domingo, 10 de junho de 2012

Dia de Camões



Hoje é o dia do nosso feriado nacional por causa deste senhor, que tantos odeiam devido à maravilhosa epopeia que escreveu e que alguns pouco iluminados consideram «a seca das secas». Mas este senhor, minha gente, é um dos maiores (e para mim é mesmo «o maior») poetas portugueses de sempre.

Em vida lamentava o esquecimento a que a sociedade o votava e comeu, diga-se, o pão que o diabo amassou. Também, pelo que se diz, só estava bem quando se encontrava metido em confusões até ao pescoço. Mas isso também o Cervantes e mesmo assim escreveu o Quixote...

Camões é um dos nossos mitos nacionais e a ele devemos uma série de outros mitos e vários ganhos para a nossa cultura. Portanto, devemos-lhe muito e lembramo-lo pouco. Da sua mão saíram alguns dos versos mais bonitos que as nossas letras já viram. Por isso, em homenagem ao seu dia de morte, deixo aqui um soneto seu de que gosto muito por mostrar, como ele tão bem sabia fazer, a confusão louca e imperceptível que é o amor.

Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

Nota: O quadro é de João Ramos e tanto este como outros muito bons podem ser contrados aqui.

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