quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Temor

Temo pelo momento em que a quantidade abissal de estupidez que aturo durante o dia comece a fazer-me mal a sério. E não, não estou a falar pelas criancinhas. Os pais e mães delas são bem piores. Os níveis de estupidez dos últimos dois dias são incrivelmente assustadores. Tivemos a ignorante que não tem vergonha de mostrar a sua burrice ao mundo: acha que o dinheiro que tem compensa isso. E tivemos a outra que foi discutir comigo o facto de só ter dado «bom» a um texto da filhinha dela, que, claro, merecia muito mais. Aliás, «mais» é mesmo a palavra correcta: a senhora QUERIA que a filha, que chorava que nem uma maluca, tivesse «bom +» e que a nota que lhe dei (recordo que foi um «bom») foi um enorme balde de água fria. 'Tadinha, que é capaz de lhe dar um ataque de malancolia à antiga por falta de um «mais». Até me explicou que a filha só não pontuou o poema porque foi à internet ver que alguns poetas, como Fernando Pessoa, também não pontuavam os seus poemas. Sobre isso, minha senhora, repito:
 
1 - O Fernando Pessoa podia tudo, mas a sua filha não;
 
2 - Comparar o que ela escreve ao que o Fernando Pessoa escreveu é assim como... nem sei dizer;
 
3 - Já ouvi desculpas melhores para explicar o facto de não se saber usar a pontuação de forma adequada;
 
4 - Vir bater-se por uma merda de um «mais» na nota da sua filha, atacando trabalhos de colegas dela que a senhora nem sequer leu é uma atitude mesmo reles;
 
5 - Eu não devia dar o «bom mais» para motivação e como prémio pelo esforço, como diz, porque o «bom» que ela teve... já foi como isso tudo;
 
6 - Emboscadas a professores não os fazem ter maior apreço pelos alunos filhos dos pais que o fazem: bem pelo contrário;
 
7 - Se sabe classificar tão bem, vá dar aulas por mim, ature as merdas que eu aturo e receba o que eu recebo;
 
8 - Voltando ao Fernando Pessoa... A sério? Mas quer mesmo comparar uma aluna do segundo ciclo com o Fernando Pessoa?
 
9 - Acha mesmo que o texto estava bom? E a parte em que a menina não sabe a diferença entre «crer» e «querer», também é para ter «bom mais»?
 
10 - Vá chatear o Camões e, de caminho, veja lá se ele também não usa pontuação.
 
PS. E, minha senhora, para sua informação, o caríssimo Fernandinho usa pontuação, sim. A sua menina, além de tudo, vê mal.

A Menina Quer Isto XXXVII

 
 
A menina esteve quase a comprar isto hoje. Mas quaaaaase. Acabou por ter discernimento suficiente para o deixar posto em sossego. No entanto, não deixa de estar debaixo de olho...
 
Nota: A imagem saiu da página da Wook, como bem se vê.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Do pedantismo

«O que marca o valor da cultura é o seu efeito sobre o carácter. De nada vale, se lhe não dá nobreza e força. Deve servir para a vida. O seu objectivo não é a beleza, mas o bem. Demasiadas vezes, como sabemos, a cultura dá origem à arrogância. Quem nunca viu o sorriso irónico do letrado ao corrigir uma citação errada, ou o aspecto magoado do conhecedor quando alguém elogia uma pintura que ele não aprova? Não há maior mérito em ter lido um milhar de livros do que em ter lavrado um milhar de campos. Não é maior mérito o ser capaz de chapar num quadro uma descrição correcta do que o ser capaz de descobrir o defeito de um automóvel avariado. Em cada um dos casos, trata-se de conhecimentos especializados. O banqueiro tem os seus conhecimentos, também; e como ele o artífice. É um preconceito tolo dos intelectuais o de que só os seus conhecimentos contam. A Verdade, o Bem e o Belo não são a recompensa dos que frequentaram escolas caras, roeram bibliotecas, frequentaram museus. O artista não tem desculpa quando se serve dos outros com condescendência. É louco se pensa que os seus conhecimentos são mais importantes do que os dos outros; imbecil, se não pode encontrar-se com eles de igual para igual.»

Somerset Maugham
 
 
Esta semana assisti em choque à discussão mais idiota do mundo. Tinha como ponto de partida um errozinho sintáctico numa frase em latim pronunciada pelo Papa quando renunciou ao cargo. O fim do mundo: o senhor, segundo percebi, fez uso de um caso errado a seguir a determinada preposição. Pânico. E agora? Já não o podemos mandar embora porque ele já renunciou, por isso só nos sobra a encomenda de um auto-de-fé para o nosso Bento XVI e a folha de papel em que tal erro viu a luz.
 
Ao ter conhecimento desta questão, não pude deixar de pensar no pedantismo que por vezes, e frequentemente «sem intenção», podemos exibir. É que há momentos em que não estamos, simplesmente, a ter discussões interessantes e enriquecedoras: estamos apenas a exibir gratuitamente o nosso «superior» conhecimento de matérias que, francamente, podem não interessar a ninguém. Atenção que não estou a dizer que o latim não interessa. Nada disso. Gosto demasiado da língua portuguesa para dizer que a que lhe deu origem não deve ser estudada ou respeitada. Simplesmente pareceu-me discussão vazia de utilidade e de sentido. Uau, o Papa enganou-se num discurso que ficará para a História por muitas razões que não o latim e um simples mortal deu pelo erro: rejubilemos.
 
Resolvi partilhar aqui este excerto de Somerset Maugham que, por um curioso acaso, li esta semana. Deixo-o porque me parece ilustrar na perfeição o que quero dizer. Muitas vezes assumimos que os nossos saberes valem mais do que todos os outros, que aquela preposição mal utilizada por lapso e uma vez sem exemplo passa um atestado de incompetência a alguém, que o facto de já termos lido este mundo e o outro nos torna imensamente melhores do que aqueles que menos leram. Contra mim falo que dias há em que não deixo de me chocar pelo desinteresse de alguns pelo que de melhor as letras já produziram e, sobre isso, teço comentários pouco simpáticos. Porém, também defendo que há quem tenha um desinteresse tal por todo e qualquer saber que é impossível não comentar, não reflectir sobre essa falta de curiosidade e não acabar a censurá-la. Agora, não sejamos mais papistas que o papa: o facto de sabermos o que muitos desconhecem não nos devia transformar em seres humanos mesquinhos e pedantes que buscam erros em tudo para depois mostrarmos ao mundo o nosso extraordinário conhecimento. Corrigir e explicar um erro é útil e creio que não ofende (embora a minha avó achasse que corrigir um adulto ficasse sempre mal). Assim como reflectir sobre a necessidade de se conhecerem determinados aspectos como a nossa língua, os clássicos da literatura, boa música, os melhores filmes, boa pintura e por aí fora. Aconselhar, sugerir, dar a conhecer, defender pontos de vista, expressar a nossa opinião sobre alguma coisa (desde que não nos armemos em génios imbatíveis) só pode ser bom. Porém, fazer alarido por coisinhas minúsculas e dar espectáculo sobre ela já é infantilidade.
 
Portanto o Papa esqueceu-se do ablativo. So what?

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Moribundo

Este blogue anda tão moribundo, credo.

Acabados de chegar

Dois anos e cinco meses depois da defesa da minha tese de mestrado, onde a leitura desta colecção me foi sugerida, resolvi começar a comprar os volumes que compõem as aventuras do Capitão Alatriste. Ao todo são sete livros da autoria de Arturo Pérez-Reverte e contam a história de um espadachim na corte espanhola do século XVII. Algumas personagens desta história tiveram real existência, como o seu amigo Francisco de Quevedo, o escritor. Ao que parece, a loucura por esta colecção no país vizinho é imensa desde que começou a ser publicada em 1996. Comecei com os três primeiros. Ainda faltam quatro.

 
Trouxe ainda para casa um livro sobre as explorações que levaram a trocas com novas culturas. Pioneiros é um livro que, quanto mais não seja, nos encanta pela capa. Na página da Wook podemos ler sobre ele o que se segue:
 
«A história épica das explorações do homem ao longo dos séculos.
A História tem duas grandes histórias para contar. A primeira é a história do longo processo pelo qual as culturas humanas divergiram- como se separaram e desenvolveram diferenças, na ignorância ou no desprezo de umas pelas outras. A segunda é o tema principal deste livro: uma história relativamente breve e recente da convergência, de como os grupos humanos voltaram a entrar em contacto, realizaram intercâmbios culturais, imitaram modos de vida e se tornaram de novo mais parecidos uns com os outros.
Felipe Fernández-Armesto oferece-nos neste livro a história épica dos encontros e desencontros das culturas, dos projectos e inovações, condimentada pelas paixões, glórias, fantasias e ambições que moveram os pioneiros.»



Nota: A ficha deste livro, bem como a sinopse que aqui deixei, podem ser vistas em http://www.wook.pt/ficha/pioneiros/a/id/203321

A perseguição

Na semana passada ouviu-se muito «Grândola Vila Morena» e foi bonito. Os portugueses conseguem arranjar sempre formas de protesto originais e que chamam a atenção ao pessoal lá de fora. Ultimamente andamos a fervilhar de ideias: ele é a canção da revolução, elas são as facturas em nome do Passos Coelho & amigos, ela é a perseguição ao Relvas pelos corredores...
 
Admito que esta última foi a que me arrancou a maior gargalhada. Se eu fosse estudante de uma universidade como deve ser e aquele senhor (senhor?) fosse lá lançar postas de pescada, quando todos sabem a moral que ele tem para falar numa instituição de ensino superior, também ficaria indignada. Aliás, acho que quem lhe marca estas intervenções para um lugar como o ISCTE está mesmo a pedi-las. Na altura falou-se sobre se não seria um protesto muito exagerado. Muitos consideraram que perseguir um ministro pelos corredores de uma universidade ultrapassa os limites. Tenho duas respostas: a primeira é que foi a maneira de conhecer realmente uma universidade por dentro; a segunda é que, para toda a gente com três centímetros de cérebro deste país (à excepção do nosso Pedrito, que anda meio cego e surdo), ele já deixou de ser ministro. Não se deu ao respeito, já não é respeitado. É a vidinha.

Quinta da Regaleira

Ontem fui com o meu moço à Quinta da Regaleira, em Sintra. Há ANOS que queria ir lá, mas, acreditem, nunca tínhamos ido porque... não arranjávamos lugar para estacionar. Isto aconteceu umas três vezes. Ontem lá conseguimos um lugar e fomos. Em jeito de balanço, ficam algumas conclusões a que cheguei:
 
1. Visitar a Quinta da Regaleira nesta altura do ano com botas de camurça é ingenuidade. Umas galochas teria sido mais apropriado. Não é que estivesse a chover, mas a parte subterrânea tem água e poças com fartura. Disso ninguém me avisou: descobri sozinha.
 
2. Visitar as grutas da Quinta da Regaleira sem uma lanterna é estúpido. Ponto. Estúpido. Ponto outra vez. Ora, a única luz que eu tinha era a de um telemóvel quase sem bateria, ou seja, nenhuma. Muitas vezes tive de tirar fotografias com flash para conseguir perceber onde ia pôr os pés no passo seguinte. Sim, minha gente, é escuro. Há partes com um trilho de luz, mas há muitas em que não se vê um palmo à frente do nariz. Resultado: assustei-me, dei um valente berro e assustei umas senhoras alemãs que por lá andavam às escuras também.
 
3. Ninguém vos avisa destas coisas à entrada, por isso aproveitem estes meus conselhos.
 
4. A quinta é muito, muito, muito bonita e vale bem a pena. A casa, por dentro, já não é tão interessante quanto esperava, mas há lá uma sala que julgo estar com uma exposição temporária que é fenomenal. O chão parece estar suspenso, a sala quase às escuras e há livros do chão ao tecto. Uma maravilha!
 
É, por isso, um excelente passeio. Se o fizerem por esta altura, agasalhem-se bem que a serra de Sintra não é para brincadeiras. E saibam que vão subir e descer muitos degraus. E que vão chapinhar nas grutas. E que, tão cedo, não se vão esquecer daquele lugar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Terminado e aprovado

Hoje terminei o livro N. 44, Um Estranho Misterioso, de Mark Twain, e deixem-me dizer-vos que o senhor era um grandessíssimo alucinado. O início do romance é do mais apelativo que já tenho lido. A mim, que sou muito desapegada daquilo que leio, foi-me difícil pousar o livro nos primeiros, talvez, catorze capítulos. Depois percebe-se, e a tradutora também no-lo vai dizendo, que o autor andou ali um bocado arredado do texto e que, quando lhe pegou, já era uma pessoa diferente, não tendo sido capaz de manter o mesmo registo. Diz-nos a tradutora, Margarida Vale Gato, que enquanto escrevia o livro, Twain teve de parar o seu trabalho para acompanhar a esposa durante a sua doença e morte. Assim, ao voltar à escrita, terá continuado o texto sem, contudo, ter conseguido evitar a estranheza que causa no leitor aquela mudança na narração que a torna, de repente, menos risível, mais séria e mais profunda. 

O livro coloca-nos perante a questão do "estranho" que chega e abala toda uma comunidade. Mais: põe-nos diante dos olhos a estranheza de algumas das crenças que mantemos em Deus e uns nos outros. Também por esse aspecto é uma leitura que vale a pena. Importa ainda referir que este livro tem momentos de humor fabulosos, como quando, logo ao início, um padre mau como as cobras faz a folha ao próprio diabo, dando deste último a imagem de um inocente fácil de enganar. É livro capaz de arrancar umas valentes risadas e de, ao mesmo tempo, levar-nos a considerar as nossas crenças como muito induzidas e pouco pensadas. Aconselho vivamente.

Cromices

Há maluqueiras que não passam com a idade e certas brincadeiras e colecções servem bem de exemplo. 

Andava já há bastante tempo, anos mesmo, a resmungar que sentia saudades de completar uma caderneta de cromos. Arrependi-me de não fazer a colecção do Harry Potter, que saiu há uns anos. Neste Natal, além de outras coisas, ofereci a caderneta de cromos dos Angry Birds ao meu moço. Mas ele reclamou que não teria ninguém com quem trocar os cromos repetidos. E pronto: eis a desculpa de que precisava para voltar a esse entretenimento tão simpático que eram as cadernetas de cromos. 

Tudo ia bem até começar a perceber que havia saquetas inteiras repetidas e que existem cromos que saem em praticamente todas as saquetas. Julgo, portanto, que estou a pontos de dar uma fisgada nos Angry Birds de modo a mandá-los para longe. Contudo, há umas semanas saiu uma caderneta com um jornal e é a última novidade nisto das "cromices". A colecção é sobre animais, a caderneta é gira como tudo e as minhas alunas andam, também, a completá-la. Colei hoje os primeiros cromos e, por enquanto  ainda não tenho para troca, mas já avisei as meninas de que em breve teremos sessões de trocas de cromos no final das aulas.

E pensar que vou a caminho dos trinta anos...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Chicos espertos

Adoro pais que vão para as reuniões contestar as notas dos filhos, fazendo comparações com as notas dos colegas. Por favor, senhores, mais juízo: se se acham assim tão professores que se sentem capazes de "dar notas" aos vossos meninos, aproveitem e dêem-lhes aulas, 'ta bem?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Apetece-me chicotear-me...

...quando penso que nunca comprei e li este livro e que agora a editora faliu, portanto a minha tarefa é quase impossível. Tenho todos os diários de Adrian Mole, só me falta mesmo este, o último, em que ele já é adulto e pai de filhos. Bolas... É o típico não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.
 
 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Da estranheza

Faz na próxima terça-feira um mês que a minha avó nos deixou e ainda me parece mentira. Todos os domingos, dia da semana em que a minha mãe lhe ligava sempre para saber se estava bem, dou por mim a quase abrir a boca para perguntar o que sempre perguntava:
 
- Já telefonaste à avó?
 
Todos os domingos tem sido isto. Ainda há pouco aconteceu o mesmo. Vivi a minha vida toda com a presença, ainda que quase sempre distante, daquela pessoa. E agora ela não está. Já não se faz o costumeiro telefonema ao domingo, já não lhe procuramos a voz. O telefone dela já não toca porque ela já não está para o atender.
 
Passou quase um mês e ainda parece um sonho mau. De vez em quando vem-me a imagem dela à memória e, logo de seguida, o balde de água fria da sua ausência. Sabia lá eu que isto ia custar tanto...

Sábado

Este sábado foi de passeio e de comemoração. Começou comigo a ter de esclarecer um encarregado de educação enfurecido e indignado pelo facto de o teste que dei à turma da filha ter sido mais difícil do que o último e porque a queridinha teve negativa. A culpa, claro, não é da fofinha, mas sim minha que tornei tudo mais complexo e traumatizei a criança. Pois. É isso é. Faz de conta que eu tenho as costas largas. O facto de a menina estar a aprender coisas novas e de ir avançando nos níveis de ensino pelos vistos não explica que os testes estejam a ficar mais difíceis. E o facto de muita gente ter tido boa nota com um teste supostamente difícil também não deve ser prova de que apenas exigi aquilo que os alunos deviam saber e nada mais do que isso... Que sorte a minha, a de ser professora numa época em que os pais é que sabem aquilo que eu devo sujeitar a teste ou não e em que eles exigem testes mais fáceis (curiosamente o último foi mais fácil e a menina teve negativa na mesma...).
 
Mas adiante. Depois foi o regresso à Feira da Ladra. De lá vieram uns livros velhotes e uma encomenda que me aguardava há três semanas: o livro O Sino da Islândia (a metade do preço, diga-se).

 
Depois de um belo almocinho na Portugália, eis a ida à Fnac para gastar um vale que afinal ficou na carteira. Em promoção estavam estes dois e vieram comigo:
 
 
E ao chegar a casa, esperavam-me estes meninos (cortesia da mamã):
 
 
Porém, como a vida não são só passeios, livros e coisas doces, acabei o dia a preparar aulas e a corrigir testes. Felizmente não tive de dar mais nenhuma negativa, pelo que espero não ter encarregados de educação em fúria nos próximos tempos.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Mas que raio?

Porque é que raio a lista de blogues que sigo e os meus seguidores desapareceram da parte lateral do blogue e passaram para o fundinho de tudo? Eu não pedi nada disto e nas definições está outra coisa. Olha que porcaria, han?...

(A)Normalidades de outros tempos

Além do livro do Mark Twain que ando a ler (genial), comecei, também, a ler este Amor e Sexo no Tempo de Salazar, de Isabel Freire. Vou no segundo capítulo e, mesmo já sabendo umas coisas sobre esta época da nossa história, ando de boca escancarada devido ao choque que sinto pela quantidade de coisas que nem consigo imaginar e que eram a normalidade da época. O lugar da mulher na sociedade era tão anuladinho, coitadinho, que é uma revolta constante. Imaginar aquele Portugal, que não foi assim há tanto tempo quanto possa parecer, é coisa que custa. Saber, então, como funcionavam as relações amorosas nessa época e a forma como a vontade da mulher era menos do que nada é um terror. Mas, enfim, é com o conhecimento do passado que melhor se pode olhar o presente e o futuro, por isso aí vou eu continuar a leitura. O meu queixo andará pelo chão durante mais uns tempos.


Notinha: A imagem foi retirada da página da Wook que avisa que o livro está indisponível. A editora é a Esfera dos Livros.

Não entendo que caminho fizemos até aqui

E o que me choca perceber que alunos meus, com doze ou treze anos, ainda não sabem dizer a sua morada? Pergunta-se-lhes em que rua moram e o código postal e nada. Ficam a olhar para mim. Hoje aconteceu isso e às tantas irritei-me. Disse-lhes que sei a minha morada desde os cinco anos e que não entendo como gente com mais de uma década de vida, alguns a frequentar o 3.º ciclo de escolaridade, é incapaz de dizer o nome de uma rua, o número de uma porta e um código postal de quatro dígitos (já nem me atrevo a pedir os três números extra). Se estes miúdos se perderem em algum lado, coitados.
 
Ninguém me tira da cabeça que andamos a estupidificar os miúdos e a transformá-los em eternas criancinhas pequeninas incapazes de serem autónomas em coisas básicas. Saber a morada é como saber atar os sapatos: aprende-se desde cedo e dá muito jeito. É, por isso, importante que saibamos mostrar aos miúdos a importância destas coisas e explicar-lhes que não é um conhecimento tão descabido como muitos deles pensam. Os pais não estão sempre lá para os filhos: é impossível. Por isso dá jeito que, desde cedo, os vão ensinando a ser autónomos e a serem capazes de fazer coisas que... todos nós, com a idade deles, nos sentíamos na obrigação de saber fazer. Caramba, não entendo mesmo como chegámos a isto!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

"Você"

Não é irritante ver adultos a tratarem as crianças por "você"? É que além de ser um tratamento horrendo, é ridículo usá-lo com os filhos ou os netos. Antes do Carnaval assisti à belíssima cena de uma mãe a dirigir-se dessa forma à filha, uma menina que não teria mais de nove anos.

Não sei por que razão existe quem faça isto nem o que lhes passa pela cabeça para o fazerem, mas é coisa que não faz qualquer sentido. Mais ainda quando depois me cabe a mim e aos outros professores explicar aos meninos que não se deve tratar ninguém por "você" e que fazê-lo é uma enorme falta de educação.

Acabadinhos de chegar

Acabadinhos de chegar da Wook e com um belíssimo desconto. Haja tempo para ler tudo...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Frivolidades

Para mim, que sou criatura pouco dada a gastar dinheiro com cremes, perfumes e coisas afins, estourar mais de cinco dezenas de euros nestas duas ridículas caixinhas é coisa para provocar lágrimas de sofrimento e de desespero. Felizmente, ambos os produtos duram-me mais de um ano, o que leva a que, feitas as contas ao mês, isto acabe por ser uma ninharia. No entanto, a Sephora ainda não permite pagamentos mensais (e mesmo que permitisse...), por isso tenho de me aguentar e sofrer tudo de uma vez só.

Uso esta base há anos e adoro-a, não a troco por nada deste mundo. Vale bem o dinheiro que por ela dou e, acreditem, dura que é uma loucura. Quanto ao "BB cream", uso-o desde 2010 e também nos temos dado muito bem. Julgava que fosse coisa para durar um mês, mas enganei-me: uma bisnaguinha aguenta sensivelmente o mesmo que um frasquinho de base. Coloco-o antes de "fond de teint" e é a única forma de conseguir ter bom aspecto. Juro.

Felizmente, e voltando a chorar os meus tostões, consegui aproveitar a promoção do Dia dos Namorados (comprando um presente para mim, reparem bem) e ter vinte por cento de desconto. Yupi!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Mark Twain

Bem sei que ontem tinha anunciado o início da leitura de Amesterdão, mas valores mais altos se levantaram. Comecei, sim, o livro N. 44, Um Estranho Misterioso, de Mark Twain. Já me arrancou uma jeitosa gargalhada com a parte em que o Diabo é enganado pela astúcia de um prior mau como as cobras. Até agora estou a adorar, mas cheira-me que vou precisar de um livrinho de História para acompanhar, que já nem estou habituada a andar a ler só uma coisa.




Notinha: Como bem se vê, a imagem saiu da página da Wook.

O terror voltou

Sim, isto já existe. Que bom: primeiro os três terrores sobre a pseudo-pura que se mete com o lobo mau e agora o manual de instruções para todas podermos ser umas Anastaciazinhas em potência. Ou é isso ou é uma forma de o dinheiro que tem vindo a cair com a trilogia não abrandar. Aposto mais nesta última hipótese...

Notinha: A imagem saiu da página da Wook.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

A enormidade

«Xeque ordena burcas para bebés

Abdullah Daoud, um chefe religioso saudita, não tem dúvidas: uma das formas de parar os abusos contra bebés do sexo feminino é vestir-lhes burcas. O discurso, sob a forma de fatwa, ou édito religioso, foi feito num canal local de TV e está no YouTube. É polémico: outro xeque saudita afirmou que a proposta insulta o islão.»

in Sábado, n.º 458, 7 a 13 de fevereiro
 
 
Tanto que se poderia dizer sobre estas singelas linhas. Mas tanto. No entando, perante a enormidade da peregrina ideia só sobra a revolta e a descrença num mundo melhor. Nunca poderá ser um mundo melhor enquanto alguém achar que a única maneira de travar selvagens que merecem a morte seja tapando bebés dos pés à cabeça. Sim, é capaz de os bebés do sexo feminino serem demasiado sensuais. O problema não está em quem abusa deles, mas sim nos taradões dos bebés que se mostram muito... Caramba, que estupidez revoltante!
 
 
Adendinha: Então e para mudar a fralda, como se faz? Num quarto trancado e às escuras?

sábado, 9 de fevereiro de 2013

A Menina Quer Isto XXXVI

A menina viu isto ontem e é tão fresquinho, tão fresquinho que ainda está quente. O preço considerável fê-la deixá-lo lá, mas que ele há-de vir a mudar-se para ao pé da menina, disso não há dúvidas...

 
Nota: Hoje, Domingo, afirmo que este livro já mora cá em casa...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Acho lindo...

...quando vejo uma folha de tamanho A4 colada numa janela de um terceiro ou quarto andar e onde está escrito em letra de tamanho dezasseis qualquer coisa como «aluga-se» ou «vende-se» e, por baixo, um número de telefone. Será que quem cola aquilo acredita que alguém consegue, da rua, ler aquelas formiguinhas? Nem eu, que vejo bem, consigo decifrar o que está naquelas folhas. É capaz de ser a pior estratégia de venda (ou de arrendamento) que já vi, mas parece ter virado moda aqui para estes lados.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A negligente

Perante as muito frequentes asneiradas que uma colega do oitavo ano diz, um aluno do sétimo, com um ar muito sério, afirma:

- A A. é a pessoa mais negligente que conheço.

Eu pergunto:

- Negligente??!

Ele:

- Sim: negligente. Para não dizer burra.

Ora, isto do "negligente" chegou aos ouvidos da dita menina que, escandalizada, berra:

- Eu não sou isso que os médicos são!!!

Gentes, se eles não me enlouquecerem, é oficial: nada enlouquece!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A "geração euromilhões"

Aluno que é aluno não lê enunciados. Isso é coisa para betinhos e meninas da professora. Aluno que é aluno chega ao teste e desenrasca-se. Querem exemplos? Cá vai o melhor: aluno que é aluno vê um quadrado ou um rectângulo em branco no enunciado de um teste e assume o quê? Que o mesmo serve para pôr uma cruz. A isto chamo de "síndrome de euromilhões". Para boa parte dos alunos destes tempos, quadrados combinam com cruzes e quem disser o contrário é totó. Ponto.

Portanto eu não passo de uma reles totó que, num teste, usa quadrados e rectângulos em branco para que lá seja espremida uma função sintática, um tempo verbal ou, na loucura, uma subclasse de palavras. Faz sentido: eu já sou demasiado velha para fazer parte desta "geração euromilhões" e, no meu tempo, ainda existia esse terrível hábito muito choninhas de se lerem atentamente os enunciados...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Palhaçadas

Tenho uma aluna que nunca faz os trabalhos que eu mando. Faz sempre outros bem diferentes daqueles que pedi. Se lhe peço para conjugar três verbos, conjuga um que nem estava na lista dos que lhe pedira. Se mando escrever um texto de quinze linhas, escreve um de dez e puxa do argumento típico e que já me cansa: "a mãe disse para eu fazer assim". Da primeira vez ainda tive alguma paciência, mas depois disso esgotou-se. Agora, quando aparece com uma coisa diferente aquela que mandei e argumenta que fez como a mãe mandou, aponto que não fez o trabalho de casa que é para ver se ela e a mãe (que provavelmente até nem diz nada) aprendem.

No outro dia vi-lhe o caderno. Tinha as lições abertas, porém não escrevia a data em nenhuma. Deixei-lhe uma notinha a dar conta da necessidade de incluir a data das lições. Depois de ler o que eu escrevi, vem ter comigo e diz, meio embaraçada:

- Eu nunca escrevo as datas...

- Pois não, M. Mas tens de as escrever. Eu quando abro as lições no quadro, também as escrevo com data.

-Sim... Mas a minha mãe disse para eu fazer assim.

Palavra que tive de respirar fundo. Expliquei-lhe que ela tinha de fazer como eu faço e perguntei-lhe como seria se eu a mandasse estudar a lição do dia "tal". A miúda encolheu-se num tal embaraço que acabou por dizer:

- Pois é... Tenho de começar a abrir as lições, não é?

- Tens.

Neste caso não sei se é mesmo a mãe que diz alguma coisa ou se é apenas a miúda que a usa como desculpa para todos os disparates que faz. Infelizmente até os mais pequeninos já perceberam que numa escola o argumento "pais" vale muito. Mas a mim não me interessa: ou faz como eu digo ou tem a nota de quem não fez. A mãe, se quiser as coisas à maneira dela, meta-se na faculdade e faça o curso que me habilitou profissionalmente a aturar estas palhaçadas todas.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Mais dois

Pronto: vamos acrescentar mais estes dois à lista de volumes cá de casa. Agora que estou a ler a biografia do filho, resolvi comprar a da mãe. Quanto ao livro do João Tordo, mudou-se para aqui devido a uma promoção da Fnac. A propósito, hoje saiu uma entrevista deste autor no jornal I.





sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tempo para balanços

Balanço do mês de Janeiro: mau, muito mau. Aliás: péssimo. Foi um terror de mês. Fevereiro começou com uma enorme dor nas costas e comigo a parecer uma pessoa de cento e setenta anos com ossos feitos de ferro oxidado. É oficial: 2013 promete...
 
Notinha: Não tenho lido blogues, mal tenho passado por aqui. Ultimamente tenho tão pouco para dizer que vos poupo o trabalho de lerem coisas que não interessam. Sorry...