Gel de banho, champô, máscara para amaciar este arame farpado, creme para desembaraçar e ser possível penteá-lo sem grandes dores, tampões, desodorizantes, pasta de dentes, uma nova escova de dentes que a antiga já estava transformada numa máquina de fazer cócegas a gengivas, elixir bucal, toalhitas desmaquilhantes, creme para as mãos, creme para os pés, acetona para as unhas, cotonetes para as melecas nos ouvidos... É um nunca mais saia daqui que, a brincar a brincar, consegue pôr num único saco de supermercados aquilo que um único dia de trabalho não consegue pagar. É duro.
Quando chega o dia de fazer estas compras, sinto um terror que nem vos digo. São coisas às quais não podemos fugir e dado o carácter tão, digamos, íntimo de algumas delas, convém não comprar a primeira porcaria barata que aparece pela frente. E portanto é ver a conta a subir. Muitos dos itens que enumerei custam, à unidade, perto de cinco euros ou até mais do que isso, no entanto vêm, não raras vezes, em embalagenzinhas tão pequeninas que nos perguntamos onde estará o resto. Tenho a sensação de que estas coisas são consideradas um luxo. A mim sempre me ensinaram que temos de escovar os dentes com uma boa pasta dentífrica se queremos vencer a luta contra as bichezas que nos infestam os dentes. Mas quando olho para a pasta de dentes que comprei na semana passada e que me custou quase, quase quatro euros pergunto-me se não estarei a armar-me em rica ao querer ter limpinhos estes dentitos feios que Deus me deu. E quando pago, como há uns dias, mais de cinco euros por um champô perfeitamente normal, pergunto-me se afinal o meu cabelo louro são finos fios de ouro de dezanove quilates a precisar de mimo.
O que chateia é que nada disto é luxo, sendo apenas coisas a que não podemos fugir. Havia de ser bonito deixarmos de comprar pastas de dentes, champôs e sabonetes ou embalagens de gel de banho. Nessa altura, todas estas coisas passariam rapidamente a ser vistas como bens de primeira necessidade! Mas como não faremos essa experiência, continuaremos a pagar um preço exorbitante por coisas que talvez nem custem assim tanto a produzir. Continuaremos, portanto, a viver mensalmente um ou mais "dias do terror". É doloroso!
Há uns anos fiquei de boca aberta quando vi que na Alemanha os produtos de higiene custavam em média METADE do preço que pagava em Portugal. Ainda hoje essa diferença se mantém para o shampoo da mesma marca nos dois países, a pasta de dentes da mesma marca e por aí fora, É absurdo.
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