quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A verdade numa t-shirt


Os fãs de Harry Potter vão perceber esta t-shirt. Os amantes de gatos Bosques da Noruega também. A página de Facebook “Cat Lovers” vende esta t-shirt e eu quase me sinto tentada a mandar vir uma, não fosse a ideia de que provavelmente pareceria demasiado imbecil com ela vestida.

Agora, que é facto, é: se eu tivesse um Patronus (coisa que nunca desenvolvi muito nas minhas aulas de Defesa Contra as Artes Negras, diga-se), seria com certeza um Bosques da Noruega, daqueles bem farfalhudos e cheios de nós no pêlo porque recusam-se a deixarem-se escovar (há um exemplar desses aos pinotes ao meu lado neste momento e cada pulinho corresponde a mais um nó, que o bicho fá-los só de respirar). E eu ficaria deliciada ao vê-lo sair da minha varinha. Depois de mandar o Dementor embora, aproveitaria para lançar-lhe um feitiço ao pêlo que lho deixasse todo penteadinho.  Ao gato, não ao Dementor, que me parece coisa pouco farfalhuda. Enfim, toda uma lógica muito bem pensada.

E pensando bem, talvez peça a t-shirt pelo Natal...

Outro aviso à população

Pasmem-se, pois acabei de ficar a saber que a RTP está a gravar uma temporada do seu próprio Ministério do Tempo. A primeira temportada terá quinze episódios e uma das actrizes será Filomena Cautela.

Esperemos que esta adaptação de um formato espanhol corra melhor do que a versão portuguesa do Cuéntame, que foi boa enquanto durou, mas que acabou abruptamente sem um final à altura (basicamente imitámos o que pudemos da série espanhola, mas a seguir ao 25 de Abril havia que caminhar sozinho e, infelizmente, a série terminou por ali, com um dos filhos da família a ficar esquecido na guerra colonial...). 

Aviso à população

A todos os que se interessam pelas produções da TVE importará o seguinte aviso: pelo que percebi do site do canal espanhol, o filme La Corona Partida só estará disponível online até ao dia 13 de Dezembro. Assim, é melhor não adiarmos muito a decisão de ver o que aconteceu depois da morte de Isabel, ou correremos o risco de voltar a ficar a ver navios. Eu vou tentar despachar a coisa hoje.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A Menina Sugere Isto XXVI

Agora peguei a sugerir coisas e já não paro. Hoje é uma coisa doce que adoro e que, dentro do género, é aquela que me aquece o coração:


Não sei se já tiveram oportunidade de provar as compotas da marca Casa da Prisca, mas se ainda não o fizeram, façam-no e comecem pela de pêssego. É só a melhor do mundo (para mim, claro)! Confesso que não sou nada adepta deste tipo de produtos, mas gosto muito deste para acompanhar queijo. Uma tosta com queijo e um pouco desta compota é assim mais ou menos como ir ao céu e voltar (mas só quando a tosta acaba). Não provei muitos outros sabores porque sou uma criatura fiel e quando gosto, gosto tanto que não troco por mais nada. Aconteceu com este doce e acho que vou ser-lhe fiel, amá-lo e respeitá-lo por todos os dias da minha vida. Note-se que esta compota tem pequenos cubos de pêssego que a tornam ainda mais maravilhosa. Ponham-na em cima de uma fatia de queijo e delirem. Estou a considerar comprar uma palete de frascos destes e hibernar com eles cá em casa.

Senhores da Casa da Prisca, tomei a liberdade de tirar esta foto da vossa página online. Desculpem-me o atrevimento, mas acho que é por uma boa causa. E já agora: longa vida ao vosso doce de pêssego que é ultra BOM!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A Menina Sugere Isto XXV

Já teci inúmeros elogios às séries da TVE. Comecei a adorá-las com a série Isabel, depois viciei-me  irremediavelmente em Cuéntame, depois em Carlos, Rey Emperador e agora que comecei a ver Ministerio del Tiempo... o vício continuou. Esta última é a série que venho sugerir-vos.

Estão a ver aqueles dias de inverno em que não apetece fazer nada, pensar em nada, ver apenas qualquer coisa que nos entretenha do início ao fim? Pois bem, Ministerio del Tiempo é a série ideal para isso. E se, juntando a isto tudo, gostarem de História então é perfeito!

O enredo é este: Espanha tem um segredo de Estado que consiste na existência do Ministério do Tempo. Este Ministério tem a seu cargo uma série de portas que permitem viajar até ao passado. Mas não pensem que a ideia é andar a saltitar cá e lá só porque se pode. As portas existem, mas são para ser utilizadas quando de alguma maneira alguém está, no passado, a tentar alterar o presente. Para controlar isto tudo, o Ministério recruta pessoal nas várias épocas para estar atento a estas tentativas e, quando de facto se verifica que alguém está prestes a mexer nos fios da História de modo a alterá-la e, assim, modificar o presente, uma outra equipa ministerial é enviada à época histórica em questão.

A equipa enviada é geralmente composta por dois homens e uma mulher. Um dos homens foi recrutado na nossa época depois de, basicamente, perder tudo o que lhe importava na vida; o outro é uma espécie de Capitão Alatriste, recrutado no Século de Ouro espanhol e quando estava prestes a ser enforcado; a mulher foi convidada a trabalhar para o Ministério do Tempo no século XIX, depois de ser uma das primeiras mulheres a frequentar a universidade em Espanha. À excepção do primeiro, que sendo da nossa época até pode ir de metro para casa, os outros vão dormir à sua época, mas depois “pegam ao serviço” na nossa e esperam por novas ocorrências e para ver para onde serão enviados dessa vez.

Já vi três episódios. No primeiro, uns tipos das tropas de Napoleão foram avisados de uma porta para o futuro, vieram cá saber como tinha acabado a campanha napoleónica em Espanha para depois regressarem ao seu tempo e tentarem alterar a História; no segundo é toda a obra de Lope de Vega que está em perigo se ele embarcar num navio da Invencível Armada que não aquele em que de facto viajou; no terceiro são os Nazis que vão tentar alterar o rumo dos acontecimentos, recorrendo a uma porta que existiria em Barcelona. 

Uma coisa que a série tem, além da componente de entretenimento que é inegável, é um sentido de humor brilhante. Quando um dos funcionários do Ministério diz à sua colega do século XIX (mas  que está bastante embeiçada por Lope de Vega quando viaja ao século XVI), que se ela engravidar gostará de a ver dizer que o pai da criança é Lope de Vega, explicando-lhe que se for na época dela a encerram num convento e que na dele (nossa) num manicómio, julguei qe caía da cama de tanto rir. Imaginei chegar agora aqui alguém a dizer que está grávida do nosso Camões. Era bonito.

Por isso, meus caros, já sabem que as séries da TVE não desiludem e o melhor é que estão completinhas online. Ainda ajuda a treinar o espanhol! Podem encontrar a série aqui. Divirtam-se!


domingo, 27 de novembro de 2016

Descobertas tardias

Foi preciso viver trinta e um anos para descobrir que, afinal, gosto de requeijão. Sempre foi algo que nunca julguei possível, mas eis que a realidade ultrapassa à grande aquilo que achava e deixava de achar.

Pergunto-me de que mais virei a descobrir que gosto. A vocês também acontecem estas descobertas tardias? Olhem que eu via o requeijão e até me encolhia com o aspecto daquilo. Foi um milagre, portanto.

sábado, 26 de novembro de 2016

80 anos da Guerra Civil Espanhola

Este ano assinalou-se a passagem de oito décadas sobre o início da Guerra Civil Espanhola. Oitenta anos desde que começou um conflito ao estilo do século XX, que deixou um rasto de destruição no país vizinho, um número de mortos que ronda os dois milhões, sendo que muitos deles repousam ainda em valas comuns de onde nunca serão resgatados. Isso aconteceu aqui ao lado, no país onde vamos animadamente comprar caramelos como quem vai ao virar da esquina. Não aconteceu na outra ponta do mundo: foi mesmo aqui ao lado, o que torna ainda mais assustadoras as proporções que tomou e as consequências que teve. De um lado Republicanos, do outro Nacionalistas, ambos ajudados por forças estrangeiras, com muito “jogo sujo” pelo meio (ou não se tratasse de uma guerra...), o conflito durou três anos e acabou como todos sabemos: com a instauração do regime franquista que só chegou ao fim três anos depois da nossa própria revolução (o regime sobreviveu ainda à morte de Francisco Franco em 1975, mas acabou por chegar ao fim em 1977 após um referendo realizado no final do ano anterior). 

Pelo caminho, além dos muitos mortos e da dureza de uma vida em guerra, ficaram todos os que tiveram de aprender a conviver com o medo, com um regime totalitário que procurava que todos seguissem cegamente o “caudillo”, como se de um modelo de pai perfeito se tratasse. Ao mesmo tempo, nós por cá vivíamos também com um “paizinho” de vozinha fina que governava Portugal com mão de ferro e que, não criando no nosso território uma guerra civil como a espanhola, promoveu a terrível Guerra Colonial que nós, gerações mais jovens, não podemos sequer imaginar.

Quem viu as primeiras temporadas da série espanhola Cuentáme Cómo Pasó ficou com uma pálida ideia do medo que se enraizou em quem viveu a Guerra Civil Espanhola. Na série, a avó Hermínia repete várias vezes que as coisas parecem caminhar novamente para o “36”, referindo-se ao ano em que tudo começou, com a enorme violência com que começou, deixando cadáveres por todo o lado, igrejas queimadas, membros do clero assassinados... Enfim, a avó Hermínia deixa, pela breve referência, ideia do trauma que ficou em quem assistiu àquela luta feroz entre os que queriam que a República se mantivesse e que o Estado se separasse inequivocamente da religião católica e os outros, o que queriam uma Espanha religiosa e pouco liberal como lhe estaria no sangue (ou não fossem de lá os Reis Católicos que, se foram muito inovadores em algumas medidas, também foram altamente cruéis em nome da religião). 

Nessa mesma série, que chegará no próximo ano à décima oitava temporada, há uns episódios aos quais não se fica indiferente: aqueles em que o pai da família Alcántara descobre, numa vala comum, o cadáver do seu pai, fuzilado durante a Guerra Civil e identificado devido à particularidade de utilizar um olho de vidro. Tendo passado uma vida inteira a deixar flores numa campa com uma lápide com o nome do pai, percebe que afinal aquele homem jazia ainda no meio de um descampado, juntamente com outro corpo, vítima da mesma guerra. No fim, procura dar-lhe uma cerimónia fúnebre com a qual possa sentir-se em paz consigo mesmo, já que mais não poderá ter, uma vez que o pai foi fuzilado ainda durante a sua infância.

Séries como Cuéntame, de que já falei tanto neste blogue e que continuo a aconselhar vivamente, não só pelo entretenimento que proporciona, mas também e sobretudo pelo muito que nos ensina sobre o país vizinho, mas também livros como o Por Quem os Sinos Dobram, de Hemingway (que participou voluntariamente na Guerra Civil espanhola ao lado das Brigadas Internacionais), como Homenagem à Catalunha, de Orwell (também voluntário pelo lado republicano), quadros como a famosíssima Guernica, de Picasso, muitas e muitas fotografias do conflito, reportagens feitas durantes esta guerra (o próprio autor de O Principezinho, Antoine de Saint Exupéry terá estado como repórter em Madrid durante o conflito), são ainda hoje memória e testemunho do que se viveu aqui mesmo à nossa porta (e com a ajuda do nosso ditador ao ditador do lado). Mas se vos falo sobre isto hoje é porque acho que a História tem de ser recordada. Idealmente seria para não se repetir, embora essa ideia já seja mais frase batida que regra a concretizar, de tal modo caímos vezes e vezes sem conta nos mesmos erros. Nós, país pacato, andamos tão esquecidos de tudo que mal imaginamos a violência do que aconteceu há menos de cem anos em Espanha. Ora, o Courrier Internacional de Novembro trazia um especial sobre isso mesmo e era demasiado interessante para não vos falar dele. Se tiverem interesse em ler mais sobre este tema, corram aos quiosques porque penso que a edição de Dezembro já chegou às bancas, o que significa que a de Novembro já está a ser retirada. A outra opção é comprar o exemplar e lê-lo no tablet ou no computador. Além deste especial, a edição de Novembro trazia um enorme texto dedicado à administração Obama, aos seus altos e baixos. 

E se a curiosidade continuar, a Tinta da China publicou há uma década a Breve História da Guerra Civil Espanhola (livro que mantenho na minha lista de desejos para o Natal). Além disto, a bibliografia sobre esta guerra cujo início foi há oitenta anos é imensa. Dizer que é gigante chega a ser pouco. Além de livros de História, há imensos romances históricos, biografias (romanceadas ou não) e autobiografias sobre figuras da época. O próprio Jaume Cabré, que tanto elogiei devido ao romance Eu Confesso, tem um livro sobre as (e vou citar a página online da editora Tinta da China) “complexas histórias individuais que se ocultam por detrás da história da Guerra Civil de Espanha, cujas reminiscências perduraram ao longo de toda a transição do país para a democracia e que ainda  hoje se fazem sentir, marcando a memória colectiva espanhola”. O livro chama-se As Vozes do Rio Pamano

Enfim, ficam as sugestões. O século XX foi tão cheio de tudo (e o XXI parece querer seguir-lhe os passos) que chega a ser difícil estar a par de tudo o que aconteceu entre guerras mundiais, Guerra Civil espanhola, Guerra Fria, Guerra Colonial... Mas podemos sempre começar por uma ponta. E não esqueçamos que esta guerra espanhola tem ligações à Segunda Guerra Mundial (recorde-se que foram aviões da Alemanha de Hitler que bombardearam Guernica, em 1937, em apoio à causa nacionalista e a Francisco Franco). Assim, vale a pena saber mais sobre o tema e se o motivo for a data redonda que se assinala este ano, pois assim seja.







sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Quereis dormir? Quereis?

Se quiserdes dormir, meus senhores, lede os contos do senhor Andersen. Os contos são bons, alguns deles até são já sobejamente conhecidos (e altamente destruídos pela Disney), mas as descrições, sempre tão semelhantes de uns contos para os outros têm um efeito directo sobre a nossa capacidade de adormecer. Por isso ao fim de dois contos e meio, o mais natural é estarem já a ver a pequena sereia em cima de um cisne que voa directa para a torre onde está a princesa à espera de ser resgatada... mas nos vossos sonhos. Aconselho vivamente!



Nota: Mas não me interpretem mal: o regresso à infância que estes contos permitem, tornam-nos valiosíssimos. Além disso, ler as versões originais de contos que muitas vezes nos surgem completamente mastigados e cuspidos a cor-de-rosa é óptimo. Esta edição é gigante e pesadíssima, por isso lê-la é um desafio à gravidade, mais ainda quando alguns dão sono. Mas é uma leitura que vale a pena.

Já que é para importar...

Importámos o Halloween e a Black Friday, mas aí pelo meio deixámos fugir um feriado que era muito porreiro importar: o Dia de Acção de Graças.

Então não era para lá de espectacular termos uma espécie de treino pré-Natal de enfardanço e convivência familiar? Era óptimo. E este ano o dia calhou exactamente um mês antes do Natal: era perfeito! Começávamos a contagem decrescente para a melhor época do ano com um Natal em miniatura, mas com um perú de dimensões consideráveis. Já que é para importar tradições de outros lugares, que seja com pompa e circunstância (e mais um feriado, se possível...). Eu cá gostaria bastante. Aguardo com espectativa o dia em que alguém apresente uma petição à Assembleia com a instituição em Portugal (e no resto da Europa, vá) do Dia de Acção de Graças. É que todos temos alguma coisa a agradecer, nem que seja um perú em tamanho XL recheado com coisinhas boas e rodeado de batatinhas fofinhas. 

"Ah e tal, mas assim tínhamos de aturar aquele tio chato em mais uma convivência familiar", dirão alguns. Ora! E desde quando é que o tio chato é razão para não termos um novo feriado, acompanhado de comidinha boa??? Eu voto sim à instituição do Dia de Acção de Graças e à obrigatoriedade da presença do amiguinho que se segue:


Uma única sigla

Para o que se está a passar à porta do Meo Arena com menores de idade acampados lá desde segunda-feira à espera do concerto do Justin Bieber, só me ocorre uma sigla: CPCJ. É que, a ser verdade o que a comunicação social tem dito sobre isto, há menores a faltar às aulas para poderem estar ali a tentar garantir um lugar que fique o mais perto possível do palco. Estão ali ao frio e à chuva, alguns sem a presença do respectivo pai ou mãe. 

Sou a maior adepta da autonomia dos jovens. Fechá-los numa redoma, levá-los de carro a todo o lado não faz, a longo prazo, nada de bom por eles. Mas há limites. Se calhar os pais que os deixam ali são os mesmos que não os deixam apanhar um transporte público que os leve do ponto A ao ponto B da sua cidade. 

Alguns têm lá os pais, a aguardarem com eles pelo momento do concerto ou a marcar a vez dos seus filhos. Bom, eles lá sabem o que fazem e vão dizendo para a televisão que “pelos filhos faz-se tudo”. Acredito que sim, mas estas pessoas que fazem estas esperas não devem depois reclamar por terem de esperar noutros sítios, noutros serviços. A favor delas está o facto de que ao menos não os deixaram lá sozinhos durante noites que têm sido frias e chuvosas. Uma vez mais, sobre este assunto só me ocorre a sigla CPCJ.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Coitadinhos dos meus filhos

Quando vejo os jovens acampados à porta do MEO Arena à espera do concerto de amanhã do Justin Bieber só consigo pensar que os meus filhos vão ser muito infelizes, coitadinhos. Muuuuuuuito infelizes...

Parece-me pouco, mas já é qualquer coisa

Lembram-se do triste espectáculo da queima do gato nas festas de Vila Flor, no ano passado? Parece que o processo chegou agora ao fim com a pessoa que cedeu o gato a ser condenada ao pagamento de uma coima de quatrocentos e cinquenta euros. Segundo a peça que vi na televisão, a defesa da pessoa que alegadamente emprestou um gato para ser fechado num pote e içado num poste ao qual se pegaria fogo está a ponderar ainda sobre um possível recurso.

Bem, admito que assistir a uma condenação por maus tratos a animais me deixa muito satisfeita (preferia que ninguém maltratasse animais, mas parece que isso é pedir muito). Pensava mesmo que este tipo de coisas passaria sempre impune num país que abriu uma excepção à lei relativamente a uma tradição que consistia em matar um touro na arena em plena festa de verão. Afinal há uma luzinha ao fundo do túnel que mostra que de vez em quando (sobretudo se alguém filmar a coisa) quem faz asneira, paga por ela. Considero que quatrocentos e cinquenta euros é pouco, mas já é qualquer coisa. Seria bom que pelo menos servisse para outros tirarem daí a lição, embora pelo que me vai aparecendo no feed do Facebook me parece que nem um reset às cabeças desta gente seria capaz de fazer com que alguns idiotas parassem de achar piada a magoar animais só porque sim.

Agora é esperar que Vila Flor tenha aprendido a fazer uma boa festa de verão sem pôr gatos em situações que nenhum humano desejaria para si.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Oficialmente não jovem

Deitei-me com trinta anos, acordei com trinta e um e um nome novo na minha conta bancária: de Caixa Jovem tinha passado a Conta Caderneta. Subitamente senti-me velha. A conta que abri no dia da matrícula na Faculdade transformou-se noutra coisa que me recorda que esses tempos já foram há tempo suficiente para eu não merecer mais o adjectivo “jovem”. Pior que isso é que agora vou começar a aguentar as manutenções de conta de que até aqui me safei muito bem. 

Os vinte são loucura, os trinta são serenidade e responsabilidade. Baaaaaah!

A Menina Quer Isto LXXIII

Por ocasião do meu aniversário tive direito ao livro de Alberto Manguel A Biblioteca À Noite (já comecei a ler e é muito bom). Por isso há toooooda uma lista cujos itens ainda ficarão muito bem cá em casa. Mas como o mal das listas é começá-las, aí vão mais dois que arranjariam certamente um cantinho aconchegante para acolhê-los.



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Para memória futura

A primeira coisa a fazer quando arranjas um telemóvel novo é desligar o corrector automático. E repete isto vezes sem fim, como se fosse um mantra. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

31 já estão


Não, não recebi carradas de coisas de gatos, pois a farra é só no sábado. Ainda assim, os 31 anos já cá cantam. Estou uma crescida!

Nota: A imagem saiu daqui.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Um dos últimos pensamentos dos meus 30 anos

Mas Deus ainda não exterminou da face da Terra as botas brancas?!

A minha “quixotização"

Tenho dado por mim a pensar que sou um bocadinho quixotesca e que o meu lado de Sancho se anda a perder. Deve ser da idade: amanhã faço trinta e um anos. Cada vez mais acho que já não estou para certas coisas e idealizo o que queria que acontecesse. Sonho, sonho, sonho, e acredito que, como Saramago dizia, “o que for para mim, às minhas mãos virá ter”. Não sei quando nem como, mas imagino que o melhor chegará. Parece que perdi a paciência para o “menos mau” e agora só espero mesmo o melhor. Eu própria consegui quixotizar-me e crer numa realidade que provavelmente nem existirá para mim. De tanto viver coisas que não quero repetir, enchi a minha cabeça de desejos de fuga e é a sua concretização que espero. 

Acho que nunca o nome deste blogue fez tanto sentido. Cada vez são mais as minhas quixotadas: as asneiras feitas em prol de um ideal, de uma imagem criada a partir de um desejo, de uma meta que quero atingir sem saber o caminho para chegar lá. Só não envergo armadura ferrugenta, lança e escudo. Em tudo o resto sinto-me um D. Quixote que luta contra enormes moinhos de vento que não deixam de ser gigantes, por serem aparentemente intransponíveis. Seria de esperar que a idade nos “sanchificasse”, mas parece que comigo é ao contrário.

sábado, 12 de novembro de 2016

Eu e as caixas multibanco

A minha relação com as caixas multibanco é esta: gosto muito delas, fazem muitas coisas que são muito jeito, mas também estão sempre ocupadas quando preciso delas. Acontece-me SEMPRE isto: digo para mim “Ah e tal, vou ali ao multibanco levantar uns trocos e aproveito agora que não está ninguém na fila.”, mas no momento em que me vou aproximar das caixas, pessoas pululam para a frente dos ecrãs e desatam a digitar os seus códigos secretos. O que se segue sou eu na fila a bufar enquanto vejo as pessoas que surgiram do nada e chegaram à caixa antes de mim pagarem as contas da água, da luz, do gás, dos telemóveis, da televisão e internet, o seguro do carro, a encomenda que fizeram, o lar da avó, a renda da casa, a prestação da viatura, a reserva das férias, o registo criminal online, a segurança social, o seguro de vida, a casa, as propinas, e mais umas duas mil coisas que as pessoas arranjam para pagar quando eu estou na fila.

No fundo, os bancos e as diferentes empresas podiam usar-me para atrair capital. É que se sempre que chego a uma caixa multibanco o pessoal desata a fazer pagamentos à maluca, eu podia acabar por ser uma espécie de cobradora do fraque, mas de calças de ganga e camisola de malha. Eu passo a andar junto a caixas multibanco e, a certo momento, ameaço mesmo dirigir-me a uma. Como atraio este tipo de pessoas, elas desatam a aparecer pelo meio dos carros, vindas dos esgotos e do meio das pedras da calçada e começam desalmadamente a pagar tudo o que podem e o que não podem. A mim só têm de pagar o frete de estar para ali especada à espera que o lote das facturas acabe e que chegue a minha vez de levantar os dez ou vinte euritos da praxe.

Notinha importante: Lembram-se do emprego de que vos falei no outro dia? Esqueçam. Já não existe. 

É Natal, é Natal!*

* Título especialmente escolhido para a comentadora que pediu para eu não repetir “É Natal, é Natal!”. Eheh.

Ontem ao final da tarde já haviam ligado as iluminações de Natal das ruas aqui da zona. Estão bastante bonitas, diga-se. E até acho bem que as liguem cedo: dão outra alegria à cidade. Bem precisamos dessa boa disposição que a quadra festiva do próximo mês provoca em boa parte das pessoas. É verdade que é um bocadinho cedo (falta mais de um mês), mas para os fãs do Natal, quanto mais prolongarmos o espírito da coisa, melhor. 

Nós por cá já marcámos a realização da árvore de Natal para o final deste mês, mesmo sabendo que viveremos o inferno de juntar coisas incompatibilíssimas: árvores de Natal e gatos. Brevemente abriremos apostas sobre a quantidade de vezes que a árvore cairá ao chão.

domingo, 6 de novembro de 2016

Popota 2016!!!

É oficial: estamos a caminho do Natal, pois hoje já vi DUAS vezes o anúncio da Popota 2016. Desta vez escolheram uma música portuguesa para servir de base à canção "popotesca" e o clip mostra a Popota a crescer e a tornar-se uma estrela (que até concorre ao "Popotos de Ouro"). Agora já posso infernizar toda a gente a dizer repetidamente "É Natal, é Natal!".

sábado, 5 de novembro de 2016

Uma curta visão do inferno

Entrámos no Continente para eu comprar uma agenda do Professor (coisa que não havia) e durante os três minutos e meio que estivemos lá dentro vi o inferno. O INFERNO, minha gente! Penso que senti labaredas e tudo. Hoje, os brinquedos estavam com um desconto de cinquenta por cento em cartão. Todos os brinquedos, entenda-se. Havia carrinhos cheios até ao limite do imaginável! Havia crianças sem saberem para onde virar-se (já que os pais estavam doidos a varrerem as prateleiras todas); havia carrinhos cheios de Legos e de bonecas até não poderem mais; havia prateleiras sem um único artigo para amostra e eram... dez da manhã.

Fugi dali depressa e acabei a comprar a porcaria da agenda na FNAC, que estava sossegadíssima. 

Ainda estou incrédula com o que vi. É que para haver o desconto, teve de haver o investimento e vi muitos carrinhos com centenas e centenas de euros em brinquedos. Vi gente nas caixas (enquanto fui à Note, que fica mesmo em frente) que levava brinquedos suficientes para a totalidade da infância de duas crianças (com jeitinho, três). Aquelas pessoas suportaram uma enchente de gente para poderem levar mais peluches, mais Legos, mais bonecas para casa. Enfim... Só visto.

Tenho um amigo que aproveita estes dias em que o Continente faz estes descontos de cinquenta por cento em cartão para comprar presentes para a filha para lhe ir dando ao longo do ano. Ele lá sabe da carteira dele, não é nada disso que me faz ficar espantada. Bem, é mentira: fico um bocadinho estupefacta perante o muito dinheiro que o pessoal gasta em brinquedos nestas ocasiões. Mas ainda me espanta mais que consigam viver aquele inferno terrível cheio de gente, caixas, carrinhos... É preciso coragem e eu não tenho nem um pingo de coragem para isso.

Depois deste vislumbre do Continente, fomos à Worten, que estava um sossego. Comentei isso com a senhora da caixa que nos atendeu e ri-me imenso com a resposta dela perante o meu espanto pela tranquilidade na Worten: “Sim, hoje o Continente está complicado: hoje as pessoas levam os brinquedos, as prateleiras, os colaboradores... Hoje vai tudo!”. Depois riu-se e acrescentou “Mas ainda bem que é assim.”

De facto, ainda bem. Apesar de o espaço se tornar numa visão do inferno, é sinal de que há dinheiro para gastar e de que a economia vai mexendo um bocadinho. Além de que é uma jogada de génio por parte da Sonae (que devia ser um caso de estudo a este nível, pois é admirável).

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

De Génio II

“O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive, e, não tendo acção em si mesmo, move os ânimos e causa grandes efeitos.”

Padre António Vieira 
in "Sermão de Nossa Senhora da Penha",
Lisboa, 1652.

Facto

Eu ainda consigo ficar abismada com a República das Bananas em que a escola portuguesa se tornou. É daquelas coisas em que temos de admitir que no passado tudo funcionava muito melhor do que agora. 

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A meia década

O blogue As Minhas Quixotadas faz hoje cinco anos. Nasceu num dia muito cinzento de 2011 e já chegou onde nunca pensei que tivesse chegado. Sobre o blogue e sobre o que significa “cultivar” um blogue, falei há pouco tempo e, por isso, não vou voltar a repetir. Vou apenas dizer que gosto muito deste meu pequeno e modesto cantinho e que espero ter tempo, força e ânimo para continuar com ele pela vida fora. 

Parabéns ao As Minhas Quixotadas!


Ah, e já agora: em dia de aniversário, a autora que está à frente deste bloguito recebeu um presente na forma de emprego novo. Vou voltar a ser professora. Não era bem o que sonhava, mas haverá tempo para cumprir outros sonhos. Por agora, vou voltar ao activo depois de dois meses de descanso mais do que merecido. Obrigada a todos os que, aqui, me dedicaram palavras de apoio nesta fase tão estranha que hoje termina. 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Uma leitora confessa-se

Gosto de ler, mas não sou a leitora mais voraz que conheço. Há quem pegue num livro e não consiga largá-lo. Eu consigo ir largando, ir alternando o livro com uma ou mais revistas ou com outros livros. Consigo fazer algumas viagens de transportes sem nem sequer ler nada. Os leitores não são todos iguais apenas pelo facto de gostarem de ler. Por exemplo, além de raras vezes ler tão concentradamente que me esqueço do mundo à minha volta (é coisa muito rara de me acontecer e, depois de muito tempo, só senti com o livro Eu Confesso, de que falei aqui), a minha concentração é ainda menor quando leio contos. Nunca percebi por que motivo isto me acontece, mas é um facto: eu já sou desconcentrada por natureza, porém consigo sê-lo ainda mais se em vez de um romance estiver a ler um conto. Pior ainda: um livro de contos.

Sobre a desconcentração tenho a dizer que não fui sempre assim e que isso tem piorado com a idade. Lembro-me de ser mais nova e de ler horas e horas a fio sem distrair-me com tudo, sem precisar de estar constantemente a pousar o livro para beber água... Acho, muito sinceramente, que, pelo menos no meu caso, as muitas coisas que nos rodeiam prejudicam a minha capacidade de escapar para dentro do texto. Tenho de parar porque recebi um email, porque o telefone tocou, porque preciso de enviar uma mensagem. São muitas as coisas a acontecerem a todo o momento e se quando eu era mais pequenita não havia um iPad a ligar-me ao mundo a todo o momento nem um Whatsapp a apitar a cada instante, agora há. E de alguma forma acho que estes factores de distracção interferem ainda mais quando estou a ler uma narrativa breve do que um romance. Pode parecer estranho, mas explico-vos o meu raciocínio (sim, já perdi tempo a pensar nisto porque esta minha desconcentração constante durante a leitura entristece-me, mais ainda porque todos sabem que eu adoro ler e adoro livros): quando lemos um romance, o assunto, as personagens, o(s) narrador(es) mantêm-se até ao final do romance, mas com um livro de contos, o tema, as personagens, a acção vão variando de texto para texto e é contantemente necessário criar ligações com cada conto que começamos a ler. Se num romance eu tenho sempre o mesmo fio condutor, num livro de contos eu posso ter dezenas de histórias muito diferentes e tenho de ser capaz de estar sempre a predispor-me para começar a conhecer novos enredos, novas personagens, novos tempos, novos espaços, novos narradores. Quem acha os contos algo menor, devia pensar no que eles exigem do leitor e, com certeza, passaria a tirar-lhes o chapéu. Agora, por exemplo, estou a ler os contos de Gabriel García Márquez e noto que estou constantemente a pousar o livro. É uma leitura soluçada e isso chateia-me, mais ainda porque é um autor de quem gosto muito. Já li contos absolutamente fabulosos, outros que nem tanto, mas em todos eles fiquei com a sensação de que não estava completamente envolvida na leitura. Lia, mas estava constantemente a pensar noutra coisa. E quando estava a ler um conto de que até estava a gostar, ficava aborrecida por ele terminar e por, uma vez mais, ter de passar ao próximo, com novas personagens, com uma nova história, com tudo de novo. Novamente, distraía-me ao fim de duas frases e a história repetia-se. 

Isto é característica minha, mas não deixo de ficar triste por perceber que estas porcarias com as quais convivemos hoje (tablets, telemóveis, centenas de canais na televisão, internet) e de que tanto gostamos, interferem em hábitos que vêm desde sempre. Eu sei que devia desligar tudo e saber distrair-me, mas uma coisa que também adquiri com o tempo, principalmente nos últimos anos no lugar onde trabalhei, foi a ansiedade e a incapacidade de me desligar completamente dessas coisas porque de repente, imagino eu, pode chegar um email importante, posso receber uma chamada daquelas que preferia não receber... Enfim, constato agora que anos de uma tortura laboral constante tinham de deixar marcas e para mim isto é tudo uma bola de neve. Foram anos a receber emails a cada cinco minutos, a olhar ansiosamente para o telemóvel, a temer qualquer coisa que me pudesse chegar por esta via. Em consequência disso, não consegui desligar o meu cérebro durante estes anos e, como tal, foram raras as vezes em que li sem sentir que uma parte do meu cérebro estava noutro sítio (geralmente no trabalho ou com as pessoas e os problemas de lá). Anos disto. Resultado: já lá não estou e ainda não consegui voltar à velha forma. Os malditos emails de lá já não me podem chegar ou afectar, mas eu continuo agarrada ao tablet ou ao telemóvel como antes. Parece que tenho de reaprender a ser o que era, mas antes tinha vinte e cinco anos e agora estou a quinze dias de fazer trinta e um.

E é isto: como leitora confesso-me. Não sou a melhor leitora do mundo. Gosto de ler, adoro livros, mas por vezes sinto até uma certa angústia por esta falta de concentração para com os textos, sobretudo para com os mais curtos. Por vezes sinto que esta minha cabeça (que já foi tão boa) nunca mais vai ser o que era. Ou aquele trabalho deu mesmo cabo de mim ou estou apenas a ficar velha.