Já todos percebemos que a coisa na Grécia não está fácil e que é necessária, para breve, uma solução que comece a endireitar as coisas. Há ali problemas graves, muito parecidos com aqueles que nós próprios vivemos, e uma incapacidade de remar para o mesmo lado, com os olhos num objectivo comum. Por cá já chegámos ao ponto de olhar para as inúmeras greves e desacatos com o ar chocado de quem sabe partilhar os mesmos males, embora seja incapaz de tais reacções. Todos nós já teremos dito, num momento ou noutro, que os gregos, tal como os romanos de Asterix, «devem estar loucos», ao ver a tamanha discórdia que por lá vai. Contudo, também sentimos para com aquela nação a empatia que nos merece um dos nossos berços e um país irmão em desgraça. Agora, minha gente, santa paciência: isto de os museus gregos andarem a ser assaltados por pura falta de segurança é coisa que ninguém consegue compreender. Há bem pouco tempo, foi roubado da Galeria Nacional de Arte em Atenas um quadro de Picasso, um de Mondrian e um desenho de Gugliemo Caccia. Hoje foram roubadas quase setenta peças em bronze do Museu dos Jogos Olímpicos, também em Atenas. O museu tinha uma única segurança, de quarenta e oito anos, que foi ameaçada com bastões de basebol, embora cada um levasse também uma Kalashnikov. Não havendo ouro, metal procurado pelos ladrões, roubaram as referidas peças em bronze. O valor das estatuetas é incalculável. Como é fácil de imaginar, falamos de artefactos com muitos séculos e importantíssimos para a nossa História.
Quando soube do assalto, depois de já ter conhecimento daquele em que o quadro de Picasso foi roubado, o primeiro pensamento que me ocorreu foi muito radical: se não têm condições para tomar conta do recheio dos museus, encaixotem tudo e despachem para outros países europeus que tenham, neste momento, condições para cuidar de tais tesouros. Claro que isto não é assim tão fácil, já que nenhum país, por muio má que seja a sua situação, aceitaria tal coisa. Sobra, portanto, a solução que envolve reforçar a segurança dos museus porque já se percebeu que são fáceis de assaltar e que não é uma única segurança que impede um assalto levado a cabo por dois tipos encapuzados e armados até aos dentes. Todos sabemos que a Grécia está sem dinheiro, mas que se saiba ainda mantém os museus de portas abertas e, assim sendo, deve proteger o melhor possível o seu conteúdo. Assaltos, até o Louvre já teve. Mas dois roubos desta dimensão em tão pouco tempo?! O Ministro da Cultura já se demitiu, e ainda bem. Agora resta saber o que vai ser feito e o que pode ser feito num país que está como a Grécia agora se encontra. Uma coisa é certa: esta facilidade que parece existir em chegar às peças museológicas, agarrar nelas e fugir tem de ser resolvida, senão começava realmente a aplaudir que as encaixotassem e as levassem para outros países mais capazes de tomarem bem conta delas.
Eu estou a viver na Grécia, e só mesmo porque vivo aqui acho que tudo neste país é normal. Eu hoje ia visitar o museu que foi assaltado, acabamos por adiar porque não sabíamos como estavam as coisas por lá. Agora não me admira que eles não tem segurança, aqui vive-se numa desorganização total. Quanto mais dias conto aqui, mais a certeza tenho que este país não é um país normal da UE. Aqui vive o dia a dia, sem se preocuparem com o dia de amanhã, não importa se há dinheiro amanhã, mas hoje tenho e vou gastá-lo. esta é a mentalidade grega. Muito diferente da nossa.
ResponderEliminarAqui tudo é impossível.
Gosto de ler as tuas palavras. :)
Obrigada, aNa. :)
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