quarta-feira, 5 de julho de 2017

A Menina Quer Isto XCI

Há uns anos orgulhava-me de saber exactamente que livros tinha e quais as suas edições. E na altura até já tinha muitos livros. Pensava que ia ser sempre assim, até que com o passar do tempo e o aumento do número de volumes cá por casa, a memória deixou de ser suficiente. Hoje tenho uma lista em Excel que, não sendo perfeita, pelo menos desenrasca-me no momento de perceber se devo comprar determinado livro ou se já o tenho. Juro que nunca pensei precisar disto. Tive sempre uma relação tão próxima com os meus livros que sabia sempre como eram as suas capas e nunca me enganava relativamente ao que tinha e ao que não tinha. Porém, a lista tornou-se necessária e até me ajuda a saber quantos livros pululam cá por casa. De vez em quando lá dou por uma ou outra omissão e trato de acrescentar o título em falta à lista, mas de um modo geral até está bastante completa. Além dos autores, títulos e editoras, acrescento também, sempre que possível, a proveniência do livro e o preço. Um dia somo aqueles preços todos e caio para o lado. Fora todos os que não têm esse dado porque foram comprados há muito tempo e já não tenho como saber exactamente quanto custaram.

Bem, mas isto tudo para dizer que nem com lista, por vezes, consigo aperceber-me de faltas importantes. Só mesmo o pretexto de ter de arrumar estantes pode levar-me a sério a perceber que me faltam imensos livros de um autor que adoro. No fim-de-semana, por exemplo, depois de montada a nova estante, estive a arrumá-la e decidi colocar nela além das gramáticas e dos muitos livros sobre livros e leitura, os romances de autores da América Latina que por ali tinha espalhados. Ora, o Vargas Llosa foi um dos senhores que teve direito a estante nova e, entre livros da Dom Quixote e da Quetzal já arrumados, percebi que me faltam vários livros dele. Nomeadamente, estes:








Ora, a menina quer estes livros. Quer muito. E quer enquanto ainda tem meia prateleira livre já que depois de a encher será mais difícil arranjar-lhes um lugar decente e em que fiquem todos juntos. Acho extraordinário como olho diariamente para tantas lombadas e me escapam tantos pormenores. É preciso realmente carregar os livros em braços, olhar para eles com olhos de ver, para entender que a obra de um tal autor, que julgava ter quase completa, está muito longe de o ser. Não morro se não tiver todos os livros de Llosa publicados em Portugal, mas sendo um autor de quem gosto bastante e tendo já grande parte da sua obra, pois claro que gostaria de ter também estes livros. Dom Quixote, querida, não queres oferecer uns exemplarzitos ao fofo do blogue As Minhas Quixotadas? Podem ser manuseados, a menina não se importa. A menina quer é tê-los ali ao alcance da mão e devorá-los um a um com o gosto imenso que só o Llosa sabe provocar.

Nota: As imagens das capas saíram da página da Wook.

4 comentários:

  1. Claramente, o facto de já nem conseguires memorizar que livros tens ou não, é sinal de que tens livros a mais. hehehe - se é que conceito de livros a mais existe, é provável que não -

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    1. Naaaaaaah! Posso ter muitos livros, mas livros a mais não. Isso não existe. 😝

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  2. Acontece-me o mesmo, não saber por vezes se já tenho ou não o livro. Um dos problemas tem a ver com o facto de não ter as estantes ordenadas há algum tempo. Vou comprando e como não tenho espaço no sítio certo ponho onde calha. Resultado, tenho Russos misturados com Franceses, Japoneses com Alemães, o que difuculta saber o que tenho ou não tenho.

    Já leste a autobiografia de Llosa? Já a comprei há uns anos mas ainda não a li. "El pez em el agua"
    (Estou quase a terminar "Ana Paula", e a gostar bastante da escrita)

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    1. Ainda não a li, mas tenho de tratar disso. Tenho de procurar esse livro.

      O "Ana Paula" é mesmo uma agradável surpresa. Eu já tinha lido contos do autor, mas não tinha gostado tanto quanto gostei do romance e mesmo assim alguns já eram impressionantes. Talvez pelo facto de nos romances da Crónica da Vida Lisboeta ele retratar uma realidade da qual temos conhecimento, fazendo-o com tanta verosimilhança, gostei mais de lê-lo neste registo. Além de que faz um uso da língua portuguesa que é um oasis no meio de tanta aridez que vamos vendo. É bom ler um autor português que não abusa dos gerúndios para poder ser bem recebido no mercado brasileiro. Ai que má língua que estou hoje...

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