Hoje, ao dirigir-me para a sala de aula, vejo um miúdo sentado no chão e encostado a um pau grossíssimo, bom para uma fogueira. Entretanto, e antes que eu chegasse junto dele para saber a razão que o levou a precisar de um cavaco à porta da sala, chegou uma directora e perguntou-lhe que disparate era aquele. Obteve esta resposta:
- É o meu amigo e chama-se Carlitos.
Por já estarmos a ver que aquela história do pau ainda havia de dar mau resultado, este foi-lhe retirado enquantos os colegas berravam «não lhe tire o Carlitos: é amigo dele». Juro que me senti noutra dimensão, de tão disparatada que ia sendo a cena. Ora, como os miúdos arranjam sempre forma de dar a volta à questão, a segunda parte da saga «Carlitos, o pau» consistiu em o aluno desatar a chorar, dizendo que se tinha aleijado numa perna enquanto brincava no recreio e que o cavaco era a sua bengala. Se tivermos em conta que o pau não devia chegar aos quarenta centímetros e que o meu aluno não é anão, aquilo era tão bengala como eu sou um peixe de água doce.
Resumindo e concluindo: ficou mesmo sem o pau, já que este se mudou para a sala da directora, de modo a evitar-se que um dos alunos da turma acabasse por experimentar a ira do «Carlitos-amigo-bengala». No intervalo seguinte lá andava ele à procura da directora, de modo a reaver o seu amigo-pau para irem os dois, numa felicidade idílica, brincar juntos no recreio.
Às vezes estar na escola parece uma alucinação febril.
Muito bom. Não se deve impedir uma criança de confraternizar com o seu amigo imaginário... :)
ResponderEliminarO problema é quando o amigo (Carlitos de seu nome) é também uma arma em potência. Ahahah! :p
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