sexta-feira, 30 de novembro de 2012

No Dia das Livrarias

No Dia das Livrarias, lá fui eu picar o ponto. Tinha para gastar os vales que recebi no aniversário. Assim, trouxe comigo três volumes da História da Vida Privada em Portugal, faltando-me apenas um volume para completar a coleção (mas já estou a tratar dessa falta). Trouxe, ainda, uma enorme continuação de O Feiticeiro de Oz, de L. Frank Baum, em inglês. O livro tem uma capa amorosa e foi baratíssimo. Esta história infantil é uma das minhas preferidas, por isso descobrir que tem continuação foi uma agradável surpresa.
 
 
 
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Valter Hugo Mãe

Valter Hugo Mãe venceu na categoria de melhor romance da décima edição do Prémio Portugal Telecom. Venceu, ainda, o Grande Prémio Portugal Telecom. Fico feliz por ver que um jovem escritor português é tão apreciado e premiado no meio de tantos outros autores talentosos. Porém, eu nunca li nenhum livro dele. Ali na prateleira está o nosso reino (ainda sem as maiúsculas que Valter Hugo Mãe já transportou para os seu livros), mas ainda não o li. Caramba, tanto que tenho para ler e tão pouco tempo para o fazer. Devia ter três ou quatro vidas para conseguir passar os olhos por tudo aquilo que me interessa.

Há manhã amanhã?

Hoje, na porta do cabeleireiro da minha zona, encontrava-se o seguinte aviso:

 
Por motivos pessoais só abrimos há manhã.
 
 
E é isto: mais uma doce machadada na língua portuguesa. E depois perguntam-me para que é preciso aprender a escrever uma língua que todos sabemos falar...
 
Notinha: Juro: os miúdos perguntam-me mesmo isto. Não sabem para que lhes ensino sintaxe se daqui a uns anos reconhecer o sujeito, o predicado ou outras funções sintácticas, nunca lhes será pedido para nada e se com o Português que falam toda a gente os entende.

Como disse?

Às vezes penso que ouço muito mal. Então não é que hoje dei por mim a achar que tinha ouvido os noticiários avançarem com a notícia de que o nosso Primeiro Ministro pondera implantar propinas no ensino secundário? Estou louca, só pode! Melhor: espero estar louca e ter ouvido muito mal porque se tiver percebido bem...
 
Nem consigo imaginar disparate maior. Alargar a escolaridade obrigatória para o final do secundário e depois colocar propinas, como se se tratasse de um ciclo de ensino facultativo, é uma ideia que ultrapassa o lógico e que chega claramente ao abuso e ao ridículo. Não me parece sequer possível que a nossa Constituição permita tal coisa, mas as surpresas já vão sendo tantas que sabe-se lá. O que sei é que, se isto for mesmo verdade, deixaremos de conseguir estar neste país. A minha geração, as pessoas da minha idade, já param para se perguntar se algum dia conseguirão ter filhos. Bom, com ideias destas a resposta é clara: um triste e redondo «não». A ser isto uma ideia com futuro e não mera especulação retirada de meias palavras em mais uma entrevista televisiva, então estamos perdidos. Estou perdida eu e os que como eu estão na idade de ver a vida avançar e encontram-na parada. Espero mesmo, mas mesmo, ter ouvido e percebido muito mal.

Grande lata

A Wook brindou-me hoje com um presentinho. Na encomenda que recebi com os meu livrinhos novos, vinha uma latinha semelhante às do atum e das sardinhas. Só que lá dentro estava um valezinho de cinco euros para gastar na livraria online. Achei a ideia uma ternura: estamos habituadíssimos a cartões e a vales em papel, fechadinhos em envelopes. Mas latas semelhantes às que trazem as conservas que costumamos comer é coisa para nos deixar embevecidos. Ora vejam lá se não...
 
 

Livros novos

Hoje chegou a minha mais recente encomenda. Yeeeey! Já cá moram mais dois livrinhos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O sono e as novelas

Hoje às cinco da tarde já um dos meus alunos tombava de cansaço. Conversando com ele percebi que o problema não estava na hora a que acordara, que até foi bastante depois daquela a que acordei, mas sim devido à hora a que se deitou: meia-noite e trinta. E porquê? Porque queria ver a novela que dá depois da Gabriela. Então ele explicou-me: à noite passam três novelas e ele gosta de ver a primeira e a última. Durante a segunda adormece e depois acorda para ver a terceira. Só depois de esta terminar é que aquela criança de dez anos descansa realmente.
 
A questão que eu coloco é: o que têm aqueles pais na cabeça para permitirem tal coisa? Pais que por qualquer coisa vão à escola para tirar satisfações, mas que depois aceitam que o filho se deite quando eu, adulta de vinte e sete anos, já levo quase duas horas de sono. Mas como raio querem alguns pais que aceitemos as críticas deles ao nosso trabalho (quantas vezes tão ridículas e fora da realidade), quando eles nem cumprem a parte deles? Aquela criança tem dez anos e deve ser tratada como tal. Televisão àquelas horas? Nem pensar! E se ele vê às escondidas dos pais, coisa que não sei se acontece ou não, o melhor a fazer é retirar-lhe a televisão do quarto e impedi-lo de ver o que não deve nas horas que deviam ser dedicadas ao sono. É que se os meninos não dormem o que têm a dormir, tudo correrá mal na escola: não tenho dúvidas disso. Depois é fácil culpar a criança (raramente) e os professores (sempre) pelos fracos resultados. O que é facto é que não sou eu que apago a luz àquela criança, nem sou eu que lhe permito o acesso à televisão num horário impróprio a um miúdo de dez anos. Acho isto ridículo e acho que muitos pais não percebem que fazer as vontades todas não é amar nem educar. Na maioria das vezes, a palavra «não» ensina mais do que muitas horas de novelas.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Degustações natalícias

Está a chegar a altura de tirar este menino da estante e saboreá-lo, como muitos saboreiam filhoses e bolo rei. Eu tenho a triste sina de não gostar de doces natalícios, por isso degustá-lo-ei entre uma fatia de bolo com creme de ovos e massapão. Parece-me muito bem.

Novo costume

O novo costume nas escolas que proporcionam condições para tal é o seguinte: as alunas vão de calções (exacto) e sem casaco. Depois, chegadas à sala, pedem para ligar o ar condicionado nos vinte e oito graus (por aí). Perante a recusa de uma professora que não quer assar enquanto se movimenta pela sala a dar a aula, amuam a passam o tempo a reclamar que têm frio. E quando alguém sugere que experimentem passar a trazer um agasalho que se veja ou a trazer as pernas mais tapadinhas, olham-nos como se essa ideia fosse de doidos. Ah beleza, a quanto obrigas!...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Disparates

Eu ouço tantos disparates durante o dia, mas tantos, que passo o tempo a pensar «Ena, isto hoje vai ser um festim para o blogue!». Mas depois, e com muita pena minha, esqueço-me de tudo. Quando comecei a dar aulas, lembrava-me dos disparates todos que ouvia. Porém, agora o volume é tão grande que me custa a recordá-los. E tenho pena, minha gente. É que alguns são mesmo bons...

domingo, 25 de novembro de 2012

Books & Tea

 
Livros, chá e um dia chuvoso... Sim, confirma-se: é bem bom!
 
Notinha: A imagem saiu daqui.

Demasiado mau

E. L. James, autora da trilogia «As Cinquenta Sombras» e pessoa podre de rica graças às muitas vendas dos seus livros, ainda me surpreende (pela negativa, sempre):
 
- enquanto escreve ouve Britney Spears;
- a sua "escritora" preferida é Nora Roberts;
- admira muito Stephenie Meyer (autora da saga «Twilight»);
- escreve sobre sexo sadomasoquista, mas nunca leu Sade nem Anaïs Nin.
 
Posto isto, nem sequer tenho comentários. É demasiado mau para ser verdade...

Pedem-se informações

 
Ando muito intrigada com este livro que mora em todas as prateleiras de «novidades» das livrarias deste país. Pela sinopse parece ter potencial, mas não conheço o autor (embora me pareça que ele é sobejamente conhecido) e, por isso, não sei se vale a pena. Alguém já leu alguma coisa deste senhor chamado Irvin D. Yalom? Os livros dele, tal como este, costumam falar de filósofos bem conhecidos. Em O Problema Espinosa fala-se deste filósofo de origem portuguesa e de um ideólogo nazi que tem uma fixação por esse pensador, fixação essa que o persegue ao longo da vida.
 
Se alguém já tiver lido alguma coisa deste autor (que também publicou Quando Nietzsche Chorou e A Cura de Schopenhauer), que me diga qualquer coisa. Gostava de perceber, antes de gastar o meu dinheiro, se os livros deste autor valem a pena e por isso a vossa opinião é muitíssimo bem-vinda.

Notinha: A foto saiu daqui.

sábado, 24 de novembro de 2012

A crise e o São Pedro

O São Pedro hoje está numa poupança de luz nunca vista. Está tão escuro em Lisboa que estou, desde as duas da tarde, de luz acesa para conseguir ler alguma coisa. A crise já chegou lá acima...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Gostando agora

E o que estou a gostar das leituras do momento? À noite e nos fins-de-semana leio Os Buddenbrook. Porém, convenhamos que é um livro demasiado pesado para andar comigo para trás e para a frente. Por isso, durante a semana trago comigo O Coração dos Ponders, de Eudora Welty. E, caramba, que história apetitosa! Já quase me escangalhei a rir enquanto o lia. As pessoas que viajam comigo logo pela manhã devem cuidar que sou louca.
 
À noite, antes de passar ao romance de Thomas Mann, leio uns parágrafos de um livro fantástico sobre a história do livro: Books a Living History. O meu inglês não é o mais famoso, mas o livro está escrito de uma forma acessível e fácil de compreender. Além disso, traz fotografias interessantíssimas que mostram a evolução do objecto a que hoje chamamos livro, mas também do modo como foi sendo feita a leitura ao longo do tempo. As fotografias estão todas devidamente legendadas: não há como enganar. Admito que, em poucas páginas, já aprendi bastante sobre as minhas coisas preferidas.



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A Menina Quer Isto XXVIII

 
A menina foi muito fiel ao Harry Potter. Até foi ela que introduziu na família a pottermania, bem antes de esta ganhar as proporções que todos lhe conhecemos. A menina sabe que a J. K. Rowling tem, na colecção sobre o jovem feiticeiro, uma obra-prima com capacidade de vir a tornar-se um clássico. Agora a autora publica um livro sem varinhas nem corujas, mas com política e classes sociais. Se nada mudou, continuará a escrever bem e eu quero muito ver isso. Já folheei o livro e reconheci nele o estilo a que J. K. Rowling nos habituou. Já só me falta trazê-lo para casa e começar a devorá-lo. Ai, a menina quer isto!

É toda uma angústia

A minha vida deixa de fazer sentido agora, sem a vaca e o burro no presépio. Esta despromoção feita pelo nosso castiço Papa e baseada não sei bem em quê parte-me o coração em bocadinhos pequeninos. O burro e a vaca? Mas porquê, se ficavam lá tão bem e se ajudavam a dar uma cor local tão linda ao presépio? Sempre me disseram que o bafo do burrinho tinha ajudado a aquecer o Menino. E agora, na nossa imaginação, o que fazemos? Vestimos-lhe mais uma camisolita? Não se faz.
 
A única pessoa que, neste momento, pode estar satisfeita com esta má nova é mesmo aquela que monta anualmente o presépio no Chiado, ao cimo da Rua Garrett. Ao que parece, o burro é roubado todos os anos. Ora, seguindo-se as novidades do Papa, o pobre e acolhedor jumento é, este ano, roubado mais cedo. Nem sequer chega a pôr lá as patas!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Vícios

Hoje percebi em que medida estão os meus alunos mais jovens viciados em computadores e até tremi. Quando miúdos de dez anos aproveitam a ligeira abertura de uma porta para se enfiarem dentro da sala de informática à socapa, enquanto lá dentro decorre uma prova, fica-se com a noção exacta de que alguma coisa está muito errada e que tem de mudar. Gostar de jogar é uma coisa. Almoçar a correr e passar todos os dez minutos livres a reiniciar computadores para retomar jogos em standby já me vai parecendo doentio.
 
Mas mais: se é isto o que fazem na escola, onde existem mais crianças com quem brincar e outras actividades com que se podem entreter, será isto o que farão em casa, sem que ninguém os modere. É doentio! Talvez vos seja difícil imaginar, mas eu assisto todos os dias a filas de miúdos que se formam à porta da sala de informática. Já chegaram ao cúmulo de mandar um colega comer em poucos minutos para depois ir reservar computadores para todos. E ainda isto: quando não os deixam entrar na sala, colam as caras aos vidros das janelas para olharem, de modo desconsolado, para os computadores que estão lá dentro. Nunca tinha visto nada assim, palavra de honra. Porém, parece-me que isto precisa de ser travado. É compreensível que certos jogos tradicionais e algumas ocupações tenham perdido adeptos, mas é inconcebível que os jogos de computador ou das playstations viciem e alienem tantos miúdos. Temos mesmo, pais e professores, de pôr mão nisto, sob pena de andarmos a alimentar vícios de proporções assustadoras.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma nova sensação

E eis que aos vinte e sete anos, quatro dias e dez horas de vida, experimentei uma nova sensação e fui tia de uma menina. Ainda não a vi, mas deve ser linda. O que sei, sem qualquer dúvida, é que é muito bem-vinda e que é uma sortuda por ter a mãe e o pai que tem. Ela sempre foi a melhor irmã do mundo: será, com certeza, uma mãe maravilhosa. Parabéns aos papás!


Notinha: A imagem saiu daqui.

domingo, 18 de novembro de 2012

A Menina Quer Isto XXVII

Dizia o pai do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro que «Livro que não fica em pé sozinho não presta.». E vai daí o filho escreve estas oitocentas e cinquenta e seis páginas que eu quero tanto ler. Ontem folheei o livro, coloquei-o de pé para ver se o filho tinha mesmo feito a vontade ao pais, e senti-me tentada a comprá-lo. Só não o fiz porque o preço é de uns nada módicos vinte e oito euros, o que, convenhamos, é muito. Assim, lá ficou ele na livraria, com muita pena minha. Espero chegar a consegui-lo mais baratinho porque, como já aqui disse, gosto muito de literatura brasileira e, pelo que percebi, este romance fala, precisamente, da construção da identidade do povo brasileiro. Sendo o Brasil um país tão ligado ao nosso e que tem, desde a sua descoberta, procurado a sua própria identidade e características, parece-me interessante tudo o que mostre este caminho percorrido no sentido da criação de um jeito próprio de ser, de uma forma única de estar e de pensar. Enfim, a menina quer mesmo isto.
 
 
E já que estou numa de pedinchar literatura brasileira, informo que há pelo menos três anos que também quero A Menina Morta, de Cornélio Penna. Também tem sido o preço a razão que me levou a ainda não ter trazido este romance comigo. É triste, mas o preço dos livros é, em Portugal, razão suficiente para nos afastarmos da leitura de obras que gostaríamos mesmo de conhecer. Claro que existem as bibliotecas, porém qualquer leitor (principalmente os que não têm nenhum espaço desses perto de si) tem um sentimento de posse para com os livros. Há muitos livros que gostaria de ter para ler à velocidade que bem entender e onde bem entender, sem medo de o sujar ou de o deixar com um ar muito usado. E se não o faço é porque muitos são estupidamente caros para um país onde andamos todos a contar os cêntimos que ficam colados ao fundo da carteira. Esta quixotada era apenas para dar conta de mais umas vontades literárias, mas acabo por aproveitar para dizer que não compreendo como, perante esta crise de proporções avassaladoras, ainda ninguém encontrou uma forma de baixar verdadeiramente os preços dos livros. Noutros países eles são mais baratos do que por cá. Porquê? Não sei. Mas sei que não podemos andar sempre a dizer que os portugueses não lêem, que não têm quaisquer hábitos de leitura e depois pôr quase todos os livros publicados por cá com preços acima dos quinze euros (uns valentes três contos, na saudosa época do escudo). É muito. A ideia dos livros de bolso, de que falei esta semana, volta a fazer sentido. Fora isso, nem que seja pela qualidade do papel, creio ser possível reduzir os custos da produção dos livros e, assim, baixar os seus preços finais. Oxalá alguém pense nisto (ah, tivesse eu uma editora...).
 

 

Fiesta!

Hoje recebi as minhas prendinhas e comi o meu bolo de aniversário. O bolo era tão bonito que dava pena cortá-lo, mas teve de ser e valeu a pena porque era muito bom.
 
Recebi vales da Fnac (vai haver muita loucura um dia destes, minha gente...) e um livro para o qual já havia olhado, mas que nunca me decidira a comprar. Falaram-me bem dele e fiquei curiosa. Foi este:


Aos que fizeram parte do meu dia, muito obrigada. Gostei e gosto sempre muito de vos ter perto de mim. Para o ano há mais, e com mais uma companhia...

Ainda prendinhas de mim para mim

Estes dois vieram hoje comigo. Há tanto tempo que namorava o primeiro! Apanhei-o hoje com vinte por cento de desconto. Boa! O segundo não chega bem a ser uma prenda, já que o comprei para ver se é bom para os meus miúdos lerem. Mas vá: nos entretantos divirto-me eu a descobri-lo. Coisas boas de se ser professora.


sábado, 17 de novembro de 2012

Isabel Jonet e o Banco Alimentar Contra a Fome

Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, fez há já alguns dias declarações que incendiaram os ânimos de muita gente por este pacato país fora. Na altura foi a minha mãe que me perguntou se já as tinha ouvido, tendo-me dito que não via mal nenhum no que disse a senhora. Depois ouvi as opiniões de quem escutou o discurso e não gostou. Por fim, ouvi eu as suas palavras.

Nos quase seis minutos e meio em que Isabel Jonet fala da situação dos portugueses, só torci o nariz quando disse que em Portugal não existe miséria. Contudo, quando interpelada pela jornalista, a presidente do Banco Alimentar explicou que se referia a uma determinada camada da nossa população e não a todos em geral. De resto, fico sem perceber de onde vêm as razões para que tantos estejam ofendidos ao ponto de jurar a pés juntos que não mais contribuirão nas campanhas de recolha feitas pela instituição presidida por Isabel Jonet.

Percebi, sem grande esforço, tudo o que foi dito por esta senhora e acho que teve toda a razão quando disse que vamos ter de aprender a viver mais pobres porque vivemos, até aqui, acima das nossas possibilidades. O problema de quem não compreendeu foi apenas o de não ter percebido que Isabel Jonet não se referia aos portugueses todos, mas apenas a um grupo que educou os filhos na ideia de que os bens materiais são os aspectos mais importantes da vida. Grupo esse, note-se, que hoje se vê sem saber como explicar a esses mesmos filhos que afinal esses bens materiais que trazem uma felicidade efémera (já Lipovetsky o diz há muito tempo) têm de deixar de fazer parte da nossa realidade. Isabel Jonet não se referia aos que tão bem conhece e que passam fome, que já têm de pensar se devem comprar os medicamentos de que precisam ou se devem comprar comida. Não. Referia-se aos muitos que ainda hoje preferem cortar na alimentação ou naquilo que é realmente necessário para que os filhos possam estar presentes nos concertos das bandas da moda. Há umas semanas um dos nossos canais televisivos fez uma reportagem sobre o Bairro Alto e era inquietante a quantidade de menores que por ali cirandava, dizendo que numa noite gastavam entre vinte e trinta euros. Estamos a falar de menores: de onde lhes virá o dinheiro? Dos pais, claro. E se muitos pais podem efectivamente encher as mãos dos filhos de notas que não lhes farão falta, outros pais há que abdicam de muitas outras coisas mais importantes para que os filhos tenham noites de sábado bem passadas com os amigos. Onde estão as prioridades? Sabe-se lá.

Há muito tempo que vejo isto, assim como o vejo diariamente devido à profissão que tenho. Boa parte dos miúdos com os quais tenho contacto privilegiam assustadoramente os gadgets, os objectos da moda, custem eles aquilo que custarem. Ontem, uma menina de onze anos que tem a mãe emigrada falava comigo sobre as saudades que tem dela. Dizia-me que tem saudades da mãe «mas que vai ter um tablet», abrindo então um enorme sorriso. E pronto: uma coisa compensa a outra, aparentemente.

Isabel Jonet fala de desperdícios que vi acontecer em muitas casas durante tempo de mais. A questão da torneira aberta é real e é absurda, tanto por razões económicas quanto ambientais. Ainda esta semana tive de chamar a atenção a uma menina de doze anos que, na escola, manteve a torneira aberta durante uns quatro minutos para lavar as mãos antes da refeição. Note-se que esta mesma criança tinha feito um trabalho sobre a preservação do ambiente algumas semanas antes. Porém, se só a escola insiste em questões que, depois, não têm continuidade em casa, como podem estes miúdos alterar o seu comportamento?

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome falou, também, dos bifes e da impossibilidade de os comermos todos os dias. Foi enorme a indignação de quem a ouviu dizer que «se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias». Mas afinal o que é irreal nesta frase? Substituam «bifes» por «marisco», se assim soar melhor ou for mais compreensível, e digam-me se a senhora não tem razão! Aqui a questão é sempre a mesma: muitos de nós habituámo-nos a viver acima daquilo que eram as nossas possibilidades, mas sempre fomos empurrando a situação com a barriga. Agora, essa nossa atitude deixa de ser possível e das duas, uma: ou nos atiramos da ponte por não querermos uma vida mais pobre, ou aprendemos, como disse Isabel Jonet, a empobrecer. É a realidade. O que há de ofensivo nisto?

O único motivo que encontro que justifique a inflamada reacção às palavras de alguém que já nos ajudou tanto, que tem tantas provas dadas naquele que é o seu trabalho é mesmo o da vulnerabilidade extrema em que nos encontramos. Estamos tão melindrados com tudo o que nos vem sucedendo que parecemos gatos assanhados com coisas que, basta parar para pensar, não se justificam. As palavras de Isabel Jonet são facilmente entendíveis, assim haja vontade para tal. Antes de partirmos para o apedrejamento público de uma pessoa e de uma causa tão valiosas, vale a pena ouvir e reflectir, sem preconceitos e sem procurar problemas onde eles não existem. No final de contas tudo o que levantou este problema foram palavras pronunciadas na nossa língua. É uma questão de português e todos nós temos a obrigação de o dominar bem, ao nível da produção e da compreensão. Não há ali nada que me ofenda: existe, sim, uma mensagem de alguém que, no meio dos muitos problemas que já existem, encontra ainda muitos que vivem como se não se passasse nada. Vamos ser honestos: todos nós conhecemos casos de pessoas que preferem cortar na comida só para manterem certos hábitos e vícios como o tabaco. Todos nós criticamos quem o faz. Isabel Jonet, figura conhecida, limitou-se a chamar as coisas pelos nomes e a dizer publicamente que ainda há quem enterre a cabeça na areia e finja que está tudo bem quando está tudo muito mal. Ofende? Não. Não devia ofender: devia abrir os olhos a quem ainda o faz.

Nota: A campanha de recolha de bens para o Banco Alimentar decorrerá no primeiro fim-de-semana de Dezembro. É uma causa que prezo muito e para a qual contribuirei, com certeza, com o meu saquinho de produtos essenciais. Muitos já ameaçaram não o fazer devido às palavras de Isabel Jonet. Tenho esperança de que tais pessoas ponham a mão na consciência e percebam que não será a presidente do Banco Alimentar a prejudicada, mas sim todos os que dele precisam para sobreviver. Os que tiverem essa atitude abjecta irão precisamente ao encontro daquilo de que Isabel Jonet falou: gente com as prioridades verdadeira e assustadoramente trocadas. Tenhamos todos juízo e calma porque há actos que ainda valem mais do que seis minutos e meio de palavras certeiras, porém absolutamente inofensivas.

Um miminho

Ontem recebi um miminho da Wook. Por ser cliente frequente (eheh) foram-me dados portes grátis até ao final do ano. Ai a doideira que isto vai ser...

A Menina Quer Isto XXVI

A quem ainda interesse saber, fica a notinha: gosto muuuuuuuuuuito de receber cartões presente da Fnac, já que isso implica ir asnar para uma livraria e escolher o que quero. Por isso, fofinhos quixoteiros, a pessoa não se importava nadinha de ter um destes:

Notinha: A foto saiu daqui.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A vaca leiteira

Caríssimos senhores que me enviam emails todos os dias,
 
Este blogue já falou de muita coisa e é provável que em certos dias até tenha utilizado a palavra «gado» (é uma palavra de que gosto bastante). Mas daí a tentarem, diariamente, vender-me «gado leiteiro de alta qualidade» já me parece um pouco de mais. Não há dia nenhum em que não tenha de apagar emails que procuram impingir-me vacas. Pois, meus senhores, acreditem que se eu tivesse um quintalzinho, por pequeno que fosse, seria a primeira a ter uma vaca leiteira e, quiçá, um burro (não há bicho mais querido) chamado Elias Monteiro. Porém, não tenho mais do que o canto do meu quarto livre de livros e roupa espalhada e lá mal caibo eu, quanto mais uma cabeça de gado.
 
Portanto, caríssimos senhores, peço-vos que abandonem a ideia de me fazer adquirir uma vaca ou uma cabra (não sei ao certo qual a oferta que têm para me fazer, já que nunca abri os emails: fico-me sempre pelo «assunto»). Já me chega o sofrimento de uma vida sem ser a alegre dona de um burro de raça mirandesa, para ainda me apoquentarem pondo-me perante a impossibilidade de ter uma vaca leiteira particular. Há lacunas da nossa vida que custa deixar em aberto e esta do gado é uma das que me toca mais fundo. Por isso peço: por favor, parem de pôr o dedo nesta ferida.
 
Muit'agradecida.
 
 
Notinha: A foto saiu daqui.

Os 27

 
Resolvi deixar aqui o número, em tamanho gordo e de cor garrida, para ver se me mentalizo de que é verdade. Já me disseram hoje que estou a ficar velha, mas, gentes, sinto-me como se tivesse dezoito anos. E cheira-me que se tivesse dormido mais umas horas nas últimas duas noites, sentir-me-ia com dezasseis!

Prendinhas de mim para mim

Depois de uma manhã de trabalho, tive a tarde para mim e, antes de vir para casa descansar (somando o que dormi nas últimas duas noites, devo ter dormido umas onze horas), resolvi oferecer qualquer coisa a mim própria. E, assim, comigo para casa veio mais um livro sobre livros e um livro/agenda do D. Quixote. É tão giro que não sei muito bem se algum dia conseguirei escrever nele. É sempre a mesma coisa... Ora vejam lá se não tenho razão:

Divagações de aniversário

São sete horas e dez minutos. Já fiz vinte e sete anos há quase uma hora. Estou a comer Cerelac. Hum...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Com vagar

Caramba, estou a algumas horas de acrescentar mais um ano à minha idade. Ainda me lembro de estar a escrever a quixotada onde saudava a chegada dos vinte e seis anos. Este ano está mesmo a passar num voo e é difícil acompanhar tamanha pressa, tendo eu o meu tão gostoso vagar.

Esclarecimento cansado

Caríssimos senhores da televisão, daqui segue o esclarecimento de uma pessoa já cansada de ouvir tantas vezes a mesma asneira. É que «ir ao encontro de» NÃO É O MESMO QUE «ir de encontro a». Esta última expressão significa «dar um encontrão». Ora, tendo em conta que se referiam a projectos realizados por uma autarquia, era mesmo isso que queriam dizer?...
 
 
Notinha para quem necessite dela: Isto não é mania da superioridade: é cansaço por ver a nossa língua maltratada precisamente por quem devia saber usá-la bem.

De perfumes

O meu perfume favorito é, desde há já uns oito anos, o Femme Individuelle, da Mont Blanc. Como não gosto muito de receber perfumes, no início deste ano comprei um frasco de 50 ml desse perfume, fazendo uso de um desconto que tinha numa perfumaria. Ainda o tenho e procuro ser poupadinha, que estas coisas são caras e custa a pagar balúrdios por um frasco pequeno cheio de um líquido cheiroso.
 
Ora hoje surgiu-me a oportunidade de obter mais um perfume da Mont Blanc a um preço para lá de reduzido (nada de ilegal, minha gente: teve que ver com uma acção de solidariedade) e eis que veio comigo para casa um frasco de 75 ml do perfume Femme. Não é o meu preferido, mas também gosto muito do seu cheiro. A minha pele, que parece sugar avidamente todos os perfumes que lhe ponho, até parece manter este activo durante mais tempo do que o habitual. É quentinho e, por isso, óptimo para o Inverno. E o preço foi uma maravilha difícil de imaginar.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Choca-me

Que as crianças sejam barulhentas, até se entende. Agora: choca-me que andem a marchar pela casa como se me fossem partir o tecto e entrar pela casa dentro, vindas do andar de cima, sem que os pais lhes mandem dois berros para pararem. Neste momento há uma criança de sete anos a fazer tremer o meu candeeiro da sala. Se o barulho se ouve aqui, mais se ouve em casa, certamente. É verdade que ainda não chegámos à hora em que tem de estar tudo «pianinho», mas devia haver consideração pelos outros.
 
Caramba, viver num prédio cansa.

Acabadinho de sair



Este livro, de uma editora acabadinha de nascer, será lançado amanhã, pelas dezanove horas na FNAC do Colombo. Não vou ao lançamento, mas quero folheá-lo um dia destes porque, pelo que parece, deve ser um livro bastante interessante. A ver, a ver...

Vou ser cozinheira

Gosto de ver os noticiários, especialmente os que passam às vinte horas, que é quando já estou em casa. Contudo, de há umas semanas para cá já me custa ser bombardeada com todas as desgraças provocadas pela crise. Assim, tenho entrado na onda do zapping e mudo de canal quando se começa a falar de fome e de pessoas que perdem a casa. Não pensem que não me aflijo com o que se passa. Pelo contrário: é por me preocupar muito que prefiro, a bem da minha cabeça, mudar de canal. Bem sei que não devia, mas já não aguento. Há canais que vêem crise até nos actos mais simples dos cidadãos e que se servem de tudo para mais uma notícia sobre a nossa muito problemática situação económica.
 
Agora, como vou eu ser cozinheira? É simples: quando mudo de canal, acabo invariavelmente a ver um programa de culinária. No outro dia apanhei o Henrique Sá Pessoa a fazer pratos com ervilhas, no fim de semana encontrei a Nigella a marinar franguinho e a fazer nachos e ontem vi o Jamie Oliver a apanhar e cozinhar um javali em França. Prefiro adormecer o meu cérebro com pratinhos de aspecto apetecível, do que aguentar dia após dia desgraças que sei que existem, que não podemos nunca ignorar, mas que também começam a prejudicar as nossas próprias cabeças. Para com todos aqueles que precisam, toda a solidariedade é pouca. Ainda assim, faz-nos falta um minuto de sossego. Um instante em que pensemos, mesmo que apenas durante o tempo de preparação de uma receita, que está tudo bem.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Duvido

Quando as pessoas dizem sobre outras que conhecem há pouco mais de meia dúzia de dias (ao bom estilo «Casa dos Segredos») que alguém «é como um irmão», será que sabem verdadeiramente o que é ter um irmão? Será que têm noção do amor que se tem por um irmão? Duvido.

Livros de bolso

Uma das coisas que mais me surpreendeu quando fui a Madrid no ano passado foram as muitas edições de bolso que vi. Ao entrar na livraria do El Corte Inglés vi inúmeros livros pequenos, facilmente transportáveis e que chegavam ao ponto de alterar o formato a que estamos habituados, já que vi volumes do tamanho de agendas que se liam com a lombada para cima e não para o lado esquerdo, como estamos habituados desde sempre. Pareciam pequenos blocos com histórias. Vi dois exemplares destes livros no pavilhão do El Corte Inglés na Feira do Livro de Lisboa e senti-me muito tentada a comprá-los, nem que fosse pelo inusitado aspecto. Porém deixei-os ficar lá, já que ainda não me posso dar ao luxo de comprar o que quer que seja só pelo aspecto que tem.
 
Em Portugal não cultivamos muito a ideia dos livros de bolso. Agora parece-me que existem mais do que no passado (embora sejam já antigos os volumes pequenos da Europa-América), mas mesmo assim não chegam. Parece-me que estes livros menores, desde que feitos com o merecido cuidado e desvelo, podem ajudar a aproximar as pessoas da leitura. O seu preço é mais reduzido do que as edições costumeiras e as suas proporções incentivam ao transporte do volume no nosso dia-a-dia. Quantos e quantos livros que decido ler nunca me acompanharão para lado nenhum devido à gigantesca dimensão e peso que têm? E quantas vezes decido ler outra coisa que não a que primeiramente desejara, precisamente pela impossibilidade de transportar os livros na minha pasta que já anda sempre carregada? Um livro de bolso que não pareça ter sido feito às três pancadas é um objecto muito interessante e que nos pode acompanhar facilmente. Além disso, sendo os livros tão caros, ter uma hipótese mais económica é uma coisa santa. Eu, que sou viciada em livros, não deixaria de comprar também as edições maiores, porém em alguns casos preferiria os volumes pequenos. Parece-me, pois, que nesse aspecto devíamos aprender com o mercado livreiro espanhol. Nem todos os textos ficarão bem num livro de bolso, mas há romances mais ligeiros que caíriam muito bem nesse tipo de formato. Não me vejo a ler Os Miseráveis em edição de bolso, contudo ver-me-ia facilmente a ler os contos do Pirandello num livro pequenino e transportável. Tivesse eu uma editora e apostaria nesse campo. Mas não tenho. É pena: havia de ter jeito para isso.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Leitura gordinha


Ontem comecei a ler este (o tal romance de que falei na quixotada das gralhas, embora não fosse este o livro pejado delas). Serão seiscentas e quarenta longas páginas de boa literatura, já que o autor é dos bons. O meu cérebro andava a ficar relaxadinho e a julgar que a vida já só se resumia a Matildes Asensis e a literatura infanto-juvenil. Pois encéfalo, darling, pega lá disto e ginastica-te todo que eu quero-te em forma.
 
Quanto ao peso do livro, uma palavrinha: estes livros gordos são muito apetecíveis pois fazem-nos acreditar que o nosso dinheiro é bem gasto. Às vezes sou um bocado quadrada e esqueço-me de que os livros não se apreciam pelos quilos que pesam. Porém, eles são tão caros que custa a dar o mesmo por um de cem péginas como por um de setecentas. Manias. Mas não era isto o que queria dizer. O problema destes livros gordinhos assim, em tempo de frio, é que custa a ter os bracinhos destapados enquanto seguramos o livro. Nisto, o Kindle leva vantagem porque consegue, com a capa, aguentar-se de pé e nem temos de o agarrar. Mas vá: vale mais segurar bem o livro e permitir que se me congelem os braços do que acontecer-me o mesmo que há uns anos, quando uma edição de capa dura do Quixote me caiu em cima do nariz enquanto lia na cama e me deixei adormecer por instantes.

O que vos parece?

E pronto: este blogue já não é meu, já é do mundo. E por que razão o digo? Porque recebi o primeiro comentário desagradável. Foi a propósito da quixotada com título «Fofoca». Aparentemente o meu desencanto pela música do João Pedro Pais feriu susceptibilidades. É justo: um anónimo veio dar a sua opinião, assim como eu dei a minha sobre muitas coisas ao longo de um ano. É um direito de qualquer cidadão. Porém, há só uma coisinha que me apoquenta, que me faz uma certa espécie: diz o anónimo que tenho «a mania da superioridade». Pergunto às pessoas que aqui vêm quase diariamente se também me encontram esse defeito. Eu não sinto que o tenha, mas aparentemente o facto de criticar no meu blogue algo de que não gosto é sinal desse meu defeito. Digam lá, quixoteiros de sempre, o que vos parece.
 
Muit'agradecida.

Tantas gralhas!

Ontem à noite comecei a ler um livro de pequenas crónicas e um romance (depois apresentá-lo-ei). Após ter lido cinco páginas do primeiro, dei por mim a perguntar quantas gralhas pode um livro conter e como é possível que dado o portentoso número destes erros (desconfio de que alguns nem sequer são gralhas...) ninguém tenha dado por nada antes de mandar o livro para impressão. Em cinco páginas vi de tudo: gralhitas menores como a troca de uma letra por outra, erros de translineação daqueles que insistimos para que as crianças não cometam e, por fim, erros ortográficos mais graves. A editora que publica o livro é conhecida e considerada no nosso país, o que torna a questão ainda mais absurda. Pois bem: é com isto que vou conviver até ao final do livro, parece-me. Podia largá-lo já, porém o gosto que tenho pela escrita da autora leva-me a prosseguir a leitura. Talvez seja isso o que salva certos livros pejados de gralhas: o profundo gosto e respeito que temos pelos que os escrevem, porque se isto da leitura só dependesse do produto final apresentado pelas editoras, pousaríamos definitivamente muitos mais livros.

domingo, 11 de novembro de 2012

«Tudo Debaixo do Céu»: o balanço

 

Hoje cheguei ao final das trezentas e quarenta e quatro páginas deste romance. Já não é o primeiro livro que leio desta autora e, tal como com o primeiro, não fiquei desiludida. Ou melhor: até fiquei, já que esperava um final mais cheio de emoções, o que não se verificou.
 
Os livros de Matilde Asensi garantem-nos sempre um entretenimento constante, já que mesmo quando a acção parece parada, o humor com que a narrativa é enriquecida mantém-nos agarrados às suas páginas. A autora é, também, perita na criação de enredos que incluem provas a superar pela resistência física, mas principalmente pela inteligência. Findas essas provas, existe sempre uma recompensa significativa: a receita não falha. Como tal, foi uma semana de leitura intensiva, indo para a cama mais cedo para aproveitar bem o tempo disponível para avançar na história. Não é um clássico, não foi texto capaz de me mudar, mas por vezes também precisamos destes conteúdos mais ligeiros. Gostei das personagens, gostei do humor da narradora participante, gostei dos obstáculos enfrentados e, embora tenha vibrado mais com outro livro de Matilde Asensi (O Último Catão), também com este sustive a respiração em alguns momentos. Gostei do livro, porém esperava um pouco mais do final. As personagens passaram por tanto, que me pareceu um fim demasiado fácil, demasiado simples em comparação com a dificuldade que foi o resto da história. Um outro problema da obra (que provavelmente é mais meu do que do texto) é o excesso de informação sobre a China e a cultura chinesa, com a terminologia correspondente. Eu, leitora que até se considera atenta, já estava baralhadíssima com as lendas, documentos e filosofias referidas. A determinada altura já não ligava a nada disso e já só queria saber da movimentação das personagens rumo ao desenlace do livro e da aventura.
 
Apesar de todos estes pequenos defeitos, é um texto cativante sobre uma cultura muito diferente da nossa. Nele busca-se um tesouro difícil de imaginar e mais difícil ainda de encontrar. Todos o querem por razões diferentes, mas chegar até ele é um verdadeiro inferno de armadilhas e de provas a superar. O uso da razão e dos conhecimentos da cultura chinesa são fundamentais e com isso chega-se ao fim. Sofre-se muito, parece muito difícil. No fim acaba tudo tão bem que até pareceu fácil. É um óptimo livro para ler antes de dormir. Venha o próximo livro.

sábado, 10 de novembro de 2012

Fofoca

Diz que o líder dos Pearl Jam já ouviu as músicas do próximo álbum do lusíssimo João Pedro Pais. E perante isto o que dizer? Apenas que tenho esperança de que ele tenha compreendido o que o cantor procura dizer com as letras das suas músicas. É que eu nunca consegui perceber nada e falo (acho eu) a mesma língua que o caríssimo João Pedro Pais.
 
Desde sempre que tenho um ódio de estimação por este cantor. Nada a fazer. Sei que tem uma pequena legião de fãs (conheço algumas), porém não consigo perceber como podem aquelas letras cativar alguém. Também não morro de amores pela voz, mas vá: já vi piores. Enfim, reitero a esperança de que o senhor Eddie Vedder tenha apreciado os «poemas» que costumam aparecer nas canções do João Pedro Pais.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Casacões

Ontem fui comprar casacos quentinhos para este Inverno. Estava mesmo a precisar, até porque alguns que tinha de outros anos já não me serviam e acabei por dá-los a quem lhes desse melhor uso do que o do fundo do armário. Mas comprar casacos quentinhos é tarefa para tirar o sono. Não porque seja difícil encontrá-los, mas sim porque é difícil pagá-los. Comprei dois casacos compridos na Zara: um cinzento e um castanho. Dá para imaginar o rombo? Pois, foi um rombo, embora acompanhado da esperança de nos próximos anos não precisar de comprar qualquer casacão. Enfim, acredito que o investimento valeu a pena: pago agora, poupo depois. E são os dois giros que se fartam. Ora digam lá se não são...


A Menina Quer Isto XXV

O aniversário está quase aí, por isso segue mais uma sugestão para os indecisos. Ontem já me segurei para não o comprar. A menina quer! A menina quer!

Dilema matinal

Dilema matinal: comprei ontem um chapéu-de-chuva pequenino na Parfois, mas, ao chegar a casa, verifiquei que é muito frágil e por isso hoje ia devolvê-lo ou trocá-lo por outra coisa. Porém, ao abrir estes belos olhinhos (uma pessoa tem de fazer umas festas à auto-estima, que foi???), reparo que está aquela chuva idiota que não inclui vento. O meu dilema é: dou já uso à porcaria do chapéu porque, apesar de tudo, é preferível levar o pequeno do que ir carregadíssima com o grande, ou agarro no grande e mantenho o da Parfois no saco para, à tarde, passar na loja e fazer a troca?
 
Meu Deus, a vida é cheia de escolhas difíceis!
 
Nota: Mais logo digo-vos qual foi a solução escolhida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sorry...

Ando desaparecida e sem nenhuma paciência. Voltarei logo que haja inspiração e um momento de sossego. Sorry...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Notas

Eu sou aquele tipo de pessoas que, quando vê um noticiário, tenta ler as notas de rodapé e, quando surge o início de uma nota que até me pode interessar, o noticiário vai para intervalo. Sempre.

domingo, 4 de novembro de 2012

Com o estrumpfe à mostra


Já aqui disse que uma das minhas bandas desenhadas favoritas é a que Peyo criou e que conta as aventuras dos estrumpfes. Mas gosto das edições antigas destas histórias, não das porcarias infantis que hoje aparecem à venda e que substituíram a banda desenhada por livros de capa dura com menos de dez folhas e um único desenho por página. A linguagem estrumpfe foi ao ar e o texto fica reduzido a uma ou duas linhas por página. Mais uma vez reduz-se a inteligência dos miúdos à de uma galinha: eu lia os livros dos estrumpfes aos doze anos e percebia tudo, TUDO. Não precisava que transformassem os livros em mais uma porcaria hiperinfantil com um reles desenho e uma reles frase por página.
 
Ontem apercebi-me de que tinha cá em casa um livro antigo dos estrumpfes que ainda não lera. Que tragédia! Resolvi o problema durante a tarde e li, pela primeira vez, Os Estrumpfes e o Cracacusse. A história não é das mais giras, mas ri-me que nem uma louca com esta tira que aqui vos deixo. Ora imaginem lá o que quer o estrumpfe enrolado na toalha dizer com «fico com o estrumpfe à mostra»... É isto o que os miúdos perdem quando se altera uma coisa tão boa como era esta banda desenhada (que hoje é uma raridade muito difícil de encontrar). Mas com isso ninguém se rala porque a ideia, nesta época, é dar tudo mastigado aos meninos e reduzido ao essencial, não vão eles cansar os seus cérebros atrofiados por jogos de computador e ecrãs de mil e um aparelhos.
 
Voltem, estrumpfes. Estão perdoados!
 
Nota: Voltem «estrumpfes» e não «smurfs» que eu esses não conheço de lado nenhum!

Outra nota: Para verem melhor a tira, cliquem na imagem.

sábado, 3 de novembro de 2012

Prioridades

É verdade que tenho as notas intercalares para dar, mas a tarde de hoje está mesmo a pedir leitura e sossego. Por isso vou deixar o trabalho para o final do dia, vou agarrar num livrinho e vou jiboiar imenso durante a tarde. Vou fazer aquilo que durante a semana é impossível de fazer: descansar.

O regresso à Feira...

...da Ladra. Depois de um Verão de descoberta da feira mais conhecida de Lisboa, hoje lá fomos rezando para que não chovesse. Choveu. Havia, por isso mesmo, menos gente a vender livros, mas ainda deu para fazer o gosto ao vício. Trouxe para casa alguns livros de duas colecções que só fiquei a conhecer nas últimas férias e que antologiam contos de vários países. Já tinha os portugueses, os brasileiros e os espanhóis. Hoje trouxe antologias de contos americanos, italianos, búlgaros, romenos, indianos, alemães, húngaros e chineses. E o melhor é que cada volume me custou um euro e meio! Trouxe, ainda, as Cartas de Inglaterra, de Eça de Queirós, Histórias dos Mares do Sul, de Somerset Maugham e ABC de Castro Alves, escrito por Jorge Amado. De caminho ainda passei numa papelaria e trouxe o aguardado número da revista Ler, com Alberto Manguel em destaque.
 
 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Ler


Ai, preciso tanto de ir a um quiosque!!!

Um ano de quixotadas


Um aninho: nem acredito que já passou um ano desde o dia em que criei o blogue «As Minhas Quixotadas». A dois de Novembro de 2011, algures pelas cinco e meia da tarde, surgiu a primeira quixotada num blogue que nada fazia prever que se aguentasse um ano. Porém, o tempo passou e cá estamos nós. Não garanto que este espaço dure mais um ano, ainda assim posso garantir que o que passou foi muito mais divertido precisamente pela partilha que este espaço me permitiu. Descobri, durante esta voltinha terrestre, que um blogue é uma diversão que depressa se torna obrigação e percebi que muito do que vi foi observado pelos olhos de quem tem um espaço onde o partilhar. Sem blogue eu seria uma pessoa diferente. Teria de ser.
 
Com «As Minhas Quixotadas» voltei à escrita, que deixara havia muito, e passei a sentir-me na obrigação de escrever quase diariamente. Escrevi textos longuíssimos que afugentaram gente, mas de que muitos gostaram. Escrevi quixotadas pequeninas, sintéticas, pequenos apontamentos que alguns comentaram. Mostrei gostos e desgostos, compras e páginas percorridas com maior ou menor vontade. Fui acarinhada, elogiada e nunca maltratada. Coisa de blogue pequeno mas feliz. E assim espero que continue por mais algum tempo. Um aninho depois, parabéns, bloguito!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Professora

Hoje, conversando com uma amiga, constato que não sou a única a julgar que não aguentará a vida toda como professora. É verdade: cada dia fico mais convencida de que não conseguirei suportar muitos anos como docente e de que chegará o dia em que, a bem da minha saúde, o ensino terá de ficar para trás. A minha voz não deverá aguentar muitos anos desta violência, a minha cabeça acabará por fraquejar perante o enorme trabalho que é hoje ser professor. Duvido que venha a ser uma professora com trinta anos de ensino: acredito que vou desistir muito antes disso. A profissão é bonita e eu gosto dela. Porém, no presente, a escola é uma porcaria e os docentes não têm margem para nada. O trabalho que trazemos para casa é imenso, as horas que são efectivamente pagas não chegam nem perto daquelas que trabalhamos realmente, o que ouvimos diariamente de alunos, pais e patrões é um absurdo e as áreas pelas quais temos de nos dividir de modo a sermos considerados bons profissionais chegam a ser ridículas. Dou aulas há poucos anos e, mesmo gostando do que faço, já me arrependi mil vezes de ter escolhido esta profissão nobre, mas maltratada. Quando a escolhi achei que iria fazer a diferença: agora acho mesmo que sou só mais uma desencantada e profundamente cansada.

Há duzentos e cinquenta e sete anos

E pensar que há duzentos e cinquenta e sete anos Lisboa estava a ser destruída por um terramoto, inúmeros incêndios e um maremoto que fez o Tejo recuar e avançar abruptamente sobre a cidade. E pensar que este gigantesco acontecimento que alterou drasticamente o traçado da nossa capital, que a fez ser como ainda vai sendo hoje e que pôs em destaque o pensamento de um homem tão odiado como o nosso Marquês de Pombal é muito pouco conhecido pelos mais novos que, não raras vezes, nem a sua data sabem indicar.
 
O século XVIII é, para mim, uma das épocas da história sobre as quais mais gosto de ler. Acho fascinante o amor/ódio que rodeia a figura de Sebastião José Carvalho e Melo, bem como a estratégia que tão bem delineou para chegar onde mais queria: ao poder. Gosto, também, de ler sobre a sua actuação nos dias que se seguiram ao terramoto, ainda que afinal não tenham sido dele as palavras que mandavam enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Acho extraordinariamente cruel a teia urdida em torno da família Távora e uma barbaridade os castigos com que os seus membros foram punidos. A par disso, acho muito interessante a vida da Marquesa de Alorna, pertencente à família nobre que o Marquês de Pombal arrasou, e o modo como conseguiu destacar-se numa sociedade de homens e onde à mulher só cabia a maternidade e a burrice. Acho cativante o modo como Sebastião José aliava ideias modernas a outras tão cruéis. Encontro imensa graça no facto de o nosso rei, à época, praticamente entregar todo o poder nas mãos do seu Secretário de Estado do Reino enquanto ia encontrar-se com uma amante, que, só por acaso, era uma Távora...
 
A história daquele século é tão rica que chega a ser triste que muitos meninos não a queiram conhecer. E quem diz meninos diz adultos que preferem ignorar a nossa história, trocando-a facilmente por uma novela brasileira. É doloroso quando se verifica que não se sabe o mais básico sobre o país em que nascemos e nos movemos, não raras vezes, durante uma vida inteira. A pensar nisso, neste dia 1 de Novembro, data de tão má memória para esta nossa Lisboa, deixo algumas sugestões de leitura que podem ajudar a esclarecer muitas dúvidas e, ainda, proporcionar umas horas de boa leitura e de bom entretenimento.
 
Mas antes, claro, desejo-vos um bom feriado. Aproveitem-no bem porque daqui a um ano estaremos todos a picar o ponto para entrarmos ao serviço.
 
 
(Para quem quer ler sobre os factos, com clareza e 
sem qualquer ficção à mistura.)
 
 
 
(Para quem quer uma mistura de vários ingredientes bem montados numa ficção narrada
por uma figura muitíssimo peculiar. Aqui encontrarão a vida
do padre Gabriel Malagrida, confessor de Leonor Távora, a ascensão ao poder
de Sebastião José, o tempo que antecedeu o terramoto, entre outros temas.)
 
 
 
(Para quem quer conhecer o poder que o Marquês de Pombal teve sobre as
famílias nobres portuguesas e o modo como as suas decisões alteraram
a vida das mulheres destas famílias. Este é para quem quer apenas ter uma ideia do
que sucedia naquela época e de quem foi a Marquesa de Alorna. Não é uma
pérola literária, mas ensina qualquer coisa. Sobre a mesma figura histórica e para
quem prefere uma prosa mais conseguida e, até, com bastantes rasgos poéticos,
 valerá a pena ler o livro As Luzes de Leonor,de Maria Teresa Horta.)
 
 
 
(Para os mais novos, que também devem, ou melhor, têm de conhecer
este episódio e esta época da nossa história. A narrativa é simples e lê-se
sem qualquer dificuldade. Vale a pena, ainda, pelo apêndice final onde as autoras
acrescentaram alguma informação histórica para ajudar a compor a imagem
 do que era Lisboa antes e depois do terramoto. Mais: apresentam-nos
algumas das figuras que se destacaram na época.)


Doce ou travessura

Ontem, pela primeira vez, recebi a visita de duas meninas vestidas a rigor que, de saco bem aberto, pediam «doce ou travessura». Achei uma ternura, embora nem aprecie particularmente o Halloween. Geralmente não acho muita graça a que se importem festas que nada têm que ver com a nossa tradição ou que se alterem as que temos de acordo com modas estrangeiras (vejam-se muitos dos carnavais do país que mais não são do que uma tentativa pobre de imitação do carnaval brasileiro, mas em pleno Inverno...). Contudo até teve uma certa graça ver as duas meninas a pedirem uns docinhos. Já ninguém pede bolinhos no dia de Todos os Santos, portanto os pedidos de porta em porta do Halloween têm perninhas para andar. Desde que não envolvam ovos e papel higiénico, para mim está tudo bem. Haja rebuçados!

Rejubilemos!

Rejubilemos, minha gente! Chegou o momento mais aguardado do ano: saíu o anúncio da Popota de 2012! Continuo a achar que a bicha está a ficar escanzeladinha e espero que a doçaria natalícia acabe por encher-lhe aquelas curvas, que bem precisadas estão. Ainda assim, ver aquela celebridade cor-de-rosa é sempre uma animação e tenho a impressão de que é a boa da Popota que começa a incutir o espírito natalício no pessoal. Ora aqui fica a sexy Popota, abanando-se mais do que exige o decoro. Enjoy!