segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Amor


Hoje ouvi a história deste cão e ainda me custa pensar nela sem um aperto no peito. Este bicho foi com a dona ao centro de saúde e ficou à porta, à espera que ela saísse. Contudo, a dona saiu de ambulância e acabou por falecer. O cão lá ficou e lá continua, esperando uma dona que nunca voltará a passar as portas daquele centro de saúde, que jamais lhe voltará a segurar a trela, que não mais voltará a fazer-lhe festas no pelo ou a chamá-lo pelo nome.

Ele não sabe nada disso e espera, dias e dias inteiros, aventurando-se pouco pelas redondezas. Alguém teve pena dele e fez-lhe uma casota, mas virou a entrada para outro lado e o cão não conseguia ver a porta por onde a dona devia sair. Viraram-lhe a casota e, podendo controlar a entrada do centro de saúde, o cão acabou por deitar-se lá dentro e continuar a espera. Por vezes vai até à antiga casa, mas a dona também não está lá e ele acaba por regressar ao lugar onde a viu pela última vez.

Quantos de nós temos a sorte de ter alguém, mesmo um animal, que nos ame desta maneira? Que com sol, com chuva, com vento espere por nós? Que sinta a nossa falta de tal modo que pare de viver no momento em que desaparecemos? É raro um amor tão fiel quanto o que este cão demonstra, ainda agora, pela dona, mas é muito reconfortante saber que nesta louca caixa de Pandora em que vivemos, ainda existem surpresas como esta a mostrar que nem tudo está perdido.

Oxalá um dia ele a encontre.

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