Não consigo perceber a piada que as pessoas parecem encontrar no programa da SIC intitulado «Alta Definição». Nunca consegui ver uma coisa daquelas do início ao fim porque, aquilo a que chamam entrevistas profundas, parece-me muito uma competição para ver quanto tempo se leva a pôr o entrevistado a chorar. E, convenhamos, ver o Quim Barreiros verter umas lagrimitas não é, de todo, a minha ideia de entretenimento de qualidade.
Pelo que me apercebi, a ideia é pôr os entrevistados a falarem mesmo daquilo de que não deviam falar. Pretende-se que as questões façam o convidado mostrar o que traz dentro de si, ou seja, deseja-se que aquela entrevista seja marcante por dar a conhecer o ser humano por trás do actor, do apresentador, do cantor, ou o que seja. Portanto, julgo eu, as pesquisas sobre a vida do entrevistado devem ser orientadas no sentido de serem descobertos todos os aspectos mais íntimos e dolorosos que possam, pelo menos supostamente, dar profundidade à coisa. Agora, como é que a pergunta «O que dizem os teus olhos?» pode pôr alguém a chorar é coisa que não entendo, a menos que a mesma venha acompanhada pela acção de descascar cebolas. Aliás, a pergunta nem faz grande sentido e pronto. «O que dizem os teus olhos?» Olha, que estão a precisar de uma ida urgente ao oftalmologista que isto dos computadores e dos livros acaba por fazer mossa. Ou então que preciso de trocar de rímel porque aquele já vai com mais de seis meses e diz que isso não é saudável.
Detesto esta mania de tornar tudo muito profundo e odeio ainda mais a moda de que a boa televisão só acontece quando os filmados se emocionam e choram ali como se alguém lhes tivesse batido. Cada vez me convenço mais de que o que faz falta são bons livros para entretenimento a sério...
Concordo plenamente. Acho até que a TV portuguesa já perdeu qualquer qualidade faz já algum tempo.
ResponderEliminarSó vi algumas entrevistas, por exemplo, de personalidades que gosto porque de resto é mesmo isso: um programa para o pessoal ir lá chorar.
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