quinta-feira, 22 de março de 2012

Estou viva!

A semana ainda me parece muito longe do fim, mas pelo menos posso dizer que cheguei viva ao dia de hoje. Ali a uma dada altura comecei a imaginar que estava prestes a dar-me o badagaio de tão pouco que parei durante estes dias. Quem acha que os professores não fazem nada devia ter de corrigir tudo o que eu já corrigi esta semana (em dois dias) e aturar miúdos mal comportados que depois vão choramingar para junto dos pais porque a professora lhes deu um castigo «enorme»...

Durante esta semana aprendi que boa parte dos pais dos meninos são ingénuos e vão atrás dos que os filhos dizem. No meu tempo, se a minha professora me mandasse uma ficha extra para eu fazer porque me tinha portado mal, a minha mãe não ia à escola berrar com ela. Em primeiro lugar porque confiava em quem me dava aulas. Em segundo porque nunca ninguém morreu por fazer uma ficha ou conjugar uns verbos. Mas parece que agora os miúdos em idade escolar são parecidos com o Licenciado Vidreira (personagem de Cervantes) que acha que é de vidro e que se vai partir a qualquer momento. Parece-me que os pais dos meninos de agora levam isto de proteger os filhos de toda e qualquer injustiça um bocadinho ao extremo, esquecendo-se de que quem atura os filhos deles durante uma boa parte do dia são os professores. Como raio se pode deixar uma criança numa escola que se considera boa e depois pôr em causa todas as decisões que os docentes tomam? Fico com a sensação de que as escolas são sempre maravilhosas até um professor perder a paciência e pedir uma caderneta ou aplicar um castigo ou, Deus nos livre, dar uma negativa. Aí o paizinho ou a mãezinha esquecem-se de tudo e só pensam no pobre rebento, coitadinho, que vai perder uma hora de playstation para fazer o trabalho-castigo que o docente mandou ou que vai sofrer ao ver um dois na pauta. Infantilizam e fazem dos filhos uns irresponsáveis que, assim, vão aprendendo que podem tudo e que o professor tem de aguentar porque se assim não for, o pai vai lá para ter uma conversinha com ele. E os pais, quer o docente ensine bem, quer ensine mal, andam felizes da vida pelo menos enquanto a pauta só tiver notas positivas e os meninos não levarem recados na caderneta. Quando levarem desaba o mundo.

Esta mania de ver nas criancinhas principezinhos e princesinhas a quem tem de se desculpar tudo mete-me nojo e mostra-me que os maus pais não são só os que se desleixam com a educação dos filhos: são também os que agem do modo exactamente oposto, protegendo em demasia e desculpabilizando os meninos que, não raras vezes, precisavam de dois berros e uma nalgada para aprenderem a ser mais responsáveis e educados.

Estou viva, minha gente! Vêem?...


5 comentários:

  1. Concordo plenamente consigo, filha. Há tanto mal nos garotinhos como nos paizinhos. Uma boa educação em casa, com bom senso, resolvia muita falta de respeito em sala de aula. Já tive umas boas touradas com uns pais e sabe deus quantas mais terei... Olhe, andemos com umas bandarilhas dentro das malas e mochilas!

    ... lalalala y viva a España ...

    Com cumprimentos tauromáquicos,
    Filho

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  2. epá isso está mesmo mau xD lol mas também não tende a melhorar... o que é estranho não é?

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    1. As escolas parecem filmes de terror em que o culpado é sempre o professor. Todos sabem que os miúdos estão a milhas de distância da santidade, mas os pais são uns eternos ceguinhos, o que se pode fazer?...

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  3. Sim, já é costume que o professor seja sempre o culpado de tudo e mais alguma coisa. Parece que os pais deixaram o trabalho de educar e dar disciplina aos miúdos todo para os professores.

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    1. O problema é que só o fazem pela metade. Largam miúdos mal educados nas nossas mãos para que os ensinemos, mas quando já não dá mais para fingir que não ouvimos as faltas de educação deles e lhes pregamos um castigo, caem logo nas escolas a querer saber os fundamentos todos disto e daquilo. Ou seja: os professores só são fantásticos enquanto corre tudo muito bem e o pequeno Sancho Pança não chega a casa a choramingar e a dizer que tem seis verbos para conjugar (esquecendo-se de contar aos pais a razão para lhe ter sido passado tal trabalho...). Assim não se chega a lado nenhum e dá-se um ensinamento muito errado aos alunos. Mas, enfim, é como eu digo: todos os pais acham que têm principezinhos e enquanto essa moda idiota persistir, não vamos longe.

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