domingo, 21 de outubro de 2012

Falar para paredes

Há um problema com que todos os professores que pedem trabalhos escritos acabam por deparar-se: o plágio. No meu tempo de estudante era mais difícil apanhar um aluno que copiasse o trabalho porque a internet ainda era luxo de poucos e aquilo que consultávamos estava em papel. Enciclopédias, manuais escolares e outros livros eram, no fundo, as nossas fontes e tornava-se complicado para um docente descobrir o rasto aos nossos trabalhos. Não quer dizer que nunca descobrissem, mas também nessa altura se falava menos de plágio do que hoje (o que não significa que já nessa altura não fosse uma atitude reprovável).
 
Ora, hoje é um problema enorme. Sempre que peço um trabalho sobre um tema qualquer sei que me vou chatear com os plágios que vou encontrar. É tão certinho como eu estar com frio agora: aparecem-me sempre textos integralmente retirados da internet (ah, a Wikipedia...), sem alterações e, não raras vezes, completamente desajustados em relação ao que era pedido. Quando peço um trabalho, explico que não podemos retirar informação da internet e colá-la simplesmente numa página em branco como se fosse nossa. Devemos informar-nos, ler sobre os temas, escrever com as nossas próprias palavras, fazendo citações sempre que julgarmos necessário (embora sem cair em exageros) e, no final, incluir uma bibliografia que indique as fontes consultadas. Explico eu e explicam os outros professores todos. Resultado? Trabalhos plagiados e alunos com ares inocentes de quem não percebe a reprimenda e a nota negativa. É esgotante!
 
Já tentei a analogia da carteira roubada: explico à turma que assim como não admitem que alguém chegue às suas mochilas e lhes roube a carteira, também não podem roubar as palavras dos outros. Podem aprender com elas e, depois, produzir os seus próprios textos. Plagiar é que não. Explico, também, que hoje é realmente fácil descobrir um plágio e que não leva mais do que o tempo de abrir a página do Google. Ainda assim, aparecem-me sempre trabalhos compostos com frases demasiado pomposas para terem sido escritas por miúdos de doze anos ou treze anos. Já ensinei a fazer citações, já ensinei a fazer referências bibliográficas, já mandei trabalhos para trás para serem reformulados e mesmo assim voltam plagiados. Já não sei que solução dar a este problema e mais ainda quando sei que outros docentes batem na mesma tecla. Não estou a pregar sozinha, mas neste caso nem para peixes o faço. É mais para paredes.

2 comentários:

  1. Um problema grave. Mas os miúdos talvez ainda não tenham noção do que é na realidade o plágio. Eu com a idade deles ainda apresentávamos trabalhos escritos à mão,lembro-me de fazer um a máquina de escrever, não me recordo se plagiava ou não, mas tentava ser original. Eu acho que é gravíssimo na faculdade, e vi colegas meus a levarem com zeros, a ficarem com cadeiras para trás por causa disso, acho que é pior, mas é de pequenos que se ensina, não desanimes. :D

    boa semaninha de trabalho

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    1. Pode até ser pior na faculdade por a idade ser outra e exigir outro tipo de responsabilidade. Mas é nestas idades que tem de se começar o combate e o pior é que custa muito fazê-los entender que devem ter cuidado com isso. Eu quando quero ler a Wikipedia consulto-a, não preciso do intermédio dos miúdos, por isso os trabalhos também não devem ser uma manta de retalhos com trabalhos na internet, seja no 8.º, seja na universidade.

      Obrigada e para ti também. :) E que seja uma semana rápida!

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