Tenho uma sugestão para fazer aos senhores que mandam. Lembram-se do Tratado de Tordesilhas, em que se dividiu o mundo em dois? A ideia é parecida: chega-se ao mapa de Portugal e corta-se uma fatia quase rente ao litoral. A essa fatia dá-se o nome de Portugal e ao que sobrar dá-se um chuto na cloaca e a independência. Sim, porque a julgar por tudo o que é retirado às populações do interior, vale mais dizer-lhes logo que não fazem parte desta nação, que são outra coisa qualquer indesejável. Portugal é praia, não é interior.
Digo isto depois de ouvir a notícia de que a CP vai retirar os taxis que substituíam o desaparecido metro da linha do Tua. Portanto aquelas populações, compostas maioritariamente por gente envelhecida, entre as quais existe muita gente sem transporte próprio, estão desde o início do mês presas nos seus lugares. Aos poucos foram perdendo tudo o que ainda os ligava ao resto do país. Agora, para se deslocarem, têm de dispender pequenas fortunas e, note-se, isso é coisa que os reformados desta «ocidental praia lusitana» não têm.
Bom, já que é para regredirmos, ao menos que seja de forma pomposa. Em alternativa ao primeiro plano que aqui esbocei, também proponho o regresso aos cavalos, burros ou mulas de aluguer à saída das aldeias. Escarrancha-se o desgraçado que precisa de se deslocar em cima de um destes bichos, assenta-se uma palmada no quadril do mesmo de forma a fazê-lo começar a andar e lá vai a D. Hermínia à consulta de ortopedia que terá essa tarde no hospital da cidade. No parque de estacionamento deste serviço de saúde estará um moço que servirá o penso ao animal e que lhe dará uma boa escovadela, enquanto espera pela D. Hermínia de modo a mandá-la de volta para trás do sol posto em cima da mula.
A mim parece-me que já andámos mais longe desta realidade, mas o que é mesmo triste é que a esta gente tiraram tudo de tal forma que nem um burrinho deixaram!
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