quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Ora, vamos lá à notícia parva do dia. Segundo consta, um encantador de cobras indiano fartou-se de esperar por uma resposta do governo ao pedido de cedência de terrenos para a abertura de um serpentário e dos pedidos de pagamentos "estranhos" por parte dos funcionários dos serviços. E como demonstrou ele a sua frustração? Com grande pompa e circunstância, deixem-me dizer-vos. Pois que o senhor encantador soltou umas dezenas de cobras ali mesmo, no meio da repartição.

Os funcionários não acharam muita piada e tentaram apanhar as bichas com sacos de plástico, coisa que eu nunca faria. Como, obviamente, o resultado não foi o mais feliz, as autoridades tiveram de ser chamadas e já foram recuperadas quase quarenta cobras. Contudo, como a cobra é bicho escorregadio e chato de apanhar, a polícia achou por bem contactar uns quantos encantadores de cobras para ajudarem a apanhar aquela bicheza toda.

Assim de repente ocorrem-me tantos disparates para dizer sobre esta notícia, mas não vou entrar por aí. Não se brinca com coisas sérias: já é chato o suficiente ser-se funcionário público para ainda se receber um tratamento viperino destes. Vai que a moda pega e que de cada vez que os senhores das Finanças ou de outro serviço nos fizerem ferver o sangue nós pumba: ratos para cima. Ratos, ou baratas, ou hienas, ou um leãozito esfomeado, ou uma vaca, que nisto o que vier à rede é peixe e não podemos armar-nos em esquisitos. Seria um gosto ir às Finanças e acabar por ter uma pequena visão do zoo.

Eu cá, pelo sim pelo não, passarei a andar com uma caixa cheia de sanguessugas à mão (transportam-se melhor do que as vacas, parece-me) e, quando alguém me der uma resposta burocrática do tipo «Menina, isso não é comigo: tem de comprar o impresso X e o Y e o Z e tirar uma senha para ser atendida pela minha colega que está de baixa, mas que ainda volta antes do Carnaval e, se for mesmo urgente, talvez consiga que alguém lhe trate do assunto na repartição de Cabeceiras de Basto antes do Dia de Reis», arrumo-lhe com as ditas para cima. Uma coisa é certa: nesse caso nenhum encantador lhes poderá valer!

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