Ouvi há pouco que cinco jovens marroquinos se imolaram pelo fogo em protesto pela falta de emprego principalmente no que aos jovens licenciados diz respeito. Não morreram, contudo ficaram (pelo menos alguns deles) gravemente feridos.
Eu percebo o desespero, percebo o que é ser jovem, pôr a mão em pala para ajudar a olhar à distância e não ver saídas. Conheço a sensação de pensar na vida e não ver oportunidades, de não imaginar quando se poderá iniciar uma vida mais independente da família, de olhar para os classificados e perguntar onde raio pararão os anúncios de emprego. Em suma: consigo pôr-me nos sapatos destes jovens e perceber o que sentem. Todavia, não consigo compreender em que medida o facto de atearem fogo a si próprios e de agora terem de conviver com ferimentos que muito provavelmente deixarão marcas os ajudará a conseguir um emprego. Se a ideia era agitar as consciências e chamar a atenção para o problema, não sei como foi no país deles, mas no nosso a notícia foi dada de forma muito rápida e sem que houvesse tempo para grandes reflexões.
Enfim, é de lamentar o beco sem saída em que nos encontramos, mas daí a desatarmos todos a oferecer-nos em sacrifício vai uma grande distância. É que não são, com certeza, as feridas causadas por uma atitude radical que nos vão trazer trabalho, por isso vamos lá a ter juízo.
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