terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Correcções

No âmbito do ensino, corrigir testes e trabalhos é mesmo a coisa mais chata de se fazer. Dar aulas é divertidíssimo e toda a gente devia experimentar uma vez na vida, mas corrigir trabalhos escritos é o terror. Normalmente tenho alguns hábitos em torno desta actividade chata como mais nenhuma. Uns são mais estranhos do que outros. Ora confirmem lá:

1. Só quando (como aconteceu hoje), sou obrigada a dar as notas de um dia para o outro, vejo os testes ou os trabalhos no mesmo dia em que foram feitos. De resto, é raríssimo começar a corrigir no mesmo dia. Não é superstição: é mesmo necessidade de me distanciar do momento da realização dos testes. Gosto assim, nada a fazer;

2. Não corrijo os testes na ordem pela qual os retiro do envelope: baralho-os primeiro;

3. Depois de os baralhar, coloco o de um bom aluno em primeiro lugar e começo por esse. Porquê? Por três razões: para não me enervar logo com o primeiro teste, para me ajudar a entrar naquela correcção e, de certa forma (embora, obviamente, tenha critérios de correcção), para estabelecer a fasquia. Claro que se o bom aluno se espalhar, fico logo possessa e azeda;

4. Raramente corrijo um teste inteiro antes de passar ao seguinte. Normalmente, a menos que esteja com muito pouco tempo, corrijo a mesma pergunta em todos os testes antes de passar à pergunta seguinte;

5. Só classifico os testes depois de todos estarem corrigidos: pode haver a necessidade de fazer alguns acertos no final das correcções;

6. Espalho comentários pelos testes e, alguns, acabam com verdadeiros testamentos escritos a vermelho;

7. Contrariamente ao que ingenuamente achava no estágio, nunca corrijo a outra cor que não o vermelho;

8. Uso uma esferográfica para corrigir testes e trabalhos de casa e uma caneta de tinta permanente para corrigir exames (sabe Deus porquê!);

9. Faço tantos riscos para «trancar» cada teste (evitar que o teste seja devolvido aos alunos com espaços em branco, de modo a precaver-me de falcatruas) que uma caneta vermelha raramente dura um período inteiro;

10. Nas turmas do ensino básico, coloco a classificação numérica e, abaixo dessa, a classificação por extenso (também para evitar falcatruas).

E é isto. Os meus dez mandamentos da correcção. Há mais uns quantos, claro. Os professores que lerem isto verão que os seus métodos poderão ser abissalmente diferentes. Isto de corrigir trabalhos é como tudo na vida: cada qual faz como quer, desde que não perca de vista a justiça que deve presidir a qualquer correcção.

1 comentário:

  1. Pois, Filha... Os meus mandamentos são um pouco diferentes dos seus. Eu começo logo a corrigir no próprio dia (nem fico descansado se não o faço). Costumo, também, ver os testes logo de uma ponta à outra. Por vezes também os baralho, mas coloco os testes dos bons alunos no fim: assim já sei que no fim do arco-íris está um piqueno pote supimpa pejadinho d'ouro. Também aprecio deixar comentários, especialmente quando vejo piquenas expressões em alemão lá escarchadas pelos discentes... E olhe: é isto. É bom sinal. Estamos vivos! Haja saúde que o resto logo se arranja.

    Saudações correctivas,
    Filho

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