domingo, 23 de junho de 2019

Coisas que não entendo VI

(Diálogo imaginado, mas bastante possível...)

- Então e que idade tem o menino?
- Tem 6 anos, vai fazer 7.
- Ah...

Não! Como??? Com 6 anos vai fazer 7? Eu julgava que isto das idades era aleatório e uma pessoa, vá, aos 15 podia acordar no dia de aniversário com 64. Afinal não é? Tiraram-me o tapete, meus caros, tiraram-me o tapete.

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Nota: A imagem saiu daqui.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

A Menina Quer Isto CXX

Ainda há poucos dias terminou a Feira do Livro de Lisboa (com uma safra MUITO produtiva) e já tenho mais dois na minha lista de livrinhos a ter. Um deles ainda não chegou às livrarias, e o outro já estava na Feira, mas com um preço assustador. São ambos da Tinta da China, onde fiz umas comprinhas aproveitando a promoção «Leve 4 pague 3». 

O autor de Quando a Penumbra Vem é Jaume Cabré, o mesmo de Eu Confesso, que é um dos melhores livros que já li. Neste caso temos treze histórias e em todas elas está presente a morte.

Quando a Penumbra Vem

O outro livro é o Cinco Travessias do Inferno, de Marta Gellhorn. Faz parte da coleção de viagens da Tinta da China e, neste volume, não se fala concretamente num destino como aconteceu em livros anteriores, sendo sim um «relato das minhas melhores viagens horrorosas». Quando alguém assume que as viagens de que vai falar foram horrorosas, a coisa promete.


Portanto, mais dois para a lista. E mais duas estantes, por favor. 

sexta-feira, 14 de junho de 2019

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert - o balanço

Wook.pt - A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert

Com uns dias de descanso para aproveitar, escolhi um livro mais leve para ler. Note-se que leve não diz respeito ao peso, já que o volume é uma verdadeira bisarma de quase 700 páginas. A ideia era mesmo a de ser entretida por um livro com uma história em que queremos mesmo, mas mesmo, correr para saber o final.

Bom, antes de mais, acho que todos se recordam da barulheira em torno deste livro há alguns anos, quando saiu. Foi um best seller, um campeão de vendas, foi a loucura. Acabei por comprá-lo nessa altura e tem estado a aguardar placidamente a sua vez.

A história é narrada por um escritor, Marcus Goldman (que, aparentemente, voltará a aparecer como personagem noutro livro do autor, O Livro dos Baltimore). A propósito de uma fase em que se encontra com a famosa crise da página em branco, visitará o seu antigo professor universitário e amigo Harry Quebert. Esta personagem é assim um mix de Rocky Balboa com Umberto Eco, por isso imaginem. Bom, devido a um acontecimento meio macabro, Goldman ver-se-á na obrigação de investigar o desaparecimento, 33 anos antes, da jovem Nola. A semelhança entre «Nola» e «Lola» não deve passar despercebida. Lembram-se da Lolita, de Nabokov? Tenho a sensação forte de que o autor deste livro quis que recordássemos essa menina, já que a Nola deste livro tem 15 anos e uma relação amorosa com Harry Quebert quando ele tem 34.

Nola, depois de uns meses de amor com o tal mentor de Goldman, desaparece misteriosamente. Durante 33 longos anos a sua cidade não saberá que destino teve. E tudo continuaria assim se Harry Quebert, já sexagenário, não se lembrasse de mandar plantar umas hortênsias no seu jardim. Os jardineiros, remexendo a terra, descobrem ossadas humanas e lá vai o respeitado professor passar uns dias à prisão. É por isso, para salvar a pele do amigo e também por precisar de uma história para contar, que Goldman se envolve até à alma na investigação do que realmente aconteceu a Nola três dezenas de anos antes.

Ora bem, na essência, é o costume. Rapariga desaparece, rapariga é encontrada morta, investigação, rapariga era uma safada, ai não, afinal era uma santa, fim. Porém, este livro parece aqueles comboios que param em todas as estações e apeadeiros e vão com uma lentidão desesperante por esse Portugal fora. Saímos desses comboios com a sensação de que passámos décadas lá dentro e com vontade de nos esbofetearmos por termos sequer comprado o maldito bilhete. Bem, estou a exagerar. O livro cumpre bem a missão de entretenimento (que era, recordo, o meu objectivo), mas tem dois defeitos: em primeiro lugar a acção desenrola-se com uma lentidão desesperante (o livro devia ter menos umas duzentas páginas para acabar com o flagrante enchimento de chouriço) e, depois, tem demasiadas reviravoltas. Dirão: mas isso não é mau, isso confere suspense ao livro. Sim, uma reviravolta sim. Mas três ou quatro cansam. Houve mais «culpados» pela morte de Nola do que portugueses a votar no CDS nas últimas eleições (bem, talvez não fosse assim tão difícil...).

Além desses dois defeitos que, mais do que entusiasmarem, aborreceram, há a questão do estilo. Todas as personagens falavam da mesma maneira. Fossem escritores consagrados, polícias de uma cidade pequena, meninas de 15 anos... Ouvir um era ouvi-los todos. E lá se vai a verosimilhança. Aliás: com tantos twists a verosimilhança já estava nas ruas da amargura. No final fiquei com a sensação de que o autor quis fazer uma coisa mesmo mesmo única, nunca vista, mas conseguiu tornar o livro um pouco mais ridículo. E pelo meio ainda tivemos o momento Cyrano de Bergerac, com uma personagem a escrever cartas de amor em nome de outra e a criar com isso uma enorme confusão. Ah, os clássicos...

Tudo isso empobreceu o livro, a meu ver. Podia ser um livro muito bom sem as reviravoltas a mais e se o autor se tivesse lembrado de que as pessoas não engoliram um dicionário, logo não falam todas da mesma forma. Assim, perdeu qualidade. No entanto, é um livro excelente para nos ocupar umas tardes porque, claro, queremos sempre saber o que aconteceu à jovem Nola. E é por isso que não o largamos. Mesmo quando nos parece que já é de mais, que já se está a exagerar muito, queremos saber o final e queremos saber se a nossa aposta é a correcta. Por isso continuamos e levamos o livro até à última página. No fim já é uma questão de honra.

Tenhamos, porém, em conta que o autor deste livro era jovem e ainda inexperiente nestas andanças quando o escreveu. Isso faz diferença. Talvez nos livros seguintes tenha tido mais cuidado com estas questões de estilo e de verosimilhança, que são importantíssimas, ou talvez não. A verdade é que vende imenso e muita gente adora o que escreve. Apesar de tudo, consegue deixar-nos com vontade de saber que fim terá a história e, portanto, é um livro que ocupa muito bem o nosso tempo.

Agora, o que me irritou realmente, o que me deixou louca de nervos foram as gralhas. Tantas! Mas ninguém revê os livros? Muita gente pode, ao contrário de mim, ter adorado os muitos twists da história. Depende de cada leitor. Mas duvido que algum tenha gostado de encontrar tantas gralhas num só livro. Letras trocadas, letras em falta, erros de concordância, enfim... Uma paródia! Bem sei que é preciso publicar muito e depressa, contudo, é necessário cuidado. Não existem livros sem gralhas, mas também não é preciso semeá-las página sim, página não. Fora tudo o resto que é da competência do autor e cuja apreciação depende do gosto e da experiência do leitor, isto foi o que verdadeiramente me irritou.

O balanço final é, portanto, este: óptimo para entreter, para espicaçar a curiosidade do leitor, mas cansativo porque quando parece que chegámos a um final (embora demasiado óbvio), eis que recomeça o virote outra vez. E torna-se a repetir o que já sabíamos, ainda que com uns acrescentos. É uma espécie de espiral, portanto. Às voltas, voltas, voltas, mas alargando um pouco mais o panorama, acrescentanto um pouco mais de informação. Todavia, voltarei a dar uma oportunidade ao autor. Vamos ver se entretanto mudou alguma coisa...

Nota: A imagem da capa saiu daqui.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Foi a Hora H - parte 2

Estive novamente na Hora H e a desgraça foi esta:


E as filas na Leya?! E os cestinhos cheios de livros que muitas pessoas tinham? E as pilhas enormes que algumas levavam em braços de tal modo que quase só se lhes via a testa? Uma maravilha!

Nota: As imagens saíram da página da Wook.




terça-feira, 11 de junho de 2019

A Feira do Livro em todo o lado

Já se contam os dias para o fim da Feira do Livro de Lisboa, que será no próximo domingo. Do que tenho visto, muita gente tem marcado presença neste evento que todos os anos anima o Parque Eduardo VII. Se fazem compras, isso já é outra história... 

Livros do dia, Hora H, promoções várias: são muitas as oportunidades para trazer para casa aquele livro que se queria, mas que não se encontrava ou cujo preço não era apetecível. Ora, isto é tudo muito bom, mas apenas para quem mora em Lisboa ou arredores ou quem, por acaso, está na capital por estes dias e pode deslocar-se à Feira. E para quem está longe não vai nada nada nada? 

Alguma coisa irá. Não é a Feira, que infelizmente não percorre o país, mas pelo menos duas editoras estão a dar oportunidade aos leitores de aproveitarem um bocadinho da Feira nos seus sites

A Tinta da China tem na sua página online uma vistosa publicidade aos seus livros do dia: até ao último minuto da Feira do Livro de Lisboa será possível comprar no site da editora qualquer um dos 95 títulos que foram sendo destacados como Livros do Dia ao longo da Feira. Isto é bom para quem não pode mesmo deslocar-se até lá, mas também para quem, tendo ido, não acertou nos dias em que os livros que queria estavam com um preço mais simpático. Portanto, os livros estão lá, com o mesmo desconto que tiveram na Feira e os portes são oferecidos pela editora. Vale a pena. 

A Relógio d'Água faz um desconto em todos os livros do seu catálogo que já tenham mais do que os 18 meses previstos na Lei do Preço Fixo. Vi esse anúncio no seu site logo nos primeiros dias da Feira. Infelizmente, vendo a página pelo telemóvel, não encontro o anúncio. Contudo, lembro-me de que para terem o desconto tinham de, na finalização da compra, escrever o código Feiradolivro. Fiz o teste com um livro com mais de 18 meses e resultou: o desconto foi aplicado. Acima de um determinado valor os portes são gratuitos e essa opção também surge na finalização da encomenda. Gostava de poder ser mais detalhada quanto a esta promoção, mas de facto não consigo ver o anúncio da mesma no telemóvel. De qualquer modo, vão ao site e experimentem. O código funciona, portanto passem o catálogo a pente fino e aproveitem a oportunidade. 

Gostaria de ver mais editoras enveredarem por este caminho. Em paralelo com a Feira darem a todos os leitores, de norte a sul do país, a possibilidade de aproveitarem ao menos uma parte do que o evento oferece. Pelo menos os livros do dia. Se não puderem aplicar todos os preços em vigor na Feira, que ao menos façam como a Tinta da China e disponibilizem essa possibilidade aos leitores. Seria muito bonito. 

Nota: Vi, depois de publicar este texto, que a Gradiva está também a fazer um desconto de 40% em todo o catálogo (apenas para livros com mais de 18 meses). Visitem a página da editora e vejam se alguma coisa vos agrada. 

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Dica para passar o feriado...

... segundo o Senhor Gato:

Nota: Cuidado, pois são necessários anos de preparação para conseguir relaxar desta maneira. O Senhor Gato é já veterano nisto: há cinco anos e meio que passa feriados (e basicamente todos os outros dias também. ..) enfiado em caixas. Se nunca experimentou, aconselhe-se com um especialista em contorcionismo antes de tentar encaixotar-se. Quando conseguir, o resultado final deve ser mais ou menos este:

Nota 2: Não tente igualar o Senhor Gato em beleza: é impossível. 

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A Menina Quer Isto CXIX

Wook.pt - Diz-Me Que És Minha

Eu sei, eu sei que não costumo ler thrillers, que opto normalmente por outros géneros e que uma coisa assim costuma estar distante dos meus hábitos de leitura. No entanto, este (acabadinho de sair) Diz-me que és minha parece-me bastante porreiro e fantástico para ocupar o tempo (e agora começam aqueles dias mais longos e de sol que pedem livros, livros e mais livros).

De acordo com a sinopse, a protagonista perde uma filha numa viagem de família e pensa tê-la reencontrado vinte anos mais tarde. No entanto, pode ou não ser ela, até porque todos julgam que a rapariga morreu no dia em que desapareceu. Stella, a mãe, vai iniciar uma busca pela verdade e vai tentar provar que não está louca, que é o que todos pensam sobre ela. A mim parece-me que tem tudo para estar, mas espero que os livro me elucide e, sobretudo, que me surpreenda. 

Este é o primeiro livro desta autora sueca, Elisabeth Norebäck, e parece-me promissor. Pela sinopse e pela capa, acho que vou mesmo dar-lhe uma oportunidade. Venha o livro, um dia livre e um gelado para acompanhar. 

Feira do Livro, aí vou eu...

Nota: A imagem saiu daqui.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Perdoai-lhes, Senhor!

No pavilhão da Guerra & Paz na Feira do Livro, uma jovem de uns vinte e poucos anos comentava com uma amiga que tinha lido um livro de Júlio Dinis de que não tinha gostado muito porque o português «é velho». E, mesmo assim, tinha gostado mais de ler A Morgadinha de Canaveses...

Wook.pt - A Morgadinha dos Canaviais

Nota: A imagem saiu daqui.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Foi a Hora H

Hoje, ao final do dia, fui com o moço à Feira do Livro. Assim foi a Hora H nos pavilhões da Leya:


Vi filas enormes para as caixas de pagamento. Isso deixa-me contente: gosto de ver as pessoas as comprarem livros, pois é sinal de que há leitores e de que há quem valorize os livros e a leitura. É bom para as editoras, mas é ainda melhor para quem tem o prazer de passar umas horas com uma boa história, longe de realidades mais comuns, entregue a um mundo de papel que até pode ser pior do que aquele em que vivemos, mas que é diferente e nos ensina sempre qualquer coisa. 

segunda-feira, 3 de junho de 2019

A obra que fica

Na sexta-feira passada, fiz a minha primeira (e até agora única) visita à Feira do Livro. No bolso levava uma lista, mas curiosamente afastei-me dela e deixei-a para segundas núpcias. É que vi em promoção dois livros com os quais andava curiosa e de uma autora que queria conhecer melhor: Agustina Bessa-Luís. Os livros foram A Sibila e Fanny Owen.

Agustina faleceu hoje e os portugueses desfazem-se em mensagens simpáticas por essas redes sociais fora. Que faleceu uma grande escritora, que a cultura ficou mais pobre, que a literatura lhe deve muito. A minha questão é: quantos dos que dizem estas coisas fizeram efectivamente a maior homenagem possível a um autor, lendo o que escreveu? Quantos conseguem chamar os livros de Agustina de obras fundamentais da literatura nacional porque realmente leram algum dos seus livros? E quantos chutam mensagens de pesar só porque é uma moda das redes sociais?

Seja como for, morreu Agustina, mas vivem os seus livros. E a obra é imensa, há muito por onde escolher. Queira-se ler e haverá muitas histórias para conhecer. Vamos, então, a elas, pois mais do que palavras soltas numa rede social, é com leituras que os escritores se homenageiam e se perpetuam.