sábado, 10 de dezembro de 2016

A funcionária

Trabalhar no comércio, especialmente no atendimento ao público, exige muita simpatia e paciência. Por muito que os clientes irritem ou que trabalhar ao fim-de-semana seja chato, quem vai à loja para comprar não pode nunca sentir que está a ser um enorme fardo para quem o atende. 

Digo isto porque acabei de entrar e sair de uma loja onde não devo voltar tão cedo. Vi lá uma blusa gira para a minha mãe, mas estava com dúvidas relativamente ao tamanho. Chamei a menina da loja e perguntei-lhe até quando iriam as trocas de Natal. Respondeu-me que até dia 27. Eu torci um bocadinho o nariz porque achei que seria apertado. Pensei em voz alta "Então, 25 é domingo, 26 é..." e a funcionária interrompe, com uma simpatia nitidamente irónica "Sim, 25 é domingo, mas as prendas abrem-se a 24!". Apeteceu-me responder-lhe que tecnicamente e tendo em conta que se abrem à meia-noite, as prendas se abrem mesmo no dia 25, mas preferi responder à sua ironia com um "Não está à espera que a minha mãe venha cá trocar a blusa à meia-noite, pois não?"  

Risinhos. Eu continuava a pensar se valeria a pena levar a blusa e já a imaginar com que calças a vestiria ela e a funcionária continuava em cima do meu ombro. Disse-me que o dia 27 dava uma boa margem para trocar a peça (ui, dois dias, uma loucura! Se a pessoa estivesse fora vinha a correr para Lisboa para trocar a blusa). Entretanto, entra uma outra cliente e ela simplesmente desapareceu. Mas o melhor é que desapareceu com uma espécie de suspiro de frete. 

Vamos ver: eu só quis saber até quando iam as trocas de Natal. A partir daí, perceber se valia a pena comprar a blusa ou não era comigo. Eu era livre para considerar o dia 27 como um limite muito curto para as trocas, mas, mais uma vez, isso seria da minha conta. O resto era escusado da parte dela. Sobretudo o virar costas com um ar enfastiado e um suspirinho, sem um "com licença" que disfarçasse a má disposição. Obviamente, mal isto sucedeu, também eu pousei a blusa e saí da loja disposta a não voltar. 

O atendimento ao público não é tarefa fácil, mas existem outras mais difíceis. Ser simpático e dar espaço ao cliente é o mínimo para que ele se sinta tentado  a voltar e a recomendar a loja a outros. Infelizmente, há por aí funcionários  que vêem nos clientes um frete. Esses acabam por vê-los sair pela porta, embora lhes importe pouco se a loja não for sua...

1 comentário:

  1. Não entendo a necessidade que as pessoas têm em ser desagradáveis. Se isso acontecesse comigo, nunca mais voltava a essa loja. O atendimento ao público pode ser uma tarefa bem difícil, mas ter educação não deveria ser assim.
    ***

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