domingo, 30 de junho de 2013

Aguenta e não chora

Em dias como o de hoje, o meu pensamento é: aguenta e não chora, não tarda muito vais para Viana.

Com um mês de trabalho pela frente, já só consigo pensar nas férias, na praia, nos passeios pela cidade que (desculpem-me os que discordam) é a mais bonita do país, na sua paisagem, na paparoca com que me vou encher... Espero sinceramente que Julho passe a voar porque há uma cidade linda à minha espera e eu, pelo que me toca, estou ansiosamente à espera dela.


sábado, 29 de junho de 2013

A Menina Quer Isto XL

Já agora, que fique para a posteridade a informação de que sairá no mês de Julho mais um livro do Paul Theroux publicado pela Quetzal. A menina também quer esse, porque é uma eterna insatisfeita que acha que tem de ler, ler, ler, ler e ler.

Resta-me dizer que adoro as capas que esta editora faz para os livros deste autor. Uma boa capa ajuda a vender e uma má capa afugenta muitos possíveis leitores. Bem sei que mandam não julgar um livro pela capa, mas é mais forte do que nós. Há livros fantásticos que mereciam uma imagem melhor do que a que têm. Felizmente há editoras que vão fazendo muito bem este trabalho no que ao design do livro diz respeito. Pelo que tenho visto, a Quetzal é um desses casos, bem como a Cavalo de Ferro e a Tinta da China. Não é que nestas chancelas não existam más capas, mas pelo que tenho visto, tem havido muito trabalho e muito cuidado. Cada vez mais os livros não são apenas o texto que trazem. São um objecto que, na simplicidade do seu objectivo, suporta a complexidade do muito que o compõe. Já não chega prometer uma óptima história: primeiro o livro tem de se vender e, nesse domínio, a capa é fundamental.

Portanto, pela quadragésima vez, a menina quer isto e está ansiosamente à espera de que chegue às livrarias



Presente

Hoje o moço ofereceu-me este livro. Já não desembrulhava nada desde o Natal, por isso soube bem rasgar o papel e descobrir um livro... Que eu escolhera cinco minutos antes. Mas isso não interessa! Ao menos assim não há a hipótese de não gostar. Obrigada, fofo.


Vamos todos dizer olá

Digam olá às minhas sandálias novas. Comprá-las não estava nos meus planos, mas depois de passar o dia montada numas sandálias MARYPAZ com treze centímetros de salto, teve mesmo de ser, sob pena de já nem chegar a casa. Aproveitei a promoção que faz um desconto de cinquenta porcento no segundo par e pumba: trouxe umas verdes e umas entre o salmão e o rosa. Gostam?



Sim, eu sei que não sou muito original, mas é uma tendência de já uns anos: quando gosto de alguma coisa, compro aos pares. Camisolas, casacos, sapatos, tudo! Faço isso com tudo aquilo de que gosto. E estas sandálias pareceram-me tão confortáveis que nem me dei ao trabalho de escolher um segundo par diferente. Gosto muito.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Dar-nos música

Confesso que estava um bocadinho triste por não poder ir ao concerto dos Bon Jovi. Como fã desde pequenina (verdade, verdadinha), nunca ter ido a um concerto dessa banda e perder mais uma oportunidade andava a aborrecer-me um bocadinho. Contudo, depois de ouvir o que ouvi ontem, fiquei muitíssimo satisfeita por não ter gasto um único cêntimo para ir ver o jeitoso do Jon Bon Jovi. Pois parece que, ao longo desta digressão, a banda passará por Madrid, onde não será cobrado pagamento devido à crise sentida e vivida no país. Ora nós, portugueses, como povo endinheirado que somos, fomos simpaticamente convidados a pagar de cinquenta e nove euros para cima. É justo.
 
Portanto, ou aqueles senhores sabem muito pouco sobre Portugal ou acham que somos muito totós. Os espanhóis estão mal, sem dúvida, mas nós estamos assim tão melhores ao ponto de podermos pagar balúrdios por um concerto? O gesto para com os nuestros hermanos é simpático, mas vendo as coisas pelo nosso ponto de vista aborrece um bocadinho. Temos ordenados da tanga, gente desempregada em barda, não temos dinheiro para mandar cantar o cego (quanto mais o senhor Jon Bon Jovi), mas mesmo assim somos tidos como um país que pode muito bem pagar o disparate que era pedido pelos bilhetes.
 
Depois de saber isto fiquei mesmo satisfeita por não ter ido ao concerto. Continuo a gostar da banda, mas estou um bocadinho chocada com a parvoíce. Mais ainda porque pelos vistos e pelos comentários que ouvi, pagou-se muito por um concerto que nem teve o cenário que tem tido noutras cidades europeias. Fica a mensagem: em Lisboa podemos pagar muito e receber pouco. Chama-se a isto «dar-nos música».
 

Notinha: A imagem saiu daqui.
 

Ainda mais enervante

E já que estou em onda de recordar o que me enerva, lá vai mais uma: os maníacos por reticências. Tira-me do sério ver textos por esta blogosfera fora (e não só) quase exclusivamente pontuados com reticências como se todas as frases tivessem de terminar em suspense. São frases completas, mesmo a pedirem um pontinho final e pimba: reticências. E na frase seguinte outra vez. E na outra o mesmo. Sempre assim até se chegar ao final do texto já com uma pilha de nervos devido ao pára-arranca do mesmo.
 
Bem sei que há quem ache, erradamente, que as reticências conferem o seu quê de profundidade ao que é dito. Usá-las quando fazem falta não tem mal nenhum, sendo o seu uso, obviamente, previsto pela gramática. Contudo, concluir quase todas as frases de um texto dessa forma é, digamos, parvo. Não tem nada de profundo, não deixa ninguém a pensar, não nos faz tentar ler nas entrelinhas. A única coisa que provoca é vontade de corrigir com uma pomposa e vistosa caneta vermelha. Ora vejam lá se não irrita:
 
Hoje acordei cedo... Levantei-me e tomei um banho refrescante... Depois fui trabalhar e conversei com uma colega que é muito experiente... De seguida almocei feijoada à transmontana mas caiu-me mal... Dei uns puns... Foi extenuante! Mas já estou bem... Graças a Deus... Obrigada a todos pelos comentários carinhosos que vão deixar relativamente ao meu problema intestinal... Sois os melhores... Agora vou ali depilar as pernas... Estou a parecer uma ovelha lanzuda... Ai vida!...
 
É mais ou menos isto. Atenção: aviso já que escrevi o texto a itálico de forma totalmente ficcionada. Não só não comi feijoada (e portanto não passei pela desagradável questão da flatulência), como também não me pareço com uma ovelha por tosquiar. E já que perguntam tão ansiosamente (faz de conta), comi empadão e estava bom. Reticências.

Enervante

Se eu tivesse de jogar ténis com a tenista Michelle Brito, tenho a impressão de que largava a raquete no chão e saía dali a correr depressa que aqueles gritos são insuportáveis.

O despique

Adoro o despique entre a Fnac e a Wook quando um deles se lembra de fazer descontos maiores do que os típicos dez porcento. A Fnac anunciou ontem que os dias 28 e 29 serão dias do aderente, ou seja, entre outros descontos, todos os livros estarão mais baratos vinte porcento. Mal vi o anúncio, pensei: pronto, lá vem a Wook. E já veio mesmo: hoje e amanhã (portanto ainda antes da Fnac) oferece dez porcento de desconto imediato e outro tanto no PPL. Os portes, esses, são grátis em compras acima dos doze euros (os aderentes que forem à Fnac também não pagam portes, por isso a competição fica mais renhida).

Isto é tudo muito bonito. Hoje a Wook, amanhã a Fnac e assim lá podemos chegar a mais uns livritos a preços fofinhos que a vida não está para grandes gastos, infelizmente. Contudo, olhando para esta competição não pude deixar de me perguntar: e onde ficam as pequenas e médias livrarias no meio disto tudo? Sim, porque a sua margem de manobra para acções promocionais e publicitárias deste tipo é inexistente. O valor maior de uma livraria pequena não está nos preços que pode oferecer (que não podem descer muito), mas no tipo de atendimento que fazem, no cuidado com os seus clientes e com os pedidos que estes fazem. Ora, quando a Fnac faz destas coisas e a Wook segue o mesmo caminho, deve ser certo e sabido pelos livreiros de espaços mais pequenos que durante esses dias serão essas duas as lojas que lucrarão no negócio dos livros (como de costume, aliás). As outras sobreviverão, o que é, de resto, o que tem vindo a acontecer até aqui (vejam-se alguns dos textos publicados por Jaime Bulhosa no blogue da Pó dos Livros).

Tudo isto para dizer que o negócio dos livros é, hoje em dia, muitíssimo desequilibrado. Existem os gigantes e os anões. Os primeiros têm vindo a sentar-se nas cadeiras que eram dos segundos e precisamente quando eles ainda lá estavam sentadinhos. É lei sabida que onde só cabe um, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço e daí que aquela paisagem antiga que nos fazia ir encontrando livrarias aqui e ali enquanto nos movimentávamos por esta cidade ou por outras, mudou. Agora os livros estão em todo o lado: em hipermercados, estações de correio, bombas de gasolina... Estão, também e em quantidades colossais, na Fnac e na Wook. Onde eles já não conseguem estar é mesmo mas livrarias, naquelas menos megalómanas, onde quem vende realmente sabe o que vende e sabe o que dizer sobre cada item que tem na sua loja. 

Claro que eu adoro os descontos e acabo sempre por aproveitar um ou outro, conforme a disposição. Contudo, percebo o desespero sentido nas pequenas e médias livrarias, lojas quase em extinção e que tão bem nos serviam antes de os gigantes chegarem. Algumas ainda estão aí para nós, mas são já tão poucas que em breve encontrar uma livraria que não pertença aos colossos será mais difícil do que encontrar um ser mítico enquanto se caminha pela rua. 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Chateada

Fico doente quando tento publicar um comentário a um post num blogue qualquer e, de repente, ele desaparece. Acabou de me acontecer isso. Escrevi, escrevi, escrevi e quando fui publicar pediu-me o login no meu próprio blogue. Fi-lo e eis que o que havia escrito tinha desaparecido. Lá se foram dois parágrafos de comentário. Desisto. Nem o vou refazer: está demasiado calor para isso. Mas estou chateada que nem um perú.

terça-feira, 25 de junho de 2013

D. João V: o balanço

Acabei de ler a biografia de D. João V publicada pela Temas e Debates naquela colecção que dedica um livro a cada rei da nossa história. Ia com grandes expectativas, até porque adorara o volume sobre D. Pedro V, escrito pela Maria Filomena Mónica. Porém, não gostei nada desta biografia escrita pela Maria Beatriz Nizza da Silva. Enquanto com D. Pedro V o relato era cronológico, partindo-se do nascimento do príncipe e descrevendo a sua vida privada e política ao longo do tempo, no caso de D. João V anda-se para trás e para a frente, falando-se muito dos que o serviram e do seu descendente e pouco das suas obras (que foram muitas). Senti que o que sei sobre este rei vinha e vem (com as devidas distâncias) do Memorial do Convento, porque esta biografia ensinou-me muito pouco. O relato avança e recua tanto, cita tanto documentos escritos por outros, centra-se de tal maneira em figuras como a do filho e a da nora que acabamos com dúvidas relativamente àquelas que são as maiores curiosidades sobre este rei: as despesas e a megalomania, as relações com freiras e os filhos nascidos dessas uniões, a construção do aqueduto e a edificação do palácio/convento de Mafra e a relação com a sua mulher, D. Maria Ana. Para que se veja, o livro dedica subcapítulos a cada irmão do rei e ao seu descendente logo desde o início e ainda antes de começar a falar verdadeiramente da personalidade biografada... 

Enfim, se curiosidade tinha sobre este nosso rei, curiosidade continuo a manter. Felizmente existem outros livros e outros textos que, provavelmente, explicarão de outra forma aquilo que quero saber. Achei que este era um volume com uma organização e um foco diferente do que esperava num livro desta colecção. Fiquei desapontada.

Recomeço

Depois de quase um ano de pausa, estou de regresso ao Cem Anos de Solidão. Comecei a edição portuguesa, embora me pareça que o original é infinitamente melhor. Embora ainda me lembre relativamente bem do que li no passado, devido aos muitos nomes de personagens (e nomes todos iguais), acabei por achar melhor recomeçar do início. A ver se desta vez nada se atravessa neste meu encontro com o Gabo. 

domingo, 23 de junho de 2013

Cérebros transformados em tapioca

Abomino os programas que passam aos Domingos à tarde nas televisões portuguesas. A TVI anda há um ano a bombardear o público, semana após semana, com os mesmo cantores, com os mesmos apresentadores, com as mesmas babuseiras e com o típico prémio ganho com chamadas. Agora a SIC lembrou-se de, no mesmo dia e no mesmo horário, meter-se na mesma vida. Imagino que andem entre eles à porrada para ver quem tem este ou aquele cantor em determinado Domingo. É que, palavra de honra, não há diferença entre os dois programas. Ambos percorrem o país, em ambos oferecem-se prémios e em ambos há pimbalhada que não acaba. 

Eu até admitia tais programas se, ali pelo meio, dessem mais tempo de antena às tradições portuguesas, ao artesanato e à gastronomia. Já que é para correr o país, ao menos que se perceba que as várias zonas são diferentes a vários níveis e que, de alguma forma, o programa servisse como chamariz para futuros passeios, desse uma mãozinha ao turismo. Mas não: são anúncios aos prémios, cantores que santo Deus e apresentadores aos berros.

Os meus pais costumam ter a televisão ligada na TVI ao Domigo à tarde, enquanto lêem o jornal. Até ao fim de semana passado, a festa era só aí, porém a SIC resolveu começar um programa parecido. E hoje, por causa do S. João no Porto, até a RTP passou parte da tarde a transmitir um programa parecido. É desesperante! Hoje fez-se um tipo de zapping em que, de canal para canal, era tudo igual, só as caras eram diferentes. Já não existe aquela mania de passar filmes ao Domingo à tarde, ou uma série como deve ser. Não. Agora é o Eiró, o Figueiras e os cantores todos deste país a berrarem frases de sentido ambíguo ao bom estilo Quim Barreiros. É o que temos por cá. E pelos visto faz sucesso ou não existiriam três canais a fazer o mesmo tipo de programa. 

Tenho ganas de rachar a televisão com um machado.


Nota: A imagem foi retirada daqui.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Ruindade em miniatura

Quando me dizem que as crianças não têm maldade, fico doente. Têm e algumas têm tanta que é coisa para se ficar fisicamente indisposto. Hoje soube de uma cena que me deixou louca e a pensar que se algum dia um filho meu se atreve a tanto, sovo-o de tal forma que nunca mais se atreverá a isso. E o que aconteceu? Apenas isto: por causa de um jogo qualquer, uma menina disse a um menino "vai cagar em cima da tua mãe". Ora, isto seria menos mal se a menina em questão não soubesse, como sabe, que a mãe do menino morreu no ano passado. Mas sabe e disse-o na mesma. Depois para salvar o couro (sim, porque além de más, também podem ser aldrabonazinhas), disse que não sabia. Pois sim, e eu sou o Pato Donald.

Fico doente com o modo como as pessoas conseguem ignorar este tipo de coisas e imaginar que quem diz uma coisa destas não pode ter maldade. Ir directa à ferida desta maneira e ser uma inocentezinha? Isso não existe. Quem acredita que sim, não conhece as crianças e vai simplesmente atrás da imagem docinha que a sociedade vem passando. As crianças são capazes de actos muito nobres e bonitos. Surpreendem muitas vezes pela força e pela coragem, pela amizade e pela lealdade. Mas podem, também, ser más. E muito. Mais ainda quando querem magoar verdadeiramente, quando se sentem frustradas (provavelmente o sentimento com que menos sabem lidar nos dias que correm). É, frequentemente, assustador ver como os miúdos reagem às coisas e como os pais, que acham que todos são anjos, lançam as mãos à cabeça numa atitude de absoluta incredulidade. "A minha filha fez isso?!", perguntam então. Sim, fez e nem sequer é porque não tenha educação em casa. É, apenas, porque as crianças, ao contrário do que se julga, têm maldade, vontade de magoar e sabem, algumas delas, como fazê-lo na perfeição. Felizmente também há miúdos bons, verdadeiramente bons e bem formados. Não fosse o mundo das crianças esta repetição tão assustadora do mundo dos adultos, e William Golding nunca teria escrito O Deus das Moscas. Ele é que a sabia toda.

Do embaraço

Percebo que estou demasiado cansada quando a minha mãe tenta adormecer a minha sobrinha e acaba por pôr-me a mim a dormir. Sim, isto aconteceu hoje. A miúda resistiu. Eu não.

Foi embaraçoso.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Eu mereço

Os cavalos dos vizinhos que moravam no andar de cima e que se mudaram na semana passada lembraram-se de vir ontem, às onze e tal da noite, desmontar um móvel e carregá-lo aos bocados pela escada abaixo. A essa hora estava eu a adormecer e, com tamanho barulho, despertei e fiquei acordada mais um par de horas. Hoje acordei às sete para ir preparar meninos para o exame nacional de amanhã.

Isto é tudo muito bom e eu mereço, com certeza.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Leitura de autocarro

Geralmente leio um livro mais volumoso em casa e um mais leve e portátil nos transportes públicos. Tenho, portanto, a biografia do nosso D. João V à cabeceira e este Caligrafia dos Sonhos na pasta que levo para o trabalho. Começa bem, logo com uma tipa deitada num segmento dos carris de um eléctrico que já por ali não passa e com uma pequena multidão a cutucá-la com as pontas das bengalas para ela sair dali, enquanto a censuram com veemência. Até agora ale a pena. Já alguém o leu?


Calção

Acabei de ver um anúncio para arrendamento de uma casa que termina com a seguinte frase: "Só alugo com fiador e um mês de calção." (o itálico é meu). 

Estou tão tentada a mandar para lá um email a perguntar se é preciso andar de calções durante um mês para poder arrendar a casa...

Deixou-nos realmente?


Faz hoje três anos que vimos partir um génio. Felizmente o bom dos génios é que deixam sempre por cá boa parte daquilo que fazem. Cá em casa existe uma prateleira que me recorda todos os dias de que um dia existiu um homem, de nome José Saramago, que viveu escrevendo e cujas palavras, ainda hoje, desconcertam, inquietam, envolvem. Saramago deixou-nos há exactamente três anos, mas a minha questão é: deixou-nos realmente? Pode verdadeiramente um grande escritor, um autor ímpar, um homem sábio partir para sempre? 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Grandes amores e enormes saberes

O Expresso está a fazer uma lista das cem pessoas que moldaram o século XX em Portugal. Como tal, a revista do semanário sairá, no primeiro sábado de cada mês, com pequenas biografias de vinte e cinco dessas personalidades. Ao ler a revista que saiu no dia 1 de Junho, deparei-me com o nome de Adelaide Cabete, sobre quem sabia muito pouco (apenas o que uma série de televisão sobre a implantação da República conseguiu mostrar). Fiquei a saber mais qualquer coisa sobre essa senhora através desta pequena biografia da autoria de Anabela Natário. Li sobre uma grande mulher, sobre a sede de saber e de fazer, mas, também, sobre um grande amor. Deixo-vos um excerto deste texto.

"Sobreviveu, menina, trabalhado a dias em casas afortunadas, aprendendo por si a ler e a escrever, até se apaixonar por um homem fora do comum. Filha de operários, nascida a 25 de Janeiro de 1867 em Elvas, Adelaide de Jesus Damas Brazão casou-se aos 18, concluiu a instrução primária aos 22, terminou o liceu aos 29, e licenciou-se em medicina aos 33. Republicana, feminista, maçona, lutou pelos direitos das mulheres, das crianças, dos pobres, dos animais... Lutou por uma sociedade equitativa e saudável.

Quando o pai morre, passa a ajudar a mãe na pequena e artesanal unidade fabril de secagem da ameixa. Um dia, enquanto apanha e escolhe os frutos que secarão ao sol para serem comercializados, Adelaide conhece Manuel Ramos Fernandes Cabete, de 36 anos de idade.

Uma gramática é o primeiro presente que recebe do marido, um homem que aceita partilhar as tarefas domésticas para que ela tenha tempo. Não é rico, mas possui umas propriedades que vende para suportar os estudos da mulher. Ela não desperdiça o esforço e licencia-se na Escola Medico-Cirúrgica de Lisboa.

[...] Quando um dia lhe perguntaram qual tinha sido o acontecimento mais importante na sua vida, candidamente respondeu: "o meu marido"." [sublinhado meu]

Numa época em qua às mulheres só estava destinada a lida da casa, é extraordinário ver que havia homens como o marido desta senhora, capazes de perceber o talento e a capacidade das mulheres, de trabalhar no sentido de as levar a cumprir os sonhos e a realizarem-se. Achei fantástico que o primeiro presente para ela tenha sido uma gramática. Nem jóias, nem flores, nem nenhum outro cliché: um livro e não um livro qualquer, mas aquele que reúne as regras do uso da nossa língua. É extraordinário!

Em tempos como estes que agora vivemos, nos quais muitos não valorizam o conhecimento, é interessante ver como noutras épocas, mais duras e de mentalidades mais fechadas, existiu quem por ele lutasse de forma exemplar. Mais: é admirável perceber que, apesar das ideias vigentes que atiravam a mulher para um lugar invisível da sociedade, havia homens com visão suficiente para perceber o potencial do estupidamente chamado "sexo fraco" Adelaide Cabete terá sido uma importante personalidade do século XX português, mas o seu marido, pelo pensamento moderno que evidenciou, não o terá sido menos. 

E agora este


Vamos lá recordar os feitos do megalómano do Memorial do Convento.

domingo, 16 de junho de 2013

Bye bye cavalos

Dizia o meu pai no outro dia, após os cavalos do andar de cima se terem mudado, que "com tanto silêncio, quando adormecer, será por uma semana seguida". Bom, tanto não digo, mas a verdade é que desde que os bichos se foram embora, já consegui dormir até mais tarde ao fim de semana. Também não voltei a acordar de madrugada com telemóveis a despertar ou com gente a bater portas. 

Espero, por isso, não voltar a ver esta gente tão cedo. Piraram-se, mas não deixam saudades nenhumas. Só mesmo muito soninho em atraso. 

Uma Parte do Todo: o balanço

Acabei hoje de ler o romance Uma Parte do Todo, de Steve Toltz e publicado em Portugal pela Ulisseia. São seiscentas e oitenta e uma páginas intensas, plenas de acontecimentos e de um humor que, pela voz do narrador, me fez recordar o bom e velho Adrian Mole dos diários

A história é complexa, embora nunca difícil de seguir. O narrador é um rapaz filho de um homem extravagante que viveu toda a vida à sombra do famoso nome do irmão, facto que ele detesta. O tio do narrador, portanto, havia sido um famosíssimo criminoso australiano que, por razões muito tortas, era estimado pelos australianos. Jasper Dean, assim se chama o narrador, conta-nos, então, ao longo de centenas de páginas a história do seu pai (tão ligada à do tio assassino que até dói) e a sua própria vida, também ela marcada pela memória de um familiar que chocou a Austrália e que ainda no presente da narração a fascina. No fundo, Martin Dean, o esquecido irmão do criminoso, passa a vida a tentar encontrar um lugar que seja seu, procurando deixar pelo caminho o carimbo de "irmão do Terry Dean" que parece persegui-lo.

Em alguns momentos sentimo-nos diante de uma feira dos horrores carregada de gente louca e muito azarada. O humor que surge tanto pelas situações, quanto pela linguagem e ainda pelas diferentes personalidades que ficamos a conhecer é um dos aspectos mais cativantes do livro. É uma história absolutamente inacreditável e ninguém queria ser interveniente numa histórias destas, contudo a graça com que tudo é contado aligeira bem o peso dos acontecimentos. Creio que nunca deixarei de sorrir perante a lembrança de um concurso que consistia em apostar em quem morreria primeiro para inaugurar o cemitério novo da cidade.

No fundo, as personagens dividem-se entre as que têm muita sorte e conseguem escapar de tudo, e as que têm muito azar e que, por isso e por muito mais, falham sempre. Estas últimas nunca deixam de ser uma parte do todo, mas geralmente a parte que consegue minar esse todo e fazer abanar os seus alicerces até que tudo desmorone completamente. E, gente, neste livro as coisas desmoronam e muito. Neste texto tudo está interligado, não existem pontas soltas e aquilo que parece tosco num parágrafo acaba por ser fundamental uma centena de páginas adiante. A própria linha narrativa pode levantar algumas dúvidas, porém, chegados ao final da obra, tudo encaixa e muitíssimo bem. Tal como num puzzle, em que as partes fazem o todo, também aqui todos os pormenores contam para o produto final. 

Aconselho a sua leitura a todos os que não se importam de ler quase setecentas páginas que não se conseguem largar durante muito tempo. Creio que este autor não tem mais nenhum título publicado por cá, mas ficarei atenta. Este livro é demasiado bom para que o autor pare por aqui. Leiam e depois digam-me se não tenho razão.



sábado, 15 de junho de 2013

Sem tempo

É o assunto de que mais se fala: haverá ou não exame nacional de Português na segunda feira? Ninguém sabe. Por acaso este ano não levo alunos do décimo segundo ano a exame, senão estaria muito mais preocupada do que o que estou. Mas ainda que levasse, creio que pensaria o mesmo: esta greve faz falta e já fazia falta há muito tempo. Vai, provavelmente, atrapalhar muito em muitas coisas, mas é um mal necessário. Desde há muitos anos que os professores são carne para canhão: podem ser colocados em toda a parte sem que se pare para pensar no mal que isso faz às suas vidas pessoal e psicológica; podem levar doses monumentais de trabalho para casa, depois de terem feito todas as horas de trabalho que deviam (e às vezes que não deviam) fazer e têm visto sobre a mesa propostas para o aumento do horário de trabalho para as quarenta horas semanais.
 
Provavelmente, a greve ao serviço de exames vai incomodar e muito. Contudo, muito mais incomodará, se nada se fizer, a implementação destas medidas que se prendem com a mobilidade e com o aumento drástico do horário de trabalho dos professores. Muitos poderão dizer que já trabalham quarenta horas semanais e não fazem greve por isso. Pois, mas a profissão docente tem algumas especificidades que os não docentes tendem a desconhecer. Sabiam que todos os dias, depois de sair da escola, venho para casa e continuo a trabalhar? Tenho trabalhos e testes para corrigir, aulas para preparar, testes para fazer, sumários para escrever, enfim, um mundo de coisas que não fica dentro da escola, mas que vem comigo para casa. Por isso, aumentar a nossa carga horária chega a ser insultuoso. É que não é nas cinco horas a mais que vamos incluir este trabalho que acabei de enumerar: o que acontecerá é que após essas quarenta horas (que virão, certamente, acompanhadas de mais trabalho nos estabelecimentos de ensino de modo a serem necessários ainda menos professores) continuarei a ter os mesmos trabalhos para corrigir, os mesmos sumários para escrever, os mesmos testes para preparar. Simplesmente tudo será atrasado umas horas, porque teremos de estar ainda mais tempo nas escolas.
 
Por isso, minha gente, os professores da escola pública devem parar. Devem fazer-se ouvir e, infelizmente, nesta terra de surdos, só com grandes consequências é que alguém pára para escutar realmente alguma coisa. Parar os exames, fazer alterar um calendário preparado há tanto tempo é, crê-se, o único modo de uma classe completamente vilipendiada se fazer ouvir. Lamento por todos os prejudicados, pelos alunos que vêem esta situação como uma enorme pedra na sua caminhada para a conclusão do ensino secundário. Contudo, sei que esses também perceberão que, tal como estão, as coisas não podem persistir. A escola pública, com estas medidas, não será uma boa escola, mesmo com os bons professores que por lá se encontram. Não se pode continuar a exigir a estes homens e mulheres que dêem mais um bocadinho e mais um bocadinho e mais um bocadinho até já não terem nada para dar, nem sequer saúde. Sim, porque algures aqui pelo meio, alguém se esqueceu de que a profissão docente é comprovadamente uma das mais stressantes dos dias que correm. Aumentar a carga horária é aumentar o stress e a pressão a que um professor está sujeito, sem que este, ao menos, receba mais por isso. Beneficiará isto os alunos? Não. É medida de quem já esqueceu o que é ser professor e, talvez mais ainda, o que é ser adulto.
 
Como professora de Português estou, portanto, solidária com todos os que resolverem parar. Pessoa, Camões, Saramago ou Sttau Monteiro poderão esperar mais uns dias para saírem no exame. Os professores deste país é que já não têm tempo nem força para esperar mais.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Gentinha

Há pessoas com incapacidade crónica para fazer elogios. Porém, têm uma enorme capacidade para criticar negativamente. Mais espelhos e menos soberba precisam-se.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Menina Quer Isto XXXIX

Há quanto tempo não vinha eu dizer que queria mais este ou aquele livro? Já há quase dois meses. Com a Feira do Livro, muitas das vontades foram resolvidas, mas eis que lá começam a surgir desejos novos, próprios de uma leitora eternamente insatisfeita.

Hoje apercebi-me de que este está à venda. Além de ser um livro bonito no que ao design diz respeito, é um livro que me parece interessante por falar um pouco sobre autores importantes e tidos como sendo muito bons. Saber quem escreve é, por vezes, quase tão importante quanto ler o que escreve. Por isso é a mais recente vontade. Para quando será?


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Feira do Livro de Lisboa: o balanço

Com a Feira quase a terminar, e depois de já ter falado dela para lá de cem vezes, importa dizer que a senti diferente este ano. Mais cara, com promoções menos vistosas, com menos ofertas (como os célebres marcadores que sempre íamos recebendo pelos vários pavilhões). Notou-se a crise e, em boa parte dos dias em que fui lá, via-se menos gente do que noutros anos. Ainda assim, acredito que os fins de semana tenham sido um sucesso no que à afluência diz respeito.

No fim de contas, pode tudo estar diferente, podem os grandes grupos editoriais ir tirando, ano após ano, o habitual aspecto pitoresco da feira, mas a verdade é que ela cá está sempre para nós e nós, os leitores, cá estaremos sempre para ela. Para mim, leitora convicta e professora de Português, ver as pessoas deslocarem-se àquele parque lindíssimo apenas pela razão de que por lá se vendem livros é muito reconfortante. Ver pais a comparem livros aos mais novos é um bom sinal. Ver pessoas mais velhas a interessarem-se, também, pela leitura é muitíssimo bom. Ler é importante e já nem vale a pena repetir os benefícios que a leitura de livros e, principalmente, de bons livros, traz à nossa existência. 

A Feira do Livro é um negócio. Nem discuto tal afirmação. As editoras estão ali para vender os seus produtos e despachar muito do que têm em armazém. Mas é também, e eu acredito nisso, a festa do livro e o lugar onde não pode haver vergonha nenhuma em afirmar "eu adoro ler". Com mais ou menos volumes dentro do saco, sempre acaba por vir de lá qualquer coisa, nem que sejam as memórias de umas horas bem passadas. Para o ano há mais.



Nota: As imagens foram fotografadas dos sacos de papel da editora Objectiva.

Porque a vida não são só livros*

Porque a vida não são só livros, hoje, no último dia do melhor evento anual da cidade de Lisboa (opinião minha, claro), uma caminhada sem rumo resultou nesta compra. Eram para ser uns muito azeiteiros, mas o bom gosto de um rapaz farto de me ver com ténis patudos resultou nestes. Acho-os fofinhos. São muitos diferentes dos do costume. Venha o fim-de-semana para poder estreá-los!


* Título amorosamente sugerido pelo namorado. Muchas gracias!

Poluição ocular

No texto que coloquei num teste, falava-se de poluição. Portanto a palavra estava lá escrita. Ora, uma das minhas alunas, constato agora, conseguiu o prodígio de escrever essa palavra das seguintes formas e em linhas quase seguidas: "peluisão", "poluissão", "poluisão" e, por fim, "ploição".

Juro que não sei como, depois destas correcções mirabolantes, consigo continuar a escrever sem disparates de fugir. Isto suja-me os olhos e estoura-me a paciência. Apre! Só precisava de abrir o diabo dos olhos para enxergar a palavra bem escrita no texto. Custava assim tanto??!

domingo, 9 de junho de 2013

Ler o mesmo livro que eu

Ando a ponderar vender alguns dos livros que tenho e que já não quero (só ainda não descobri muito bem como o vou fazer). Estava, por isso, a dar uma espreitadela às estantes quando me deparei com um livro que li há exactamene um ano e que era o que andava comigo por alturas dos exames nacionais do ano passado. Lembro-me de que então o levava debaixo do braço para a escola num dia em que ia, com uma colega mais velha, vigiar o exame de Matemática do décimo segundo ano. Lá deixei o livro posto em sossego enquanto dava as malditas voltas à sala durante horas. No fim, a minha colega, com quem nem falava muito, perguntou-me o que andava a ler. Disse-lhe. Perguntou-me se era bom. Respondi-lhe que tinha alguma graça, mas que não era nada do outro mundo. No minuto seguinte está ela a sacar de um bloco para apontar o título do livro e os nomes da editora e do autor. Fiquei a olhar para ela, até que me diz "Preciso de qualquer coisa para ler no Verão. Vou arranjar este."

Não foi um livro que tenha amado, como aconteceu com outros. Estou para aqui a tentar lembrar-me da história e não consigo. Só me lembro de ter uma personagem principal meio amalucada, com um nome estranho, e de ter partes cómicas, mas de uma comicidade muito sarcástica e contida. Lembro-me de que tinha um crime e de uma cena passar-se num cemitério. Mais nada. Lembro-me de que a minha colega decidiu comprá-lo assim, do nada, só de olhar para ele. Foi talvez a única vez em que considerei estranho, muito estranho, alguém querer ler o mesmo livro que eu. 

Viajar pelo papel

«Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como Sampetersburgo - entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até ao quintal.»
 
Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, Porto Editora, p. 3.
 
Creio que para quem gosta de livros, existem modas que vão e vêm de tempos a tempos. Já tive a pancada pelos clássicos (gosto esse que vou manter sempre), pelas peças de teatro, pelas biografias, pelos romances históricos, pelos livros de história, pela literatura infanto-juvenil, pela literatura hispânica, pela biografia, pelo diário, pela filosofia... Enfim, já corri tudo. Nunca pensei vir a render-me à literatura de viagens, mas pelos vistos foi uma das pancadas do ano. E assim, desta feira do livro vieram três obras que vão dar às viagens e, das mãos do meu querido moço, veio uma outra. Queria mais, mas já não há espaço.
 
 
 
 
 
E como sou uma eterna insatisfeita, gostava também de ter este que, por alguma razão, não encontrei na Feira do Livro de Lisboa:
 

 
As capas dos livros do Paul Theroux são de babar. Tiro o meu chapéu à Quetzal que faz estes e outros livros com um cuidado admirável. Quando recebi o O Grande Bazar Ferroviário, fiquei a saber que a obra-prima deste autor era o O Velho Expresso da Patagónia que é, digamos, um livro caro (quase trinta euros). Na Feira do Livro estava a vinte (o que continua a não ser barato), mas trouxe-o. Depois soube que esse livro nasceu da influência de um outro, de Bruce Chatwin, que integra as listas do Plano Nacional de Leitura, intitulado Na Patagónia. Resultado: acabei por trazer os dois.
 
Sei lá quanto tempo durará esta doideira pelos livros de viagens. Mas verdade seja dita: toda a leitura é uma viagem, mesmo aquela que retrata o que temos ao pé da porta. Se pela leitura pudermos ir ao outro lado do planeta, vendo tudo através de uns olhos bem treinados para devorar o mundo, tanto melhor. Viajarei, então, à roda do meu quarto, de nariz nos livros e imaginação bem longe.



sábado, 8 de junho de 2013

Antipatias

Se na editora Cavalo de Ferro a simpatia foi imensa ao longo a Feira do Livro, não posso dizer o mesmo de outras editoras. Por vezes fico com a sensação de que há quem julgue estar a fazer-nos um enorme favor ao atender-nos.

O resultado do dia de hoje

Foi assim que chegámos ao final do dia de hoje. Eu com arrumações, ele com um jogo de futebol e depois a última ida à Feira do Livro porque ele ainda não tinha passado por lá. Resolvemos, então, ir juntos e assim despedi-me dela novamente. No fim de tudo um belo jantar e muito cansaço. Já não temos vinte anos...
                                      

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A boa nova

Hoje é um dia feliz. Recebi uma boa nova daquelas que se querem há muito. É que soube que oss camelos dos vizinhos de cima mudam-se daqui para fora no próximo sábado. Estou, neste momento, a ouvir a mula da mulher aos gritos provavelmente pela última vez (ou bem perto disso). Caramba, até era capaz de os ajudar na mudança para ver se a coisa se fazia mais depressa...
 
P.S.: Obrigada, Senhor!

Presentinho

Hoje ofereceram-me este livro e eu gostei muito. Parece ser bem giro e muito apetecível.


Nota: A imagem foi retirada da página da Wook, como bem se nota.

Estranhezas

Depois de ler um poema do José Jorge Letria sobre Dom Quixote, perguntei a uma aluna num teste:
 
1. Este poema refere-se a uma personagem muito conhecida da literatura.
      1.1. Indica-a.
      1.2. Quem a criou?
 
Tinha, no poema, todas as informações necessárias para responder às perguntas. Porém, o que obtive foi:
 
1.1. A personagem da literatura a que o poema se refere é Luís de Camões. [?????? What????]
 
1.2. Quem a criou foi Dom Quixote. [Portanto Luís de Camões foi criado por Dom Quixote, é isso? Oh meu Deus...]
 
E é isto, minha gente. Nem sei o que diga mais. Por muito que tente perceber o raciocínio, não consigo. Estava tudo lá: não sei onde foi ela buscar o Camões.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O ninho atrás da orelha

Na semana passada, quando fui à Feira do Livro, vi num dos pavilhões da Babel um livro pelo qual me interessei. Ao ver o preço, reparei que devia haver um engano: o preço de editor que estava marcado era de valor inferior ao preço de feira. Portanto o de editor eram dez euros, o de feira seriam doze. Alertei a menina responsável pela caixa e ela disse que já sabiam do erro, mas que o preço correcto era mesmo o de feira, ou seja, o livro custava mesmo doze euros e não dez. Achei-o caro e deixei-o lá. Se o preço de feira era aquele, quanto seria o seu real valor na editora? 

Agora, sem nada para fazer, resolvi procurar o nome completo do livro para ver se um dia, quando me apetecer gastar dinheiro, o possa comprar. E eis quando no catálogo da Wook ele me aparece a dez euros... Portanto, mais barato do que na feira. E sem que haja a indicação de estar a ser feito algum desconto. Fiquei, por isso, com a sensação de "ninho atrás da orelha": ninguém espera borlas na feira, mas também ninguém ambiciona encontrar os livros mais caros do que o que estão nas livrarias. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Do que os miúdos ouvem

Hoje estava na sala dos professores a ver uns livros que haviam chegado, quando ouvi sem querer uma conversa entre três miúdos do quinto ano, na qual um falava e os restantes ouviam. Ora, assim de repente ouvi «casa em meu nome», «quando morrer eu é que vou ter de ajudar», «dinheiro», enfim, coisas que não se esperam ouvir da boca de um menino de dez anos. Larguei os livros, fui lá e perguntei «Então, mas estás com problemas de finanças, é?». Bom, o menino lá me explicou que o avô está muito doente («entre a vida e a morte», acrescentou um nada exagerado colega) e vai ter de ser operado ao coração. Mas como o avô é que «sustenta» a família toda, estão (ou pelo menos o miúdo está) com muito medo de que ele não resista, deixando todos os que dele dependem em grande aperto financeiro.
 
Expliquei-lhe, então, que era normal preocupar-se com a saúde do avô, por ser alguém de quem gosta. Porém, não devia estar a pensar no resto pois esse é um problema de adultos que só os adultos poderão resolver. Às crianças o que é das crianças e aos crescidos o resto. Lá ficou mais sereno (não sei por quanto tempo), mas fiquei a pensar nisso. O que o miúdo disse e transmitia com tanta veemência aos colegas foi, provavelmente, ouvido em casa pelo meio de conversas de adultos. Numa cabeça de dez anos, tudo ganha proporções descomunais e, se o assunto não for devidamente explicado, acontecem coisas como esta. De um modo geral, acho que existe pouco cuidado naquilo que se diz perto de crianças. Acho que facilmente os adultos se esquecem de que eles têm um par de ouvidos geralmente em muito bom estado e que apanham tudo, não tendo, porém, a habilidade para tratar devidamente a informação. É fácil perceber a ansiedade em que estava aquele rapazito. Difícil é fazer perceber que esse estado era facilmente evitável.

sábado, 1 de junho de 2013

Esta tarde

Depois de uma ida à Feira da Ladra durante a manhã, de ter conseguido uma edição catita do Quixote que ainda não tinha, de ter carregado mais um pouco as prateleiras cá de casa (já nem mostro as capas, que é uma vergonha), de ter almoçado muito bem e em óptima companhia, o resto da tarde será assim, como esta fotografia sugere.

Na Feira do Livro de ontem

Ontem foi isto. Não foi tão caro quanto possa parecer. Preciso de prateleiras. Urgentemente.

À Cavalo de Ferro

Que a editora Cavalo de Ferro publica livros fantásticos e muito cuidados já ninguém discute. Uma ida ao pavilhão desta editora na Feira do Livro é uma perdição e, por isso, são maioritariamente seus os livros que comprei nesta edição da feira. Creio que foi a editora em que me apercebi de maiores descontos e consegui por lá um volume que já perdera a esperança de comprar: a tradução portuguesa de Rayuela, de Cortázar. Se já gostava desta editora, agora ainda gosto mais.
 
Mas uma editora não é feita só de livros e de autores. É feita, também, daqueles que dão a cara pelo trabalho publicado, que contactam com os futuros leitores, que com eles trocam opiniões. No pavilhão da Cavalo de Ferro está a Ana Maurício, uma menina que não conhecia, mas por quem fui muitíssimo bem atendida todos os dias em que visitei o evento. Foi graças a ela e à sua disponibilidade que consegui, finalmente, comprar a Rayuela. Recebi, até, um telefonema seu a avisar-me da chegada do livro ao pavilhão da feira na quinta-feira passada. Foi de uma simpatia inigualável e, por isso, só posso considerar que a editora está de parabéns por ter alguém assim na sua equipa (ou, pelo menos, na Feira do Livro).
 
É muito fácil vender livros. Eu também já os vendi (e tomara eu voltar a ter a oportunidade de regressar a essa vida que nunca como então tinha sido tão feliz). Mas vendê-los bem, atender os leitores com um semblante simpático e mostrar disponibilidade para trocar impressões com eles é uma coisa totalmente diferente. No pavilhão da Cavalo de Ferro encontrei um atendimento que não verifiquei em muitas outras editoras. É pena. Seria bom que a experiência que se vive na Cavalo de Ferro se repetisse por todos os cantos da feira.
 
 
Nota: Hoje fiquei a saber que, provavelmente, ainda regressarei à Feira do Livro antes de que ela acabe. Ai ai...