terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um incentivo à asneira


Acho esta subida brutal das taxas moderadoras um abuso. Andamos sempre habituados a que as coisas subam dez ou vinte porcento, mas, quando sobem para mais do que o dobro, acho normal que nos sintamos revoltados. Bem sei que as taxas moderadoras nos centros de saúde eram ridiculamente baratas, mas tendo em conta as condições que alguns deles oferecem e o facto de muitos utentes nem sequer terem médico certo, passar o pagamento para cinco euros é absurdo. Já nos hospitais, passar uma taxa que já não é barata (por agora desembolsamos na urgência nove euros e sessenta cêntimos, valor do qual não fazem parte os exames complementares que são sempre acrescentados à taxa moderadora) para o absurdo de vinte euros é surreal.

Sempre disse que as pessoas se queixavam muito relativamente às taxas moderadoras, mas também nunca achei que estas devessem simplesmente passar para o dobro. Contudo, há um aspecto que me parece ridículo e que mais uma vez me põe a pensar com ironia nos "erros" que alguns de nós cometemos. O senhor Ministro da Saúde diz, quase com orgulho, que as taxas sobem, mas que também aumenta o número de portugueses isentos ou dispensados do pagamento das ditas. Muito bem, então vamos lá ver se, de algum modo, encaixo na lista. Ora, grávida não estou; já passei dos doze anos há muito tempo; não posso dar sangue e ninguém liga nenhuma à minha doença crónica. Mas tudo bem, até concordo com estas isenções. E quanto às outras dispensas de pagamento de taxa moderadora? Aí é mais engraçado. Segundo um canal de televisão, ficarão dispensados, entre outros, alcoólicos e toxicodependentes. Portanto, eu esfalfo-me a trabalhar e pago, porém o senhor que resolve passar a vida a drogar-se não tem de pagar. Parece-me que, nas próximas vezes que tiver de ir ao médico, emborcarei três vodkas e cinco cervejas, a ver se não tenho de me chegar à frente com os cinco euros do centro de saúde ou os vinte do hospital.


Nota da autora: Estupidez a minha! Já percebi a ideia do Ministro: a subida para valores redondinhos deve-se exclusivamente à simpática necessidade de facilitar os trocos!

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