segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pelo caminho dos tijolos amarelos

A reportagem que a TVI acabou de passar sobre o futuro sem futuro da minha geração deixou-me de coração apertado. Nenhuma mãe devia ter de despedir-se no aeroporto de uma filha que tudo fez para ser bem sucedida na vida. Nenhum pai devia ter de despedir-se de uma filha que parte para a outra ponta do mundo à procura de qualquer coisa que pode ser nada, pois vai sem garantias de que alguma coisa boa aconteça. E isso, parece-me, é bem o sintoma do desespero: quando se parte para Macau sem se saber no que isso dará, é porque de tudo o que não se sabe sobra pelo menos a certeza de uma coisa: de Portugal não sairá, não poderá sair, nada de melhor.

A minha geração não terá empregos para a vida e, para muita gente, nem empregos haverá. Estudámos que nos fartámos e recebemos isto. Gabo todos os que conseguiram partir em busca de melhor, como outrora talvez os avós tenham feito. Mas lamento muito, mesmo muito, todos os que partem de coração destroçado, deixando no cais de embarque uma família de braços caídos, sem saber como conviver com a dor de uma ausência forçada e forçosamente estúpida.

3 comentários:

  1. Não para tão longe... mas o meu caso é precisamente esse. O meu e muitos mais!

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  2. Tive que divulgar o teu post sobre o acordo ortográfico no facebook de uns amigos... :)

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    1. Por mim tudo bem, desde que se cite a fonte. :) Espero que eles tenham gostado do meu testemunho enraivecido contra tal idiotice.

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