Teoria pedagógica que me rebenta com a paciência: corrigir testes e trabalhos com caneta vermelha é negativo e desmoraliza os meninos. Ficam, portanto, traumatizados e, por isso, é melhor corrigir a outra cor.
Eu sou muito má professora. É que de vez em quando esqueço-me de que os meninos são de porcelana e que se partem pelo simples facto de verem uns riscos a vermelho numa folha. Se for a verde pode ser. A roxo também. A rosa e com canetas de cheirinho upa upa! Mas a vermelho não. Eu pensava que só os touros tinham problemas com esta cor, mas enganei-me. Lá está: sou uma péssima professora. Aliás, agora que penso nisso, todos os meus professores, nos largos anos que andei pelo ensino, eram do piorio: não houve um que corrigisse a outra cor que não o vermelho. Talvez esse péssimo exemplo faça agora de mim a pior das docentes. Que horror! E eu que achava aquele vermelhinho uma cor tão profissional no contraste com o branco da folha de papel e com o azul das BIC's dos alunos. E agora, Deus meu? Que saída para este meu imbróglio cromático?!...
A meu ver, esta: vermelho. Mais: vermelho, vermelho, vermelho e vermelho. E mais vermelho. Tanto vermelho quanto for necessário. Nunca vi ninguém chorar por ver tinta vermelha numa folha a corrigir um erro. Os alunos sabem que erram e percebem as correcções. Nunca nenhum me disse que o vermelho era uma cor muito violenta. Curiosamente a teoria veio de professores. De gente que lida com crianças todos os dias e que reclama quando eles se mostram mais «bebés» do que aquilo que a idade pressuporia, mas que, depois, apregoa o vermelho como sendo violento nos seus trabalhos escolares. Estas teorias de que tudo o que nós fazemos à moda antiga traumatiza os meninos põe-me doente. Apesar disso, minha gente, julgo que ainda não há no ensino nenhum lápis azul que me corte a caneta vermelha e por isso ela continuará o seu reinado de terror junto dos alunos. Eles não se queixam e eu também não.
Sem comentários:
Enviar um comentário