domingo, 4 de dezembro de 2016

Mais um aviso à população

A fantástica, maravilhosa, única, inigualável, imparável e deslumbrante TVE emitirá amanhã à noite pela primeira vez este filme, mais uma vez produzido por si:


Estou que mal respiro de emoção! Não sei se porão o filme no site, mas seja como for, ainda vou a tempo de assistir à estreia na TVE. Um filme que conta a história da relação terrível entre o pobre Cervantes e o riquíssimo Lope de Vega, ambos escritores do "Siglo de Oro" espanhol. Foram rivais, foram inimigos e foram grandes no que fizeram no campo literário (embora, claro, para mim o pobrezinho Cervantes tenha sido o maior de todos e de sempre). É um filme a não perder. Mais uma vez, obrigada TVE: és fabulosa!

ADENDA: Vi o filme quando estreou na TVE e vale a pena. Foi feito como se fosse uma entrevista a várias figuras do “Siglo de Oro”. Uma entrevista que tentava perceber o emaranhado que eram as relações entre aqueles intelectuais brilhantes, os seus ódios, amizades e rancores. 

Além das relações entre eles, é delirante ver representada num filme a tristeza de Cervantes por não ser bem sucedido no teatro (algo que ambicionava muito), como era Lope de Vega. Cervantes queria escrever comédias, queria ser representado, mas nunca se saiu bem. Dizer “teatro” era o mesmo que dizer “Lope” e a sua pena nunca podia competir com isto. Mas Cervantes acabou por escrever algo muito maior, algo que não tem uma descrição possível porque no Quixote cabem infinitas descrições. Cervantes queria escrever uma coisa diferente, uma coisa que fosse tudo... e conseguiu. Morreu sem perceber um pouco que fosse o enorme sucesso do seu romance. Vendeu muito, sim, mas só mais tarde se perceberia a loucura que o Quixote geraria. Embora as peças de Lope também tenham sobrevivido ao tempo e ele seja, ainda hoje, estudado e acarinhado como uma das maiores figuras das letras espanholas, é a Cervantes que fazemos as maiores vénias, são para ele os nossos mais solenes agradecimentos, a nossa mais sentida admiração. Aquilo que em vida tanto quis, tanto invejou e não teve, conseguiu-o na morte e, lá está, Lope ainda é lembrado, mas Cervantes nunca é nem será esquecido. Não escreveu peças com sucesso, mas pôs todo o teatro do mundo em funcionamento no seu Quixote. A coroa de louros é dele: Cervantes ganhou.

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