terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal, quixoteiros!

E lá chegou, finalmente, a véspera de Natal. O dia de hoje é um dia especial, passado com todos os que estão sempre connosco de verdade. É um dia em que comemos e bebemos como mulas e em que estes exageros são permitidos. Hoje trocamos os presentes laboriosamente (ou não) pensados para cada um daqueles que nos são queridos. Hoje é, enfim, o arrancar de um conjunto de dias festivos que nos aquecem por dentro. 

Por tudo isto, desejo-vos um feliz Natal. O blogue "As Minhas Quixotadas" espera que os seus leitores passem este dia da melhor maneira e que sejam muito felizes junto das suas famílias e da paparoca boa. 

Beijinhos.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um dia enjoativo

E eis que tendo tido o dia 23 e, portanto, a possibilidade de o passar em casa com o gato no colo, acabo por passar a madrugada enjoadíssima e a manhã a vomitar. O desgraçado do gato já teve de sair de cima de mim uma série de vezes para eu poder correr para a casa de banho ou para abrir a porta à minha mãe que, simpaticamente, me trouxe uns comprimidos para o estômago. Muito a propósito, também, já vieram contar a água e, minutos antes de o homem me entrar em casa, vomitei-me toda outra vez. Pelo andar da carruagem, neste Natal contrario a tendência e emagreço em vez de engordar.

Entretanto, o gato dorme meio ofendido pelas súbitas interrupções ao seu sono de crescimento (e o que ele cresceu em três dias?!). Neste momento tem o focinhito enfiado na manga do meu roupão e ronrona. Está melhor ele do que eu. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O gatinho

Quase um mês depois da mudança, eis que chega o bichano. Ainda não tem nome, mas já me convenceu. Parece um cão a andar sempre atrás de mim aos pulinhos. Mal o pus no chão, espreitou a casa toda de uma forma muito altiva (com o seu quê de atabalhoamento). Agora dorme no cestinho que lhe arranjei e que pus ao meu colo.

Quero ter um cão, até porque gosto mais de cães, mas já gosto desta bola de pelo que ronrona que nem um doido.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O pequeno milionário

Um aluno meu, com uns jovens dez aninhos, levou cem euros para uma visita de estudo (para a qual não precisaria de qualquer dinheiro). Dizia que eram para comprar "umas lembranças". Além do choque que tal coisa provoca e de mostrar que muitos meninos não têm, assim como os pais, qualquer noção do valor dinheiro, a situação foi risível por percebermos que, provavelmente, o menino tinha com ele mais dinheiro do que os muitos professores e auxiliares que o acompanhavam todos juntos...

domingo, 8 de dezembro de 2013

O velório mundial

Aos domingos de manhã costumo ver o programa "Eixo do Mal", que passa na Sic Notícias aos sábados à noite. Na última edição do programa, um dos participantes (Luís Pedro Nunes) disse, partindo do tema do falecimento de Nelson Mandela, que é incrível como uma rede social como o Facebook se transformou num enorme velório onde se sucedem os "RIP" de cada vez que alguém morre. Disse ainda que esta é uma prática que tem vindo a intensificar-se e que leva a uma espécie de ostracização daqueles que não participam nessa enorme manifestação de pesar a nível global.

Percebi perfeitamente o que quis dizer, na medida em que eu própria já o comentei outras vezes. Quando morre alguém conhecido (e nem precisa de ser tão conhecido como Mandela), há a tendência de se embarcar na onda de pesar e de espanto (frequentemente é mesmo isso) que subitamente surge. Vejo no Facebook muitos e muitos tributos, quase que em competição e, não raras vezes, apetece-me perguntar a alguns dos que entram neste campeonato: conheceste a vida desta pessoa? Sabes o que fez e como o fez? Sabes mais do que o seu nome próprio e o facto de ser sobejamente conhecido? Aposto que na maioria das vezes a resposta a estas perguntas seria mesmo um não, ainda assim lá fica o RIPzinho a assinalar uma pena que vem não sei de onde e dói não sei porquê, como dizia Camões.

É um fenómeno interessante, mas vazio, na minha opinião. Em tempos pré-facebookianos as personagens históricas, os actores, os cantores morriam e sabia-se disso. Tínhamos pena, mas não íamos ao jornal deixar uma mensagem de pesar. Hoje em dia as palavras voam mais longe, mas perdem importância e sentido. Mandela foi uma figura decisiva na história do século XX, mas quantos poderão, efectivamente, ir além deste facto? Provavelmente muitos menos do que os que se manifestaram nas redes sociais.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Prenditas

Bem sei que já passou quase um mês, mas o aniversário foi bonito. Já cantam os vinte e oito aninhos e foi muito bom passa-los com o namorado e a família, naquele que foi o último aniversário celebrado no ninho paterno. Note-se, contudo, que o bolo foi partido e devorado (se era bom, senhores!!!) já cá em casa, servindo, assim, de mini-inauguração da mesma.

Mas o tema são as prendas e é para lá que vamos. Como não deixei de ser rato de biblioteca, recebi quatro belos livrinhos: os primeiros que vieram morar cá para casa e que, diga-se, mudaram-se ainda antes de mim. Depois destes chegou o batalhão que ele tinha em casa dele e que eu tinha na minha e permitam-me dizer que por breves momentos, enquanto os acartava e arrumava, odiei o facto de ter tantos livros e desejei que o blogue «Moinho de Vento - Livros Usados» fosse uma espécie de Amazon, a movimentar livros à grande e à francesa. Porém, depois de passar a dor nas costas, passou-me também esta raiva temporária. Ainda restam uns dissidentes perdidos pelo chão e nos quais ainda não peguei por ter a certeza de que não caberão nas poucas clareiras que tenho nas seis estantes que comprámos... Um dia destes dedico-me a isso: por ora falta-me a coragem.

Aqui ficam, então, as capas dos livros que recebi. Gosto muito, muito. Obrigada a todos os que estiveram comigo nesse dia. São os melhores.

 
 
 
 
Notinha: As imagens saíram, como se vê, da página da Wook.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A árvore

A foto está um nojo e a árvore parece torta (culpa da fotógrafa), mas o que importa mesmo é que o espírito natalício chegou. Venham agora os presentes e os doces que cá estarei para os receber. Ho ho ho!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Quixotadas curtas II

Pois que tenho estado mesmo desaparecida. O último mês foi uma loucura com as mudanças, com todos os caixotes e com tudo o que de novo tive de aprender. Enquanto mudava a vida de umas paredes para as outras, continuei sempre a trabalhar e, por isso, não tive tempo de vir até cá dar-vos notícias. Por isso deixo hoje mais umas quixotadas curtinhas, em jeito de redenção. Ora cá vão:

- Depois de comprarmos a máquina de lavar, recebemos um telefonema da assistência técnica da máquina a dizer que viria cá alguém para explicar-nos o funcionamento da bichinha. Na altura não percebemos muito de onde tinha vindo o telefonema, se da loja onde fizemos a compra ou da marca da máquina, mas pensámos quando a senhora viesse perceberíamos. A senhora lá veio, explicou tudo muito bem, deu dicas, foi fenomenal. Mas não trazia nem identificação da marca, nem da loja. Não percebi de onde ela veio. Estou desconfiada de que era um anjo do Senhor.

- Hoje ouvi uma criança dizer à mãe: "O teu cabelo está nojento, credo!". Isto foi em pleno autocarro. Acho que tive de me segurar para não ser eu a dizer umas verdades ao menino.

- Apaixonei-me pela Tefal ActiFry. Isto de ter batatas fritas só com uma colher de óleo é espectacular. Estou muito satisfeita com ela. Abriu-me todo um mundo de batatas fritas. Alegria!

- Os sacos e caixotes têm o dom da multiplicação. Mal acabei de arrumar um, aparece-me logo outro se, saber onde raio vou enfiar mais tralha. O espaço até é muito, mas saber arrumar tudo não é fácil. Ai o que eu dava para estalar os dedinhos e já estar tudo no devido sítio...

- Fiz alergia a um detergente da louça. Eu sempre disse que não nasci para lavar pratos.

- A árvore de Natal também não se monta sozinha. God!

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ai as minhas costas

A quem custe compreender a monotonia em que este blogue se encontra, deixem-me dizer que só vendo a quantidade de livros que jaá encaixotei e que ainda falta encaixotar se pode perceber a minha falta de tempo e de vontade para vir fazer rebéubéu sobre este ou aquele tema. Tenho, neste momento, quatro sacos grandes e cinco caixas plásticas (daquelas grandes e com rodinhas) carregadas de livros. Porém ainda existem várias prateleiras cheias. As minhas costas estão a começar a perguntar-me o que se passa para terem de andar tão movimentadas...está a ser uma aventura fazer isto tudo enquanto mantenho um horário completo como professora. Resultado: estou feita num oito, que é como quem diz, desfeita.

Perdõem-me, por isso, esta monotonia. Nem o blogue onde vendo os meus livros usados (e alivio o meu peso) tem tido grande vida. Espero voltar ao activo bem depressa, logo que esta mudança acalme. E antes que as minhas costas estourem de vez.

domingo, 17 de novembro de 2013

Edgar Allan Pooh

Mais um fabuloso cartoon de Alberto Montt, desta vez a misturar o obscuro escritor com o ursinho Pooh. Brilhante!
http://www.dosisdiarias.com/

sábado, 16 de novembro de 2013

Cheguei aos 28


E pronto: chegadinha aos vinte e oito anos, afirmo que estou exactamente igual ao que estava ontem com vinte e sete. Continuo a acreditar que tenho a minha cabeça parada algures nos dezassete e acho que assim ficará por muitos e bons anos. Faz, portanto, hoje dez anos que atingi a maioridade e ainda me lembro da festa que fiz. Hoje tenho uns quilos a mais, bastante mais juízo e sei mais umas coisinhas. Muita coisa mudou, mas embora de vez em quando fique chocada com a rapidez com que o tempo passa, vinte e oito parece-me bem e um bonito número. Parabéns a mim!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Flashes e favas

Considero, sempre considerei, de extremo mau gosto tirar fotos a alguém que está a comer. Nunca percebi a tara (porque às vezes parece mesmo uma tara) de fotografar alguém quando está de boca cheia e nem sequer pode sorrir sem que apareça uma ponta do farnel a sair pelo sítio errado. É ridículo! Uma pessoa quer comer em paz e vem alguém e pumba!, estraga-nos a refeição com uma fotografia que sabemos desde logo que será horrenda. E depois, como estamos a debater-nos com a comida que temos na boca, nem sequer conseguimos reclamar como deve ser. Ou seja: caca para o negócio, pois nem comemos bem, nem ficamos bem na foto.

Lembrei-me disto porque alguém publicou no facebook as fotos de um jantar de grupo e havia lá uma que até me deixou constrangida. Se eu fosse a retratada obrigaria a que a foto fosse retirada de imediato. Foi tirada naquele preciso momento em que levamos o garfo à boca, mas em que parece que houve  qualquer coisa que ficou no canto da boca e, por isso, estamos a tentar resolver o problema fazendo um esgar que, em fotografia, não favorece ninguém. Mais: a pobre alma ficou curvada, como se o que tivesse caído do garfo pudesse ser apanhado em plena queda. É como vos digo: uma foto horrenda. Infelizmente também tenho muitas dessas e abomino-as todas. Quem quiser deixar-me zangada e, até, faltar-me ao respeito, pode experimentar fotografar-me enquanto como. Honestamente, não consigo conferir qualquer piada a tais retratos, mas parece que há quem leve o "para mais tarde recordar" a estes extremos.

Pobre moça! Mal viu o flash devia ter rachado logo a máquina na cabeça do fotógrafo.

domingo, 10 de novembro de 2013

As primeiras quatro caixas

Hoje comecei a mudar os meus livros de uma casa para a outra. Foram quatro caixas a tenho a impressão de que as minhas costas me fizeram logo um ultimato. O mais frustrante é que essas quatro caixas correspondem a duas prateleiras e meia. Ou seja, precisarei de muito tempo, de muita paciência, de uma dose extra de força e de muitas caixas para esvaziar as trinta e duas prateleiras que faltam (sem contar com dossiês e outras encadernações...). Isto promete, minha gente!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mais uns trocos

As Metas Curriculares existem para fazerem os professores de Português gastarem dinheiro. Hoje chegaram dois livros que não viriam cá para casa se não existissem as malfadadas metas. Posso dizer que até pago para trabalhar.


domingo, 3 de novembro de 2013

Em mudanças

Não, não é o blogue que está em mudanças: sou mesmo eu. Estou em fase de mudança de casa e de mudança de etapa. Mas, tanto quanto seja possível, o blogue «As Minhas Quixotadas» e o «Moinho de Vento - Livros Usados» continuarão. Podem andar mais paraditos, mas continuarão. Ali pelo meio dos dias, entre o trabalho e mais trabalho, acartar-se-ão muitos e muitos livros. Haja sacos com gelo e muita força nos braços. Desejem-me sorte!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Vivinha

No meio de tantos testes e de tanta avaliação, não tenho tido tempo para passar por aqui. Porém, apareço para mostrar que estou viva. Não tenho nada de interessante para dizer neste dia que sempre foi dia de ficar em casa e que este ano é dia de trabalho. Que tristeza...

domingo, 27 de outubro de 2013

Quixotadas curtas I

Inicio hoje um espaço que não garanto que seja muito continuado, mas que me vem passando pela cabeça há muito. Quantas vezes vou pela rua perdida nos meus pensamentos miúdos e chego à conclusão de que «isto era giro para pôr no blogue»? Mesmo muitas. Mas depois esqueço-me ou então não me apetece estar a escrever mundos e fundos (isto de manter duas casas, leia-se blogues, é coisa que, parecendo que não, cansa). Vai daí lembrei-me de fazer umas quixotadas compostas por itens curtos que mais não são do que algumas das coisas que vejo ou penso e que gostava de partilhar. Atenção: não esperem nada de muito interessante. Só mesmo parvoices que me passam pela cabeça e que deixarei por aqui perdidas.
 
Ora então, vamos lá.
 
- Estou fartinha de ouvir falar do Valter Hugo Mãe e do seu livro sobre a Islândia. Acho bem que promovam o livro, mas já não aguento ler as frases catitas que compõe nas entrevistas sobre a luz da Islândia ou a beleza dos fiordes.
 
- No seguimento do ponto acima, deixem-me dizer que a edição de Outubro da revista Ler está muito desinteressantezinha. Aliás, a mudança de imagem que conhecemos a partir do mês de Setembro não abona nada em favor da publicação.
 
- Nunca li nada do Mário de Carvalho, contudo li há pouco um texto de opinião sobre o último livro dele e apeteceu-me sair do lugar para ir comprá-lo.
 
- Ao corrigir testes li coisas como «adulechente» em vez de «adolescente», «sitoasoens» em vez de «situações» e «acrechenta» em vez de «acrescenta». Vi, também, textos de onze linhas sem um único ponto final e miúdos que continuam a achar que «seca» e «secante» é vocabulário adequado para um teste de avaliação. Tirem-me deste filme.
 
- Hoje li que uma rapariga indiana se suicidou porque os pais a proibiram de ir ao Facebook. Deixou escrito na nota de suicídio que não aguentava viver sem aquela rede social. Até tremo ao imaginar uma coisa destas... A linha entre a sanidade mental e o outro lado é mesmo muito fina.
 
- Palavra de honra: olhar para o segundo volume de Os Pilares da Terra já me causa engulhos. Quem acha aquilo formidável nunca leu, certamente, A Catedral do Mar. O senhor Ildefonso Falcones dá uma real tareia no Ken Follett no que aos romances históricos sobre a construção de catedrais diz respeito.
 
- Gostava muito, mas mesmo muito de aprender a fazer coisinhas giras em tecido. Agora que há uma máquina de costura cá em casa, gostava bastante de aprender a fazer capas para livros. Já vendo os livros usados que por aqui ocupam o espaço todo, era só começar a vender capas também para a coisa ser perfeita. Infelizmente não percebo nada de costura e temo nunca vir a perceber.
 
- Como é que um aluno tem a distinta lata de tecer comentários sobre o telemóvel de uma professora? De dizer que «não sabe como é que ela conseguiu pagá-lo com o salariozinho de professora»? Onde estão os limites destes miúdos?
 
- Pessoal que gosta de andar de autocarro com todas as janelas fechadas devia ser proibido de utilizar os transportes públicos.
 
- Finalmente sei por que razão não temos um D. Pedro III na lista de reis que nos governaram. Ele existiu, só que não foi ele que nos governou. A rainha era a esposa e chamava-se D. Maria I. Foi ela que o nomeou rei quando assumiu o trono.
 
- Já não há pachorra para a «Casa dos Segredos». Quando é que vão perceber que aquilo é chão que já deu uvas? Nem sei quem lá mora, mas imagino. O tipo de concorrentes é sempre o mesmo.
 
- Vem aí o Natal e gosto disso. É a minha época do ano favorita.
 
- A minha sobrinha é uma ternura. Isto de ter alguém que estica os bracinhos para nós quando chegamos a casa é realmente coisa para derreter qualquer um.
 
- O «Quem Quer Ser Milionário» é desesperante. É preciso levar tanto tempo para bloquear a resposta de um concorrente e para revelar a resposta correcta? Não se aguenta.
 
- A RTP2, mesmo não tendo nada de novo para dar, vai arrumando a RTP1 a um canto. Todas as noites, por volta das nove, passa um documentário sobre um escritor, um cantor, um pintor, enfim, alguém ligado à cultura. Os documentários já não são novos, mas mesmo assim soam muito melhor do que o enervante «Preço Certo».
 
- Se não vender o livro novo do Vargas Llosa, fico com dois. O livro é bem bom, mas ainda não cheguei ao ponto de ambicionar ter dois volumes de cada livro óptimo com que me cruzo. A ver o que acontece.
 
- Por que motivo não tenho eu um D. Quixote antigo em alemão e por que razão não tenho o Quixote apócrifo do Avellaneda? Vá-se lá saber...
 
- Por que é que os CTT aqui do sítio não fecham só às sete da tarde? Dava-me tanto jeito...
 
- Isto dos telemóveis que fazem tudo é muito giro, mas ter baterias a durar apenas dois ou três dias cansa-me a paciência.
 
- O «Candy Crush» ainda vai obrigar-me a usar óculos. Aquele nível 33 está a rebentar comigo. E não há maneira de eu rebentar antes com ele.
 
- A sério que há quem vá no autocarro a falar sobre sexo ao telemóvel? Esta semana uma senhora dizia para a amiga com quem conversava telefonicamente que naquela noite «tinha ido ao castigo, mesmo estando com a 'coisa'». E depois de dizer isto acrescentou que não podia falar mais porque ia no autocarro «mas que ela tremia toda e que tinha sido 'muita' bom». POUPEM-ME!
 
- Ter a página do facebook da «Moinho de Vento - Livros Usados» encalhada nos sessenta e nove «gostos» está a consumir-me os nervos.
 
E pronto, minha gente, vou parar por aqui ou ainda corro o risco de passar a noite a acrescentar linhas a esta quixotada longa feita de «curtas». Passem um bom resto de noite que amanhã já é segunda. Ninguém merece.

Quando o Cuco Chama

A J. K. Rowling, na figura do seu policial escrito sob pseudónimo, chegou cá a casa. Não sou louca por policiais, mas, por ser esta a autora, até me dedicarei a lê-lo logo que termine o livro que estou a devorar agora. Ora, esta postura era precisamente a que ela não queria: que o livro fosse lido e comprado por ter o seu nome na capa. Pois J. K., querida, depois de um Harry Potter, as pessoas andarão loucamente atrás dos teus escritos, nem que se tratem apenas de listas de compras. É uma coisa com a qual terás de conviver. Não escrevesses tão 'espampanantemente' bem e isso não acontecia. O sucesso é uma chatice, bem sei, mas acho que se convive melhor com ele do que com outras coisas chatas, como as dores nas costas...
 
 

Eu e os nós de leitura


Esta podia ser eu. Tenho a impressão de que já li em todas as posições imagináveis. Aliás, acho que até já consegui dar um nó nas pernas. Mas, enfim, o que importa é ler, não é verdade? Os nós desatam-se...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Menina Quer Isto XLIII

Parecendo que não, já se caminha para o Natal. Bem sei que faltam dois meses, mas hey!: de hoje a dois meses estaremos nós na noite da consoada a regalar-nos com o bacalhau e os doces e a cobiçar a árvore de Natal e as suas promessas embrulhadas. Posto isto, vamos ao regresso aos pedidos, que blogue sem autora pedinchona já nem é blogue. O que vale é que por aqui só se pedem livros (por enquanto) que é sempre coisa para fazer muita falta. Ora, começo já com dois pedidos fofinhos de coisinhas novas que estão mesmo, mesmo, mesmo a pedir para vir cá para casa, para os espaços livres que já consegui arranjar com a venda de uns quantos livros usados que já me estorvavam muito. Parecem-me os dois muito apetitosos, por isso, Pai Natal, se ainda tens margem de manobra para dar presentes às pessoas e se a Troika ainda não te fez quinar, a menina gostava de ter estes dois.
 


Nota: Ambas as capas foram retiradas da página da Wook.

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quando o carteiro toca...

...geralmente traz livros. E hoje trouxe este, que veio a reboque de uma promoção janota da Fnac. Já o queria há tanto tempo, mas achava-o sempre tão caro e, convenhamos, a minha carteira, como a de todos, anda a amargar o tempo de crise. Por isso lamento não pagar o preço inteiro do livro numa livraria de bairro, mas efectivamente é difícil. Bem sei que é a pensar assim que as pequenas livrarias se afundaram e afundam e bem sei que não tenho desculpa, mas enfim... Que dizer? Tomara eu ter todo o dinheiro do mundo para comprar os livros sem promoções noutros lugares. Infelizmente não tenho.

Entretanto, olhem, este já está em lista de espera para uma leitura devoradora. Depois do último do Llosa, que é maravilhoso, experimentarei este esperando que seja tão bom ou ainda melhor.


Nota: A imagem, como se vê, saiu da página da Wook.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Menina Sugere Isto XIII

Minha gente, hoje terminei o livro novo do Vargas Llosa e olhem... Estou rendida! Caramba, que história! Não sou muito daquelas pessoas que lêem sem parar para respirar, que não conseguem pousar os livros enquanto não souberem como acaba a história, mas com este fui um bocadinho mais assim do que de costume. Só para que vejam, há uns dias acordei sem sono às cinco e meia da manhã e, em vez de me virar para o lado e de tentar dormir, pus-me a ler e assim estive até perto das sete. 

A história é cativante e o tom em que é narrada faz com que não tenha momentos aborrecidos. O autor conseguiu, também, momentos de diálogo fascinantes pela mistura de vozes e de planos narrativos. Só mesmo lendo podemos perceber como tal sucede. As personagens são, também, admiráveis, não só pelo modo como se apresentam, destoando umas das outras, mas também pelo modo como se exprimem, como enfrentam (ou não) as várias situações com que se deparam. Perante ameaças de vários tipos, encontramos personagens que vergam (poucas) e outras que, como se de pedra fossem, fincam os pés no chão e enfrentam o mundo, não se deixando pisar. Depois, encontramos, também, neste livro aquele realismo mágico tão próprio da américa latina e que torna os livros sul-americanos tão ricos. Vamos desde a mulher que tem "inspirações" até ao jovem que tem visões misteriosas que não conseguimos explicar. 

É, enfim, um livro tão rico que as trezentas e oitenta e seis páginas que o compõem passam num instante. A menina sugere-vos isto. Vão gostar!


Nota: A imagem saiu da página da Wook.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Acabado de chegar

Este menino acabou de chegar. Realmente, só mesmo alguém muito viciado em livros chega ao ponto de comprar um dicionário... do livro. Mas, enfim, a curiosidade é um bicho que não pára e tenho muita no que aos livros diz respeito. Por isso lá vou eu aprender mais um bocadinho. Mal não faz.


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O recado

Aqui fica um possível recado na caderneta que ando a idealizar e a aperfeiçoar mentalmente há já algumas semanas:

Estimados encarregados de educação,

Serve o presente recado para informar que talvez não fosse pior mandarem os vossos meninos e meninas para a escola com um pacotinho de lenços de papel na mala. É que o ordenado dos docentes não é pago em artigos da Renova ou da Scottex para poderem "emprestar" diariamente toneladas de lenços de papel. Os vossos meninos e meninas são anjinhos, mas têm ranho que não acaba e nós, professores, não estamos na escola para fornecer lenços de papel de cada vez que o pingo aparece. Vocês só têm um ou dois filhos: nós temos dezenas de alunos. 

Sem mais nada a acrescentar, despeço-me acrescentando esperar não vir a ser necessário incluir pacotes de lenços no material obrigatório das aulas.

Assinado: Professora farta de procurar lenços de papel na mala sem os encontrar porque os deu todos a alunos pingões.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A árvore

Ando completamente louca! Desde meados de Setembro, portanto há um mês, que o meu cabelo cai, cai, cai, cai e cai. É desesperante! Todos os anos chega o Outono e pumba: transformo-me em árvore e vejo as minhas douradas folhinhas ficarem caídas no chão, na roupa, na banheira, pelas mangas abaixo, na almofada... Eu encontro cabelos meus caídos em todo o lado e a todas as horas do dia, estando já a ficar louca com isso! Bem sei que é normal, que é da época, que somos todos um bocado arraçados de árvores, mas não deixo de rosnar de cada vez que encontro um amiguinho capilar à solta em algum lado. Enfim... Vejamos quando me acaba a queda da folha.

domingo, 13 de outubro de 2013

É ou não é lindo?

É ou não é lindo o meu novo Quixote? É uma edição francesa de 1909, em muito bom estado e alindada com a ilustrações de Gustave Doré. Estou encantada com ela. Só não sei muito bem onde a vou arrumar...





quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Parece que já aí vem... o Natal

Informo que, tal como de costume, a "Loja do Gato Preto" do Colombo antecipou-se e foi a primeira a encher as suas montras com artigos alusivos ao Natal. Há lá de tudo: árvores de Natal, enfeites, pais natal de todos os tamanhos e feitios, luzes e mais luzinhas. É sempre a primeira loja que vejo decorada desta maneira e todos os anos espero para ver quando é que dá início à sua época natalícia. Tenho a impressão de que é cada vez mais cedo... Realmente, ainda nem estamos a meio de Outubro. Mas vá: se quando baixa em nós o espírito natalício ficamos todos mais simpáticos, deixá-lo vir em forma de montra. Mal não faz.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Meninos-polegares

Ai se vocês soubessem o que me enerva quando um aluno diz que não sabe se trouxe determinado livro porque foi a empregada que lhe fez a mala e não sabe o que ela pôs lá dentro. A sério? Cabe às empregadas encherem as mochilas dos meninos de acordo com as disciplinas que terão no dia seguinte? Não faria muito bem às crianças terem essa responsabilidade e serem elas a verem o horário e o que devem levar em cada um dos dias? E se um professor pedir um material específico para determinado dia, também cabe à empregada tratar disso? E já agora, as empregadas desta vida também já fazem os trabalhos de casa dos meninos? É que é só o que falta. Tenho a impressão de que com estas mudanças todas que levam as criancinhas a não terem de fazer nada, em breve os bebés começarão a nascer sem mãozinhas, só mesmo com os polegares necessários para jogarem nas consolas. Vamos no bom caminho, vamos...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Quinze anos

Foi há precisamente quinze anos que Portugal recebeu a notícia de que José Saramago era o vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 1998. Volvidos estes anos, perdemos a sua figura física, mas mantemos o orgulho e a sua obra. Acredito que os autores ficam na obra que escrevem e que assim se libertam, como dizia Camões, da «lei da morte». José Saramago, homem de raízes simples e de opiniões fortes, deixou a sua marca nas palavras que escreveu e que, tal como presente, ficaram cá para nós. Legou-nos as suas memórias, os seus sonhos e pensamentos. Saramago ofereceu-nos a maior flor do mundo em cada um dos seus livros: uma flor que cresce a cada página virada, a cada parágrafo volvido, a cada momento passado na companhia do muito que os seus livros têm para nos dizer. Passaram-se, pois, quinze anos e José Saramago já não se encontra entre nós, mas o orgulho pela obra magnífica que deixou, esse, não diminuiu. Pelo contrário: há quinze anos lia pouco e nunca um autor como este (embora tenha tentado, ainda muito jovem, ler a edição do Memorial do Convento que a minha irmã tinha cá por casa), todavia hoje este é, sem dúvida, o meu autor português favorito.
 
Quinze anos é muito tempo para qualquer um de nós, mas não para um escritor tão grande, tão bom e tão único quanto este. Saramago viveu, vive e viverá sempre nas suas palavras. O Nobel é motivo de orgulho e uma das razões pelas quais devemos recordá-lo sempre.

Precisa-se de gramática

Ontem acabei de ler o Expresso (vá lá, o desta semana: estou a melhorar capacidades) e deparei-me com um texto de José Cutileiro que me deixou aterrorizada. Não costumo reparar nos textos dele, mas o do jornal que saiu neste sábado era tão, digamos, "vistoso", que foi impossível não o ler e não pensar na importância de saber fazer frases curtas.
 
O texto, na página trinta e seis, falava sobre Marcella Hazan, uma senhora nascida em Itália, que fundou a Escola de Cozinha Italiana Clássica e que, infelizmente, faleceu este ano. O nome do espaço em que este texto se insere é adequado, «In Memoriam», ou seja, trata-se de um obituário.
 
Ora, que problema pode haver num singelo obituário? Apenas o facto de todo o primeiro parágrafo, que é enorme, ser constituído por apenas uma frase. Querem ver? Procurem perceber isto que aqui vou citar e que corresponde ao primeiro parágrafo deste texto. Tudo o que estiver entre parênteses rectos é fala minha.

«Marcella Hazan, nascida Polloni em Cesenatico, na Emília Romana, perto de Veneza, que morreu no passado domingo, 29 de Setembro, em sua casa num condomínio de Longboat Key, Florida, tendo ao seu lado o marido, Victor, judeu sefardita de família americana, nascido em Itália de onde voltara para Nova Iorque pouco depois de casar com Marcella para se ocupar do negócio de casacos e estolas de peles da família [fazia estolas com peles da família???], enquanto ela, que nunca cozinhara na vida, filha de gente burguesa com criadas em casa, licenciada e doutorada em ciências naturais e em biologia pela Universidade de Ferrara, horrorizada como o marido pela má qualidade gastronómica da comida americana desse tempo [ainda aí estão????] e como ele saudosa do que estavam habituados a comer em Itália (não seriam só saudades patrióticas pois, bem vistas as coisas, a italiana, a francesa e a chinesa são as três melhores cozinhas do mundo), já com bem mais de 40 anos metera-se a cozinhar em casa para os dois convencida pelo que ia fazendo e pelo entusiasmo do marido, começou a dar cursos a amigas no seu pequeno apartamento, a fama da sua arte espalhou-se, cursos maiores passaram a ser dados fora de casa no que chamou Escola de Cozinha Italiana Clássica fundada em 1989; juntamente com as suas receitas, o seu temperamento tornou-se objecto de conversas primeiro entre gulosos nova-iorquinos depois na sociedade em geral - escrevera  uma carta ao mais reputado chefe italiano da altura na costa oriental dos Estados Unidos, dizendo-lhe que a receita dele de risotto estava completamente errada do princípio ao fim: para já, risotto fazia-se numa frigideira e não num tacho (o chefe italiano não esteve de acordo mas ficaram amigos, encontrando-se de vez em quando e tomando um Bourbon, álcool predilecto dela) - e, para tentar corrigir o que considerava tantos error frequentes de conceito e de prática culinários italianos, publicou em 1973, "O Livro de Cozinha Italiana Clássica", ajudada pelo marido que escrevia admiravelmente o inglês dos Estados Unidos (publicara ele próprio dois livros muito apreciados sobre vinhos italianos) o qual adaptado em 1980 ao inglês dos ingleses por Anna Del Conte (na língua inglesa, não se praticam, entre Londres e Washington, desconchavos como o acordo ortográfico luso-brasileiro; Oscar Wilde dizia que a Inglaterra e a América do Norte eram dois países separados por uma língua comum - e assim se vão governando) ganhou um prémio distintíssimo [já encontraram algum ponto final???]; seguiu-se-lhe, em 1978, "Mais Cozinha Italiana Clássica"; os dois foram reunidos num só volume em 1992 e, em 1997, "A Cozinha de Marcella" recebeu o prémio mais importante atribuído nos Estados Unidos a livros de cozinha internacional: The Julia Child Award for Best International Cookbook.»

Isto, minha gente, é o primeiro parágrafo e, melhor, a primeira frase do texto. Tem de tudo: desde extensão até parênteses com informação adicional. Consegue, na mesma frase, falar da senhora, do marido, do modo como começou a cozinhar, depois a escrever, depois a relacionar-se com chefes... É de mais. Não sei se este autor escreve sempre assim, mas eu, que acho que até sei ler, não consegui perceber nada do texto. Fiquei estupefacta com esta má divisão frásica, com a mistura de assuntos dentro do mesmo parágrafo e frase, com a intrincada rede que aqui se montou e que vai contra aquilo que, para mim, são as regras para se escrever bem. Não percebi nada e, sou honesta, a partir daqui desisti.

No pódio

Este Outono/Inverno subo ao pódio e saio medalhada. Fui a primeira cá de casa a constipar-me. Felizmente foi só isso: uma constipação e nada de gripes. Só nariz tapado e pouco mais. Mas foi o suficiente para me deixar mona e a carpir o facto de ter de me levantar cedo todos os dias. Bastaram três ou quatro dias de chuva, porém abafados, para isto. Agora estou para ver como sobreviverei ao Inverno, só por acaso a minha estação favorita...

domingo, 6 de outubro de 2013

As Coisas Que Ele Diz II

O meu moço, querendo chamar-me coisas fofas e ternurentas, vai ao extremo e aí ninguém o bate. Hoje, por exemplo, chamou-me "borra de anjo". Enfim, vamos acreditar que os anjos borram arco-íris ou afins...

sábado, 5 de outubro de 2013

Estes humanos são loucos

Hoje, ao assistir ao Jornal da Noite, fui brindada com duas notícias que só não me puseram a fazer as malas para mudar de planeta porque ainda não descobri um meio de transporte que estoure comigo daqui para fora.

Ora a primeira era gravíssima. Coisa para uma pessoa ficar doente com a vida, com a imbecilidade humana, com a crueldade de mentalidades retardadas e a precisar de uma reciclagem rápida. O caso foi este: uma mulher chinesa, grávida de seis meses, viu a porta de sua casa ser arrombada, sendo de seguida levada à força por um grupo de vinte pessoas que a deixaram num hospital onde foi obrigada a abortar e a assinar uma declaração em como ela e o marido haviam concordado com o procedimento. Chamar animais a estes tipos é pouco. Aquele casal está absolutamente desfeito e eu só consigo perguntar-me onde raio anda a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Andarão os chineses responsáveis por tais actos a limpar os rabos com ela?! E o resto do mundo, pelo menos a parte que não anda para aí contra a vontade dos pais a matar bebés que ainda nem nasceram, assiste de camarote a esta nojeira sem uma palavra que seja? Mas desde quando, em que mundo e por que raio podem vinte pessoas forçar a entrada na casa e no útero de alguém?! O país tem gente a mais? E é a matar quem não tem nada que ver com isso e a destruir a vida de um casal que devia ter o direito de ter os filhos que quisesse que isso se resolve?! Ora, não me lixem! Até gostaria de um dia conhecer a China, mas depois do que ouvi hoje, nem que me saísse o Euromilhões mais recheado de sempre iria gastar um cêntimo que fosse a um lugar que trata assim a sua gente.

A segunda notícia surgiu logo de seguida e era sobre um novo programa de televisão de um canal do Reino Unido. Num programa em directo vai acontecer o que, dizem, nunca antes se viu em televisão: um casal entrará numa caixa (uma espécie de cabaninha dentro do cenário) e manterá relações sexuais. Depois de feito o serviço, sairá para fora da caixa (é mesmo assim que lhe chamam) e conversará com um painel de convidados do qual farão parte psicólogos, sexólogos e outros quejandos. O conceito assenta, pelo que foi dito, na lógica de que só se pode falar de forma sincera e aberta sobre sexo depois de este ter acontecido, porque quanto mais tempo passa, mais vamos pensando e construindo imagens mentais que se afastam daquilo que verdadeiramente sentíamos imediatamente depois do final da relação sexual. Perceberam? Pois, nem eu. A mim parece-me que se elaborou uma explicação muito pomposa para o facto simples de alguém ter achado que era giro pôr um casal a papar-se durante um programa de televisão, enquanto um painel de pseudo-intelectuais atira umas baboseiras para o ar e o restante público se entrega à imaginação do que estará a acontecer dentro da caixa.

Quanto a mim, que não posso mudar de planeta embora continue a achar que não me dou nada bem com este, só me apraz dizer que o Obelix devia alterar a sua emblemática frase. Não são só os romanos que são loucos. A versão correcta é foneticamente parecida, mas muito mais precisa e reza assim: estes humanos são loucos!

Crochê

Acho que hoje iam decorrer várias iniciativas desportivas. Uma delas era uma maratona. Ai o que eu gostei de ver uma senhora no metro, acompanhada do marido, ambos trajados a rigor, ele impaciente por sair de lá e ela, com uma t-shirt a fazer publicidade à dita maratona e os óculos empoleirados na ponta do nariz, a fazer calmamente um «naperon» em crochê... Vamos acreditar que estava em estágio para a corrida.

Coisinha boa

Hoje, finalmente, chegou-me às mãos esta coisinha boa. Estou histérica para continuar a lê-lo (já que li todo o primeiro capítulo num folheto lançado pela editora, a Quetzal). O início é estupendo e, sendo o Vargas Llosa um escritor muitíssimo talentoso, o livro tem tudo para continuar bem e terminar ainda melhor. Por isso, logo que me veja livre do segundo volume de Os Pilares da Terra (que já parece uma praga na minha vida) e que termine o livro A Minha Pequena Livraria (que vou lendo no autocarro), lanço-me a este e descubro quem anda a ameaçar a personagem principal. Espero que lhe torçam o pescoço.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Que mundo

O que aconteceu ao largo de Lampedusa é tão, mas tão triste que nem sei o que diga. É a miséria a somar-se a miséria, sendo doloroso ver como a vida humana vale tão pouco e pode ser tão dura. Estou com o Papa na definição do dia de ontem como o «dia de lágrimas»: é verdadeiramente triste ver a tentativa de fugir à miséria e de encontrar a liberdade terminarem com morte. Que mundo este!...

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Vai ser bonito

Ainda nem um mês de aulas passou e eu já me sinto como se me tivesse passado um autocarro turístico por cima. A minha voz já parece a de um menino na puberdade: ora rouca, ora normal, ora rouca, ora quase inexistente, ora normal. Já chego ao fim da última aula do dia com os pés a pedirem misericórdia. Espectacular! Por este andar chego ao final do ano com um andar novo e sem garganta. Vai ser bonito, vai...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Eu tenho dois amores

Na realidade, no que aos livros diz respeito, e embora tenha um enoooorme coração para estes objectos, o meu grande amor é só um. Ponto. Apenas o grandioso Dom Quixote de la Mancha, um livro tão magnífico que só mesmo lendo se consegue perceber o quão valioso ele é. A minha colecção de edições do Quixote já vai longa, mas de tanto que se publica, dá sempre para acrescentar mais qualquer coisa. Desta vez foi uma adaptação ilustrada e em língua inglesa e uma novela gráfica em dois volumes, no mesmo idioma. Ambas as edições são extraordinárias e muito cuidadas em termos visuais. São os meus novos dois amores e são duas belas variantes do meu maior amor literário.
 
 
 
 

Mas ainda se lê?

Há uns dias, um menino entrou em choque ao analisar um gráfico sobre como um certo número de pessoas ocupava os tempos livres. Em determinado ponto do gráfico estava indicado que uma percentagem (não me recordo qual) de pessoas lia nos tempos livres. A criança não percebeu e exclamou:

- Mas as pessoas ainda lêem??!

Eu, que até sei como a leitura anda pelas ruas da amargura junto da população mais jovem, consegui arrepiar-me porque aquele menino tratou a leitura como uma actividade de outros tempos, não do século XXI e não de agora, mas de 1720 pelo menos. Expliquei-lhe que ainda havia quem, felizmente, largasse os jogos e pegasse em livros, mas o nó não se desfez e fui brindada com um:

- O meu pai não lê!

E é isto: o modelo não lê, logo o filho, que acha que nos pais está tudo o que precisa de saber (como é normal), encara os livros e a leitura como sendo algo que já não se pratica, que já não faz sentido numa altura em que ainda há tanto para fazer (e tantos jogos a serem lançados constantemente...). 

Eu já conhecia a realidade, mas ouvi-la desta maneira, com um tom de surpresa por haver quem leia, assustou-me. O que será dos livros no futuro? E pior: como serão estes cérebros de amanhã?...

domingo, 29 de setembro de 2013

Comichosos

Estava hoje a dar a minha voltinha pelas notícias quando topei com um artigo da revista americana The New Yorker onde se falava dos "AMBER Alerts". Para quem não sabe, são alertas emitidos num determinado espaço quando se dá o desaparecimento de um menor. A ideia é a de que deixem a população da zona do desaparecimento e em redor em alerta para que possam mais facilmente colaborar com as autoridades nas tentativas de localização da pessoa desaparecida. 

Ora, estes alertas sempre foram passados através dos meios de comunicação social, dos placares electrónicos em autoestradas, entre outras formas. Surgiu, contudo, uma nova forma de emissão destas alertas: através da internet, os cidadãos americanos podem receber um AMBER Alert em forma de sms nos seus smartphones. Parece-me uma boa ideia. Uma pessoa pode receber uma mensagem indicando que desapareceu uma criança da sua zona de residência e pedindo-lhe que esteja atento a um determinado veículo com uma certa matrícula. Continua a parecer-me bem.

Mas eis que já há americanos que procuram, segundo a revista, uma forma de bloquear estas mensagens porque as mesmas os incomodam quando estão no trânsito ou a dormir. Sim, o egoísmo chega a este ponto. É assim que uma boa ideia deixa de ter o alcance desejado: quando algumas mentes peregrinas só conseguem olhar para o umbigo e esquecem o resto do mundo em redor. Se fosse eu a viver nos Estados Unidos e pudesse receber estes alertas, recebê-los-ia. Há coisas que incomodam muito mais e das quais ninguém se queixa. Além disso, nunca sabemos se um dia não viremos a ser nós quem precisará de tais serviços. Vivemos efectivamente num mundo cheio de comichosos pouco cooperantes. É triste.

sábado, 28 de setembro de 2013

Mau comportamento no ensino superior

Esta pequena chamada está na capa do Expresso que, extraordinariamente, saiu à sexta-feita (espertalhões...). Não li a notícia, apenas isto e, embora a imagem esteja com má qualidade, o que aqui diz é que o «Mau comportamento leva universidades a criar castigos. Uso de telemóveis nas aulas é um dos maiores focos de perturbação» e logo de seguida «Professores lamentam que estudantes estejam a chegar cada vez mais imaturos ao Ensino Superior. No passado ano letivo, pelo menos oito universidades instauraram processos disciplinares a 35 estudantes. Vários foram suspensos das aulas.» (sublinhado meu).
 
Importa-me começar por dizer que cavaria um buraco e enfiar-me-ia lá dentro se numa faculdade ou em qualquer outro estabelecimento de ensino superior alguém tivesse de me castigar pelo meu mau comportamento. Aliás, se tal coisa acontecesse com um filho meu, tenho a impressão que lhe punha as costas em brasa de tanto o varar. Por outro lado, já não me choca assim tanto ler esta pequena notícia: eu estava a terminar o mestrado quando a «geração Morangos com Açúcar», como lhe chamávamos, chegou ao ensino superior. Ora, se havia meninos e meninas atinadinhos, que se divertiam, mas com responsabilidade, havia uma avalanche deles que encaravam aquele espaço como um prolongamento das noitadas de sábado. Invadiam os bares da faculdade e consumiam cerveja como se estivessem a armazená-la em bossas, enquanto jogavam PSP (eu vi isto!) nas horas em que deviam estar nas aulas. Não imagino como tais criaturas seriam dentro de uma sala de aula, mas posso fazer uma pequena ideia.
 
O problema é que o ensino superior não é obrigatório e só vai para lá quem supostamente quer continuar, por alguma razão, a sua formação. Ora, creio que nos dias de hoje, muitos miúdos fazem o secundário com a certeza de que os estudos continuarão, mas sem saberem muito bem porquê. Vão porque os pais nem dão outra hipótese e porque não se sentem tentados a trabalhar em qualquer coisa que não exija o diploma universitário. Vão com a cabeça nas praxes e nas festas e nos trajes e na vida académica, esquecendo-se muitos deles de que a vida académica também passa pelas aulas, pelos exames e pelas notas. Um "canudo" com um dez vale pouco, por isso importa subir as notas.
 
O ensino superior está agora a apanhar com os estilhaços da bomba que rebentou nas mãos dos docentes do terceiro ciclo e do ensino secundário há alguns anos. É lamentável e vergonhoso que uma fase do ensino em que se aprende porque se quer e em que, supostamente também, aprendemos aquilo de que gostamos seja um prolongamento da basófia e falta de educação que preencheu o ensino secundário. Novamente: eu cobria-me de vergonha e trancava-me em casa durante um século se um docente universitário, uma pessoa que provavelmente sabe mais do que aquilo que vou conseguir saber na minha vida toda, tivesse de reportar o meu comportamento a outras entidades no sentido de ser-me aplicado um castigo que pode passar pela suspensão! Bem sei que as liberdades que o ensino universitário permite, por ser aquela fase em que já somos crescidos o suficiente para sabermos o que andamos a fazer, pode ser aliciante e levar os alunos a distorcerem-na e aumentarem-na ao ponto de abusar dela. Todavia, não deixa de ser vergonhoso ver alguns estudantes universitários reduzirem-se a uma papa amorfa que pulula de festa em festa, ignorando à grande aquilo que deviam estar efectivamente a fazer: estudar.
 
Quando trabalhava na livraria da faculdade, apareceram-me à frente, num certo dia, um par de idiotas, daqueles que se acham com uma piada que vai daqui à galáxia seguinte. Diziam estar a fazer um inquérito: deveria um deles ir ou não à aula seguinte. A minha colega respondeu que deviam, o meu chefe também. Quando chegou a minha vez de falar, perguntei:
 
- Trabalhas?
- Não.
- Quem te paga o curso?
- Os meus pais.
- Então por que razão não lhes ligas para saberes o que acham da tua peregrina ideia de andares a querer faltar àquilo que eles andam a pagar?!...
 
Um dos rapazes olhou para o amigo com o qual eu falara e disse-lhe:
 
- Iiiiiiiii... Se calhar é melhor ires à aula.
 
Não sei se foram ou não. Por mim até podiam ter colocado uma corda com uma pedra ao pescoço antes de se atirarem a um rio que ia dar no mesmo. O que me ficou desta história é que realmente abundam hoje no ensino superior seres que não sabem o que aquilo é e que achincalham instituições e docentes que mereciam todo o respeito, como também já deviam ter merecido as escolas e docentes das escolas por onde passaram antes. Também faltei a aulas, também e diverti muito, mas nunca tive esse comportamento obtuso que agora traz estas notícias para a capa do jornal.
 
Felizmente e como em tudo há excepções, chegando também às universidades alunos e alunas dedicados e interessados, que sabem divertir-se sem prejudicar o bom ambiente das aulas e que sabem que existe tempo para tudo. Esses também mereciam ser referidos e destacados, porque não são só os maus desempenhos que merecem ser discutidos. É bom ver que muitos sentem ao chegar hoje à universidade, numa época tão complicada, o mesmo ou até mais do que aquilo que eu senti há exactamente dez anos atrás, quando fui colocada na faculdade e no curso que escolhera. Nada está, afinal, perdido enquanto esses alunos existirem.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Coincidências

É raro, mas de vez em quando aparece um livro ou um filme que parece que nos espelha, que nos lê os pensamentos, que reproduz com exactidão aquilo que desejamos e fazemos. É fenómeno que acontece pouco, parece-me, pois não somos (com algumas excepções) tão lineares que seja fácil uma obra de arte reproduzir aquilo que somos por dentro. Mas vai acontecendo e, quando assim é, tem piada. Ora, no outro dia vi na Fnac um livro pelo qual não dava nada e pelo qual teria passado sem grande atenção se não fosse o facto de chamar-se A Minha Pequena Livraria. Não comprei porque não sabia se valeria a pena, contudo vim para casa com aquele volume na cabeça. Nesse mesmo dia surgiu-me a ideia de criar o blogue Moinho de Vento - Livros Usados e, na tarde seguinte, fui comprar o livro.
 
A história é verídica e narra a odisseia de um casal para abrir uma loja de livros usados numa pequena comunidade americana. O que tem graça é que tal como eu tinham empregos que queriam deixar, onde se sentiam no meio de muito veneno; tal como eu adoravam livros e queriam trabalhar com eles; tal como eu começaram com o seu próprio espólio; tal como eu tiveram de parar para pensar em como iriam resolver uma série de problemas; tal como a mim, foi sugerido que se fizesse um plano de negócios; tal como eu só queriam saber dos livros... Enfim, são tantas as semelhanças que até faz confusão.
 
Ainda não sei como continua a história e espero sinceramente que a comunidade tenha aceite bem a livraria. E também gostava que a minha ideia corresse bem.
 
 
Nota: A imagem da capa saiu da página da Wook.
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pequenas descobertas

Bom, isto de montar um blogue de venda de livros usados serve pelo menos para uma coisa: para perceber o que se tem em casa. Só ontem consegui encontrar três primeiras edições de livros de autores portugueses. Portanto tenho alguns tesourinhos, mas desconhecia tal coisa. Normalmente quando compro vou ao sabor da curiosidade e da vontade de conhecer certos autores. Lá pelo meio acabo por arranjar umas perolazitas.
 
Porém, as prateleiras vão pesando e o tempo para ler tudo não abunda. Por isso sugiro aos quixoteiros que por aqui passam que dêem um pulinho ao blogue Moinho de Vento - Livros Usados e que apreciem as vistas. Se algumas coisa vos agradar, apitem.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Saem uns, entram outros

Eu bem tento vender, mas não deixo de comprar... A Moinho de Vento - Livros Usados a tentar ajudar-me a aliviar as estantes e eu a colocar-lhes mais peso. Com os vales da Fnac que me ofereceram, ainda comprei mais umas coisinhas. Uma delas foi este livro, que já namorava há muito tempo. O Negócio dos Livros fala de como funcionam os bastidores das transacções de um tipo de objecto muito especial e particular e de como os grandes grupos editoriais influenciam o que lemos. É já um livro incontornável sobre este tema. A ver se me ensina qualquer coisita.
 
 
A propósito, "o meu mai' novo», leia-se Moinho de Vento, já apresenta quase duas dezenas de livros e uma oferta para a primeira pessoa a gastar mais de dez euros em livros. Ide lá espreitar, se vos for possível, e vão espalhando a palavra. Tenho muitos livros para despachar porque cá em casa há muitos livros a quererem entrar.
 
Nota: A imagem saiu da página da Wook.


Coisa parva

No outro dia, num restaurante, um grupo de amigos ali pela casa dos quarenta anos conversava sobre telemóveis. Discutiam um telemóvel muito bom que uma delas tinha tido, até que a antiga proprietária profere esta pérola:

- Era iPhone, mas era da Samsung!

Até estremeci de vontade de rir. Ai senhores... Onde as pessoas chegam quando querem armar-se em ricas!

Rituais do início do século

Hoje vinha pelo caminho a recordar um ritual que existia nas escolas básicas do 3.º ciclo e nas secundárias há alguns anos e que, pelo que vou vendo, continua a manter-se, embora em moldes diferentes (o facebook mudou muita coisa...). Refiro-me ao acto do «cumprimento diário» (inventei agora o nome). Ora, o que era isto, perguntam vocês? Uma coisa estranhíssima e digna de uma hora de documentário da National Geographic.
 
Qualquer miúdo ou miúda que frequente o ensino do sétimo ao décimo segundo ano está condenado ao facto de ter de cruzar-se diariamente com as mesmas caras, sejam elas de colegas de turma ou de outros. Um ano lectivo dura sensivelmente nove meses e as aulas espalham-se pelos cinco dias úteis das infindáveis semanas (agora ainda me parecem mais intermináveis do que então, mas enfim...). Qualquer ser humano normal e com mais de vinte anos considerará agora que era para lá de estúpido cumprimentar solenemente com dois beijos na cara as figurinhas que víamos dia após dia no mesmo espaço escolar que frequentávamos. Porém, o acto do «cumprimento diário» às criaturas do sexo oposto era sagrado e ai do atrasado mental que o quebrasse!
 
Veja-se: uma gaja via um gajo «bom». Ria-se estridentemente e dava nas vistas, qual pavão, até ser vista pelo moço. Ora, como bem se sabe pelas aulas de Ciências (das quais só ouvíamos a unidade referente à reprodução humana), os rapazes «amadurecem» mais tarde que as raparigas, portanto das duas uma: ou elas deitavam logo o olho aos meninos mais velhos, só naquela de evitar andar com um parvinho sem maneiras ou, por outro lado, não eram muito selectivas e saía-lhes um totó ainda mais totó do que elas. Pois bem, deitado o olho (delas a eles e deles a elas, que a fauna funcionava em uníssono), seguia-se a fase do «posso conhecer-te?». Assim mesmo: o tipo ou a menina dirigiam-se ao alvo e esmurravam-no com esta pergunta.
 
Momento de tensão.
 
Se a coisa corria bem e se nenhum dos dois fosse um camafeu, conheciam-se. «Olá, eu sou a Gertrudes.», «Olá Gertrudes, eu sou o Crisóstemo.». Estava travado o conhecimento: daí para a frente só podia melhorar.
 
E como melhorava! Entrava em campo o ritual do «cumprimento diário» em todo o seu esplendor. Dia após dia, quando a Gertrudes e o Crisóstomo se cruzassem um com o outro à saída do bar da escola, já de croissant gorduroso na mão, ou mesmo no caminho para o WC, lá vinha o beijinho na cara. Porém, se julgam que o ritual se resumia a isto, estão extremamente enganados. Havia todo um subentendido por trás do acto de oscular a cara do menino ou da menina. Havia a análise do beijo. Sim, senhores: a análise dos beijo. E sobre isto, apenas posso revelar o lado feminino da coisa porque infelizmente nunca consegui infiltrar-me no meio masculino ao ponto de saber se o mesmo se passava do outro lado da barricada.
 
Ora, a menina cruzava-se com o menino antes das oito e um quarto, hora de início das aulas (e hora muito desapropriada para beijocar rapagões), e vinham de lá as duas beijocas. O que se seguia era isto: a menina ia para as aulas e revivia o momento enquanto conjugava o verbo sortir na aula de Francês. «Ele deu-me dois beijos mesmo na bochecha, não se limitou a encostar a cara!». A que se seguia outro pensamento inevitável: «Oh porra, já nos cumprimentámos hoje. Agora só amanhã...». Que eu saiba esta regra nunca foi quebrada e nunca nenhuma menina fingiu ter alzheimer só para poder esbeijaçar o moço pela segunda vez num dia. Inevitavelmente, também, dava-se início à troca de bilhetes com a melhor amiga da turma, nos quais cada uma fazia o relatório do cumprimento do dia com o respectivo desejado, esmiuçando cada milímetro de beiço encostado à bochecha, o olhar dengoso ou não com que o rapaz mirou as meninas, o epíteto que lhes dirigiu («linda», como em «olá, linda» era sempre um êxito capaz de derreter mais do que o sol em pedra de gelo!).
 
No dia seguinte a cena repetia-se e o mesmo ia acontecendo até que se fartassem um do outro ou que, finalmente, se decidissem a transferir o beijo da bochecha para os beiços, atitude desejada desde o primeiro dia, mas nem sempre fácil de pôr em prática.
 
E pronto. Ali pelo fim do século passado e início deste era assim que a coisa sucedia. Hoje lembrei-me disto e das tantas vezes que vi isto acontecer. À boa maneira de Flaubert importa ser honesta e admitir a verdade toda: a menina Gertrudes desta história... c'est moi.

Ai a gramática...

Bem... A quantidade de gente que chega a este blogue depois de pesquisar o que são orações coordenadas disjuntivas! Acho que se fizesse uma quixotada a explicá-las estaria a fazer um serviço público que grande utilidade. Por agora, caros exploradores da gramática do Português, ficais sabendo que as orações coordenadas disjuntivas pertencem ao grande processo de criação de frases complexas que se chama "coordenação", no qual as várias orações estão ao mesmo nível na frase, não havendo uma a "mandar" na outra (como acontece na subordinação). As disjuntivas são precisamente aquelas onde é oferecida uma alternativa, como a típica frase materna "Ou comes ou levas." Neste caso, existe o uso de uma conjunção coordenativa correlativa, mas "ou comes" é uma oração coordenada e "ou levas" é uma oração coordenada disjuntiva.

Um dia destes explico melhor. Agora vou acabar o pequeno-almoço para ir ensinar outras coisas. Bom dia a todos e não se esqueçam de visitar o blogue moinhodeventolivrosusados.blogspot.pt . Está à vossa espera!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Menina Sugere Isto XII

A menina sugere hoje um filme de terror que merece não só um T maiúsculo, mas todas as letras maiúsculas, a negrito e com duplo sublinhado. O filme está agora nos cinemas e chama-se «A Evocação». Confesso que depois de ler a sinopse não fiquei nada convencida e pensei mesmo que ia pagar para ver uma borregada qualquer daquelas que metem tanto medo quando um carneiro de peluche. Porém, a verdade é que dei por mim a quase ter uma apoplexia a meio do filme. É que aquilo não pára! A partir do momento em que se apresenta a situação inicial, as peripécias sucedem-se e os espectadores ficam de respiração suspensa à espera do momento em que possam sossegar um bocadinho. Eu, que julgava ter já visto todos os filmes de terror do mundo e que já quase não me deixava convencer por nenhum, saí daquela sala com um novo favorito. Os apreciadores deste género não devem perder o filme. Vale cada cêntimo gasto.

Explico-me

Quando digo que vou começar a vender alguns dos meus livros, há dois tipos de reacção: a daqueles que acham muito bem porque é um exagero ter, com esta idade, tantos livros em casa; e a dos que ficam chocados sem perceber como consigo eu separar-me dos objectos de que mais gosto.
 
A verdade é que há duas razões para fazer o que agora decidi fazer, dando início ao blogue que ontem apresentei. Por um lado, porque se há coisa que gosto de fazer é de lidar com livros (não apenas de lê-los) e gostava de começar por algum lado. Já que ainda não posso cumprir o sonho de ter a minha própria livraria, esta foi a forma que encontrei de começar a tentar perceber em que estado as coisas estão. Já trabalhei numa livraria, consegui conhecer mais ou menos como funciona o meio, mas há outras coisas que gostava de aprender. Talvez, se as coisas correrem bem, consiga daqui a algum tempo responder às questões que me coloquei. Por outro lado, existe, sim, uma quantidade exorbitante de livros nesta casa e, sinceramente, não vou deixar de comprar mais. Parte do que colocarei à venda corresponde a livros que já li e que não relerei. Se por alguns tenho um sentimento de posse muito forte que não deixa ver-me livre deles, com outros tal não acontece. Assim sendo, melhor é que passem para quem também os queira ler e que não fiquem trancados nas prateleiras de alguém que não mais lhes pegará. Importa ser prático e parece-me que o estou a ser.
 
Com honestidade, não gostaria de trabalhar como professora até ao fim dos meus dias. Pelo menos, não da maneira como hoje se encontra o ensino. Como tal, qualquer passo numa outra direcção conta, mesmo que seja tão pequenino quanto este. Se tudo isto não chegar, encarem-no como uma ocupação que me ajuda a desligar do que vai acontecendo diariamente no âmbito da minha profissão.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A novidade

Hoje tenho uma novidade para dar a todos os que me seguem e que eu sei que o fazem, mas também a todos os que dão cá um pulinho, embora nunca deixem pegadas. A autora do blogue «As Minhas Quixotadas» acaba de abrir um outro blogue onde faz o que já devia fazer há muito tempo: vender boa parte dos livros usados que tem em casa. O novo espaço chama-se «Moinho de Vento - Livros Usados» e está à vossa espera. Encontrarão lá livros praticamente novos, mas também outros que já acusam algum cansaço. Está tudo explicado aqui, na página do blogue, mas também aqui, na página do facebook.
 
Todos os contactos que queiram fazer relativamente a este novo blogue devem ser enviados para o endereço moinhodevento.livrosusados@gmail.com ou em mensagem privada para a página do facebook que acima referi.
 
Estou ansiosa por encontrar-vos por lá. Por enquanto ainda está tudo a funcionar a meio gás, que o tempo não tem dado para tudo. Contudo, espero começar ainda hoje ou já amanhã a colocar títulos para venda, com as respectivas descrições e preços. Agradeço as visitas, mas também que vão espalhando a palavra. Se hoje é um blogue que nasce, amanhã pode ser muito mais que isso. Para tal, só preciso da vossa ajuda.
 
Sejam bem-vindos ao novo espaço. Vamo-nos encontrando por aqui e por lá.

Os dias do terror

Todos os meses existe um dia que considero ser "o dia do terror". Por vezes até existe mais do que um desses dias num único mês... Não, não é quando se gastam os últimos pós do ordenado e também não é quando começam os popularmente chamados "dias difíceis". Não: a coisa é muito mais assustadora. Trata-se do dia em que temos de ir ao supermercado para trazer para casa os produtos de higiene de que necessitamos.

Gel de banho, champô, máscara para amaciar este arame farpado, creme para desembaraçar e ser possível penteá-lo sem grandes dores, tampões, desodorizantes, pasta de dentes, uma nova escova de dentes que a antiga já estava transformada numa máquina de fazer cócegas a gengivas, elixir bucal, toalhitas desmaquilhantes, creme para as mãos, creme para os pés, acetona para as unhas, cotonetes para as melecas nos ouvidos... É um nunca mais saia daqui que, a brincar a brincar, consegue pôr num único saco de supermercados aquilo que um único dia de trabalho não consegue pagar. É duro.

Quando chega o dia de fazer estas compras, sinto um terror que nem vos digo. São coisas às quais não podemos fugir e dado o carácter tão, digamos, íntimo de algumas delas, convém não comprar a primeira porcaria barata que aparece pela frente. E portanto é ver a conta a subir. Muitos dos itens que enumerei custam, à unidade, perto de cinco euros ou até mais do que isso, no entanto vêm, não raras vezes, em embalagenzinhas tão pequeninas que nos perguntamos onde estará o resto. Tenho a sensação de que estas coisas são consideradas um luxo. A mim sempre me ensinaram que temos de escovar os dentes com uma boa pasta dentífrica se queremos vencer a luta contra as bichezas que nos infestam os dentes. Mas quando olho para a pasta de dentes que comprei na semana passada e que me custou quase, quase quatro euros pergunto-me se não estarei a armar-me em rica ao querer ter limpinhos estes dentitos feios que Deus me deu. E quando pago, como há uns dias, mais de cinco euros por um champô perfeitamente normal, pergunto-me se afinal o meu cabelo louro são finos fios de ouro de dezanove quilates a precisar de mimo. 

O que chateia é que nada disto é luxo, sendo apenas coisas a que não podemos fugir. Havia de ser bonito deixarmos de comprar pastas de dentes, champôs e sabonetes ou embalagens de gel de banho. Nessa altura, todas estas coisas passariam rapidamente a ser vistas como bens de primeira necessidade! Mas como não faremos essa experiência, continuaremos a pagar um preço exorbitante por coisas que talvez nem custem assim tanto a produzir. Continuaremos, portanto, a viver mensalmente um ou mais "dias do terror". É doloroso!

domingo, 22 de setembro de 2013

O Senhor Cinco Por Cento

 
Com o primeiro dos vales recebidos ontem, trouxe para casa esta biografia de Calouste Gulbenkian. Já procurava uma há algum tempo e agora, com o novo livro do José Rodrigues dos Santos a aparecer, este senhor volta a ser recordado. Por isso pude finalmente encontrar uma biografia dele. De Calouste Gulbenkian apenas sei que amava o nosso país e que nos deixou um legado valiosíssimo pelo qual devemos estar muito gratos. Espero ficar a saber mais umas coisas depois de ler este livro.
 
Nota: A imagem saiu daqui.
 

sábado, 21 de setembro de 2013

Outra vez a Quetzal

Ontem comprei o Público porque me interessava o que era dito no Ípsilon sobre J. D. Salinger. Dentro do jornal vinha uma agradável surpresa: um "mini-jornal" feito pela Bertrand (grupo a que pertence a editora Quetzal) com todo o primeiro capítulo do novo romance de Mario Vargas Llosa, O Herói Indiscreto. Achei fenomenal: uma coisa é ter acesso a um resuminho de meia dúzia de linhas ou, até, às primeiras duas ou três páginas do romance; outra é poder ler de uma assentada o primeiro capítulo inteiro. Ora, como este autor não deixa os seus crédito por mãos alheias, o primeiro capítulo lança desde logo o mote para o resto da história: situa-nos num lugar poeirento e muito quente, cheio de gente peculiar e interessante, onde coisas estranhas podem acontecer. Apresenta, também, a peripécia que nos conduzirá até ao final do livro, terminando o capítulo num momento de tensão que nos leva a querer ler mais para saber o que virá depois e o que fará o senhor Felícito Yanaqué, o herói discreto. 

Pareceu-me uma excelente forma de publicitar um livro. Eu li hoje o primeiro capítulo na cama porque tinha tempo para isso. Talvez muitos dos que compraram o Público tenham deitado fora tal oferta, mas é possível que outros, como eu, tenham parado para conhecer o transportista que recebe uma carta estranha numa manhã que parecia ser como todas as outras. E talvez, como aconteceu comigo, tenham sentido a enorme vontade de correr a uma livraria para trazer e devorar mais este livro da Quetzal. É que estou mesmo em pulgas para saber o que acontece ao senhor, depois de a adivinha da cidade o ter assustado com uma das suas "inspirações"! Vejamos quanto tempo resiste a minha curiosidade...



Nota: como bem se vê, a imagem da capa do livro saiu da página da Wook. A outra é uma fotografia do "folheto" que saiu com o Público de ontem.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Contentinha

Hoje o meu moço fez-me uma surpresa e ofereceu-me a caixinha com os quatro volumes dos diários do Miguel Torga. Já os tinha cortejado, por isso ele sabia bem que os queria e, como é um exemplar único no reino encantado dos namorados, hoje apareceu-me com eles e com uns quantos vales da Fnac (para aí a melhor coisa que me podem oferecer). Estou, portanto, à beira da loucura! Obrigada, fofo.



Que é isto????

Realmente, quando elogiamos uma coisa é que ela se estraga. Ó senhores da Apple, que iOs 7 é este?! É medonho! Até ontem à noite, antes da actualização, tinha um iPad e amava-o. Agora parece que tenho uma coisa desmaiadinha e para cegos, porque tudo me parece maior. Não gosto. Vou deixar o iPhone como está, com a versão antiga da coisa que gosto muito mais. Há mudanças que santo Deus...

Mandaram-me esta imagem e como não sei de onde vem, não posso citar a fonte, perdoem-me. Mas parece-me perfeita para a situação:


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A redoma

Conheci há algum tempo uma menina de dez anos que me tira do sério. Pequenina, muito franzina, sempre que fala fá-lo num fio de voz que mais parece uma lamúria. É tão fragil que chega a ser assustador. Mas o pior são os olhos. Os olhos, senhores! Sempre lacrimejantes, sempre prontos a desatar num pranto sem igual. É revoltante! Esta menina é filha única e a relação que os pais mantêm com ela assusta-me de morte. Sei que a mãe não se limita a deixá-la na escola: ela leva-a até ao cacifo e só sai quando já não pode mesmo manter-se dentro do edifício. No outro dia a menina esqueceu-se do boné em casa e desatou num pranto que a levava a repetir "vou ficar doente, vou ficar doente". O pai lá foi a casa para ir buscar o malfadado chapéu.

Sempre que esta criança, por qualquer motivo, se dirige a mim, parece-me que vem pronta a deixar um novo Tejo sair-lhe pelos olhos. Chora porque não gosta daquele pão, chora porque já está farta da sopa, chora porque não encontra o lápis, chora porque tem chichi (juro!!), chora porque não sabe onde deixou o casaco... Chora, chora, chora. Caramba!

É óbvio que acredito que haja muito da sua própria personalidade nestas atitudes, mas também ninguém me tira da cabeça que a redoma em que vive, com uns pais que a tratam como se ela fosse uma florzinha frágil a precisar dos cuidados de um batalhão de servos, faz com que ela seja o que aqui descrevi. É uma criança que tem tudo, mas que parece constantemente em sofrimento. Não é que assim esteja realmente, mas parece. Tenho receio de que no Inverno o vento a leve, ou que a chuva a encolha. Eu sei lá que receios tenho! Quando vejo aquela criança assusto-me pela fragilidade imensa que aparenta. Não consigo deixar de pensar que o amor que os pais lhe têm os cega para a realidade de que aquela criança precisa de mais espaço, de menos protecção em exagero, de mais autonomia e que não irá conseguir nada disso enquanto os pais não perceberem que assim não pode ser. Mas quanto sofrerá ela até lá?