terça-feira, 7 de agosto de 2012

Os livros e as modas

Isto dos livros é de modas, já toda a gente percebeu. É por isso que tremo só de imaginar a moda que pode estar para vir. Vejamos: mais ou menos pelos idos de mil novecentos e noventa e nove, começámos a conhecer em Portugal os livros da série Harry Potter. Espantaram e fizeram sucesso pela muita imaginação da história e pela qualidade da escrita. É inegável que a J. K. Rowling sabe realmente escrever, por isso os sete livros da série foram devorados por miúdos e graúdos ou, como no meu caso, por quem começou a ler o primeiro volume ainda com treze ou catorze anos e acabou de ler o sétimo aí pelos vinte e dois, quando ele finalmente saiu.

Entretanto, e um bocadinho a reboque do sucesso de J. K Rowling, começaram a aparecer imensos livros que incluiam magia e feiticeiros e miúdos com talento para poções e palavras mágicas. Aos poucos aquilo que era delicioso na série Harry Potter tornou-se numa náusea causada pela repetição. Também nesses anos e depois do sucesso de vendas que foi O Código Da Vinci, começa a aparecer (e esses continuam, embora em menor quantidade) aquela enxurrada de romances sobre códigos e coisas escondidas e mistérios. Jesus Cristo não tinha parança nessa altura. Ou era porque num livro se matavam três ou quatro pessoas para se apanhar um pedaço da vera cruz, ou porque lhe arranjavam uma esposa e prole, ou porque um códice antigo revelava que Jesus tivera más notas a Matemática no quinto ano... Uma festa.

Uns tempos depois começa (e creio que, também, a reboque do Harry Potter) a saga dos vampiros. De repente todos os livros tinham capas pretas e gente de trombas com caninos sobredesenvolvidos. Um susto! A saga Twilight destacou-se das outras e chegou ao cinema, trazendo para as luzes da ribalta dois ou três actores com uma manifesta falta de expressões faciais, parece-me... O certo é que durante uns tempos tudo metia vampiros. Estes apaixonavam-se por gente normal e era uma chatice porque ninguém quer que a filha case com um gajo que chucha sangue aos outros e que tem horror a cabeças de alho. E segundo julgo saber, na saga Twilight o problema para os pais da protagonista era ainda maior já que ela atraira não só um vampiro, mas também um lobisomem. Ainda eu me queixo de ter tido maus pretendentes. Bolas...

Aos poucos isto dos vampiros apaixonados vai perdendo o fôlego. E eis que agora, pelo meio de uma plantação de livros lindos e cheios de amor cautelosamente isolados em saquinhos de tule de cores catitas, surge um de capa cinzentona que parece estar a vender muito: As Cinquenta Sombras de Grey. A história, pelo que li sobre a trilogia, resume-se a sexo. Uma mocinha virgem vai entrevistar um tipo muito sabido e bem na vida. Passados uns dias voltam a encontrar-se e ele já está com ela fisgada. Mas, se de um lado temos a pobre virgem Anastacia, de outro temos um fã de bondage, disciplina, sadismo e masoquismo. E deste improvável "casamento" saem três grossos volumes cheios de descrições que, seguindo a máxima de que o sexo vende, ajudam a despachar os livros. Eu, minha gente, não os li nem tenciono ler, assim como também não li os dos vampiros e também não embarquei na onda dos códigos e do esmiuçar da vida de Cristo. Apenas li a série Harry Potter e gostei. Esperei ansiosamente o lançamento de cada um dos volumes e devorei-os (esses e o Quixote foram dos poucos para os quais fiz maratonas de leitura: normalmente sou mais lentinha a ler). Lembro-me que li também O Código Da Vinci, mas que fiquei por aí. Contudo, quanto a estes que agora estão em lugar de destaque em todas as livrarias, não me parece que venha a olhar para eles. Em primeiro lugar porque o enredo não parece capaz de me convencer a perder tempo de vida a ler o livro; em segundo lugar porque das críticas que já li, nenhuma apresentava nada de positivo sobre a obra; em terceiro porque em quase todas elas se falava no facto de ser um texto mal escrito. E, se ainda fosse necessário um quarto lugar, então teria de dizer que três grossos volumes a descreverem sexo, sexo e mais sexo não batem o volume único do Opus Pistorum, de Henry Miller. E ficamos assim.

Porém, minha gente, gosto sempre de ser democrática e deixo-vos, por isso, um bombom. Para todos os que queiram conhecer um cheirinho desse texto e verificar o modo como está escrito, sugiro que assistam ao vídeo que abaixo vos deixo. O fantoche Marcelinho, pelos vistos já muito versado em literatura erótica, lê-vos um trecho. Aguentem o riso se conseguirem.


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