domingo, 18 de novembro de 2012

A Menina Quer Isto XXVII

Dizia o pai do escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro que «Livro que não fica em pé sozinho não presta.». E vai daí o filho escreve estas oitocentas e cinquenta e seis páginas que eu quero tanto ler. Ontem folheei o livro, coloquei-o de pé para ver se o filho tinha mesmo feito a vontade ao pais, e senti-me tentada a comprá-lo. Só não o fiz porque o preço é de uns nada módicos vinte e oito euros, o que, convenhamos, é muito. Assim, lá ficou ele na livraria, com muita pena minha. Espero chegar a consegui-lo mais baratinho porque, como já aqui disse, gosto muito de literatura brasileira e, pelo que percebi, este romance fala, precisamente, da construção da identidade do povo brasileiro. Sendo o Brasil um país tão ligado ao nosso e que tem, desde a sua descoberta, procurado a sua própria identidade e características, parece-me interessante tudo o que mostre este caminho percorrido no sentido da criação de um jeito próprio de ser, de uma forma única de estar e de pensar. Enfim, a menina quer mesmo isto.
 
 
E já que estou numa de pedinchar literatura brasileira, informo que há pelo menos três anos que também quero A Menina Morta, de Cornélio Penna. Também tem sido o preço a razão que me levou a ainda não ter trazido este romance comigo. É triste, mas o preço dos livros é, em Portugal, razão suficiente para nos afastarmos da leitura de obras que gostaríamos mesmo de conhecer. Claro que existem as bibliotecas, porém qualquer leitor (principalmente os que não têm nenhum espaço desses perto de si) tem um sentimento de posse para com os livros. Há muitos livros que gostaria de ter para ler à velocidade que bem entender e onde bem entender, sem medo de o sujar ou de o deixar com um ar muito usado. E se não o faço é porque muitos são estupidamente caros para um país onde andamos todos a contar os cêntimos que ficam colados ao fundo da carteira. Esta quixotada era apenas para dar conta de mais umas vontades literárias, mas acabo por aproveitar para dizer que não compreendo como, perante esta crise de proporções avassaladoras, ainda ninguém encontrou uma forma de baixar verdadeiramente os preços dos livros. Noutros países eles são mais baratos do que por cá. Porquê? Não sei. Mas sei que não podemos andar sempre a dizer que os portugueses não lêem, que não têm quaisquer hábitos de leitura e depois pôr quase todos os livros publicados por cá com preços acima dos quinze euros (uns valentes três contos, na saudosa época do escudo). É muito. A ideia dos livros de bolso, de que falei esta semana, volta a fazer sentido. Fora isso, nem que seja pela qualidade do papel, creio ser possível reduzir os custos da produção dos livros e, assim, baixar os seus preços finais. Oxalá alguém pense nisto (ah, tivesse eu uma editora...).
 

 

1 comentário:

  1. Assino por baixo.
    Gostava de conhecer mais a literatura brasileira-Ando mortinha por deitar mãos ao "Grande Sertão: Veredas"- Curiosamente, há uma barreira grande na importação de autores brasileiros, ou é impressão minha?
    Na minha anterior deslocação à biblioteca, para abastecimento :), estive para trazer o do Ubaldo, mas adiei.
    Eu até ao início deste ano fazia-me alguma confusão ir buscar livros a bibliotecas- pelo facto de ter um tempo determinado para ler, o que constituia uma obrigação e não conseguia ler. Entretanto encontrei "A BIBLIOTECA" ehehe do cervantes e posso dizer que por mais absurdo que pareça é uma extensão da minha(sinto-me em casa). Às tantas frequento 3 bibliotecas e não leio meus próprios livros, comprados com o suor do trabalho (parvoíces):|
    Sou a favor das edições de bolso. Nesse aspecto estamos a anos-luz dos outros países :|

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