quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O «Tomé»

Este ano achei que no Natal devia oferecer uma prenda a mim. Pensei que o presente seria um livro, mas enganei-me redondamente. Antes do Natal visitei, sem que nada o fizesse prever, uma pequena feira de artesanato perto do meu local de trabalho. Algumas artesãs vendiam as suas peças, que iam desde os cachecóis de lã até às clássicas bonecas de trapos. Enfim, um pequeno mundo de tecidos e cores dentro de uma tenda que parecia temer a chuva que o dia cinzento prometia. Foi nessa venda de Natal que vi uma peça de artesanato pela qual me apaixonei, não só por ser reveladora do talento da senhora simpaticíssima que a fez, mas também pela originalidade e ternura que revela. Num mundo de bonecas de plástico que parecem mais meretrizes de esquina do que outra coisa, ou de inúteis e omnipresentes aparelhos electrónicos, aquele boneco tão simples era encantador e de uma doçura notória. Foi por isto tudo que acabei por trazer o «Tomé» para casa. Ganhou nome ali mesmo, que sou criatura para baptizar tudo o que me rodeia. Contudo, sendo um presente para "mimzinha", achei por bem arranjar-lhe um saquinho bonito onde o embrulhar, dar-lhe um toque final muito catita com um laçarote amarelo e pô-lo debaixo da árvore. Surgiu, porém, um problema: as orelhas do bicho saíam do saco. Ainda lutei um pouco com elas, mas dei-me por vencida e foi assim que acabei com um saco fechado com duas orelhas bicudas a aparecerem num dos cantos.

Quero dar os parabéns à senhora-mãos-de-fada que fez este e outros bonecos tão encantadores e quero, ainda, parabenizar todos os artesãos que criam, diariamente, peças fantásticas e únicas que apetece sempre trazer para casa. Cada vez mais vemos surgirem novos tipos de artesanato e, melhor ainda, cada vez vemos gente mais jovem dedicar-se à agulha e ao dedal (ou a outros utensílios, conforme o que pretendem criar) para produzirem peças muitas vezes úteis e quase sempre lindíssimas. É bom ver que aos poucos voltamos a saberes antigos e que procuramos adaptá-los a coisas novas. Uma agenda pode ser completamente diferente se alguém com talento criar uma nova capa, uma nova bolsinha, um marcador de páginas ou uma série de outras coisas, utilizando as clássicas agulha e linha que as nossas avós tanto utilizaram. Quem me dera ter talento para essas coisas, mas acho, infelizmente, que não fui dotada com jeito para nada. Ainda tenho de me descobrir e oxalá venha de lá uma surpresa boa. Seja como for, espero um dia vir a aprender umas coisas sobre artesanato em tecido (o meu favorito). Venham os workshops!


«Tomé»: o burrinho cujas orelhas demonstram o estado de espírito (aqui estava tristonho, pois estão ligeiramente dobradas), carregando uma cenoura ao pescoço e um alforge no lombo.

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