segunda-feira, 12 de junho de 2017

Paradoxos desta vida

Ontem fui com o moço à Feira do Livro. Já sabia que seria o dia em que iria ao pavilhão da Tinta da China, pois iriam estar como Livro do Dia dois livros que eu queria da colecção de viagens: o Espanha e o Sibéria. Como têm a promoção "Leve 4, pague 3" e como também queria o do Somerset Maugham da mesma colecção, trouxe-o também e escolhi ainda o livro Os Bebés de Água para ter acesso à promoção. Assim, o Sibéria viria gratuitamente. 

No fim, a conta (já sem o livro de oferta) era de 42€ e uns cêntimos. Pedi ao senhor que me estava a atender uns marcadores. Vem logo de lá depresaa uma colega mais velha para dizer que todos aqueles livros tinham "fitilhos". Tive de explicar-lhe que não gosto de fitilhos e que prefiro marcadores. O rapaz, meio aflito, lá pediu ao colega do pavilhão em frente, pertencente à mesma editora, para me dar uns marcadores, coisa que ele fez, embora fizesse questão de notar que não tinha muitos.

Fiquei muito mal impressionada com este pavilhão que, ano após ano, revela ser uma desilusão. Por um lado os descontos mal se notam, a menos que usufruamos da referida promoção, por outro, acho incrível estar quase a negar uns reles marcadores a quem deixou mais de quarenta euros na editora. Os livros podem todos ter fitilhos, que a mim pouco me importa  já que nunca os uso. Perante a minha pergunta sobre se tinha marcadores, só havia duas respostas que me fariam sentido: ou sim ou não. Agora, salientar que os livros já vêm com fitilhos para marcar as páginas dando implicitamente a entender que não precisaria dos marcadores para nada pareceu-me feio. 

O paradoxo, para mim, está no facto de se tratar de uma editora de grande qualidade, que faz livros capazes de deixar os leitores a babarem-se, tanto sobre os títulos como sobre a parte gráfica dos volumes. Não são, por isso mesmo, livros baratos, mas faz-se o esforço para comprá-los. E depois ficamos a sentir que estamos a fazer um grande favor ao fazer compras. Tanto que até um marcador parece ter de ser regateado. Não gostei da atitude da funcionária, fiquei mal impressionada. Mas pronto, lá trouxe os livros e os marcadores e isso é que importa. Para o ano há mais Tinta da China. 

7 comentários:

  1. Bah :/ que atitude... nunca comprei nada na Tinta da China. Acho as capas lindíssimas, mas nunca passou muito daí... mas um amigo recomendou-me Teresa Veiga e estou para ir ver do livro.

    Em contrapartida: na E-Primatur comprei um livro e deram-me, sem pedir, um saco de pano (tipo tote bag) e uns seis marcadores. Achei bonito, quer dizer, faz uma pessoa sentir-se bem, faz com que seja humano, faz com que valha a pena ir ali à Feira do Livro comprar directamente à editora em vez de ir ali à livraria online impessoal mais próxima.

    http://barbarareviewsbooks.blogspot.pt/

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    1. A E-primatur faz sempre isso com os marcadores. Até quando se compra diretamente no site.

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    2. Sim, também comprei um na E-Primatur (Tempos Difíceis, do Dickens) e agradeci o saquinho e os marcadores. Sem pedir nada.

      São atitudes completamente diferentes. A E-Primatur está, pela primeira, vez com pavilhão próprio na Feira do Livro e está com o espírito da Feira. A Tinta da China não. Parece que levou a loja para a Feira e pronto. Mas eles são livres de fazerem os descontos que querem. Agora, responder como responderam por um marcador é que não me parece muito normal. É pena porque é uma editora de que até gosto bastante, que tem um catálogo delicioso.

      Também já me falaram muito da Teresa Veiga, mas confesso que ainda não li nem tenho nada dela. Terá de ficar para outra altura porque agora preciso mesmo é de mais uma estante... 😂

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    3. Acredito que também façam isso no site! Referia-me a "livraria online" como em FNAC, WOOK, etc.

      É uma maneira de estar completamente diferente, sim, uma maneira diferente de ver o leitor. Claro que cada editora é perfeitamente livre de fazer os descontos que quer, muito louvo editoras como a Leya que, não tendo talvez a experiência de compra mais "personalizada", ano após ano aderem à Hora H sem excepções de catálogo como outras editoras fazem; mas claro que são livres de o fazer.

      A Feira, para mim, devia ser isso mesmo: o sítio onde se vai ter contacto com a editora, em que pedir um marcador não devia ser visto como uma exigência absurda e extrema, mas sei lá, um "mimo" automático. A Cotovia deu-me um mini saquinho de pano quando eu respondi que sim, queria saco - pensando que vinha ali uma coisa de plástico; a Babel também me deu um marcador, sem eu ter pedido. Devia ser a oportunidade de ser mais que um retalhista de livros com descontos, mas se calhar isto sou eu.

      E quanto ao catálogo, concordo. Muito curiosa com o que vai sair daquele Sinclair Lewis previsto (sendo que comprei em inglês num aeroporto há pouquíssimos meses, bolas!)

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  2. Além de que, esqueci-me de dizer, a E-Primatur também está a construir um catálogo "de babar". Muito bom. Aquele livro do Mário Henrique Leiria está uma perdição. Eu é que já estou na penúria, porque de outro modo ele estaria aqui a ser lido. Mas de um modo geral, todos os livros da E-Primatur são muito bons e de grafismo muito cuidado. Eu estou muito bem impressionada. A ver se sai em breve quixotada sobre isso.

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  3. A Tinta para além de careira, não tem grande serviço. Mesmo on-line.
    Há ainda 1 livro da veiga a 5 euros no wook e 2 anos atrás comprei 1 a 8 euros. Quando os editores eram a Cotovia.
    Mas agora que a Tinta pegou na autora os preços subiram demasiado.
    Quixotadas, que se passará com aquela comentadora sempre com sugestões pouco conhecidae para mim muito boas? Não a tenho visto por aqui e preocupo-me quando as pessoas desaparecem.

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    1. Olhe, também me tenho perguntado pela Marta. Como comentava sempre, eu sabia que ela passava por cá. Andei uns tempos sem publicar, é certo, mas já regressei e ela não tem deixado comentário nenhum, por isso também não sei o que é feito dela e se está tudo bem. Infelizmente, a Marta não tem blogue e eu não tenho como contactá-la para saber se está bem. Resta-nos esperar que volte a passar por aqui e a brindar-nos com a sua admirável cultura literária (e não só). As suas sugestões de leitura davam um blogue! Espero que volte e que esteja tudo bem com ela.

      Quanto à Teresa Veiga, tenho curiosidade, mas lá está: os preços da Tinta da China impõem prioridades. Agora, sei que ela está publicada noutras casas editoriais e, portanto, posso fazer o mesmo que fez e procurá-la nas edições anteriores à mudança para a Tinta da China.

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