sábado, 31 de agosto de 2013

A Segunda Vinda de Cristo: o balanço

Acabei hoje de ler um dos livros que comprei em Viana e que comecei ainda lá. A Segunda Vinda de Cristo, de John Niven, trata disso mesmo: de um regresso de Jesus. Segundo a história, é isto: Deus tira umas férias e quando regressa ao Paraíso informa-se sobre o que aconteceu na Terra nos últimos quatrocentos anos. Como qualquer reles conhecedor de História saberá, nos últimos quatro séculos aconteceram muitas coisas más e, por isso, Deus fica furioso por tudo ter descambado durante as suas férias. Para remediar a situação, decide mandar de novo o filho cá abaixo, com um único ensinamento (que, segundo o narrador, devia ter estado desde logo nos mandamentos dados a Moisés, mas que, por parecer coisa pouca, acabou por desaparecer das tábuas, sendo substituído pelos famosos Dez Mandamentos, os quais seriam então, segundo a narrativa, unicamente da autoria de Moisés): o de que todos sejam simpáticos.

Jesus volta, então, para viver na América do Norte. Regressa apaixonado por rock e por guitarras. Vive com um grupo de amigos, a maioria com problemas com drogas, álcool, obesidade, entre outros. São pobres, mas divertem-se muito. Em determinado momento, alguém sugere que Jesus entre no programa televisivo "Estrela Popular Americana". Fá-lo-á com grande e estrondoso sucesso. Pelo meio, e com o dinheiro que o programa (uma espécie de "Ídolos") lhe rende, ajuda cada vez mais pessoas e espalha a sua mensagem que destrói, no fundo, muito daquilo que é a religião para alguns. Nomeadamente procurará explicar que Deus não precisa de rezas nem de adorações quando na realidade as pessoas estão carregadas de ódio e de maldade. Diz que por muito que se vá à missa, se depois se odiarem os homossexuais, as mulheres que abortam ou os doentes de SIDA, de nada adianta dizer que se é cristão. 

Logicamente, num país onde existem alguns dos cristãos mais fanáticos, estas palavras ditas por um tipo de aspecto meio duvidoso que se diz "filho de Deus" geram reacções diversas, mas simultaneamente uma grande fama para a personagem principal deste romance. Jesus Cristo não vencerá o programa de televisão, mas revoluciona-o e consegue tornar-se numa celebridade. O dinheiro que conseguirá com entrevistas e com a sua produção musical é utilizado num projecto utópico que pretende levar as pessoas a uma vida mais simples, respeitadora do meio ambiente e em comunidade. No fundo, a personagem pretende com um pequeno grupo conseguir passar a mensagem "sejam simpáticos". Com algumas pessoas consegue, com outras não.

Ora, instalando-se no Texas e criando uma comunidade onde existe uma invejável liberdade e tranquilidade sem que outros moralismos ou espiritualidades sejam apregoados, consegue atrair sobre si o ódio dos que não o entendem (muito à semelhança da história da primeira vinda de Cristo). Um pastor local resolve visitar a quinta onde Jesus instalou a sua comunidade e acaba por ver apenas aquilo que quer ver, isto é, os seus olhos sujos enxergam o que ali se passa de forma absolutamente distorcida. De repente, a utopia daquela comunidade passa a ser, aos olhos dos fanáticos religiosos e das autoridades, um amontoado de crimes que é preciso combater e é precisamente isso que fazem, com um enorme banho de sangue. O resto não conto.

Gostei do livro por várias razões. A primeira é por pegar numa personagem "intocável" e fazer dela um ser humano. Jesus, nesta narrativa, diz palavrões, fuma uns charros e bebe cervejas. Se só isto chocar alguém, é melhor nem lerem o livro. Depois, gostei de ver o modo como o autor engendrou uma forma de, à semelhança do que é descrito na Bíblia, o "filho de Deus" vir à Terra para deixar alguns ensinamentos, mudando-nos para melhor e acabar com meia dúzia de seguidores e uma chusma de gente que o acha uma fraude. Gostei ainda do modo como os novos trinta e três anos da sua segunda vida terrena são ocupados com atividades próprias do nosso tempo e como, assim, o autor consegue fazer uma crítica à nossa sociedade. Gostei ainda mais do modo como deixou clara a bizarria que consiste em alguém apregoar-se cristão, sendo depois racista, homofóbico, intolerante, preconceituoso, entre outras pérolas. A crítica que é feita é, no fundo, esta: se Deus existir mesmo, mais do que andarem todos os dias a dizerem que O temem e a passar horas na missa, devem sim ser verdadeiramente bons. Ou, segundo a personagem principal, "ser simpáticos".

Por fim, aquilo de que mais gostei neste livro foi do humor com que é escrito. Algumas das imagens que são dadas são absolutamente hilariantes. Imaginar Deus a ligar a Satanás para fazer troça dos números de entradas no Inferno após a estada de Cristo na Terra é bastante engraçado. 

Enfim, o livro vale por vários aspectos não sendo, obviamente, uma obra-prima da literatura. Devo dizer que a edição tem umas quantas gralhas que chateiam um bocadinho, mas que não afectam a compreensão do texto. Para que este seja lido é preciso humor e distanciamento entre aquilo em que cremos (se é que cremos em alguma coisa) e aquilo que aqui é descrito. É, também, preciso lembrar que tudo isto é ficção e que é, no fundo, uma sátira ao mundo em que vivemos, à falta de valores, às certezas inabaláveis que levam a actos horrendos e ao modo como continuamente cometemos os mesmo erros sem que alguma vez aprendamos a lição. É sobretudo uma leitura divertida que pode deixar-nos com uma série de assuntos em que pensar.




sexta-feira, 30 de agosto de 2013

De volta

E terminaram as férias em Viana do Castelo. Estou já pomposamente sentada no meu sofazinho lisboeta. Honestamente, tenho algumas saudades da cidade fantástica onde passei as duas últimas semanas. Foram talvez as férias em que mais me diverti e em que mais descansei. Depois destas férias, não sinto que precise de outras para descansar. Foram boas, portanto.

Não tenho comigo as fotografias destes dias, mas posso desde já afirmar que tirei muito poucas quando o comparo com outros anos. Muitas vezes tive a noção de que a máquina fotográfica estava a passar demasiado tempo na mala. Contudo, também muitas vezes pensei que bom é gravar certas imagens na nossa memória, uma vez que fotografia nenhuma pode reproduzir com fidelidade aquilo que os nossos olhos viram. A imagem está lá, mas o que eu vi realmente, com os meus olhos e o meu pensamento, fotografia nenhuma reproduzirá. Pensei nisso enquanto fazia um cruzeiro pelo Lima. Ofereceram-nos dois bilhetes para um daqueles cruzeiros onde se provam uns petiscos, uns vinhos e se ouve uma guitarrada e a voz de um guia que vai explicando a paisagem. Era tudo tão bonito que fotografia nenhuma poderia captar o momento. A explicação do guia, a música, o vinho, o rio e toda uma paisagem de fazer inveja a muitas outras cidades eram demasiado perfeitos para caberem numa única imagem. Mas é essa mesma imagem complexa a que mais me fica destes muitos dias em Viana do Castelo.

Comi muito, andei muito, ri muito, fiz muitas compras, matei bem as saudades que tinha daquela cidade. Descobri que este ano Viana não foi tanto a romaria, mas muito mais um programa próprio decidido ao sabor da vontade e do cansaço. Não assisti a boa parte do que se passou durante a festa: vi apenas o que quis ver e não me preocupei com isso como noutros tempos em que não queria perder pitada. Conheci pessoas que me mostraram uma Viana que desconhecia e segui alguns do seus conselhos. Os que ficaram por seguir estão reservados para uma próxima viagem (no próximo Verão, quem sabe?). Não há pressas: Viana do Castelo não se esgota.

No último dia vi um papel à porta de uma livraria dizendo "Funcionário/a precisa-se" e a minha vontade foi mandar tudo para o ar e entregar o meu currículo. Sei que seria infinitamente mais feliz a trabalhar com livros do que a ensinar nas condições que o ensino hoje apresenta. Mesmo a vender livros (coisa que já fiz e que adorei), seria feliz porque mexeria no que me aquece o coração, porque estaria na cidade de que mais gosto, porque largaria a vida maluca de Lisboa. Mas, enfim, o papel lá ficou e a vida continuará igual ao que estava antes do Verão. Em breve recomeçarão as aulas e o papel na porta da livraria da cidade onde eu gostava de viver acabará por ser lançado para os fundos da memória. A vontade de trabalhar com livros ficará, bem como a de voltar a Viana do Castelo, cidade onde "quem gosta vem, quem ama fica". Mas afinal, não são isto as férias: a sensação de muitas possibilidades abertas que se consomem quando os dias de descanso chegam ao fim?...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Último fim de tarde em Viana

No último fim de tarde em Viana, tomámos um café no centro comercial e tivemos esta vista. Realmente, esta cidade até no shopping teve sorte: é giro, acolhedor, com uma boa oferta comercial e com uma vista lindíssima sobre uma cidade que é, como diria uma senhora que conheci cá, "um estrondo".


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Presentinho para a menina

Ontem o meu moço ofereceu-me este livro. Costumo gostar de ouvir a Clara Ferreira Alves no 'Eixo do Mal'. Vamos ver se gosto tanto de a ler quanto de a ouvir...


Nota: A foto, como bem se vê, saiu da página da Wook. 

Condolências

Mais um jovem bombeiro morto e uma série de tarados incendiários à solta e bem vivos. Quatro bombeiros falecidos em serviço apenas durante este mês. Quantos dos que incendeiam o património alheio morrem nos fogos florestais? Provavelmente nenhum. É tremendamente injusto e é o que temos neste país de brandos costumes.

Às famílias dos bombeiros que perderam a vida a lutar para salvar o que não era seu deixo as minhas condolências. Perderam filhos e todos nós perdemos heróis. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

De eleição

Em Viana do Castelo, o meu restaurante de eleição é O Bodegão, que fica no centro comercial. Já há uns anos que vou lá e adoro sempre tudo. Os preços são acessíveis e é tudo para lá de bom. O restaurante tem a parte exterior que corresponde à do take away e a interior, onde ficamos sentadinhos a ser servidos como em qualquer outro restaurante. Desde a simpatia, passando pela apresentação dos pratos e acabando no maravilhoso sabor da comida é tudo maravilhoso. Só tenho pena de que não exista um restaurante destes em Lisboa. Passo o ano a babar por uma ida a'O Bodegão. Ontem fomos lá comer umas tranches de novilho na sertã, regadas com sangria de espumante (oh God!!!) e, para terminar, o melhor bolo de bolacha e moka do mundo. Ficam as fotos. A todos os que possam, dêem lá um pulinho: vão adorar.








domingo, 25 de agosto de 2013

Outro almoço

Há uns tempo, a Miss Pipeta, do blogue Sempre Entre Viagens, sugeriu-me um restaurante aqui em Viana: O Manel, na Praça da Liberdade. Bem, fomos lá hoje e tenho de admitir: foi talvez a primeira vez que uma refeição me deixou verdadeiramente sem fala. Comi o bacalhau da casa (bacalhau com cebolada e batatas fritas) e fiquei siderada. Desde logo pela quantidade. Pedi meia dose, mas aquela meia dose dava à vontadinha para duas pessoas. Depois o bacalhau era altíssimo, porém não estava nada salgado. As batatas eram deliciosas e o molho, que é a parte em que muitos restaurantes falham neste prato, era óptimo. Fiquei fã. Gostava de voltar lá uma vez mais antes de ir embora.

Depois passei à sobremesa, uma vez que mal entrei no restaurante topei que havia um bolinho de bolacha mesmo a precisar de aconchego. Lá veio ele e apaixonei-me de tal modo que declarei ao meu moço que casaria ali mesmo com aquela fatia de bolo. Ele compreendeu, embora estivesse apenas dedicado a uma chávena de café, pós-polvo no churrasco. Meninos...









Caminhos do livro

Há muito tempo que via à venda um puzzle de mil e quinhentas peças cujo desenho representava percurso do livro desde que é escrito. Nunca o comprara até ontem, dia em que finalmente me decidi a trazê-lo comigo. Julgo que ficará muitíssimo bem junto aos muuuuuitos livros que tenho em casa, depois de montado e emoldurado. Adoro fazer puzzles. Só me faltava mesmo montar um sobre a minha grande paixão: os livros. E com isto passa a ser oficial: sou um rato de biblioteca.

Cândidos em chamas

Pronto. Hoje/ontem (que já passa da meia-noite), Viana do Castelo saiu na rifa dos incêncios. Fossem bem presos e castigados os enormes cabrões que os causam e certamente teríamos menos disto todos os anos. É das coisas que mais me envergonham: viver num país com tanta áreal florestal que é tão pouco protegida e onde quem provoca deliberadamente incêndios pode ser sujeito a um singelo termo de identidade e residência, como se no caminho para a apresentação na esquadra não pudesse fazer um desviozinho até à mata mais próxima... Palavra de honra que por vezes, quando penso nestas coisas, me sinto dentro de um romance de Voltaire. O Cândido ou O Ingénuo poderiam ter uma nova versão relacionada com a realidade dos incêndios florestais em Portugal. 

Acho lindos os anúncios televisivos a apelarem ao cuidado para que a negligência não leve a novos fogos. Não faça fogueiras, não deite foguetes, não atire cigarros... Acho isso tudo muito bem. Mas não me lixem: não acredito que um incêndio iniciado às três ou quatro da manhã nasça de um foguete ou de uma churrascada. Ou muito menos que um incêndio que parece começar com cinco ou seis focos diferentes seja resultado de negligência. Acho que ninguém crê nisto. Ouvimos falar em suspeitos de fogo posto, em detidos e no diabo a sete, mas depois vêmo-los na rua enquanto morrem os que estão incumbidos de apagar a merda que aqueles fazem. É terrivelmente injusto: para que uns malucos estejam livres, outros perdem a vida. Correndo o risco de parecer a Inquisição, aplicava a esta gente a regra do "olho por olho, dente por dente". Uns castigos exemplares talvez demovessem uns quantos doidos varridos de queimar uma das nossas maiores riquezas. Mas não. É o país dos brandos costumes e do fumo. Todos os anos o mesmo espectáculo e os mesmos idiotas a provocá-lo. Só mesmo por cá.

sábado, 24 de agosto de 2013

Jantar

Até aqui só mostrei marisco. Hoje mostro um belíssimo jantar e, talvez, uma das melhores picanhas que já comi. Foi no restaurante VianaMar, na Avenida dos Combatentes, em Viana do Castelo. Vale a pena visitar este espaço para provar uma picanha na pedra quente como esta. Ah, e para sobremesa experimentem o bolo de bolacha. Sobre esse não tenho palavras nem fotos, infelizmente. Devorei-o todo antes de me lembrar de o fotografar... E era bem bom!


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ontem

Ontem fui, pela primeira vez, ao restaurante "A Tasquinha da Linda", em Viana do Castelo. Há tantos anos que venho cá de férias e ainda não me tinha ido lá encher de marisco. Bem, foi ontem. Gostei muito do espaço e da decoração. A louça era uma ternura, bem como a forma como o pão foi servido: dentro de um saquinho com o bordado regional. Comemos o "misto de marisco" e, embora eu esperasse algo menos condimentado e mais ao natural, estava muito bom. Via-se que era tudo muito fresquinho, o que é óptimo. Para sobremesa comemos uma gigantesca fatia de bolo de bolacha que, para mim, só pecava pelo excesso de canela (mas isso é porque não sou uma apaixonada por esta especiaria). No fim dois cafezinhos servidos em chávenas personalizadas para o restaurante.

Gostei da refeição. Foi um pouco mais cara do que o habitual, mas com o marisco já se sabe. Gosto mais quando não lhe colocam grandes temperos (para o camarão, por exemplo, o sal é mais do que suficiente), contudo era um prato rico e bastante saboroso. Soube-nos muito bem.




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Síria

Nem quero acreditar nas notícias que li sobre o que se passou na Síria e muito menos quero acreditar que sejam verdadeiras as imagens que vi. Armas químicas? Mil e trezentos mortos? Mas porquê? Será que alguém com um bocadinho mais de cérebro do que o senhor que se diz responsável por aquele país consegue arranjar uma explicação plausível para o que aconteceu? Tenho grandes dúvidas... Não se explicam coisas destas. Apenas se pensa que a História ensinou muito pouco a muita gente e que o poder é coisa que sobe à cabeça e que desumaniza demasiados seres.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Visão turva

Modas de Verão deste ano:

- T-shirts femininas hiper-mega-curtas a deixar ver o umbigo e por vezes um pouco mais:
- Ténis com luzinhas, bem visíveis durante o período nocturno e tão encandeantes quanto máximos;
- Cãezinhos a pilhas que andam e ladram de forma estridente. Eu tive um desses nos anos noventa: os 90's estão de volta, portanto. O upgrade é que agora também existem em versão chihuaua e são grotescos. O meu moço chama-lhes "cães satânicos";
- Calções que são cuecas de ganga e de onde surgem duas nalgas (nem sempre catitas) em plena liberdade. São frequentemente combinados com as pseudo t-shirts do primeiro ponto;
- Meninas que, para correrem Viana do Castelo durante os cinco dias da romaria, resolveram vestir roupa digna de um casamento e combiná-la com sapatos com cerca de quinze centímetros de salto agulha. Eu, com cunhas, ténis e sandálias rasteiras, mal me equilibro nos paralelos do pavimento e chego ao fim do dia com os pés esfarrapados. Sou uma triste;
- Peças de roupa de tons tão florescentes que uma pessoa fica momentaneamente cega e de braços esticados a apalpar o ar para não cair para o lado;
- Camisolas rendadas ou COMPLETAMENTE transparentes em pessoas bastante avantajadas e sem nenhuma outra peça de roupa por baixo que não seja o belo do soutien. Gosto de gente com a autoestima elevada, mas quer dizer...

Podia continuar, mas por hoje ficamos por aqui. Ainda estou com a vista meio turva devido a algumas destas modas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Lavagens e escolhas

Já andava há uns bons meses sem ir ao Mcdonald's. Cheguei à conclusão de que era viciante e de que mais valia não ir para, precisamente, não sentir uma constante vontade de lá voltar. Agora com esta polémica toda em torno do Jamie Oliver, que expôs ao mundo o processo de fabrico dos hamburgueres nos Estados Unidos (com carne que já nem devia ser utilizada para consumo humano, mas que depois é centrifugada e lavada com qualquer coisa como amoníaco), não me parece que volte lá mais. Acredito que nem todas as lojas em todas as zonas procedam desta forma, mas a verdade é que se já todos sabemos que a fast food não é, de modo algum, o que de melhor podemos ingerir, saber que existem por aí seres humanos que nos dão carne que não devíamos consumir e que a tornam "comestível" através de uma lavagem química é assustador. Parece que na América Latina e no Reino Unido o processo não é utilizado, pelo menos de acordo com o que li. Sobre o que se passa no nosso país nada sei, mas espero mesmo que nada disto aconteça. É demasiado grotesco.

Tudo isto podia ser apenas mais uma das batalhas de Jamie Oliver e não ser, na realidade, verificável. A Mcdonald's apressou-se a desmentir que os seus hamburgueres passem por tal processo. Contudo, a verdade é que o cozinheiro britânico venceu o processo em tribunal e a cadeia de restaurantes já fez saber que vai alterar a receita dos seus hamburgueres (alegando outros motivos, claro).

Como disse, já desistira de ir ao Mcdonald's antes de saber disto. Foi mesmo uma decisão pessoal, tomada sem sonhar que poderia existir amoníaco nos hamburgueres. De vez em quando lembrávamo-nos de ir lá, e de cada vez que isso acontecia era certo e sabido que em breve voltaríamos, precisamente por ser uma comida que descrevo, na minha opinião, como "viciante". Come-se hoje e apetece novamente amanhã; passa-se um tempo sem a provar e deixa-se de sentir essa vontade louca de a devorar. Comigo isso acontece, mas cada caso é um caso.

Todos sabemos que nos dias que correm muito se passa com a comida que nos chega ao prato. Por vezes, o alimento mais simples passa por processos complexos que, julgo eu, eram desnecessários. Tivemos há pouco tempo a questão da carne de cavalo e já assistimos a muitas outras. A indústria alimentar, principalmente em países muito grandes e com muitas bocas para alimentar, é tão complexa e difícil de compreender que acaba por ser preferível fechar os olhos a tudo. Talvez não devêssemos fazê-lo, afinal trata-se de saber aquilo que andamos a ingerir; que coisas estamos a colocar no nosso corpo. 

Vocês farão o que entenderem com o que Jamie Oliver revelou. Que eu saiba, nada foi dito sobre a cadeia em Portugal. Esperemos que o problema seja apenas americano e que por cá o amoníaco fique bem longe da carne. De qualquer forma, por causa de tudo isto, lembrei-me de vos aconselhar um livro que li há uns tempos sobre o que acontece nos Estados Unidos, no que à alimentação diz respeito. É de um autor que tem investigado e estudado as alterações na alimentação americana ao longo do tempo e que explica o que se passa com a carne e os seus produtores naquele país. Eu considerei-o muito interessante e esclarecedor. Fica a sugestão.


domingo, 18 de agosto de 2013

Livros novos

Em terra de boa gente, boa comida, belas peças de ouro e lindíssimas paisagens também se encontram bons livros. Por cá encontrei a baixo preço a tradução portuguesa que me faltava dos livros de viagens do Paul Theroux. Desta vez o passeio é por terras africanas, numa demonstração de que o continente africano é muito, muito mais do que as guerras e conflitos de que vamos ouvindo falar na televisão. Viagem Por África estava, há duas semanas, a quase trinta euros na Fnac do Colombo. Felizmente tive juízo e ontem trouxe-o por onze euros...


A Segunda Vinda de Cristo, de John Niven, é uma novidade acabadinha se sair. Parece-me ser uma coisa ao estilo do Cordeiro: o Evangelho Segundo Biff, de Christopher Moore. Com um tom muito bem disposto e enorme humor, pretende descrever uma segunda vinda do filho de Deus à Terra para reparar os estragos feitos pelo Homem nos últimos quatrocentos anos (período durante o qual, segundo o narrador, Deus tirou férias para ir à pesca...). Deixo-vos o que está escrito na contracapa do livro (tanto as fotos quanto a sinopse foram retiradas da página da Wook). 



"«Sê Simpático». Foi este o único mandamento que Deus entregou a Moisés. E ninguém poderia ter adivinhado o resultado da insatisfação deste último ao recebê-lo das mãos do Senhor… 
Estamos em 2011 e Deus acabou de regressar de umas férias retemperadoras, apenas para encontrar a Sua criação virada do avesso: guerras mundiais, o Holocausto, fome, capitalismo desenfreado e… cristãos. Cristãos por todo o lado. Inteirado por S. Pedro sobre os últimos acontecimentos na Terra, Deus decide que a única hipótese de repor a ordem é voltar a enviar o filho, Jesus, e esperar pelo melhor. 

Renascido no Midwest americano, e a tentar singrar como cantor e guitarrista em Nova Iorque, Jesus, JC para os amigos, encontra no programa de talentos Estrela Pop Americana a forma mais eficaz de chegar aos corações de todos e veicular a mensagem mais importante de todos os tempos, há muito perdida: «Sê Simpático.» E tudo parece estar a correr bem, mas a Humanidade tem má memória…
Irreverente, chocante e hilariante, A Segunda Vinda de Cristo não usa de subterfúgios para criticar a religião organizada, a sociedade consumista, a desmedida obsessão pela fama e a cultura da mediocridade, imaginando o que aconteceria se o filho de Deus voltasse a pisar chão terreno."




sábado, 17 de agosto de 2013

Cachorradas

A todos os que estiverem em Viana ou que vejam a roulote do Sergiu's Bar aconselho uma bela cachorrada. Não encontro em lado nenhum cachorros quentes como estes que são, sem dúvida, os meus favoritos. Todos os anos, durante a Romaria da Senhora da Agonia, faço peregrinações a esta roulote e embrulho uns quantos cachorros quentes bem regados com refrigerantes fresquinhos. É para a engorda? É. Mas sabe pela vida. Ah, e a menina que nos atende (e que nos reconhece todos os anos) é uma simpatia daquelas que só mesmo no norte. Deixo-vos a imagem do jantar de hoje. Espero que gostem porque eu amei! Cheira-me que não me fico por aqui...


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Estou fã

Estou fã deste aparelhinho da Vodafone que distribui internet wireless para vários aparelhos. Portanto agora não há desculpas: até no fim do mundo hei-de ter internet. Menos para assuntos aborrecidos. Para esses não tenho, lamento.


A sério

Vamos falar a sério: quantos mais filmes sobre corridas e velocidade vai a Pixar fazer? Já foram carros, já foram caracóis e agora são aviões. O que é que falta? Bovinos? Arranca-pregos que sonham correr em pistas? Ora, poupem-me! Bem sei que ser original é difícil, mas isto também é de mais.






domingo, 11 de agosto de 2013

A Volta ao Mundo

E o curiosa que ando com esta revista? Nunca a comprei, mas no outro dia folheei-a e já estive aqui a namorar a sua versão para iPad... Parece-me uma boa companhia para a revista Ler, que também compro todos os meses. Alguém sabe se vale a pena?


Enjoada

Fui às compras ao Continente. Já estão com a mega campanha do regresso às aulas. Fiquei, por isso, fisicamente indisposta. Deixem-me ir de férias, sim?...

Um sábado cheio

Este sábado foi um dia cheio. Começámos com uma ida tão madrugadora à Feira da Ladra que muitas bancas ainda não estavam montadas. A ideia era a de evitar o calor que se ia pôr, mas acabámos por ter de fazer um bocadinho de tempo para que tudo ficasse devidamente prontinho para a busca de livros "novos". Digamos que o estrago foi pequeno, quando comparado com aventuras anteriores. O saldo ficou-se pelos cinco livros, porém importa dizer que consegui um livro do Somerset Maugham (que adoro) que nem sabia estar traduzido em português. É a sua autobiografia intitulada Exame de Consciência (no original The Summing Up). Custou-me um euro e, só por isso, a feira já valeu a pena. Todavia, de lá vieram mais uns livrinhos. Dois antigos de que não conheço os autores e dois recentes que já namorara muito. Fica a foto: 


Depois de, ao final da tarde, ver o filme A Gaiola Dourada, chegou a vez de ir à Fnac espatifar o saldo que tinha acumulado no cartão. Ora, de lá vieram mais quatro livrinhos, todos eles sobre viagens que são a minha 'pancada' do momento. Digamos que pela leitura já fui à outra ponta do mundo e ainda nem saí do lugar. Há lugares que gostava muito de visitar e outros que não; há experiências que gostava de ter e outras que não. O que a literatura de viagens permite é que se apreenda um pouco da experiência vivida por quem foi a lugares exóticos ou muito fora daquilo a que nos acostumámos. Claro que nunca poderei sentir exactamente o mesmo que esses aventureiros sentiram durante os seus passeios, mas posso imaginar um pouco do que por lá aconteceu e compreender, em certa medida, através dos olhos do viajante o que viu e sentiu noutros lugares. Assim, trouxe para casa dois dos livros de viagens escritos por um dos Monty Python, Michael Palin, nos quais liga as suas viagens a livros ou a autores bem conhecidos, como bem se pode perceber pelos títulos. Trouxe ainda uma recriação dos passos de Fernão Mendes Pinto e uma descrição de Paris feita por um flâneur. Fica, também, a foto:


São, portanto, mais nove livros para arrumar. Mas onde, senhores? Onde?!


sábado, 10 de agosto de 2013

A Gaiola Dourada: visto!


Fui finalmente ver este filme ao cinema. Não vou mentir: esperava uma coisa diferente. No entanto, gostei do que vi: conseguiu fazer-me soltar umas gargalhadas, mas, também, ficar de nó na garganta a pensar que nunca conseguiria largar este país. Creio que o realizador quis acentuar certos estereótipos precisamente para distinguir a comunidade portuguesa num país que foi obrigada a abraçar. Brinca-se muito com a figura do emigrante em França, mas a verdade é que deve ser uma verdadeira tortura deixar tudo para trás e partir para uma vida difícil num país que não é o nosso. Eu não o conseguiria.

Agora, julgo que o filme tem momentos em que nos revemos um pouco naquelas personagens desbocadas e nada emproadas que não temem a gargalhada e o espalhafato. Somos gente de saudades e de melancolia, mas nós, os portugueses, somos uns belos galhofeiros capazes de fazer a festa com pouco. Ainda assim, pareceu-me que ficou a faltar alguma coisa. A filha do casal protagonista ainda põe o dedo na ferida ao referir o modo como os pais (os supostos representantes de muitos casais portugueses emigrados na década de setenta) se deixam pisar pelos outros. Parece-nos que essa chamada de atenção empurrará as personagens noutra direcção que não a da constante subordinação e que seja, no fundo, a da recompensa depois de uma árdua vida de trabalho. Mas afinal não: fazem-se ver uns pontos de vista, mas pouco mais. Acaba por saber a pouco aquele final. No entanto, e vendo por outro lado, pode também significar que a pátria que adopta os emigrantes acaba por tornar-se, muitas vezes, insubstituível, até mesmo por aquela que os viu nascer.

O que este filme é sem qualquer dúvida é uma bonita homenagem que o realizador faz aos pais, também emigrantes em França. Mesmo colando alguns rótulos às personagens, trata-as com carinho e mostra bem o dilema que divide quem tem um pé em cada país. O nó na garganta que alguns sentiram quando se cantou o fado ou quando a família se junta para um almoço à portuguesa mostram bem que este cantinho que todos insultamos quase diariamente, que nos põe loucos com algumas das suas características, que vive na penúria e do desenrascanço típico, é a nossa casa, o nosso lar e o nosso lugar. Pode partir-se com a ideia de voltar, mas nunca se larga definitivamente o nosso sítio. É como dizem os versos do fado "Prece", que faz parte da banda sonora do filme: "Da parte de Deus tudo aceito / Mas que eu morra em Portugal."

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Janela para o mundo

Acabei de ler num daqueles horríveis rodapés dos noticiários que um homem em Miami matou a mulher e colocou uma fotografia do cadáver no facebook. Não acreditei que tal coisa pudesse ser possível, mas lá está a notícia em páginas como a do Expresso e de outros jornais.

É assustador o ponto a que chegou o ser humano e é tremendo aquilo que algumas pessoas são capazes de fazer. Ao que parece, o senhor que fez o que referi disse no seu post, dirigindo-se aos amigos, qualquer coisa como "Vão ver-me nas notícias.".

Que mente consegue tirar a vida à mulher, colocar a foto no facebook e ainda propagandear o acto chamando a si a fama que o mesmo lhe trará? Como raio pode alguém querer para si este tipo de fama? É absolutamente doentio e traz de volta a questão que nos leva a procurar os limites das redes sociais, tão cheias de perigos e de más utilizações. Estas são, no fundo, mais um dos exemplos em que uma boa invenção passa a ser utilizada para maus fins. Ainda há poucos dias soube que havia quem aproveitasse as páginas de uma rede social para vender bebés. Todavia, acredito que a esmagadora maioria as pessoas utiliza o facebook e outras redes de forma inocente e correcta. O problema são sempre as excepções e ao que parece já não vão sendo poucas. Ouvimos falar de burlas, de redes de pedofilia, de roubo de dados e de outros crimes que acontecem porque andamos pelas redes sociais esquecendo que aquilo não é o nosso bairro, mas o mundo inteiro. Tudo o que colocamos no facebook ou em outras redes sociais deixa de ser nosso no momento em que é publicado. Temos mesmo de nos sujeitar ao bom senso de quem está do outro lado, infelizmente. E quem fala em facebooks e afins, fala em blogues. Já dei por mim a apagar muitas coisas que ia escrever neste blogue precisamente por achar que poderia ser demasiado pessoal. Sei que poderia ter uma página muito mais interessante do que esta, mas sinceramente prefiro que saibam quais os livros que leio e os que quero ler do que os sítios onde costumo estar. Preocupação a mais? Não acho. Gosto muito que visitem o blogue, mas gosto muito mais de me sentir segura. Não aponto armas a quem revela tudo, fotos incluídas, porém eu não o faço nem farei. Numa sociedade voyeurista isso pode prejudicar o número de visitas aqui da casa, mas não me interessa.

Como em tudo, importa saber lidar com aquilo que temos à nossa disposição. As redes sociais são, de momento, o maior exemplo de uma boa invenção que se pode transformar num pesadelo, como já disse. Ninguém pode, neste momento, garantir sem qualquer dúvida que a mulher assassinada em Miami não morreria se o facebook não existisse. Também não posso afirmar que a publicação da fotografia do cadáver na rede social não estivesse já na mente do suposto homicida tempos antes do crime. A verdade é que estas ferramentas existem e que nos dias de hoje assiste-se a uma busca pela fama efémera, pelos cinco minutos em que as câmeras apontam para nós, ainda que nos esqueçam imediatamente a seguir. Gilles Lipovetsky fala no conceito de "felicidade paradoxal" para explicar a nossa necessidade constante de consumo, de aquisição de bens. Eu atrevo-me a puxar esse conceito para o que vai sucedendo neste novo mundo em que a fama, boa ou má, é tudo. 

Quanto a vocês não sei, mas eu considero tudo isto muito assustador. A falta de limites e de valores é, provavelmente, das coisas que mais me assustam. Já não sabemos com o que contar e o que nos resta é mesmo tentar proteger-nos o mais possível sem que, contudo, a vida nos passe ao lado e deixemos de nos divertir. Oxalá este caso macabro traga mudanças na utilização das redes sociais. Já não sabemos viver sem estas janelas para o mundo, mas será que queremos ver de tudo através das suas vidraças?

Cenouras

Já aqui o disse, mas volto a repetir: adoooooro os cartoons de Alberto Montt. Creio que tem já vários livros publicados, mas os seus desenhos podem ser vistos no seu blogue. Por ter estado de férias andei arredada das novas publicações, contudo já estive a actualizar-me e quase morri a rir quando encontrei o fantástico cartoon que aqui vos deixo. É brilhantemente hilariante!


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Paragem e descoberta

No regresso a casa, fiz uma paragem e trouxe este comigo. De caminho fiquei a saber que já tenho uma boa dose de pontinhos acumulados no cartão da Fnac. Parece-me que vai haver muita loucura em breve...

Cá estou e revoltada

Depois de uns primeiros dias de descanso (alguns deles sem acesso à internet), eis que estou de volta. Foi uma pausa para descanso, já que passou por ler, comer, dormir e ver filmes. Foi basicamente isto e não foi nada mau.

Nos entretantos tomei conhecimento de uma carta que anda a circular pelo facebook e que foi escrita por uma professora formada em ensino (não me recordo da disciplina) pela Universidade do Minho. Nela, a autora pergunta qual será a postura da instituição de ensino superior que lhe conferiu a habilitação para a docência após anos de estudo e de estágio profissional perante o exame de acesso à carreira que o Ministério da Educação quer, com tanto afinco, instituir. Pergunta, ainda, se este mesmo exame não retira credibilidade às universidades que têm, ao longo do tempo,formado docentes. É óbvio que se nos é concedido o grau e se somos habilitados para a docência num determinado grupo de recrutamento é porque estamos aptos para ensinar e porque dominamos a área científica que escolhemos. Então por que raio temos de mostrar que não somos uns perfeitos idiotas ao fazer aquilo que gosto de chamar de "exame nacional para professores"?

Frequentei com excelentes classificações um Mestrado em Ensino numa universidade pública. Escrevi uma dissertação final que levou um ano a ficar pronta. Para a escrever, tive de estagiar. Depois defendi-a em provas públicas idênticas às dos mestrados não profissionalizantes. Sempre me foi dito e está no meu certificado que com aquele curso de segundo ciclo ficava habilitada para o ensino do terceiro ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Mas, pelos vistos, a palavra da universidade e a avaliação que me foi feita não chegam. Parece que afinal, e apenas para o Ministério da Educação, o trabalho da faculdade no mestrado que ESSE MINISTÉRIO PERMITIU QUE ABRISSE não chega para eu ser professora. Se quero ingressar na carreira, tenho de mostrar os meus conhecimentos num exame feito pelo ME. Sinto-me com muitas ganas de pedir de volta o dinheiro gasto em propinas para formar-me professora... É que além do insulto que é, nada disto apareceu escrito na minha folha de candidatura/inscrição no mestrado. Soubesse eu disto, sonhasse que eu que um excelente desempenho académico no curso que faria de mim professora não seria suficiente e teria imediatamente arrepiado caminho, entregando o dinheiro das propinas a outro curso que me permitisse trabalhar numa área que me tratasse melhor.

Este é, em meu entender, apenas mais um episódio na saga da caça às bruxas (leia-se "professores") que tem acontecido nos últimos anos. Já fomos tidos como calões, brutos, privilegiados e queixinhas. Agora passamos, também, a burros. Querem fazer a triagem? Muito bem: façam-na ao nível do ensino superior não conferindo o grau a quem não o merece mesmo. Agora, assumir que todos somos muito esquecidos (ou burrinhos) e que de tempos a tempos precisamos de um examezinho (e quem o corrigirá, senhores?...) para refrescar conhecimentos ultrapassa o aceitável. Em Setembro inicio o meu quarto ano como professora. É agora que querem que faça uma prova? E se reprovar, enviam um pedido de desculpas aos alunos que já me passaram, pelas mãos? E correm a chicotear os professores que tive na faculdade? E devolvem-me o dinheiro gasto na minha formação superior? Não, pois não? Já calculava... Se o exame me correr mal, o problema é meu e só meu, como seria de esperar.

Em suma: se não queriam que fôssemos professores, só tinham de fechar as vagas para os cursos que conferem habilitação para a docência. Como não o fizeram, como abriram as vagas e aceitaram o nosso dinheiro (que não foi pouco) e como ainda nos conferiram um certificado (caríssimo, por sinal) que diz que temos habilitação para a docência, agora deviam deixar-se de atitudes inquisitoriais e apagar de vez as fogueiras onde querem queimar a nossa profissão. 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Férias

Se com muito trabalho leio, em férias leio ainda mais. Ora, as escolhas para o início de férias foram:

 




E mais umas revistinhas...










quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Ena tantos!

Eh pá, já passámos dos trinta e cinco mil. C'um caneco! Obrigadinha, sim? Sois uns amores. O blogue As Minhas Quixotadas agradece todos os minutinhos a ele dedicados e espera, na minha figura, que gostem do que por aqui encontram. 

E agora

E agora aquele momento árduo em que começo a pensar nos livros que hei-de levar para férias. Isto só é um problema porque a oferta é imensa, mas disso não me queixo nada que gosto muito de ter estes livros todos. Ainda assim, não vai sendo nada fácil, NADA FÁCIL MESMO, escolher o próximo livro que vou ler. Vai ser de autor português ou não? Vai ser um romance ou um livro de crónicas? Vai ser mais pesado ou mais leve? Mais ou menos de duzentas páginas? Levo só um ou mais do que um? Ai que me dá já o badagaio de tanta indecisão!

Portanto vou andar nisto. Sempre esperando fazer uma boa escolha e sem dar comigo a meio das férias a pontapear-me pela má escolha. No fundo, quem me manda a mim ser uma grande nerd?

O Último Livro: o balanço

Já li outros dois livros de Zoran Zivkovic e gostei de ambos. Contudo, este O Último Livro não me encheu de modo algum as medidas.

Sabemos, pelos elementos paratextuais antes de qualquer outro aspecto, que o elemento central deste romance serão os livros. Aliás, isso já é hábito nos textos deste autor e até aqui não lhe correu mal. Basta lermos as primeiras páginas para percebermos que, aos contrário dos contos de A Biblioteca ou do romance O Escritor Fantasma, o que aqui se encontra é um caso de polícia que se vai tornando mais complexo à medida em que se vai percebendo que no seio de tudo está um livro. Comecei rapidamente a perceber que a história se tornaria forçada e não me enganei. Não é fácil um escritor colocar um livro como arma no meio de um romance "policial" sem que depois resvale para o domínio do exotérico ou do absurdo. Convenhamos que não existem muitos Umbertos Ecos por aí a levarem monges à morte através das páginas de um livro envenenado. Ora, o problema é mesmo esse: em O Nome da Rosa existe uma explicação para as mortes. Ou melhor, há uma razão lógica para que estas sucedam num sítio tão improvável e de forma tão misteriosa. Contudo, em O Último Livro, e principalmente para quem já conhece a escrita deste autor, começa-se rapidamente a perceber que nada será assim tão lógico e que muito provavelmente vai dar-se uma estranha fusão entre realidade e ficção. Como esperava, não me enganei, mas não gostei.

Existem várias pontas soltas ao longo do romance, pormenores que parecem ter sido esquecidos e o final parece muitíssimo atabalhoado. Era preciso terminar o livro e fez-se isso de maneira a que ninguém percebesse o fim, dada a confusa explicação avançada pela personagem principal. Esta personagem, que é também o narrador, parece tudo menos um polícia, age mais como um deslocado do que como o responsável por uma investigação que envolve umas quantas vítimas. Enfim, não me convenceu.

Assim sendo e embora seja um daqueles textos que se lêem num instante, não me encheu, de todo, as medidas. Achei-o muito superficial, embora percebesse a existência de uma tentativa para que fosse uma história muito profunda sobre literatura e as fronteiras entre realidade e ficção. Talvez seja uma leitura adequada a esta altura do ano, mas a mim, que já li outros textos do mesmo autor, soube-me a pouco e, sobretudo, a um pedantismo de que não gostei. Dar lugar de destaque aos livros na literatura parece-me muito bem. Enfiar os livros de forma atabalhoada dentro das histórias sem que, depois, estas sejam coerentes ou perceptíveis até ao final é outra. Muito sinceramente, não aconselho este livro. Melhor será que experimentem os outros títulos do autor: são infinitamente melhores.

A desforra

Embora existam iluminados a bradar que os professores têm três longos e invejáveis meses de férias, a verdade é que não têm. E, falo por mim e pelos outros professores que conheço, uns dias de paragem ao longo do ano só podiam ser benéficos que isto é profissão para nos deixar de rastos e com o credo na boca todos os dias.

Mas adiante. Hoje é, portanto, o meu primeiro dia de férias. E logo de manhã acordei tão estremunhada com o som da vizinha que sai de casa à mesma hora que eu que imediatamente pensei "Oh f******! Estou atrasada!". Felizmente lembrei-me logo a seguir de que o programa de festas para hoje envolvia boa parte da manhã na cama e uma bela sesta de duas horas à tarde e sosseguei. O primeiro dia do mês seria uma maravilhosa desforra, portanto. Ainda estou a mentalizar-me de que tenho um mês inteirinho pela frente, mas creio que consigo conviver com isso sem problemas. 

Há quem não goste de tirar férias em Agosto, mas é a minha altura favorita para isso. Não tenho por hábito ir perder-me na multidão dos Algarves e mesmo quando ando pelo meio da muita gente que enche Viana do Castelo em Agosto, ando satisfeita. É um mês que sempre me cheirou a férias, que sempre significou passeio e ócio total. É o mês em que o meu telemóvel se torna estranhamente selectivo e rejeita muitas chamadas... É o mês pelo qual, não sendo emigrante, espero ansiosamente o ano inteiro ("Meu querido mês de Agosto" tralálá). Mas é normal: o calendário que me rege é o escolar e em Setembro lá estarei eu a pôr meninos e meninas a ler Os Lusíadas

Ah Agosto, espero que rendas muito!


Nota: A imagem foi retirada daqui.