quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Civismo

Hoje assisti a uma cena absolutamente inacreditável num autocarro da capital. Ora, estando ele já um pouco cheio, pára numa paragem onde entra uma quantidade significativa de pessoas. Ao lado de uma senhora idosa, junto à janela, havia um lugar vazio. Atrás desse lugar estava sentada uma senhora  e de pé, junto a esse lugar, estava uma conhecida dessa mesma senhora e iam alegremente conversando as duas (ambas com mais ou menos quarenta anos).

Entra na dita paragem uma mulher com a filha pequena pela mão. Dirige-se à senhora idosa que tinha o lugar vazio ao seu lado e pede-lhe licença para que a filha passe e se sente lá, junto à janela. Quando a primeira se desvia para deixar passar a pequenita, a senhora que ia de pé na conversa com a outra enfia-se por ali e senta-se ela no lugar vazio. A mãe, a filha e a idosa que se desviou ficaram incrédulas. Pensei: «pronto, vem aí tourada!». Mas não: a senhora que muito deselegantemente usurpou o lugar, manteve-se como se não fosse nada com ela, continuando a conversa em tom de peixeirada que vinha tendo com a que estava no lugar atrás desse; a idosa, coitada, nem abriu a boca para muito mais do que para um daqueles sorrisos de incredulidade próprios de uma situação como esta; por fim, a senhora que queria sentar a filha superou rapidamente o choque de tamanha falta de civismo e manteve-se de pé, segurando a criança pela mão.

Assisto a cenas destas quase todos os dias e não deixo de ficar indignada pela profunda falta de civismo que existe neste mundo. É muito fácil falar da pouca educação dos jovens e dizer que não respeitam ninguém, mas depois pouco se fala dos maus exemplos que os mais velhos dão a esses mesmos jovens. Estas coisas irritam-me sempre porque vejo, mais frequentemente, as pessoas de mais idade desrespeitarem os mais novos nos transportes públicos do que o contrário. Neste caso foi precisamente o que aconteceu. Felizmente, a criança era ainda demasiado jovem para se aperceber do mau exemplo e para se aborrecer com ele.

Sem comentários:

Enviar um comentário