quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Comer e calar

Chego à escola onde vou dar teste a uma turma e encontro um dos alunos à porta. Ele viu-me e eu vi-o. Chego à sala e tenho uma única aluna pronta para fazer o teste. Entretanto vão chegando mais e começam a chover as faltas de atraso. Meia hora depois do início da aula, chega à sala o aluno que encontrara à entrada. Perguntei-lhe onde tinha andado, já que estava à porta da escola quando eu cheguei e só me aparecia àquelas horas. Respondeu-me com um tom muito desafiante: «Fui para o café.». Disse-lhe: «Então a tua falta já nem vai ser de atraso, vai ser falta de presença.». O tom de voz muda e de forma muito mais educada do que até aí pergunta se ainda pode fazer o teste. Dei-lhe o enunciado e, pelo que fui vendo enquanto vigiava a prova, aquilo nem a cinco valores chega, quanto mais a dez. É uma pena que os bolos de arroz ainda não venham com conteúdos gramaticais no papelinho que os rodeia.

Este é o prato do dia que os professores vão comendo e calando.

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