sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A vaca leiteira

Caríssimos senhores que me enviam emails todos os dias,
 
Este blogue já falou de muita coisa e é provável que em certos dias até tenha utilizado a palavra «gado» (é uma palavra de que gosto bastante). Mas daí a tentarem, diariamente, vender-me «gado leiteiro de alta qualidade» já me parece um pouco de mais. Não há dia nenhum em que não tenha de apagar emails que procuram impingir-me vacas. Pois, meus senhores, acreditem que se eu tivesse um quintalzinho, por pequeno que fosse, seria a primeira a ter uma vaca leiteira e, quiçá, um burro (não há bicho mais querido) chamado Elias Monteiro. Porém, não tenho mais do que o canto do meu quarto livre de livros e roupa espalhada e lá mal caibo eu, quanto mais uma cabeça de gado.
 
Portanto, caríssimos senhores, peço-vos que abandonem a ideia de me fazer adquirir uma vaca ou uma cabra (não sei ao certo qual a oferta que têm para me fazer, já que nunca abri os emails: fico-me sempre pelo «assunto»). Já me chega o sofrimento de uma vida sem ser a alegre dona de um burro de raça mirandesa, para ainda me apoquentarem pondo-me perante a impossibilidade de ter uma vaca leiteira particular. Há lacunas da nossa vida que custa deixar em aberto e esta do gado é uma das que me toca mais fundo. Por isso peço: por favor, parem de pôr o dedo nesta ferida.
 
Muit'agradecida.
 
 
Notinha: A foto saiu daqui.

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