quinta-feira, 31 de julho de 2014

Férias?...

Finalmente de férias! Haja finalmente o merecido descanso! Para os próximos dias a actividade que prevejo tem semelhanças com a de uma jibóia que comeu demasiado e que, portanto, se mexe o mínimo possível. Essa serei eu, sem tirar nem pôr. Infelizmente terei de começar a limpar a casa, sob pena de desaparecer pelo meio de bolas de cotão que, sabe Deus como, sempre aparecem. Também por ali existe uma belíssIma pilha de roupa para passar a ferro. Bom... Se calhar adio o "estado jibóia" para o fim-de-semana e pego já neste assunto. 

Pensando positivo: ao menos não tenho de deslocar-me para o meu local de trabalho. Menos mal.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Embirração gratuita

Não perguntem porquê, mas odeio capas de livros com as fotos dos seus autores. Gosto muito mais de ilustrações. As caras dos autores não. Que embirração tão parva!

domingo, 27 de julho de 2014

Em fúria

Lembrei-me agora, a propósito de uma notícia do Expresso, de procurar na internet a prova que os professores contratados com menos de cinco anos de serviço e que pretendam candidatar-se ao ensino público realizaram na semana que passou. Não fiz essa prova e tenciono nunca a fazer. Depois de vê-la afirmo que prefiro mudar de profissão a sujeitar-me a tamanha humilhação. Convido-vos a pesquisarem a PACC para verem o nojo a que foram sujeitos professores das várias disciplinas. Havia perguntas que pareciam retiradas de um exame nacional do nono ano! 

Sou professora de Português há quatro anos e, para sê-lo, estudei em dois ciclos de ensino superior, frequentando o mesmo durante mais de sete anos. Há quatro anos lectivos que lecciono níveis que vão do quinto ao décimo segundo ano. Já levei mais de uma centena de alunos a provas nacionais. Nunca precisei, para isso, de responder a perguntas sobre o tempo que o Sr. António leva a deslocar-se do ponto A ao ponto B (consultem a prova), nem de estudar a distribuição de lugares dentro de uma carruagem de um comboio, nem de verificar quantas pessoas poderão reclinar o banco do meio de transporte em que viajam. Nunca precisei, para levar os meus alunos a bom porto, de resolver problemas matemáticos. A única matemática que enfrento é mesmo a que envolve as percentagens dos testes e das notas finais. Mas daí a precisar de saber quantas estações de metropolitano tenho de percorrer para chegar do Picadeiro ao Quartel (consultem a prova) vai um passo enorme. Até posso saber responder a tudo, mas é humilhante que se sujeite a perguntas destas gente que se formou numa área específica. Não preciso disto no meu dia-a-dia e não saber responder de caras a algumas destas palhaçadas não faz de mim pior professora.

É nojento. É tão revoltante que ninguém imagina! O melhor era fazer-se logo um auto-de-fé no Terreiro do Paço e queimar por lá os ousados que têm menos de cinco anos de serviço e que ainda assim, sem prova que certifique que TÊM CÉREBRO, gostam de dar aulas. Aliás, o desfile de professores nestas condições até podia fazer-se com os mesmos usando umas lindas orelhas de burro, enquanto eram deliciosamente chibatados por todos os que aplaudem esta prova e, pior, o achincalhamento e a constante desacreditação destes profissionais. Não sabe contar estações do metropolitano? É queimá-lo! Não sabe responder a quebra-cabeças (consultem a prova)? É dar-lhe ainda mais açoites! Não sabe agrupar provérbios populares de acordo com a sua temática? Então não pode leccionar seja que disciplina for porque é nitidamente burro, incapaz e, provavelmente, inapto para contactar com crianças e jovens, pois pode pegar-lhes a asnice. 

Mas eu li Pessoa, li Camões, sei dividir orações, consigo fazer inferências a partir do que leio, sei relacionar aspectos da minha língua com o Latim, que lhe deu origem. Eu li Camilo Castelo Branco, sei quais foram as correntes literárias portuguesas, consigo distinguir um texto expositivo de um texto expositivo-argumentativo, eu até consigo perceber porque razão o Pajem fica no cais, enquanto o Fidalgo embarca na barca do Inferno! Eu sei contar sílabas métricas, sei ensinar e reconhecer metáforas, sei que Os Lusíadas é uma narrativa em verso, sei conjugar os verbos em todos os tempos e modos, nos seus tempos simples e compostos, nas suas várias pessoas, no singular e no plural. Sei identificar classes e subclasses de palavras, sei quando utilizar "à", "há" ou "ah", sei distinguir "de mais" de "demais", sei o que é uma analepse e uma prolepse, ensino sem sofrimento o que é uma perífrase a um nível tão tenro quanto o sexto ano, sei o que é um complemento oblíquo e como se distingue de outros complementos e modificadores, sei de trás para a frente a lista dos verbos copulativos. Eu sei isto tudo e muitas coisas mais e, além disto, leio muito, leio todos os dias, procuro saber ainda mais. Nunca me perdi nas linhas do metropolitano, mas também se me tivesse perdido, deixaria de poder desejar ser professora? Passou agora a leitura de um mapa a ser mais importante do que todo o conhecimento que adquiri no Ensino Superior (público, no meu caso, e note-se a ironia da coisa...) e do que a relação saudável de afecto que desenvolvi ao longo destes anos com os meninos e as meninas que já se sentaram diante de mim para... aprenderem? Será que o facto de eu não saber quem esteve num grupo de Bridge ou de outras diversões faz de mim uma pessoa a excluir do ensino? Então e o resto? Aquilo que sei na perfeição? Bem sei que existirá uma prova para cada disciplina específica, mas esta já é suficiente para ter a certeza de que não sou mesmo nada bem-vinda nesta profissão. Estudei muito, tive uma média muito boa tanto na licenciatura quanto no mestrado realizados na Universidade de Lisboa. Defendi uma tese com uma classificação bem próxima da nota máxima. Por acaso, sempre ensinei no privado: foi por lá que se me abriram as portas. Fiquei hoje a saber, pela consulta da prova, que os professores são uns atrasadinhos e que é assim que são tratados. Recuso-me a isto.

Não farei esta prova. Não a fiz e não a farei. Considero-me boa naquilo que faço, mas consciente de algo que há muito me faz pensar: o melhor para mim é mudar de profissão. Haverei de o fazer, logo que seja possível. Não estudei tanto para esta humilhação. Não mereço isto. Corrijo: não merecemos.

sábado, 26 de julho de 2014

Sinto-me uma Dorothy*

Depois de meses e meses afastada de um vício que já quase raiou a insanidade, eis que compro não um livro, mas um par de sapatos. Na verdade, em tempos comprei tantos e depois parei de fazê-lo, o que fez com que os meus sapatitos começassem a estragar-se e a ficar bastante envelhecidos. Se antes não sabia o que calçar porque a oferta não tinha fim, agora não sei o que calçar porque os meus favoritos já estão arruinados pelo uso e pela sua não substituição. Ultimamente até evito entrar em sapatarias para não cair em tentação que para vício bem me bastam os livros. Mas de vez em quando, mesmo muito de vez em quando, sou como um bêbedo num bar e olhem... Lá vem mais qualquer coisa. E assim, eis que chegaram estes amorzinhos que me aliviaram logo ali das dores nos pés que as sandálias que trazia me estavam a causar. São giras, simples e confortáveis. É o que se quer. Ah, e são da Oysho. Ah, e estavam em saldos.


* Dorothy, a menina dos sapatos vermelhos na adaptação de O Feiticeiro de Oz. No livro os sapatos são de prata, mas nos primórdios do cinema a cores, a prata não era mais do que cinzento com brilho e o vermelho era muito mais esplendoroso. 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Mario Vargas Llosa

Adoro ler (enorme novidade), adoro livros (outra) e adoro ter livros novos (bocejo). Adoro literatura, aliás, boa literatura e não engulo, de forma alguma, qualquer coisa. Sou muuuito selectiva, não costumo ler bestsellers e geralmente até fujo deles em alta velocidade. Gosto de bons autores, frequentemente jogo pelo seguro e escolho obras de autores já consagrados para não correr o risco de uma estopada "delicodoce" ou de códigos e misterios sempre iguais. Gosto da nossa literatura (dos mais antigos aos mais jovens escritores), gosto muito de outras literaturas europeias (a espanhola, a francesa, a inglesa...) e gosto muito, também, da literatura sul americana. Os textos costumam ser bem dispostos, imaginativos e é frequente recorrerem ao realismo mágico que nos deixa boquiabertos. Neste campo, Mario Vargas Llosa é, desde há muito, um escritor que não desilude. Não sendo como Gabo no que ao realismo mágico diz respeito, cria histórias imaginativas e cheias de um humor saboroso, muito devido às personagens peculiares e riquíssimas que inventa. Por isso, para a lista de livros a despachar no verão, chegaram hoje estes dois. Palavra que estas férias prometem...


terça-feira, 22 de julho de 2014

Sopa

Aprendi há pouco tempo a fazer sopa. Que dizer? Sei fazer coisas muito mais difíceis, mas a sopa ficava-me sempre deslavadinha e medonha. Há um parzito de meses resolvi que não podia ser assim tão estúpida e a coisa lá começou a correr bem. Mas nem é disso que venho falar. Venho mesmo contar-vos que o Sr. Gato é viciado em sopa. Sim: não pode cheirar sopa sem virar um possesso. Coloca o seu olhar dengoso de gato das botas e mia, mia, mia até que lhe chegue qualquer coisa. Reparem: falo do mesmo gato que dispensa salmão. Este bichano tonto prefere um cremezinho de batata com cenoura em vez de um peixinho gordinho e cheio de ómega 3. 

Portanto o ritual é este: como a minha tigelinha de sopa ao jantar, tendo o cuidado de deixar uma colherzita ou duas de caldo no fim. Junto um pouquinho de água (por vezes esqueço-me...) e o bichano lambe aquilo tudo com um gozo que dá gosto. No fundo, não há muito mais que ele peça. Talvez fiambre quando nos vê a usá-lo e atum (em água, que em óleo não lhe dou). Fora isso não pede muita coisa e vive feliz com o que tem. É um simples: uma malguinha de sopa e é um gato novo.  Ele há coisas...

Em que a dona do blogue chega a uma brilhante conclusão

Decididamente, ou cancelo as newsletters das livrarias ou editoras ou acabo esmagada sob pilhas e pilhas de livros.

sábado, 19 de julho de 2014

Os nossos vícios

Pensando positivo: podiam ser vícios piores.




Eu sou velha o suficiente para... III

Acordar num sábado de manhã, correr os canais de televisão e ficar deliciada pelo facto de estar a passar o "Olha Quem Fala" no canal Hollywood. Este filme, juntamente com o famosíssimo "Sozinho em Casa" (que passa na televisão todos os anos pelo Natal) eram os meus favoritos quando era pequenita. Há uns tempos lembrei-me do "Olha Quem Fala" e de que já não o via há uma eternidade. Pois hoje vi-o todinho e achei a mesma piada de sempre. O bebé é um fofo, a voz do senhor Bruce fica-lhe bem... E eu sou velha o suficiente para continuar a gostar disto e para perceber as roupas da mãe do miúdo.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

A capa e o respeito

Não ha palavras para descrever a aberração que foi a capa do Correio da Manhã de hoje. Se a ideia foi a de pôr toda a gente a mencionar a imagem da capa e a de levar meio mundo a correr aos quiosques para ver e comprar o jornal, então acredito que tenha corrido muito bem. Ainda assim, foi de mau gosto, foi desrespeitadora, foi desadequada a um acontecimento tão triste, lamentável, assustador e repulsivo como este. Tem de haver limites e aqui, nitidamente, não houve. Foi o vale tudo pela capa mais expressiva. É repugnante.

Pode haver quem concorde (já vi pelo Facebook vários comentários cujos responsáveis não percebem a indignação pela escolha triste da foto da capa). A mim parece-me de mau gosto e nem consigo imaginar o que sentiria se um familiar meu estivesse naquele avião. É tudo demasiado grave e mau para ainda se colocar mais o dedo nesta ferida. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

A menina queria e já tem


Chegou hoje. Obaaaaa!

Quixotadas curtas III

- O Sr. Gato aprendeu algo novo e eu nunca tinha sido informada de que um gato poderia chegar a este ponto de malvadez: perante o facto de eu não ter saído da cama à hora costumeira (e ele parece ter um relógio interior muito afinado), resolveu dar um salto tal que chegou ao interruptor e acendeu a luz do quarto. Não sabia se havia de rir pela esperteza e qualidade do salto ou se havia de chorar pela terrível descoberta do bicho. A verdade é que tive de levantar-me para apagar a luz e já não voltei para a cama. 1 - 0, ganha o Sr. Gato.
 
- A tarefa doméstica que abomino desde sempre é a lavagem da louça. Minha gente: eu ODEIO lavar louça. Mas mesmo. Por mim atirava a louça fora quando estivesse suja, mas não me deixam. Ora, sempre disse que quando tivesse a minha casa, ainda antes da cama, entraria pelo lar adentro a bendita máquina de lavar a louça. Porém, não foi assim. A máquina só chegou há um parzito de semanas e eu só lamento o facto de não levar ainda mais louça de cada vez. Fora isso, estou deliciada e a minha cozinha parece outra, sem as memoráveis pilhas de pratos, tachos e afins que costumavam erguer-se irremediavelmente.
 
- Na mesma altura em que chegou a máquina, chegou o processador de alimentos, ao qual, pomposamente, dei o nome de 'Henrique'. Ora, o 'Henrique' é um aparelhozinho da Kenwood que me deixou de lágrimas nos olhos mal o experimentei. Desde que ele chegou, nunca mais piquei uma cebola à mão, nem parti cenoura aos pedacinhos, nem piquei salsa ou alho, nem ralei nada com estas mãozinhas que Deus me deu. Não. O 'Henrique' tem feito tudo por mim. Vai tudo lá para dentro e eu só tenho de mudar a lâmina conforme aquilo que quero (picado, ralado fino, ralado grosso). O 'Henrique' até prepara massas (pão, pizza e por aí fora) e também bate os ovinhos com o açúcar para os bolos. Além disso tem um liquidificador e um espremedor de citrinos incluído. Essas duas últimas coisas já tínhamos, mas não faz mal. Longa vida ao 'Henrique'!

A foto saiu daqui. 
 
- Cá em casa redescobriu-se a paixão pelos Legos e constatou-se aquilo que sempre foi um facto: que são caaaaros. Mas é aquele brinquedo que nunca deixará de ter graça. Por agora, ficamos com os que já temos. Mas ainda havemos de montar uma bela cidade Lego! Ah Euromilhões, o que esperas para vir cá para casa?...
 
 
- Em contagem decrescente para as férias. Não prevejo fazer nadinha de especial, mas preciso daquele descanso. Há muitos livros em lista de espera...


segunda-feira, 14 de julho de 2014

E agora para algo completamente novo...

Terminado o romance, venha o mais recente livro de viagens de um conhecido Monty Python. E bem a  propósito: é sobre o Brasil. Ora vamos lá dar um pulinho até terras de Vera Cruz.


sábado, 12 de julho de 2014

Quentinhos, quentinhos

Chegaram há relativamente pouco tempo às livrarias e agora chegam cá a casa. O último livro de viagens de Paul Theroux (um clássico nessas andanças) e um autor português que se lembrou de um óptimo tema para o seu romance: a eterna batalha entre os números e as letras. A capa é muito engraçada. Ainda não fui ver quem é o responsável por ela, mas está verdadeiramente bonita e, após uma leitura da sinopse do livro, ajuda a perceber o que vem lá. Vai ser uma das leituras de Verão. E, diga-se, este vai mesmo ser um Verão de leituras. 


Nota: Sim, estão a ver bem. Apesar da má qualidade da foto, vê-se um par de patinhas entre os dois livros. O Sr. Gato só está bem rodeado de livros. Não percebo...

Tarde de sábado

Depois de uma manhã de calor que começou com um passeio e um belo almoço, deixem-me  dar-vos pistas sobre a minha tarde de sábado. Estou deitada na cama e sobre ela está o saco com o semanário Expresso e o livro que ando a ler (na foto). Na mesa de cabeceira há uma garrafa de água. O estore e o cortinado já estão posicionados de forma a deixar entrar luz para o quarto de maneira a poder ler, mas sem que fique desapropriado para as sonecas que tenciono fazer. O gato já se instalou sobre a mantinha dele e parece estar a meditar profundamente. Parece-me tudo pronto para uma bela tarde de calor e jiboianço. 


quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Sr. Gato estudioso

Ontem, ao entrar em casa, pousei na mesinha da entrada o exame nacional de Português da 2.ª fase do 6.° ano. Como preguiçosa que sou, hoje saí de casa e ele lá continuava pousadinho e fechadinho até novas ordens (tipo eu ser chamada para corrigir uns quantos). Hoje, ao chegar a casa, verifico que o Sr. Gato não aguentou a curiosidade e que, portanto, resolveu abrir o exame e, quem sabe, ler os textos que o compõem. É um marrãozinho peludo, é o que é.



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Futebol bélico

Agora expliquem-me como se eu fosse muito burra a relação entre os autocarros incendiados no Brasil e os golos que a selecção anfitriã 'encaixou' ontem. É que não consigo perceber como raio um péssimo resultado futebolístico justifica arrastões, incêndios de veículos de terceiros e ruas fechadas devido a incêndios de móveis e de lixo. Aliás, até me custa perceber de que forma os sete golos sofridos justificam a queima da bandeira do Brasil por parte de adeptos descontentes. 

É verdade que foi um resultado estrondosamente duro, contudo importa saber lidar com estas coisas. É o chamado 'quem vai à guerra dá e leva'. Não querem correr riscos? Não participem nas competições, é bastante simples. Assim, o que parece é que só se está bem enquanto a equipa da casa se sair bem. Quando perder, virão os assaltos, os incêndios, os ataques aos bens de quem não estava em jogo e que não tem nada que ver com o assunto. E infelizmente, estando o mundial a acontecer no Brasil, a ideia que passa é mesmo a de que facilmente tudo pode descarrilar. Ainda que quem cause a desordem seja uma minoria, é inevitável pensar que talvez o melhor seja mesmo ficar por casa, não ver os jogos nas praças criadas para o efeito, não ir até aquele país gastar o nosso dinheiro porque há quem ferva em pouca água e se escude no futebol para acções reles e baixas.

Pior para o turismo que sempre vai aproveitando estas festas que o Brasil sabe fazer, mas que provavelmente sai maculado destes outros 'arraiais' realizados por quem confunde futebol com uma guerra. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Coisas que Odeio XVI

Se há coisa que anda a pôr-me louca é o facto de tanta, tanta, tanta gente fugir dos livros como quem foge da cruz e da água benta, mas depois andar a partilhar frases (profundas) literárias por esse Facebook fora como se fossem verdadeiros entendidos e apreciadores de palavras, de frases, de textos, de livros. Do que quer que seja que envolva letras sem serem publicações nas redes sociais.
 
Ele é Neruda, ele é Nabokov, ele é Gabriel García Márquez, ele é Saramago... Frases que andam na boca do mundo e que só não se vulgarizam mais porque saíram da mão de génios que conseguem sobreviver à constante banalização de que vão sendo alvo. Quem os cita podia, pelo menos, dedicar-se a lê-los. Nem que fosse só um dos livros, só para saberem do que falam. É como o «Ser ou não ser: eis a questão.», dito por Hamlet, citado milhões de vezes e sobejamente mal interpretado.
 
Perdoem-me todos os que gostam de ler e que recorrem a umas citações de vez em quando. Isto não é para vocês. É apenas para quem quer esconder o vazio aparentando profundidade ao recorrer a frases de gente que escreveu para ser lida e não repetida até à exaustão por papagaios ocos.

A Primark ou o anão fugido

Fala-se muito da Primark e, quando abriu no Colombo, foi a verdadeira loucura. A bem da verdade, já ouvia falar desta loja havia muito tempo, mas situava-se em centros comerciais muito 'fora de mão' por isso nunca tinha ido lá. Apenas entrei numa Primark ali pela altura do Natal e a experiência foi um horror. É loja até perder de vista e com gente que não acaba. Não é, de todo, a minha praia.
 
Hoje voltei lá com uma amiga e, sendo criatura que aprecia um bom pijaminha, resolvi comprar um com uma personagem da Disney. Uma pechincha: doze euros. Nada comparável com os caros (porém duradouros) pijamas da Oysho. Trago, então, o dito pijama para casa e ponho-o a lavar com outra roupa que tinha para meter na máquina. Dei-me ao trabalho de ver a etiqueta das calças e a da camisola. Coloquei tudo na temperatura indicada nas etiquetas de ambas as peças.
 
Ao retirar a roupa da máquina apercebo-me de que há umas coisinhas pretas agarradas às peças. Sendo uma máquina de roupa clara e não tendo nada que se desfizesse comecei a estranhar.  Até que se fez luz: ai o boneco da camisola do pijama! Atiro-me logo à bendita tshirt e - supresa ! - no lugar de um dos anões da Branca de Neve encontro um enorme espaço em branco. Ou seja: o pijama que comprara duas horas antes estava irremediavelmente estragado. As calças estavam boas, mas a tshirt passou a ser uma enorme mancha branca (onde antes estava um anão sonolento) com uns ditos ao lado. Bela porra.
 
Passou-me pela cabeça agarrar no pijama e levá-lo à loja para perguntar se a roupa da Primark é toda assim, mas não vou fazer isso. Não me apetece, honestamente, voltar a percorrer uma loja interminável até às caixas, esperar, explicar, voltar a garantir que lavei à temperatura adequada, blá blá blá. Não vale a pena. Vou ficar com as calças, usar a tshirt para as limpezas cá de casa (com uma tão valente mancha branca, mais lixívia, menos lixívia não é problemático) e NUNCA mais comprar uma peça de roupa que seja naquela loja. Uma única peça. Não digo que não compre uma almofada, uns cabides, um patinho de borracha, o que seja. Mas roupa não. Só me enganam uma vez. Fico com o prejuízo, porém também fico com a certeza de que prefiro dar mais de vinte euros por um pijama numa loja cujas peças duram quatro ou cinco anos (verdade) do que dar doze num lugar onde à primeira lavagem a piada da peça desaparece.
 
Durante muito tempo ouvi grandes louvores, mas também grandes ataques à roupa da Primark. Nunca formei opinião porque nenhuma peça me passara ainda pelo pelo. Agora junto-me ao coro dos que afirmam que a roupa é barata porque dura pouco, porque se estraga logo. É verdade. Acabou de acontecer-me isso. Sorte de principiante, talvez.

domingo, 6 de julho de 2014

Eu sou velha o suficiente para... II

Eu sou velha o suficiente para lembrar-me daquela atividade estúpida a que dávamos o nome de "toques". E o que eram os "toques"? A menina explica. 

Na década de noventa e durante alguns bons anos do novo milénio, as mensagens escritas eram maioritariamente pagas e, diga-se, pagavam-se bem. Não havia cá planos, como há hoje, em que se paga um determinado valor às operadoras de telemóveis e depois é falar até cair. Ainda me lembro do tempo em que uma mensagem escrita custava vinte cêntimos. Assim sendo, que sistema as pessoas utilizavam para mostrar umas às outras que se tinham lembrado delas? Os "toques". Agiam como se fossem fazer um telefonema, mas desligavam ao primeiro toque. A chamada ficava registada no telemóvel do destinatário e era uma alegria. 

Esta moda estúpida era particularmente apreciada pela população adolescente. Geralmente sem saldo nos cartões, deixavam sempre uns pozinhos de saldo suficientes para dar toques para todas as redes. O "toque" era uma espécie de "olá" e quando eram dados entre rapazes e raparigas eram merecedores de múltiplas leituras. Geralmente, os intervalos dos dias de escola (e mesmo as aulas) serviam para os grupos de amigas avaliarem os níveis de interesse de um determinado rapaz através dos toques e das horas a que os dava. Era uma ciência.

Havia pessoas que gostavam de, de tempos a tempos, correr toda a agenda com toques. E ainda havia pior: existiam alminhas que davam toques a horas obscenas só para mostrar que estavam acordadas até tarde. Era de bradar aos céus: uma pessoa a dormir e a receber um toque às três da manhã da pessoa X ou Y porque ela queria que o mundo soubesse que "é tarde, mas sou rebelde por isso estou acordada e vou dar-te um toque para acordares também e saberes que me lembrei de ti e que estou acordada a estas horas". Toparam? Pois, nem eu.

Mas era assim nos bons velhos tempos. Nos tempos em que não havia cá Facebooks e likes e coisas afins. Os "toques" eram quase uma espécie de rede social codificada e cada adolescente era uma espécie de detective dos "toques" que procurava incessantemente perceber os significados ocultos de cada um. Na verdade, no meio de tanta parvoíce, a coisa cimentava amizades e ocupava-nos o tempo e a cabeça. Claro que havia sempre os atrasados mentais que abusavam da coisa e que até a transformavam em algo que hoje seria stalking, mas em quantidades saudáveis tinha a sua graça. Tinha. Não venham com ideias de ressuscitar a coisa. 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Acabadinhos de chegar

Estes dois meninos acabaram de chegar e prometem bons momentos. Lipovetsky nunca desilude. E mais um livro de viagens nunca fez mal a ninguém.