segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

David Copperfield

Acabei, finalmente, o David Copperfield e posso dizer-vos que é um clássico verdadeiramente extraordinário. Foi uma leitura bem saboreada que no fim se transformou na memória de uma narrativa extremamente bem construída, sempre marcada por um humor carregado de ironia (ou não fosse o Charles Dickens britânico), na qual encontramos críticas a aspectos da sociedade (como o sistema judicial, o sistema educativo, o papel da mulher no casamento, entre outros) que ainda hoje são, como já disse, muito pertinentes. A personagem principal é muitíssimo interessante e ainda bem que assim é, porque todo o livro consiste num olhar retrospectivo que o próprio David Copperfield lança sobre a sua vida. Conta-nos tudo na primeira pessoa: desde o seu nascimento até ao momento da vida em que se encontra no que hoje chamaríamos de "meia-idade". Conhecemos as muitas personagens que constituem os seus conhecimentos, umas mais decisivas do que outras, umas mais positivas que outras, mas quase todas elas interessantes e inesquecíveis. Assistimos ao início da vida do protagonista com um nó na garganta ao mesmo tempo que sorrimos diante da sua capacidade para se abstrair das desgraças que lhe vão sucedendo. Aplaudi especialmente o momento em que, ainda criança, se refugia na leitura dos clássicos para escapar à tirania de quem o maltrata. Noutra ocasião, estas leituras serão uma valiosa moeda de troca que o transformam numa figura única no meio de tantas.

Termino esta leitura com aquela mistura sempre agradável de pena por concluir um grande livro, mas de satisfação por ter conhecido mais uma história brilhante. Aconselho a todos a leitura deste clássico, recentemente reeditado pela Relógio D'Água. Aliás, considerem-no como um excelente pedido a fazer ao Pai Natal. Pela minha parte posso garantir que entrou para o meu TOP 5!


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