quinta-feira, 19 de julho de 2012

Esperteza

Podem ler AQUI a notícia que dá conta de um estudo sobre leitura digital feito com alunos do 5.º ao 8.º ano de uma escola do concelho de Sintra. Dizem-nos os resultados que mais de metade dos duzentos e três alunos inquiridos leria mais se tivesse um tablet (e uns ebooks lá enfiados, logicamente). Pois claro... Eu também conduziria mais se tivesse o carro dos meus sonhos, mas infelizmente não tenho. Parece-me, portanto, óbvio que miúdos de tal idade, absolutamente vidrados em novas tecnologias o digam. Apesar disso, minha gente, e perdoem-me o cepticismo, quase aposto que tendo o tablet, passariam o dia no Facebook e em infindáveis batalhas de «Angry Birds».

Claro que percebo que ebooks com extras como música ou outros acrescentos sejam bastante atraentes para miúdos que não têm os livros no topo das suas preferências (muitas vezes pela falta de interactividade que encontram na comum relação entre leitor e livro). Porém, não acredito que essa maioria que disse que leria mais se tivesse um tablet viesse efectivamente a fazê-lo. O gadget foi utilizado, durante o estudo, em ambiente de sala de aula e no final tirou-se a conclusão que já referi. Ora, os livros em formato comum já são utilizados desde tempos imemoriais e nem por isso têm feito grande sucesso entre os alunos dessa faixa etária. E olhem se os livros não são uma tecnologia e peras! Lá vão existindo alguns miúdos que lêem com gosto (tenho a sorte de ter alunos assim) e que trocam outras actividades pela leitura, mas a maior parte é muito avessa aos livros e não acredito que, mesmo perante um tablet, alterasse essa sua atitude. Principalmente depois de o tablet deixar de constituir uma novidade...

Enfim, não tenho nada contra estes estudos, mas não consigo evitar este cepticismo. Parece-me que é mais um tiro no livro. Não tenho nada contra o facto de lerem em tablets, mas gostaria que antes disso lessem no formato comum ou que, pelo menos, utilizassem o papel e o gadget em igual medida. Ora, se afirmam que «leriam mais» num aparelho desses, subentendo que lêem menos porque só dispõem do típico papel e isso entristece-me. Parece-me, sobretudo, que com isso querem dizer «se querem que eu leia, ofereçam-me um tablet». Espertos.

Seguindo esta lógica, termino dizendo que se querem que eu conduza mais, ofereçam-me um Mazda daqueles da cor do sapo Cocas. Também sei ser espertinha, ora essa...

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