quarta-feira, 25 de julho de 2012

Doutor, serei normal?

Serei eu a única criatura no mundo a quem certos livros perturbam o sono? Na noite passada, por causa de O Chapéu do Sr. Briggs, passei a noite às voltinhas a pensar que não acreditava nada que o suspeito detido fosse realmente o assassino. Depois, como sou para lá de tolinha, aventurei-me a ver as fotos que estão no meio do livro e dei com uma do corredor da morte. Pronto, meti na cabeça que iam condenar à morte o tipo que eu acreditava inocente e vai daí fiquei com um sono maluco em que acordava e pensava que devia ler mais um bocado para ver se afinal o tipo sempre era libertado...

Quando li Os Maias também sofri horrores pelo pobre Afonso da Maia que, já sabendo da relação incestuosa do neto, apercebia-se de que este não terminava o romance com a irmã e, como uma sombra, arrastava-se pelo casarão olhando Carlos com uma angústia que quase se materializava ali mesmo. Lembro-me de uma noite em que li uma cena assim, em que o pobre avô assistia à destruição moral do neto, e de ter tido um sono muito perturbado também, acordando muitas vezes e pensando no quanto sofreria o pobre senhor. Então quando li o momento da sua morte de Afonso da Maia fiquei mesmo tocada. Pumba, lá foi mais uma meia horita de sono.

Não sei se isto é comum, mas comigo acontece de vez em quando. Quando conto a alguém, acham sempre que sou uma totó. Mas a verdade é que pelos vistos nem sempre consigo deixar os livros nos livros e, muitas vezes, as suas personagens acabam a ir comigo para a cama (salvo seja).

2 comentários:

  1. Eu às vezes também misturo nos sonhos personagens com pessoas reais. Mas acontece-me mais com filmes, novelas, séries, porque tenho uma imagem mais completa do que as que crio ao ler um livro.

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    1. Eu faço uma imagem mais completa das personagens com os livros e crio até muito mais empatia com elas. Com personagens de filmes ou de séries não me acontece muito isso. Mas às vezes não é só com as personagens que sonho: é com os problemas que elas têm, o que é uma real parvoice (preocupar-me com as chatices de gente de papel)...

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