Notícia do dia: um enfermeiro que entre a partir de hoje ao serviço num Centro de Saúde do nosso país em regime de prestação de serviços ganhará três euros e noventa e seis cêntimos por hora. Vou repetir: três euros e noventa e seis cêntimos. Um enfermeiro. Uma pessoa que se matou a estudar. Uma pessoa muito importante para os bons cuidados de saúde que todos merecemos. Três euros e noventa e seis. Enfermeiros.
Diz que, aparentemente, o problema é que foi uma empresa de prestação de serviços quem ganhou o concurso para colocar enfermeiros nos Centros de Saúde e que o Governo dá cinco euros e dezanove cêntimos (ena, tanto...) por hora aos enfermeiros, mas que depois essa empresa é que decide quanto realmente paga aos profissionais de enfermagem. O Estado parece descartar-se da responsabilidade, não mostra importar-se muito com o que, no final, chega às mãos dos enfermeiros. Estes, no final do mês, descontos feitos (sim, porque parece que ainda se podem fazer descontos a pessoas que ganham três euros e noventa e seis cêntimos por hora) recebem à volta de trezentos euros.
Vamos fazer contas rápidas. Uma embalagem de seis pacotes de leite custa mais do que ganha à hora um destes enfermeiros. Para pagar um passe de quarenta euros, um destes profissionais terá de trabalhar mais de dez horas. Para pagar um passe de setenta euros, terá trabalhar quase dezoito horas. Dezoito horas são mais de dois dias de trabalho. De trabalho de gente com cursos superiores, que têm em mãos um trabalho importante e que merece ser reconhecido, de gente que não merece esta humilhação. Três euros e noventa e seis cêntimos. São enfermeiros, não deviam parecer escravos.
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