terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Os perigos da ignorância

Pois parece que, em Espanha, um padre achou por bem dizer durante uma homilia que uma mulher que faz um aborto merece ser violada. Eu tentei, juro que tentei não dizer nada, mas é mais forte do que eu. Alegadamente o senhor disse que «Matar a un niño indefeso, y que lo haga su propia madre, da a los varones la licencia absoluta, sin limites, de abusar del cuerpo de la mujer, porque la tragedia se la traga ella». Contudo, como achava que ainda não tinha demonstrado estupidez suficiente, acrescentou que os crimes cometidos pelo regime nazi não eram tão repugnantes quanto os permitidos pela Lei do Aborto espanhola.

Acho inacreditável que um representante da Igreja Católica consiga vomitar tamanho volume de bosta, mas pelos vistos é possível. É fantástico que um tipo que deve andar para aí a pregar o perdão ache que uma mulher que aborta merece ser abusada como se o corpo já não fosse seu. Mas, enfim, de que me espanto eu? Isto vem de um elemento da mesma religião que nos últimos anos se viu envolvida em muitos escândalos de pedofilia e cujos criminosos vão passando quase impunes. Aqui, o senhor padre diz, os carneirinhos ouvem, uns acenam que sim, outros acham que não, mas as palavras já foram ditas e ninguém parece ter a intenção de o sancionar por uma barbaridade destas. Enfim, isto é mais uma prova de que os valores andam pela hora da morte: um tipo que professa uma religião que brada basear-se no amor e no perdão incita à violência sexual e à vingança.

Cada vez mais acho que estes tipos não deviam obedecer a nenhum voto de celibato. Acho que deviam poder casar, ter filhos, constituir a sua própria família. Creio que isso os tornaria um pouco mais humanos e mais sensíveis à realidade do mundo. O aborto não é uma coisa bonita, mas acho que ninguém o fará por diversão e não compreender isso, chegando ao ponto de desejar penalizar pelo recurso à violação quem o faz, é próprio de uma mente doente. Este «padre» precisa urgentemente de mudar de profissão e dedicar-se a trabalhos que exijam silêncio. Estando caladinho talvez fizesse melhor figura.

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