quarta-feira, 3 de julho de 2013

À flor da pele

Eu sempre aprendi que a pele é o maior órgão do corpo humano, sendo que as pessoas se esquecem frequentemente disso. A pele é, por isso, recorrentemente esquecida enquanto órgão que é e, assim, maltratada ou pouco cuidada. No entanto, lá surge a ocasião em que nos lembramos dela e em que compreendemos que assim não vamos lá: temos mesmo de parar para dar-lhe atenção, sob pena de virmos a passar mal.
 
Falo contra mim, que conhecendo a importância da pele, passo quase o ano inteiro sem lhe aplicar um pouco de creme hidratante que seja. E se tenho a pele muito seca! Já dei muitas vezes por mim, a caminho do trabalho, a olhar para as mãos e para os braços e a pensar «tenho de pôr aqui creme». Contudo, depois era o 'punhas'. Não gosto de me sentir pegajosa, a colar a tudo quanto é sítio. Não me aguento. Quando já vai sendo desagradável, lá esfrego creme nas mãos, mas fico-me por aí. Ora, como disse, lá chega a altura em que somos levados a perceber que o comportamento deve ser outro. Porém, existem problemas maiores do que a viscosidade dos cremes.
 
Na segunda-feira fui a uma consulta de dermatologia e saí de lá com uma receita de dois itens e o aviso de que nada daquilo era comparticipado. Pois bem, vamos lá à farmácia ver disto. No final do atendimento, entre aqueles dois cremes e um protector solar, saí de lá com uma conta de setenta euros. Uns módicos e catitas setenta euros. Paguei e não bufei, tendo a certeza de que estes cremes são para estourar até à última gota, dado terem custado tanto dinheiro. Todavia, não posso evitar uma questão: sendo a pele o maior órgão do corpo humano, sendo muitíssimo importante enquanto revestimento e sendo um elemento que ao não estar bem nos deixa bastante desconfortáveis, como é que é possível que TUDO o que até hoje me foi receitado para a pele não tenha comparticipação? Mais: até podiam não ser cremes comparticipados se fossem baratos, mas não são. Só um dos cremes para o rosto custou vinte e quatro euros e tem apenas quarenta mililitros! Então mas a pele não merece o mesmo cuidado que outros órgãos? Ou será que se depreende que quem precisa de medicamentos para a pele são pessoas endinheiradas que têm tempo e dinheiro suficientes para repararem que têm pele e que ela precisa de uma ajudinha? Não compreendo.
 
O que sei é que ando desde segunda-feira num constante estado de 'besuntice aguda'. Já consegui pôr duas manchas na parede do quarto por ter tocado lá sem querer com um braço cremoso. E enquanto me lembrar dos euros todos que ficaram na farmácia, continuarei a untar-me com aquelas coisas. Mas que me custa a entender esta maneira de pensar, custa.

1 comentário:

  1. Gostei imenso do que escreveste. Lindo e poderoso texto cheio de boas palavras e muito sentimento!! Feliz quarta-feira!! http://mafaldinhaarte.blogspot.pt

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