terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Boa notícia

Realmente, às vezes chega um para mostrar o caminho, esperando que outros o sigam. No final da semana passada, Vasco Graça Moura impôs aos serviços do  CCB a suspensão da aplicação do maldito Acordo Ortográfico. Agora, e à semelhança da Faculdade de Direito, a Faculdade de Letras de Lisboa admite a hipótese de vir a não aplicar esse atentado à nossa língua, entando prevista uma decisão para o final da semana. Note-se que boa parte da piada disto está no facto de um dos grandes responsáveis pelo Acordo/aborto ortográfico ter sido professor daquela instituição durante muitos anos.

Devo admitir que me sinto contentíssima por ver que o sítio que me formou não perdeu de todo o juízo e que ainda toma para si as rédeas de um assunto que dá cabo de muito do que se ensina lá dentro. E é muito bom saber que finalmente, mais do que arremessos de postas de pescada sem nexo, se começam a tomar atitudes concretas com vista à suspensão do AO. Sim, porque não é com discussões (como já vi muitas) em que se diz que as mudanças não têm lógica, mas nas quais não se apresentam quaisquer argumentos que justifiquem tal opinião, que se consegue chegar a algum lado. É, sim, com atitudes a sério, com grandes instituições a tomarem para si o poder de decisão e a suspenderem o maior dos disparates linguísticos; é, também, com cidadãos bem informados que, não sendo a favor do AO, sabem explicar aquilo que não lhes faz qualquer sentido e as razões pelas quais se recusam a aplicar as novas regras.

Esperemos para ver o que está para vir. Ao que parece o Ministro da Educação, Nuno Crato, diz que as instituições têm autonomia para decidir o que fazem com o AO. Assim sendo, esperemos que as muitas faculdades das várias universidades do país, bem como outras instituições, consigam de alguma forma levar esta gente a, pelo menos, repensar este assunto. Aliás, o pior que nos pode acontecer é passarmos a ter duas ortografias paralelas: uma com origem na história e evolução da Língua Portuguesa desde que começou a autonomizar-se do romance e outra baseada nos muitíssimo falíveis critérios sonoros. Esperemos, pois, para ver as cenas dos próximos capítulos e oxalá sejam bem mais cheias de consoantes mudas e de acentos obrigatórios do que têm sido até então.

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