O que vos vou contar parece mentira, mas infelizmente não é. Hoje dei teste a duas turmas. Se a primeira teve, parece-me, um desempenho medíocre fruto da falta de responsabilidade que ostenta orgulhosamente, na segunda, "os meus mais novos", ouvi as coisas mais extraordinárias que um docente de Português pode ouvir. Num dos exercícios, os alunos deviam identificar a subclasse dos verbos e, quando encontrassem um verbo copulativo, deviam transcrever o respectivo predicativo do sujeito para umas linhas que lá coloquei precisamente para esse efeito. Bom, a questão não levantou problemas a ninguém, a não ser a um menino que tem o costume de achar que as aulas são todas dele, que ele é que manda nelas e que pode e deve ser o mais palhaço que conseguir. Hoje, visivelmente aflito com o teste, repetia sem cessar que estava "com uma branca" e chamava-me a cada cinco minutos para me perguntar alguma coisa. A dada altura disse-me que não tínhamos dado uma coisa que estava no teste e imediatamente caem em cima dele duas alunas que diziam que sim, que tínhamos visto e revisto aquilo. Ele lá continuou, sem saber o que havia de fazer à vidinha. A dada altura, encalhadíssimo nessa questão da subclasse dos verbos, põe a mão no ar e pergunta-me:
- «Está» pertence ao verbo «ter», não é?
Engulo em seco, rezo meio acto de contrição, e respondo:
- Não, é do verbo «estar».
Uns minutos depois volta à carga e, com um olhar aflitíssimo, pergunta:
- E «permanecer» é verbo «ser» e «haver», não é?
A minha boca escancarou-se, as das colegas também e só lhe consegui dizer:
- Eu nem te vou dizer nada que é para ver se tu cais em ti e percebes a asneirada que acabaste de dizer.
Até tremo só de pensar que ele possa ainda não a ter percebido...
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