domingo, 8 de julho de 2012

Gabo

Fiquei muito triste com a notícia de que o escritor colombiano Gabriel García Márquez sofre de demência, tendo já perdido a memória. Segundo as palavras do seu irmão, é improvável que volte a escrever e, portanto, talvez nunca venha a surgir o tão aguardado segundo volume da sua autobiografia Viver Para Contá-la. Viverá, mas não a contará. É uma triste realidade.

Quando soube dessa notícia dada pelo irmão mais novo do escritor, lembrei-me imediatamente do patriarca da família Buendía, José Arcadio Buendía, um dos fundadores do Macondo e da família cuja história é contada em Cien Años de Soledad. Também ele passa por uma situação parecida, após uma vida cheia de buscas por verdades alquímicas. Termina-la-á alheado do mundo que o rodeia, sentado sob a árvore onde a família o colocou de modo a não fazer estragos. Com a sua morte virá uma chuva de minúsculas flores amarelas que cobrirão o chão do Macondo.

Gabo criou esta família de personagens complexas e avassaladoras. Quem poderia adivinhar que no fim partilharia alguns traços com o patriarca que levou os filhos a tocar uma grande pedra de gelo, como se esta fosse o maior dos diamantes? Bem vistas as coisas, existem tantos pontos de ligação entre o que sucede em Cien Años de Soledad e a vida do autor que é difícil contá-los. Este será mais um.


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