sábado, 31 de dezembro de 2016

Bom ano, quixoteiros!

Ora, continuemos às festividades!

Caríssimos quixoteiros, espero que 2017 seja um ano melhor do que este que termina. Tenho fé de que me faça esquecer este 2016, que foi tão estranho.

Divirtam-se nesta noite de festa. As nossas "passas" já estão ali à espera das badaladas, como podem ver. Bom ano para todos!


sábado, 24 de dezembro de 2016

Feliz Natal, quixoteiros!

Quixoteiros, hoje é aquele dia longo em que há muito para fazer e viver. Posso já não ter tempo de voltar aqui ao blogue e por isso quero deixar-vos já os meus votos de que todos vocês tenham um feliz Natal.

Divirtam-se, enfardem, riam, abram presentes e sejam felizes nesta noite que, para mim, é sempre a mais bonita do ano. Depois voltem para contar como foi.

Ah, e um último aviso: cuidado com a infestação de gatos que para aí anda nas mesas onde decorre a realização de embrulhos. Ao que parece, o papel de embrulho este ano traz um problema qualquer que faz com que gatos curiosos pululem em cima dele, correndo sérios riscos de serem embrulhados também. Além disso, gostam de exibir-se com fitas pomposas... Todo um problema de saúde pública. A OMS já está de olho no papel de embrulho com este problema e, mal as pessoas parem de afagar os bichanos que dele saltam, irá retirá-lo do mercado. Obrigada pela atenção.




quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Natal no hotel

Ontem um jornal diário trazia uma chamada de capa para uma notícia que dá conta de que cada vez mais famílias optam por fazer o seu Natal em hotéis.

Já noutros anos se falou disto e torci sempre o nariz. Desta vez resolvi pensar um pouco mais no assunto. No fundo, torcia o nariz porque achava que o Natal é festa demasiado pessoal e íntima para ser passada num lugar tão impessoal quanto um hotel. Mas vamos lá ver: algumas pessoas (não todas, claro) poderão optar por um hotel para passar a consoada porque lá terão espaço para ter toda a família à mesa; porque poderão escolher um hotel que esteja bem situado para todos e que não implique que uma grande parte da família faça uma enorme deslocação para a casa dos anfitriões; porque escolhem não passar dois dias na cozinha, delegando esse trabalho no hotel, aparecendo-lhes depois tudo pronto na mesa. Enfim, pode haver várias razões e algumas até fazem sentido. Há famílias grandes e há casas onde essas famílias não cabem. Podendo pagar por isso, o hotel pode ser uma opção. Conheci uma pessoa que todos os anos juntava mais de quarenta pessoas à mesa do Natal. Escusado será dizer que aquilo não era uma mesa, era um jantar volante, em que cada um andava de prato na mão. Além disso, há pessoas que não têm tempo ou vontade de passar horas e horas na cozinha a preparar os petiscos natalícios. Se para muitos é um gosto fazê-lo, para muitos outros é tarefa dura e dispensável. Portanto, optam por outras soluções.

Eu não gostaria de passar o Natal num hotel. Gosto muito do aconchego da nossa casa, de sentar ora aqui ora ali, de namorar a árvore de Natal, de ver os gatos enlouquecidos por verem tanta gente, gosto do cheiro dos cozinhados, gosto da azáfama... Gosto de tudo, mesmo que acabe o Natal esgotada (e os gatos também, já que geralmente, a seguir à festa, dormem quase vinte e quatro horas seguidas). Mas se antes não compreendia mesmo quem optava pelo hotel, agora até já percebo. O importante é que sejamos todos felizes.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Um Natal ao sol

Mais um ou dois graus e vamos todos passar o Natal numa praia da Costa da Caparica. Melhor: vamos dar o mergulho de Ano Novo em biquíni e em seguida, em vez de nos enrolarmos num cobertor para evitar a hipotermia, estender-nos-emos na toalha a apanhar banhos de luar na noite mais quente do ano. 

Senhores, não sei como está o resto do país, mas Lisboa está quente e muito soalheira! Não parece Natal, parece, quando muito, o início do outono. Não tenho precisado de casacos muito quentes. Aliás, chego a sair só de camisola porque não está frio. E ao sol chega a estar calor! Sinto-me como os australianos na passagem de ano, em tronco nu nas praias, mas envergando uns catitas gorros de Pai Natal. Só que para eles aquilo é normal e para nós não. Até parece estranho um Natal assim. Geralmente está muito frio e um céu bastante cinzento... Enfim, está tudo mudado e parece que até o Natal vai abdicar de ser uma época gelada para passar a ameno e cheio de sol. Já dizia Camões que "Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades" e, como sempre, tinha razão. 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Os anjos e as pecadoras

No outro dia precisei de mudar de mala (que é coisa que ODEIO fazer) e dei por mim a perceber que os homens devem ser anjos caídos do céu. Isto porque eles saem de casa só com os óculos de sol, a carteira, as chaves e o telemóvel e nós, gajas, saímos mais ou menos com:

- carteira;
- telemóvel;
- chaves;
- óculos de sol;
- lenços de papel;
- maquilhagem, batom para o cieiro;
- perfume;
- comprimidos vários;
- tampões, pensos;
- água;
- pastilhas;
- um bloquinho;
- uma caneta;
- um livro para as horas mortas;
- cerca de mil e quinhentas coisas mais.

Invariavelmente, lá vêm os nossos namorados pedir um lenço, um Ben-u-ron (porque sabem que os temos na mala), uma caneta ou um papel para anotarem qualquer coisa... Portanto concluo que somos uma espécie de despensa com pernas ou de armário que se movimenta muito. Não raras vezes chegamos a ter dores nos ombros de tanto que carregamos nas malas. E eles? Não carregam nada porque vivem bem com as três coisas que precisam de transportar de um lado para o outro. Palavra que já tentei “destralhar-me”, ou seja, deixar parte destas coisas na mala. Porém, quando abdicava da bolsa dos comprimidos, era quando me ficava a doer a cabeça; quando deixava a garrafa de água em casa porque “ah e tal, ia só ali”, era quando sentia uma sede terrível; quando não punha uma nova embalagem de lenços de papel na mala, borrava-me toda a comer um gelado; quando deixava as pastilhas em casa, tinha um almoço bem condimentado sem a possibilidade de lavar os dentes; quando tirava a caneta e o bloquinho era quando precisava de deixar um recado a alguém; quando ficava em casa o batom para o cieiro, era quando os meus lábios secavam mais depressa... Toda uma lei de Murphy feita apenas para mulheres. Portanto é isso: eles são anjos que vivem bem sem nada e nós somos uns seres condenados a carregar ao ombro a penitência por um pecado que nem sonhamos qual tenha sido (não me digam que ainda andamos a pagar pela história da maçã de Eva???). Sorte macaca!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Está bonito, sim

Apesar de ter esburacado a cidade de uma ponta à outra, importa tirar o chapéu à Câmara Municipal de Lisboa pelo investimento que fez em decorações de Natal no centro da capital. A julgar pela quantidade de pessoas que entra e sai das lojas na zona do Chiado, Rossio e Baixa, este espírito natalício está a dar os seus frutos. Hoje passeámos por lá e é impossível dar três passos sem esbarrarmos em alguém. Pelo que tenho sabido, nos dias anteriores tem sucedido o mesmo. Sem iluminações, como já aconteceu em anos anteriores, boa parte destas pessoas não se deslocaria a esta zona da cidade. Assim, enquanto muitos criticam os gastos feitos nas luzes de Natal, outros esfregam as mãos de contentamento ao verem as lojas cheias e o dinheiro a entrar. 

E a árvore de Natal da Praça do Comércio? Muito porreira.




terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Lisboa

Há uns tempos, quando a Carris voltou para as mãos da Câmara Municipal de Lisboa, uma das minhas amigas Facebookianas reclamava que é tudo para Lisboa, que não se olha para o resto do país, blá blá blá. Bom, até percebo a sua irritação porque, de facto, Portugal tem muitos lugares que ficaram à sombra, isto é, de que ninguém se lembra no momento de fazer investimentos e desenvolvimentos. Mas também percebo que só pode falar assim quem não circula em Lisboa. Os lisboetas, neste momento, dariam tudo para viver noutro sítio, acreditem.

Obras em quase todas as ruas, metropolitano sempre cheio e cada vez menos frequente, Carris sempre atrasada, buracos nas ruas... Enfim, andar pela capital é um desafio à paciência de cada um de nós. E se os outros têm todo o direito de se sentirem esquecidos, em Lisboa sentimo-nos ignorados e envergonhados. Sim, só posso sentir vergonha de uma cidade, capital europeia, onde um autocarro demora a chegar o dobro do tempo que apresenta no horário afixado na paragem; de uma capital onde o metropolitano abre noticiários porque aparece pouco e cheio; de uma capital onde as máquinas de venda de cartões recarregáveis para os transportes simplesmente deixam de os vender, ficando os utentes à beira da loucura; de uma cidade que tem obras em todas as esquinas; de uma capital incapaz de escoar o seu trânsito de modo a que percorrer meia dúzia de metros não seja um atentado à paciência; de uma capital que desconhece o que é varrer as folhas caídas na calçada portuguesa, tornando-a mais escorregadia que um lago gelado nos Alpes. Os lisboetas não se sentem a viver numa capital: sentem-se numa espécie de mundo apocalíptico encaixado entre a Amadora e o Rio Tejo. Lisboa, que se quer tão turística, está a perder a capacidade de resposta relativamente aos transportes públicos, está toda esburacada e está a enlouquecer os seus habitantes que, ou definham em autocarros ou carruagens do Metro a abarrotar, ou desesperam atrás dos volantes dos automóveis particulares que se vêem gregos para atravessar a cidade. Neste momento, viver em Lisboa é mau. Não, desculpem, é péssimo e sobretudo é cansativo! É urgente deitar a mão a isto, curar a cidade, tratá-la das maldades que lhe têm feito e voltar ao tempo em que o Metro era a melhor opção para viajar; em que a Carris não demorava o dobro do esperado; em que não se faziam trezentas obras em simultâneo e em que chegar a algum lado a horas e “não amassado” não era impossível.

sábado, 10 de dezembro de 2016

A funcionária

Trabalhar no comércio, especialmente no atendimento ao público, exige muita simpatia e paciência. Por muito que os clientes irritem ou que trabalhar ao fim-de-semana seja chato, quem vai à loja para comprar não pode nunca sentir que está a ser um enorme fardo para quem o atende. 

Digo isto porque acabei de entrar e sair de uma loja onde não devo voltar tão cedo. Vi lá uma blusa gira para a minha mãe, mas estava com dúvidas relativamente ao tamanho. Chamei a menina da loja e perguntei-lhe até quando iriam as trocas de Natal. Respondeu-me que até dia 27. Eu torci um bocadinho o nariz porque achei que seria apertado. Pensei em voz alta "Então, 25 é domingo, 26 é..." e a funcionária interrompe, com uma simpatia nitidamente irónica "Sim, 25 é domingo, mas as prendas abrem-se a 24!". Apeteceu-me responder-lhe que tecnicamente e tendo em conta que se abrem à meia-noite, as prendas se abrem mesmo no dia 25, mas preferi responder à sua ironia com um "Não está à espera que a minha mãe venha cá trocar a blusa à meia-noite, pois não?"  

Risinhos. Eu continuava a pensar se valeria a pena levar a blusa e já a imaginar com que calças a vestiria ela e a funcionária continuava em cima do meu ombro. Disse-me que o dia 27 dava uma boa margem para trocar a peça (ui, dois dias, uma loucura! Se a pessoa estivesse fora vinha a correr para Lisboa para trocar a blusa). Entretanto, entra uma outra cliente e ela simplesmente desapareceu. Mas o melhor é que desapareceu com uma espécie de suspiro de frete. 

Vamos ver: eu só quis saber até quando iam as trocas de Natal. A partir daí, perceber se valia a pena comprar a blusa ou não era comigo. Eu era livre para considerar o dia 27 como um limite muito curto para as trocas, mas, mais uma vez, isso seria da minha conta. O resto era escusado da parte dela. Sobretudo o virar costas com um ar enfastiado e um suspirinho, sem um "com licença" que disfarçasse a má disposição. Obviamente, mal isto sucedeu, também eu pousei a blusa e saí da loja disposta a não voltar. 

O atendimento ao público não é tarefa fácil, mas existem outras mais difíceis. Ser simpático e dar espaço ao cliente é o mínimo para que ele se sinta tentado  a voltar e a recomendar a loja a outros. Infelizmente, há por aí funcionários  que vêem nos clientes um frete. Esses acabam por vê-los sair pela porta, embora lhes importe pouco se a loja não for sua...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

À descoberta

Ando a descobrir as vantagens de fazer as compras do supermercado online. Até agora (e ainda não finalizei a encomenda), apercebi-me de uma vantagem ENORME: resistimos muito melhor à tentação de despejar tudo o que se cruza connosco dentro do carrinho. É óptimo. Já tenho uma lista bem composta com coisas pesadas que prefiro que venham trazer a casa em vez de irmos nós para o inferno do supermercado e até agora resisti lindamente a adicionar ao carrinho coisas disparatadas que, provavelmente, já lá estariam se fosse in loco. A parte de poupar as costas e o tempo, cada vez maior, que se perde nos hipermercados também me parece estupenda. Portanto, a ver. Se isto correr bem, começo a despedir-me do inferno das compras para encher a despensa: limito-me a abrir a porta para que elas entrem em casa. 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O achado do ano

Pedi este livro pelo Natal há muitos anos, mas não me chegou ao sapatinho. Entretanto desapareceu das livrarias, esgotou completamente. Encontrá-lo seria um milagre!

Hoje encontrei-o, na edição de capa dura da Círculo de Leitores, em muito bom estado e por dez eurinhos. Foi o achado deste ano e uma vontade concretizada. Num ano em que tantos desejos ficaram por satisfazer, estas pequenas sortes sempre aconchegam um pouco a alma. Cá a casa chegou, enfim, a História da Beleza, do saudoso erudito Umberto Eco.


domingo, 4 de dezembro de 2016

Mais um aviso à população

A fantástica, maravilhosa, única, inigualável, imparável e deslumbrante TVE emitirá amanhã à noite pela primeira vez este filme, mais uma vez produzido por si:


Estou que mal respiro de emoção! Não sei se porão o filme no site, mas seja como for, ainda vou a tempo de assistir à estreia na TVE. Um filme que conta a história da relação terrível entre o pobre Cervantes e o riquíssimo Lope de Vega, ambos escritores do "Siglo de Oro" espanhol. Foram rivais, foram inimigos e foram grandes no que fizeram no campo literário (embora, claro, para mim o pobrezinho Cervantes tenha sido o maior de todos e de sempre). É um filme a não perder. Mais uma vez, obrigada TVE: és fabulosa!

ADENDA: Vi o filme quando estreou na TVE e vale a pena. Foi feito como se fosse uma entrevista a várias figuras do “Siglo de Oro”. Uma entrevista que tentava perceber o emaranhado que eram as relações entre aqueles intelectuais brilhantes, os seus ódios, amizades e rancores. 

Além das relações entre eles, é delirante ver representada num filme a tristeza de Cervantes por não ser bem sucedido no teatro (algo que ambicionava muito), como era Lope de Vega. Cervantes queria escrever comédias, queria ser representado, mas nunca se saiu bem. Dizer “teatro” era o mesmo que dizer “Lope” e a sua pena nunca podia competir com isto. Mas Cervantes acabou por escrever algo muito maior, algo que não tem uma descrição possível porque no Quixote cabem infinitas descrições. Cervantes queria escrever uma coisa diferente, uma coisa que fosse tudo... e conseguiu. Morreu sem perceber um pouco que fosse o enorme sucesso do seu romance. Vendeu muito, sim, mas só mais tarde se perceberia a loucura que o Quixote geraria. Embora as peças de Lope também tenham sobrevivido ao tempo e ele seja, ainda hoje, estudado e acarinhado como uma das maiores figuras das letras espanholas, é a Cervantes que fazemos as maiores vénias, são para ele os nossos mais solenes agradecimentos, a nossa mais sentida admiração. Aquilo que em vida tanto quis, tanto invejou e não teve, conseguiu-o na morte e, lá está, Lope ainda é lembrado, mas Cervantes nunca é nem será esquecido. Não escreveu peças com sucesso, mas pôs todo o teatro do mundo em funcionamento no seu Quixote. A coroa de louros é dele: Cervantes ganhou.

Gato versus Árvore de Natal


Por agora limita-se a deitar-se sob a árvore. Ainda não houve batalha a sério. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Chegou o Natal, ho ho ho!

Já é Natal cá em casa. Venham o bacalhau, os doces, a família e os presentes que nós estamos preparados. Mas venham depressa porque há dois gatos desejosos de mandar tudo ao chão...


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Descobertas tardias II

Foi preciso o grande Leonard Cohen morrer para eu perceber que é dele uma das músicas mais bonitas que já ouvi: “Alexandra leaving". Enfim, se o mundo da música e da poesia perdeu um enorme génio, ao menos que sirva para aqueles que como eu conheciam pouco do seu trabalho ficarem a conhecê-lo melhor. Se acontecer aos outros o mesmo que me tem acontecido a mim, render-se-ão a este senhor e ouvi-lo-ão de chá na mão, enquanto chove copiosamente lá fora. É uma experiência e tanto.