quarta-feira, 1 de março de 2017

A limpeza e a pena

Fiz uma limpeza na barra lateral, aquela em que indico os blogues que gostava de ler. Tinha por lá imensos que já não viam novos textos há meses ou anos. Fui deixando ficar na esperança de que os seus autores voltassem, mas acabei por desistir.

Já aqui falei disto noutros tempos, desta empatia que ganhamos com certos blogues e com os seus autores, da rotina que nasce e que nos leva a visitar diariamente ou quase as mesmas páginas para ler o que alguém que não conhecemos quer partilhar com os outros. É uma ligação curiosa que é fruto da época em que vivemos, na qual não precisamos de conhecer alguém para o admirar. Podemos fazê-lo à distância. Mas mais curioso ainda é que quando essas pessoas desaparecem sem qualquer aviso, quando abandonam as suas páginas sem que, contudo, as encerrem em definitivo, fica-nos uma certa preocupação e alguma pena. Não éramos amigos, não nos reconheceríamos na rua ainda que nos cruzássemos diariamente, e ainda assim perguntamo-nos o que terá sido feito daquele bloguer que seguíamos com gosto e que, de um dia para o outro, deixou de publicar. Estará bem? Por que nunca mais disse nada? No fim, acabamos invariavelmente por esquecer o blogue e o autor, sendo o passo seguinte o da limpeza da lista, como agora fiz.

São curiosos estes laços que a internet consegue criar. Por vezes gostava mesmo de conhecer as pessoas que me visitam e de trocar ideias com elas durante um apetitoso cappuccino. Depois penso que é melhor não: o mistério faz parte dos blogues e às vezes o conhecimento traz a desilusão. Estaremos juntos por aqui até que o «As Minhas Quixotadas» tenha fôlego e perninhas para andar. Quando não tiver, espero conseguir avisar-vos de modo a que não fiquem com o travo amargo que tive ao eliminar tantas páginas que me proporcionaram muito tempo de boas leituras quase diárias. Sobretudo para que não vos fique aquela dúvida que acho que, inevitavelmente, tem de aparecer nas relações humanas (mesmo que só existam atrás de um computador) quando deixamos de saber de alguém: estará essa pessoa bem? 

4 comentários:

  1. É uma das partes bonita da internet, a aproximação entre pessoas que de outra forma não falariam.
    Também costumo ficar a pensar o que será feito de algumas pessoas... E curiosa como sou ainda tento tirar alguma conclusão de posts.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também acho. Lamento sempre muito quando alguém desaparece sem avisar. Já não acho muita piada quando fecham os blogues depois de avisarem, mas claro que respeito as decisões que tomam. Sei lá durante mais quanto tempo quererei manter abertos os meus próprios blogues! Mas fico ainda mais desnorteada quando simplesmente as pessoas começam a deixar passar um mês, dois, três sem dizerem nada. Tinha blogues na lista onde não havia publicações novas há mais de um ano. O que aconteceu a essas pessoas? Estão bem? Estão a passar por momentos difíceis? Um dia acordaram e decidiram não vir cá mais ou, pior, não vêm porque não podem?

      Lemos tanto sobre os outros, sobre as coisas do dia-a-dia dos outros bloguers e, de repente, vê-los desaparecer ou, simplesmente, não voltarem deixa um certo amargo e boca e a mesma preocupação que teríamos com alguns conhecidos da nossa vida. É estranho, mas ao mesmo tempo muito curioso que assim suceda neste mundo virtual.

      Eliminar
  2. Os laços que se criam entre pessoas, ainda que nunca as tenhamos visto, são deveras curiosos.
    Concordo também quando dizes que há uma preocupação ligada à ausência prolongada de quem lemos.

    (Esqueci-me de te dizer no meu comentário acima que comprei um livro cujo título é: "Para lá das palavras. O que pensam e sentem os animais", de Carl Safina. A capa é tão amorosa. De derreter.
    Já deves ter ouvido falar, ainda assim não podia deixar de to referir :)
    Na página da Relógio D'Água a sinopse tem exemplos dos animais que encontraremos na narrativa.)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olha que não conhecia. Parece interessante.

      Adorava saber o que ‘pensam' os meus gatos. Tenho sempre a sensação de que morreria a rir. :D

      Eliminar