentos de ternura, de brincadeira ou de sesta. Aplaudo os que não cedem facilmente à feira das vaidades que vai pelas redes sociais e espero que os outros tenham a sorte de nunca se depararem com os parvalhões que se aproveitam da sua falta de cuidado.


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Sem lógica

Portanto, a ver se eu entendo: quando vão entrar na "Casa dos Segredos", as meninas são todas 'muito más'. Directas, dizem tudo na cara dos outros e não aturam desaforo sem dar resposta à altura. 

Mas ai delas que no dia seguinte a serem encerradas na casa, quais donzelas numa torre, choram pela mãezinha e descobrem subitamente que não aguentam estar fechadas! 

Faz isto algum sentido? Não. Mas desde quando é que aquele programa tem sentido ou lógica?

domingo, 21 de setembro de 2014

sábado, 20 de setembro de 2014

As folhas verdes

Hoje trouxe de casa dos meus pais umas quantas coisas que ainda por lá estavam. Dossiês, capas, blocos de notas, canetas e por aí fora. No meio vinha um envelope que eu julgava conter folhas brancas. Pois, quase: lá dentro estava um bom molho de folhas verdes escuras que comprei há muitos anos na Papelaria Fernandes num provável momento de profundo daltonismo. As malditas folhas são horríveis, não tarda completam uma década de existência e não há meio de ver-me livre delas! Na altura estive em dúvidas entre aquele excomungado verde e um bonito amarelo torrado, mas como pindérica que sou, trouxe aquela porcaria.
 
E hoje ao vê-las aparecer de dentro do envelope não deixei de comentar que um dia, quando vier um ataque alienígena que estoure com a vida e o que mais haja neste planeta, existirão sobreviventes que resistirão hoje e sempre a tudo o que vier: as baratas e as minhas folhas verdes.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Do descaramento

No outro dia, depois de sair da faculdade, ouvi uma menina (que vinha de outra faculdade, onde por acaso andei) falar ao telemóvel com um amigo. Estava indignadíssima com o comportamento de um dos seus novos professores na primeira aula do ano. E o que fez o senhor? Bem, talvez seja melhor explicar o que fez a menina.
 
A menina dirigiu-se no início da aula ao professor e disse aquilo que eu NUNCA diria a um professor: perguntou-lhe se a aula dele ia demorar muito porque ela tinha de ir praxar e se podia não estar presente na aula (para ir praxar, claro). Acho que até gelei ao imaginar que alguém teve o desplante de dizer o que ela disse a um professor universitário. Ele ter-lhe-á respondido que ainda ia demorar um pouco e que não sabia se o regime de faltas poupava os membros da comissão de praxes, pelo que a donzela foi sentar-se muito contrariada e a achar o professor a maior das bestas.
 
E a menina ia continuando a contar a saga ao amigo. O docente terá passado as míticas fichas de identificação dos alunos, que a menina preencheu, e deve ter passado e explicitado a bibliografia da disciplina. Depois disto, voltou a perguntar se já podia sair. Ainda faltava uma hora e meia para acabar a aula. Pelo que a menina disse, haveria dentro da sala uma outra professora que terá dito que se ela já tinha feito tudo, poderia sair que não haveria problema.
 
Isto foi tudo contado ao amigo pelo telemóvel e a menina ainda explicou, entre insultos e palavrões, os trabalhos que o professor pediu para avaliação, que ela considerou um abuso. Por isso pediu ao amigo os trabalhos que ele tivesse do ano anterior para que «mesmo que não ficasse igual, servisse de base» ao trabalho dela.
 
Não vou tecer grandes comentários sobre o assunto. Vou apenas dizer que os professores universitários, que durante muito tempo viveram uma santa paz, veem agora chegar às universidades gente que utiliza o superior como forma de prolongar a adolescência e a diversão entre amigos. Estudar é secundário. Em muitos casos os pais pagam e, felizmente, no superior os testes já não têm de ser assinados pelos pais. Senti pena do professor que se deparou com esta menina: a Universidade já não é, tristemente, aquilo que era.

domingo, 14 de setembro de 2014

14 de Setembro

Lembrei-me agora de que há exactamente quatro anos, a esta mesma hora, se não me engano, defendia a minha tese de mestrado. Numa sala cheia de gente que me é querida, fiz aquilo que costumo chamar "a única coisa de jeito que fiz na vida".

Nessa sala ainda estava a minha avó, que entretanto partiu e que já não saberá que amanhã volto a ser aluna e que, quem sabe, voltarei a repetir a façanha realizada há quatro anos. Não voltará a estar numa sala, não me abraçará, não chorará de orgulho.

Cada vez concordo mais com Jorge de Sena: "os lugares acabam". E fica um enorme vazio e saudade. 

sábado, 13 de setembro de 2014

Regresso às aulas

A minha borracha, comprada na terceira classe, foi a mesma até ao ensino secundário. Quando nova, era enorme. Diminuiu com os anos, mas nunca a perdi. Durou que se fartou, portanto só precisei de outra no ensino secundário.
 
A minha lapiseira ainda existe. Foi-me oferecida por uma colega no oitavo ano. Fez comigo a faculdade, até eu perceber que «sou mais lápis». Está ali, num copinho, imaculada.
 
Antes dessa lapiseira, houve outra. Também oferecida por uma amiga. Durou dois anos do primeiro ciclo e foi, se não me engano, até ao sétimo ano, altura em que se desconjuntou toda. Dei-lhe a reforma: era merecida.
 
Os meus lápis de cera, comprados ali pelo quinto ou sexto ano, na papelaria da zona que, para grande tristeza minha, fechou este ano, continuam em casa dos meus pais, enfiados numa caneca que trouxe de Lagos no segundo ano da faculdade. Estão afiadinhos, limpinhos (de vez em quando lavava-os) e prontos a usar.
 
Os meus lápis de cor, da Caran D'Ache, comprados para o oitavo ano seguem todos (não perdi nenhum) dentro de uma gaveta. Uns mais curtos, outros quase inteiros, ali estão, ainda na caixa original, também ela impecável.
 
A mochila que comprei no secundário ainda é a que levo para a praia ou para os passeios mais longos com a escola. Vai de férias comigo todos os anos. Exceptuando uma mancha de óleo de cuja proveniência não me recordo e um pequeno rasgão na alça, está óptima.
 
 
*****
 
Enquanto professora já vi alunos cortarem borrachas completamente novas (e de marca) com a tesoura. Já os vi partirem réguas só porque sim. Já os vi afiarem lápis até ficarem do tamanho de dedos mindinhos só para poderem atirar as aparas uns aos outros. Já os vi destruir cargas de canetas só porque ficar todo sujo de tinta tem muita graça. Já os vi arrancarem folhas e folhas de cadernos de capa dura (e de marca) para fazerem aviões de papel. Já os vi puxar a tira do corrector para fora com ele praticamente inteiro. Já os vi usarem os transferidores como discos voadores para depois não voltarem a encontrá-los. Já os vi fazerem tanta coisa ao material escolar que não consigo deixar de pensar que se os pais assistissem a metade do que já vi, as campanhas do 'Regresso às Aulas' dos hipermercados iam ao ar, para castigo dos meninos.
 
Todos os anos assisto à entrada triunfal de centenas ou milhares de euros em material escolar novo pelos portões da escola adentro. E se muitos o respeitam quase religiosamente ao longo de todo o ano, muitos são os que chegam ao fim da segunda semana com cadernos riscados, canetas destruídas, livros riscados e quejandos.
 
Não consigo evitar de pensar, ano após ano, que os pais deviam controlar melhor os materiais dos filhos. Nenhuma criança gasta uma borracha branca das maiores em meio ano lectivo. Ou mesmo num ano lectivo inteiro. Nenhuma! Por aplicada que seja (e felizmente conheço muitas que o são), não o consegue se fizer uma utilização normal da borracha. Também acho dificílimo que os lápis de cor se gastem todos os anos. Mas todos os anos aparecem caixas novas que não costumam sequer ser baratas. Será que, algures pelo caminho, os pais não param para pensar nestas coisas? É que se é verdade que os professores exigem mundos e fundos em material escolar (com tendência a que a lista continue a aumentar), também é verdade que não exigem que tudo seja novo e que não se reciclem materiais de uns anos para os outros. Lápis, canetas, borrachas, réguas, entre outros, não têm de vir imaculados todos os anos. Novamente: a minha borracha foi a mesma durante pelo menos oito anos. Não acho que todos tenham de ser assim cuidadosos, mas há mínimos.
 
Claro que a seguir alguém poderá dizer que isso do material escolar é muito motivador para os miúdos. É, é verdade... Durante cinco minutos, mais ou menos. Um aluno para quem a escola é uma 'seca', não a considera menos 'seca' porque tem um pack de dez canetas novas. E tudo isto aumenta as despesas com o início do ano lectivo. Todos se queixam do exagero de dinheiro gasto por esta altura, mas são poucos os que verdadeiramente param para pensar sobre o que efectivamente estão a comprar. Quantos pais perguntarão aos filhos coisas como onde estão os lápis todos que te comprei no ano passado? Por que motivo faltam três lápis na tua caixa de lápis de cor? O que fizeste à borracha nova que te comprei no ano passado? E a régua? Como gastaste cinco canetas azuis num mês?...
 
Num país onde os manuais são estupidamente, mas mesmo estupidamente, caros e pesados, a parcela do material escolar no total das despesas das famílias devia diminuir para que uma mão lave a outra. Mas para isso era preciso que os encarregados de educação vissem o que nós, docentes, vamos vendo e que percebessem que este cuidado com o material que se devia exigir aos miúdos em casa (não só nas escolas) também faz parte da sua formação.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desperdícios de oxigénio

O meu facebook (e o vosso, provavelmente) é diariamente inundado por anúncios sobre animais que foram abandonados e que procuram novos donos. Muitos faziam parte de famílias, há mais ou menos anos, e acabaram descartados como lixo. De vez em quando até somos informados da razão que levou ao abandono do animal. Dia após dia, seja verão ou inverno. 

Honestamente, e percebendo o motivo que leva tantas e tantas pessoas a partilhar estas notícias, preferia não ver nada disto. Faz sentido que uma rede social, mais do que futilidades, possa até servir para fazer bem a animais que, coitados, toparam com gente estúpida que não soube cuidar deles. Se os anúncios evitarem um abate e servirem para um gato ou um cão arranjarem novos donos que os queiram, tanto melhor. Só não gosto de ver esses anúncios no meu mural porque acho que surge em mim um qualquer demónio que, na maior parte do tempo, está adormecido.

Mas que gente ranhosa é capaz de livrar-se de um animal que, provavelmente, arranjou em determinada altura por livre vontade? Que grandessíssimas bestas são capazes de deixar na rua, privados de tudo, seres que precisam de quem deles cuide porque estão habituados a isso e porque, não raras vezes, não são de modo algum capazes de sobreviver sozinhos? Como podem esses idiotas dormir uma noite que seja sem que doa a consciência? A essas pessoas desejo o pior. De verdade. Por muito que gostasse de ser capaz de perdoar tamanha enormidade, não consigo deixar de desejar a esses enormes retardados que passem um dia pela mesma situação de abandono e que experimentem a mesma dor, o mesmo medo, o mesmo sofrimento que os seus gatos ou cães experimentaram. 

E depois ainda há os outros. Há poucos dias, vi uma publicação de alguém que em tempos se descartou de um animal, em que fazia uma ode aos animais que, anos depois, arranjou e que ainda tem em casa. Fiquei profundamente enojada. A hipocrisia e a crueldade são tais que chegam a faltar as palavras. Fica a vontade de recordar o animal que entretanto ficou pelo caminho; que ou se desenrascou ou morreu porque determinado parvalhão decidiu que, de repente, aquele bicho que até aí tivera um tecto, comida, água e o mínimo de conforto deixou de merecer isso tudo e podia perfeitamente ir para a rua. É asqueroso, revoltante, nojento, desprezível e quem o faz não merece nada. Nem palavras, nem sorrisos, nem likes nessas porcarias de publicações hipócritas que colocam.

Não tive muitos animais ao longo da vida, mas há alguns meses que tenho um gato. Há alguns meses li qualquer coisa que dizia que nós temos muita gente que nos acompanha, mas que os nossos animais só nos têm a nós. Por isso, se os escolhemos, assumimos um compromisso PARA A VIDA e, se por alguma razão não puder ser, temos a obrigação de tomar as providências necessárias para que o animal fique com quem pode cuidar bem dele. A vida muda, os lugares acabam, mas os animais não têm culpa: é nossa obrigação e nosso dever deixá-los em segurança antes de seguirmos sem eles.

Quando chego a casa, o Sr. Gato está sentado no tapete do hall à minha espera. Lança um longo bocejo e atira-se para o chão para as festas do costume. Durante dois ou três minutos somos dois tontos a rebolar no tapete: eu a rir e a falar com ele e ele a ronronar e a bocejar de regozijo. Todas as manhãs, ainda antes de cuidar de mim, já tratei dele: já lhe troquei a água, já lhe pus comida, já lhe dei o malte para as bolas de pelo, já lhe limpei a caixa da areia e já lhe fiz a mistura (guloso) de ração seca com água (o 'chocapic' dele, como lhe chamamos). E depois de alguns meses a fazer isto por ele, parte-me o coração imaginar o que seria de repente largá-lo no mundo ao estilo "Agora desenrasca-te!". Custa-me tanto imaginar o desamparo e o profundo medo que o animal deve sentir. Só mesmo quem não tem quaisquer valores, quem vale menos que nada pode sequer imaginar que não existe mal nenhum em abandonar um animal. Quem gosta verdadeiramente dos animais que tem em casa sabe muito bem que é muito o que fazemos por eles, mas que é muito mais o que eles fazem por nós. Quem os abandona não sabe isso, não sabe nada, não vale nada.

Gostava muito que as publicações que procuram novos donos terminassem. Significaria que já não seriam necessários novos lares. Porém, existirão enquanto os projectos de gente que abandona, animais continuarem a fazê-lo como quem bebe água. Nós abandonamos deliberadamente um animal; todavia um animal não nos abandona deliberadamente a nós. É isto que torna os animais muito melhores do que muitos seres humanos.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

«Com o tempo você aprende que somente quem é capaz de te amar com teus defeitos, sem querer te mudar, pode te oferecer toda a felicidade»*

Vamos pôr as coisas nestes termos: Jorge Luís Borges escreveu muita coisa boa. MUITA. E por isso duvido que seja o autor das frases ranhosas e pseudo-profundas que aparecem pelo Facebook em partilhas que não acabam, como se todo o mundo concordasse com o seu inexistente conteúdo. Novamente, vamos colocar tudo sob esta perspectiva: cada vez que atribuem a um grande autor frases reles, vazias e pseudo-profundas, um gatinho perde a cauda. Querem andar por aí a ver gatinhos «descaudados»? Então, não embaracem os grandes escritores, que são ou foram grandes por saberem escrever e não por produzirem lugares comuns a granel.
 
* Se foi Borges quem escreveu isto... O Google não mo revela.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Das selfies outra vez

E isto sintetiza o que acho das selfies:


O cartoon é de Alberto Montt e está no link que se segue: 

http://www.dosisdiarias.com/2014/08/193.html

Ele há coisas do demónio II

Ainda a propósito das palavras de Duarte Sousa Lara à "Revista" do Expresso a 26 de Julho:


Gostei tanto, mas tanto deste parágrafo que achei que devia partilhá-lo convosco (embora seja um parágrafo com mais de um mês...). Portanto: teve uma boa vida, graças a Deus, e o pai até "tratou de [me] arranjar um lugar na administração de um banco". Ai que agora fazia aqui uma piada tão boa. Mas vá, vocês pensarão o mesmo que eu e chegarão lá.

Gosto também bastante das últimas frases. Sabendo da história do pai deste senhor padre com o escritor José Saramago isto torna-se tão, mas tão engraçado...

Ele há coisas do demónio...

Não. A sério?! Tenho mesmo de deixar de ler revistas atrasadas. Então não é que só agora fiquei a saber que o Sr. António Sousa Lara, antigo subsecretário de Estado da Cultura de Cavaco Silva e o famoso responsável pela escandaleira com José Saramago devido ao livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo (trapalhada que ajudou a empurrar o nosso Nobel para fora de Portugal), tem um filho que é "um dos poucos padres exorcistas autorizados por um bispo em Portugal"?! Estou finalmente a ler a "Revista" do Expresso de 26 de Julho (eu disse que ando sempre com tudo atrasado) e deparo-me com este facto hilariante. Como pude andar mais de um mês sem dar a gostosa gargalhada que agora soltei?! Como?!

Portanto, recapitulemos: o pai condena uma obra que, acha ele, atenta contra os valores católicos do país, obra essa que, só por acaso, é da autoria de um dos nossos grandes (como o Nobel, em 1998, veio ajudar a demonstrar) que, por ser muito maior que a pequenez de alguns, acaba por ir viver para o país vizinho, onde não é vítima de censurazinhas púdicas, e o filho, hoje com trinta e oito anos, pratica exorcismos, isto é, vive a expulsar demónios. Está certo. Saramago não deixaria de achar uma certa piada...