quinta-feira, 12 de julho de 2012

Conselho "de oferta"

No outro dia ofereci um exemplar de um livro de que gosto muito a uma pessoa que tem sido amorosa para mim. Pensei que ela também iria gostar, contudo coloquei na mesma o talão de oferta na primeira página. Disse-o à pessoa que desembrulhava o presente e ela amachucou-o e mandou-o fora no mesmo instante. Confiou no meu gosto, portanto. Esperemos que goste de ler O Cónego, porque já não o pode trocar.

Contudo, nem sempre as pessoas reagem deste modo e, por vezes, querem mesmo trocar o que lhes estamos a dar. Porém não têm talão. Nem coragem de o pedir, pois isso seria admitir que não haviam gostado do presente. Ora, sendo assim, por que é que raio as pessoas não colocam logo os talões de oferta nos presentes que dão? Se quem recebe gostar do que oferecemos, muito bem, manda-o fora. Se, por outro lado, preferir outra coisa, então vai à loja e efectua a troca. Não custa nada.

Isto das trocas até era complicado quando, antes do Terramoto de Lisboa de 1755, as lojas eram únicas e não cadeias internacionais como as Zaras, as Bershkas ou as Fnacs desta vida. Quando comprávamos um presente numa loja que só existia em Almada e o oferecíamos a alguém das Beiras, aí acredito que realmente, com talão ou sem talão, a troca fosse impossível. Mas agora, que existem as mesmas lojas em todas as cidades, em que compramos na Fnac (erradamente, admita-se, porque damos cabo das livrarias mais pequenas) quase todos os livros e CD's que vamos oferecer, não custa nada permitir à pessoa, assim o queira, trocar o objecto que lhe damos por um que seja mais do seu agrado. E mais: se hoje até já existem os talões de troca que não indicam o valor do presente, melhor ainda!

Parece-me que muitas vezes não nos damos conta de que atirámos dinheiro à rua ao oferecermos alguma coisa sem darmos a hipótese de se fazer a troca do presente. A pessoa que o recebe aceita-o educadamente, mas depois não lê, não usa, não precisa, não gosta do que recebeu. Guarda muito bem guardado o que lhe demos e para mim isso equivale a arrecadar o nosso dinheiro no fundo de uma gaveta e roubar-lhe qualquer tipo de utilidade. Acho que ninguém gosta que isso aconteça, portanto venham de lá os talões de oferta. Ninguém deixa de valorizar o facto de nos darem um presente só porque atrelado a ele vem o papelinho que permite fazer a troca. Se precisar usa, se não precisar não usa. Mas pelo menos é-lhe concedida essa possibilidade.

3 comentários:

  1. Concordo inteiramente. Eu peço sempre o talão de troca para TUDO o que ofereço. Eu tb me sinto sempre enrascada quando me oferecem algo que não gosto e tenho de pedir o talão ou ficar com o mono em casa :) e mesmo quando a pessoa diz que gosta ponho-a sempre à vontade, "mas se quiseres passa na mesma na loja, tinha coisas muito giras, pode ser que vejas algo que ainda gostes mais". É que muita gente não se sente bem em dizer que não gostou, e eu quero mais é que o meu dinheiro seja bem gasto e que a malta aproveite os presente que dou.

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    1. Exactamente! É que raras devem ser as pessoas que não se importam de pedir o talão, já que isso significa um «não gostei, quero outra coisa». Por isso, acho que não fica nada mal colocar-se logo o talão de oferta (sem preço) à disposição da pessoa. Não gosto de atirar dinheiro para a rua e nem sempre acerto no que ofereço, admito. Por isso não me ofende nada que as pessoas depois façam a troca. Esta devia mesmo ser uma moda para levar a sério.

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  2. Eu também concordo, simples e não custa nada, eu não ficaria ofendida se trocarem algo que eu ofereci, fico mais chateada é se não usufruírem de alguma forma do presente caso não gostem. :D às vezes não é fácil comprar presentes

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