quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Vinte e seis anos


E pronto: estou oficialmente com vinte e seis anos. Eu, que adoro fazer anos, fico meio almareada ao ver este número tão redondinho. É que, acreditem ou não, não sinto que tenha esta idade. Sinto-me como se ainda tivesse dezassete. Se isso é bom ou mau, não sei. Só sei que entrar na estrada que conduz aos trinta e ainda sentir que circulo na que leva aos vinte é uma maluqueira.

Contudo, eles cá estão. Vinte e seis anitos passados com uma família maravilhosa e os últimos seis passados com um namorado perfeito. Vinte e seis anos com poucos amigos (o que não lamento porque os poucos que tenho são bons e isso é que importa). Vinte e seis anos com algumas histórias para contar: umas melhores que outras, mas todas minhas. Vinte e seis anos com muitos livros lidos: bons e maus, que o nosso percurso faz-se de erros e acertos. Vinte e seis anos com muitos pares de sapatos e a desejar sempre mais. Vinte e seis anos com muitas edições do Quixote (tantas que não sei quantas são: sou uma péssima coleccionadora) e a amar cada vez mais a história do Cavaleiro da Triste Figura. Vinte e seis anos com um carinho muito grande por Viana do Castelo, a cidade onde ainda gostava de viver e que me acolhe muito bem todos os anos. Vinte e seis anos de cadernos, canetas e coisas afins porque uma menina de Letras nunca deixa de ser uma menina de Letras. Vinte e seis anos de canecas de todos os lugares por onde passo e por onde os outros passam (já sabem, se viajarem tragam-me uma caneca!): e já são tantas que não cabem no armário! Vinte e seis anos de panquecas e waffles na Haagen Dazs, um sítio onde a minha irmã me levou algumas vezes em pequena e onde só vou com as pessoas de quem gosto mesmo. Vinte e seis anos de baldas às aulas à hora de almoço para ir à muito pouco gourmet cantina universitária: nunca foi pelos fantásticos almoços, foi sempre pela companhia das minhas miúdas, hoje cada uma para seu lado, mas ainda assim únicas. Vinte e seis anos de gente que me traíu, desiludiu, que me acusou: serviu para aprender. Vinte e seis anos de textos escritos e fechados na gaveta. Vinte e seis anos com uma tese de Mestrado que foi talvez o que de melhor já fiz na vida: voltarei algum dia a fazer outra coisa assim? Vinte e seis anos com alguns alunos já na universidade. Vinte e seis anos de puzzles. Vinte e seis anos.

Podia continuar, mas entretanto chegaria aos vinte e sete. Apesar de não sentir que tenho esta idade, tenho cada minuto dela gravado na memória. Por isso é bem-vinda e há-de ela própria criar memórias.

3 comentários:

  1. Muitos Parabéns!**
    Achei graça ao facto de teres mencionado Viana, és de lá?

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  2. Não sou, mas fui lá de férias em 2006 e apaixonei-me pela cidade. Tenho lá voltado todos os anos no Verão e adoro. Amava viver lá. A qualidade de vida daquelas pessoas é invejável. Em Lisboa ninguém sonha como se vive lá bem. :)

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  3. Apesar de agora também me ter mudado para a "cidade", sou de lá perto e adoro. Volto sempre no fim de semana! :)

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