quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Vira o disco e toca o mesmo

A sério, se continuo a ouvir falar na tolerância de ponto no dia de Carnaval acho que me atiro de uma janela. Tem mesmo de ser? Temos mesmo de continuar a carpir por uma coisa que, admitam, tem lógica? Não se pode tirar quatro feriados ao calendário, dois deles HISTÓRICOS*, e depois dar tolerância a um país inteiro só porque alguns municípios têm tradição carnavalesca. Que essas autarquias dessem tolerância, muito bem. Mas por que raio teriam os outros de ajudar a parar o país? Isto parece-me aquele disparate que dizem que acontece nuns programas de televisão medonhos em que as pessoas agradecem às câmaras municipais por terem disponibilizado os autocarros que os levaram até ao estúdio, onde ganharão prémios para SI próprios. Resta lembrar que o transporte da câmara é pago por todos e que a mim ninguém me vem cá dar uma parte do prémio. Agora sim parece-me que podemos falar em pieguice!

* O pessoal que anda para aí a berrar que o Governo é tirano por não ter dado tolerância de ponto no Carnaval já se apercebeu de que o 1.º de Dezembro, feriado com os dias contados, comemora o facto de termos voltado a ser independentes e de, no fundo, hoje não sermos espanhóis? Mas, enfim, é melhor ir para a rua vestido de baiana peluda do que recordar e celebrar um episódio importantíssimo da História de Portugal não é? Credo...

2 comentários:

  1. Eu que odeio carnaval acho que posso dizer que não concordo em absoluto com isto. Não ponho em questão a importância das datas, parece-me óbvio que o 1º de Dezembro tem muito mais valor histório do que o Carnaval e o mesmo se pode dizer do 5 de Outubro e afins...(Acho sempre triste e deprimente aquelas reportagens ridículas nas ruas a perguntar às pessoas se sabem porque é feriado e... nunca ninguém acerta. - sinto-me envergonhada mas isto é só um à parte e infelizmente é o que temos)
    No entanto não acho assim tão linear que se é retirado o feriado a um também não seja dada tolerância no outro. é preciso ter em consideração, na minha opiniao, mais do que a importância da data em si o facto de haver celebrações, festas ou tradições associadas ao dia.
    O 1º de Dezembro pode ser muito importante, mas há meia dúzia de engravatados a comemorá-lo oficialmente em Lisboa. O resto do país aproveita para dormir até mais tarde e passar a tarde a ver filmes e a preparar a árvore de Natal.
    O Carnaval pode até ser uma coisa idiota (e eu acho mesmo que é) mas faz parar dezenas de concelhos em festas e celebrações, movimenta milhares de pessoas no país para participar ou só para assistir. Faz acelerar o turismo e a restauração quase mortos durante o inverno. São das nossas maiores fontes de riqueza...
    Posto isto, tenho sérias dúvidas que esta não tolerância de ponto tenha melhorado em alguma coisa a produtividade, muito pelo contrario. E só não foi pior porque grande parte das pessoas resolveram fazer ouvidos de mercador e meteram o dia na mesma!

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  2. Parece-me, também, que é uma tentativa de começar a mudar as mentalidades, Pipeta. Pode não resultar assim, mas convém que o pessoal comece a perceber que não pode haver pontes a toda a hora (porque era o que ia acontecer com o Carnaval: tolerância e muita gente a fazer ponte na 2.ª). Claro que o turismo se ressente, assim como se ressente devido ao aumento escabroso na restauração (que é coisa que não se compreende), mas temos mesmo de começar a mudar as mentalidades e se o 1.º de Dezembro não o faz, venha o Carnaval fazê-lo. Os municípios tiveram liberdade para fazer como acharam bem e o Governo tomou uma decisão coerente com o que tem vindo a fazer. Se tivesse dado a tolerância (que ia calhar em cheio na visita dos senhores da Troika), caíam-lhe em cima por, numa fase em que até nos feriados se corta, ter mandado o país para a rambóia. Eu acho que agiu bem, ainda que os resultados tenham, como dizes, sido muito poucos.

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